Bulletproof Wings escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 26
Para sempre nós somos jovens


Notas iniciais do capítulo

Crianças, tenho uma notícia. Não sei se é boa ou ruim, mas vou falar no final.
Por ora, vou apenas agradecer à linda Phaella pela recomendação maravilhosa que vou guardar para sempre no meu kokoro. ♥



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Taehyung foi o último a chegar ao hall da Casa do Juízo. Havia um clima de reencontro, que não existia de verdade desde a festa. Os meninos abraçavam uns aos outros, brincavam. Alguns deles choravam, emocionados por rever os amigos. Haviam esperado muito por aquele momento. Conversaram um pouco sobre os locais onde estiveram, suas mortes e seus julgamentos.

— O que vamos fazer agora? — Perguntou Hoseok.

— Temos que esperar — disse Namjoon. — Não sei o que falta, mas disseram para não sairmos ainda.

— Devíamos dar uma andada — sugeriu Jin. — Esse lugar parece ser bem legal.

— Podem aproveitar a estadia — disse um espectro, que surgiu do nada. — Queremos presentear vocês. Existe algo que desejem?

— Um livro — disse Namjoon. — Demian, de preferência. Já que vou ter que ficar aqui, vai ser bom matar o tempo lendo um pouquinho.

— Claro, senhor Kim Namjoon, aqui está — disse o espectro, e o livro flutuou para as mãos de Namjoon.

— Eu queria uma bike — disse Yoongi. — À prova de fogo, e à prova de balas. Esse lugar é grande demais pra eu ficar a pé.

— Só tome cuidado com as estátuas, senhor — disse o espectro, enquanto a pequena bicicleta se conduzia sozinha a ele. — Nossa coleção é muito importante. Mais alguma coisa?

— Sei lá, o que mais vocês têm de legal? — Perguntou Jimin. — Tem alguma arma?

— Temos sim, senhor. — O espectro entregou a Jimin um estilingue.

— Ah — disse ele, um pouco desanimado. — Tá, né.

— Quero algo para me ajudar a aproveitar a estadia, o que me sugere? — Perguntou Hoseok.

— Este binóculo foi feito especialmente para que possa apreciar melhor nossas obras. — O espectro deu a Hoseok o binóculo. — Tenham uma boa estadia no hall da Casa do Juízo. Virei avisá-los quando puderem partir.

— Por que não podemos ir ainda? — Perguntou Jimin.

— Existem algumas pendências no caso de vocês, senhor Park. O Juízo está averiguando, e em breve tudo será esclarecido. Com licença.

O espectro desapareceu, e os meninos começaram passear pelo hall. Yoongi subiu na bicicleta e, ao passar por Jimin, deu um tapa em seu pescoço. O mais novo não entendeu, obviamente, mas Yoongi o estava punindo por falar demais. Tentou não pensar na parte de Jimin que estava tentando se libertar de outro cômodo. Ele só não podia imaginar que Jimin não era o único que não estava completamente ali: havia apenas quatro meninos no hall.

Hoseok observava atentamente uma estátua, e Taehyung observava atentamente Hoseok. Era bom vê-lo de forma tão viva, mesmo que não estivesse realmente ao lado dele. Era verdade que seu julgamento havia terminado, mas ele não havia sido liberto, tampouco salvo. Sua verdadeira forma estava escondida, como se coberta por um véu, enquanto era punido pelo seu crime.

Jimin e Yoongi ainda se divertiam, rindo e conversando. Jungkook e Namjoon conversavam sobre o livro.

— Abratassas? — Perguntou Jungkook.

— Abraxas — corrigiu Namjoon, apontando no livro.

Jin observava um grande quadro na parede, entre dois portais; um branco e um negro.

 

 

Jin estava em casa, tomando café com os pais e o tio. Não falava sobre os meninos já havia algum tempo, de modo que Chung Ho estava com esperanças de que ele milagrosamente os tivesse esquecido, mas era exatamente o contrário. Via-os com tanta frequência que não era necessário falar deles.

— Onde está a minha Instax, vocês sabem?

— Está no aparador da sala — informou a mãe. — A handycam também.

— Ótimo. Vou precisar, daqui a pouco.

— Vai sair? — Perguntou o pai.

— Sim. Vou tirar umas fotos, por aí.

— Que bom — comentou o tio. — Está mesmo precisando espairecer.

