O sol estava quase se pondo quando

Rap Monster sentou

todos, exceto V, sentaram

na beira da piscina. V encontrou um jeito de subir nas ruínas da estrutura que ficava ao lado da piscina. Foi para a borda e ficou ali, fitando o horizonte.

Não era alto o suficiente.

Rap Monster soprou o espelho do banheiro, embaçando-o. Ali, escreveu aquilo que importava para V, para que ele se lembrasse: Você precisa sobreviver.

A noite caiu em Seoul. Do lado de fora dos containers, tudo estava preparado para o acampamento. Rap Monster tinha colocado o sofá para fora e comprado alguns petiscos. Finalmente, acendeu a fogueira.

Estavam todos ali, ao redor da fogueira crepitante.

Jin ofereceu a J-Hope um pretzel.

Ele aceitou, mas mostrou que

ainda não tinha comido o último que lhe fora oferecido.

Jin queria que J-Hope se alimentasse. Nada de remédios.

Desde que tomara seu remédio, Hoseok estava revoltado. Não conseguia aceitar que havia morrido por causa daqueles remédios. Ele os havia tomado para que fosse curado, para que as coisas melhorassem. Mas não melhoraram. Então ele ficou ali, preso naquela droga de container, tentando se livrar da morte. Se jogava contra as paredes do container, tentando derrubá-las. As penas voavam pelo container, lembrando-o dos momentos de diversão.

Suga estava sentado no sofá, acendendo e apagando seu isqueiro.

Pensativo, ignorou o momento em que Jungkook deitou em seu colo,

mas não o rejeitou.

Jin olhava uma foto de Polaroid, metade branca, metade cinza.

O limite entre o céu e o mar.

— A gente...  vai pra lá? — Perguntou ele a J-Hope.

J-Hope olhou para a foto e acenou positivamente, aprovando a ideia.

Jin  mostrou a foto para V,

que observava tudo com o rosto apoiado sobre a mão.

V sorriu e acenou. Namjoon olhou para ele, e sorriu, por ter a certeza de que ele ainda estava vendo os meninos. Ele ainda estava feliz.

Jimin não gostou muito da ideia, mas conseguiu sorrir.

Jungkook se revirou no sofá.

Olhou diretamente para a chama no isqueiro.

Era hora de dormir.

Ele a apagou.

Rap Monster dirigiu a caminhonete até a praia, como V sugeriu que fizessem. Não tinha ido trabalhar aquela noite, pois não sentia seguro para deixar V sozinho em seu novo estado mental.

Rap Monster mal tinha acabado de parar a caminhonete quando V desceu da caçamba,

acompanhado de perto pelos outros.

Eles correram pela praia, brincaram na areia e tiraram várias fotos. Algumas vezes, Rap Monster só acompanhava V em suas poses, deixando espaço suficiente para que todos pudessem estar ali. Sorria para a câmera imaginária e tentava fingir que Jin  estava ali, mas não conseguia.

Depois de muito brincar, ficaram simplesmente encostados na caminhonete, sentindo o vento e desfrutando do pôr do sol e da companhia

um do outro.

uns dos outros.

Depois de passar o dia todo na praia, rumaram para o píer, do outro lado. Estacionaram a caminhonete e ali passaram a noite.

Quando estava amanhecendo,

Jungkook estava sentado na beira do píer

observando a linha entre o céu e o mar.

Suga sentou-se ao lado dele e, depois de algum tempo,

sugeriu que acordassem os outros.

Eles se levantaram e foram até a caminhonete.

Bateram no vidro e acordaram J-Hope.

Hoseok abriu os olhos lentamente. O container estava claro novamente, e não havia muitos vestígios do episódio anterior. Calmamente, se levantou e foi até a porta. Observou uma paisagem tranquila, cheia de montanhas azuis. Teve sucesso na tentativa de abrir a porta, e saiu. Não havia nada ali fora, mas isso não o perturbou. A paisagem não passava de um quadro, mas mesmo assim, lhe trouxe um bom sentimento. Ele se sentiu seguro. Levou a mão ao bolso. Várias pílulas caíram no chão quando ele tirou a barra Snickers, já meio comida, e a mordeu. Ele estava do outro lado, e sua mãe também. Esse pensamento lhe trouxe paz. Ele mordeu o chocolate. Estava salvo, e então seguiu o seu caminho.

J-Hope saiu do carro, e os outros meninos também.

V se levantou da caçamba. Os dois saíram do carro e foram até a beira do píer. Ficaram de pé observando a água.

V ainda via seis amigos, mas sentia que havia algo errado.

Eles deviam mesmo estar ali?

Eles estavam mesmo ali?

Ou V estava sozinho?

Mesmo que fosse, ele não era digno de estar ali.

Ele era um assassino, e nada mudaria aquilo.

Nem mesmo o perdão de sua irmã, se ela o tivesse perdoado.

Ele só queria protegê-la.  Mas ela não entendia.

V olhou para o lado e viu o andaime que notara tantas vezes. Era um a estrutura que estava ali havia muito tempo, abandonada. Ele se afastou do grupo, colocou o seu capuz e começou a subir na estrutura. Ele a escalou até chegar ao seu ponto mais alto. Lá em cima, conseguiu observar toda aquela imensidão de água. Ali estava a chance de mudar tudo. A chance de acabar com seu sofrimento e com sua culpa. A chance de não estar em um mundo onde ele derramara sangue do seu sangue. A chance de se unir aos meninos de forma definitiva, sem dúvidas.

— V! — Gritou Namjoon, ao notar onde ele estava. Era tudo o que ele não queria. — Desce daí!

Taehyung olhou para Namjoon e sorriu. Ele o chamara de V. Aquilo era a prova de que tudo era mentira. Ele não era V. Ele era Kim Taehyung. Ver seus amigos era bom, mas não tão bom quando ele sabia que era tudo falso. Ele olhou para a frente, fazendo seu sorriso desaparecer. Ele não queria aqueles amigos falsos. Queria os de verdade. Se todos já tinha partido, ele não tinha motivos para estar ali.

Taehyung correu na plataforma até chegar à beirada, e se jogou com um impulso. Foi um longo caminho até o abismo. Seu corpo afundou nas águas com um grande impacto. Ele tentou se desvencilhar daquilo, procurar o ar. Tudo nele protestava àquela decisão. Não porque V não queria morrer.

Mas porque a morte dói.

Enquanto o ar entrava em seus pulmões, fazendo arder seu nariz, expulsando todo o ar, Taehyung não sabia o que encontraria do outro lado. Mas esperava, do fundo de seu coração, que fosse um lugar melhor.

E que seus amigos o estivessem esperando.