Pouco mais tarde, Jin se arrumou pra sair. Colocou uma boa jaqueta e foi buscar seus equipamentos no aparador. Colocou tudo na mochila, e estava quase saindo quando algo lhe chamou a atenção. Era o chaveiro do tio. Cheio de chaves que ele não conhecia, mas notou a chave da casa onde morava com os meninos, e também a chave da caminhonete de Rap Monster. Olhou para os lados, antes de tirá-las sem o tio ver. Finalmente, saiu de casa.

— Moni, onde você deixou a caminhonete?

— No lugar de sempre, ué. Onde sempre deixamos a caminhonete quando vamos trabalhar, Kim Seokjin?

— Ah, sim. Perto do posto. O que vocês acham, crianças? Vamos dar um passeio?

— Não vejo a hora — disse J-Hope, animado.

Os sete correram pelas ruas de Seoul até alcançar o lugar que procuravam. Finalmente, encontraram a caminhonete.

— Aí está você! — Falou Jin. Abriu o veículo e entrou, junto com os meninos. — Pra onde vamos, crianças?

— Tem um lugar legal perto da ponte — sugeriu Suga. — Nunca fomos lá.

Os meninos decidiram aceitar a sugestão de Suga. Pretendiam passar o dia todo lá, então compraram comida no caminho. Estacionaram o carro próximo à área gramada na beira do rio. Correram pela grama, espantaram os pássaros. Na hora do almoço, sentaram perto de uns containers e comeram. Conversaram, brincaram, riram uns dos outros. Depois do almoço, ficaram deitados na grama, descansando. Mais tarde, decidiram fazer alguma arruaça quando a noite caísse.

Quando estavam se levantando pra sair, Jin percebeu que Jungkook o olhava de forma diferente, mas não sabia o porquê. Decidiu ignorar aquilo. Voltaram para a caminhonete e entraram em um túnel de mão única e duplicada. Jin manobrou o carro de modo que ficasse parado transversalmente, impedindo a passagem das duas vias. Ficou dentro do carro observando os meninos fazerem bagunça com os carros e ouvindo o som das buzinas. Eles subiram nos carros, picharam os vidros, jogaram copos de refrigerante. Depois de algum tempo, decidiram que era a hora de parar, e correram, passando da caminhonete. Jin foi atrás deles, e demorou alguns metros para passa-los. Finalmente, eles subiram na caçamba, e ainda gritaram para os carros que os seguiam.

Mais tarde, quando já estavam mais calmos depois da bagunça que fizeram, decidiram ir à praia, passar a noite. Jin mandou uma mensagem para avisar aos pais, para que não ficassem preocupados. Mesmo assim, sabia que eles iam ficar; tinha acabado de sair do hospital.

Já era tarde da noite quando Jin parou o carro em um posto para abastecer. O posto estava vazio, então Rap Monster saiu do carro para cumprir sua função de frentista do grupo. Enquanto o carro era abastecido, J-Hope foi à loja de conveniência comprar algumas coisas que poderiam ser úteis. Rap Monster foi para a janela de Jin e pediu a Instax para tirar uma foto sua. Suga, que era o único na cabine além dele, decidiu se meter na foto. Enquanto ela era revelada, Rap Monster terminou o serviço e voltou para o carro. Mostrou a foto aos meninos, que ficaram satisfeitos, e a guardou no porta-luvas. Ficaram esperando J-Hope voltar. Ele colocou a sacola na parte de trás, e aproveitou para cobrir Jimin, que dormia. Depois, entrou na cabine junto com os mais velhos, e a caminhonete partiu.

 

 

— YOOONGIII!

Era tudo o que saia da boca de Jimin. Aos berros, tentava se desvencilhar da fita que o cegava e o mantinha preso àquele quarto. Ele podia sentir o que estava acontecendo no hall, mas não podia fazer nada. Sua vontade era gritar para que Jin se libertasse e vivesse sua vida. Mas ninguém podia escutá-lo.

 

 

Quando o dia amanheceu, os meninos se divertiram na praia. Apostaram várias corridas e tiraram várias fotos. Jin filmava tudo o que acontecia. Estava com seus amigos, e aquilo era muito bom! Aquele dia foi perfeito.

O sol estava quase se pondo, e eles ficaram apoiados na caminhonete aproveitando a brisa. Jin filmava a água, o céu, e o sol. Tudo estava ótimo.

 

 

— O Juízo já tomou todas as providências finais. Vocês estão livres para deixar a casa do Juízo.

Os meninos mal conseguiram acreditar. Yoongi sentiu-se aliviado. Namjoon, Jungkook e Hoseok correram na frente. Jimin estava um pouco hesitante por deixar sua outra metade para trás, mas Yoongi o segurou pelo pulso e o arrastou, antes que ele decidisse fazer alguma coisa. Taehyung foi depois, mas desacelerou o passo quando percebeu que Jin estava ficando para trás.

Hesitante, o menino olhava ao redor, como se estivesse deixando algo naquela casa. Como se algo estivesse errado. Taehyung foi até ele. Jin olhava exatamente para o lado oposto à porta por onde os outros estavam saindo.

Assim como Jimin, Taehyung não estava ali por completo. Aquela era sua parte superficial, a parte que o Juízo decidira libertar para evitar que os meninos fossem contra aquela decisão. A maior parte de Kim Taehyung estava no escuro completo, com as asas cortadas. Seu crime não permitiu que fosse salvo como os outros. O Juízo o havia coberto com um véu que o permitia sentir tudo que sua outra parte sentia, mas não o deixava interferir. Só que Taehyung não era bobo; era muito mais forte do que supunha o Juízo. Ele tinha poder o suficiente para se livrar daquele véu, mas estava atrasando esse momento, intencionalmente: o que quer que fosse fazer, deveria fazer quando estivessem livres para ir.

Enquanto seu véu se erguia, Taehyung poderia ter feito qualquer coisa. Poderia ter se libertado, mas ele escolheu libertar Jin. Porque sabia que devia isso a ele. Depois de morrer, Taehyung descobriu muitas verdades, inclusive o motivo da suposta morte de Jin. Foi sim por causa do relacionamento entre Jungkook e a garota, mas ele nunca teria descoberto se Taehyung não tivesse lhe mostrado a verdade, pedindo a Jin que atendesse o telefone de Jungkook.  Naquele momento, Taehyung não tivera nenhuma intenção de mostrar a verdade a Jin, mas aquela verdade o destruíra. Ali, decidiu se redimir, mostrando-lhe a verdade que o libertaria.

A parte superficial de Taehyung, influenciada por sua parte real e punida, cobriu os olhos de Jin por alguns segundos. Quando suas mãos se afastaram, Jin não via simplesmente o outro lado do hall. Via também uma grande estátua em um pedestal. O mais estranho era que a estátua de mármore tinha asas negras, penas de verdade. Jin não sabia o que aquilo significava, mas algo parecia conduzi-lo.

Jin estava dentro da caminhonete, observando o mar. Os meninos tinham ido pra casa, mas aquilo não incomodava Jin; ele sabia que eles voltariam. Por algum motivo, sentiu vontade de pegar a foto que Rap Monster tirara dele com Suga, no porta-luvas, lembrando-se daquele momento de diversão. Mas seu sorriso desapareceu ao olhar para aquela foto.

Jin andou pelo hall e subiu no pedestal. Levou a mão ao rosto da escultura.

Tudo o que ele via era ele mesmo. Tudo o que ele via era ele mesmo.

Jin e Jin não eram a mesma pessoa. Jin beijou a escultura, mostrando a seu verdadeiro eu que era falso, e que não deveria estar ali.

Jin sentiu imediatamente que algo estava errado. Ele tinha visto aquela foto antes, ele e Suga tinham aparecido; ele não deveria estar sozinho. Ele não sabia o que estava acontecendo, então tentou descobrir.

Tomando posse de seu celular, tentou ligar para Rap Monster, mas não conseguiu. Tentou ligar para todos os outros amigos, mas não teve sucesso em nenhuma das chamadas. A cabeça de Jin estava fervendo enquanto ele tentava compreender, enquanto ele se frustrava por não saber o que estava acontecendo com seus meninos. Pensou em ligar para os seus pais, ou seu tio, mas sabia que eles tentariam protegê-lo se a verdade fosse dolorosa. Enfim, decidiu ligar para alguém em quem pudesse confiar.

 

 

O coração da Sra. Park disparou quando ela olhou o celular, que recebia uma chamada de Jin. Como aquilo era possível? Por fim, decidiu atender.

— Alô?

— Sra. Park! Até que enfim consegui falar com alguém.

A Sra. Park se deixou cair na cadeira. Parecia estar falando com algum fantasma. Jin parecia nervoso ao telefone.

— Jin?

— Sim, sou eu. A senhora pode me dizer onde estão os meninos?

A senhora Park olhou para o marido que, de pé na cozinha, tentava entender.

— Claro, querido. Vou te passar o endereço.


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Notas finais do capítulo

Então, lembram do capítulo de quase 3K que prometem arrasar o coração de vocês? Não é no domingo, como eu pensei... É amanhã. Já dá pra sentir por esse final...
Prepara, prepara muuuuuito!



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