O Herdeiro Malfoy escrita por Zoey


Capítulo 13
Capítulo 13 - Visitas


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu espero que vocês compreendam do fundo do meu coração, mas não vou poder postar novos capítulos por alguns dias por forças maiores.
Boa leitura ♥



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Desde que Hermione havia retornado da mansão Malfoy, ela tinha seguido a "lista para se sentir melhor depois de um dia ruim" que ela criara depois do baile no quarto ano, quando Ron estragou sua noite. Consistia em:
1) retire todas as peças de roupa, isso fará você se sentir mais confortável e ajudará você a esquecer qualquer que seja a loucura pela qual tenha passado;
2) prepare uma banheira com água quente para ajudar você a relaxar;
3) enquanto espera, coloque suas roupas para lavar e busque um roupão (o mais fofo o possível) e um livro – Hermione dispensou o livro aquele dia;
4) entre na banheira e fique quanto tempo achar necessário, se estiver chorando, mergulhe embaixo d'água e lave o rosto quando retornar à superfície;
5) relaxe a cabeça e concentre-se em livros que você leu e gostou – Hermione lembrou de quando seus pais liam para ela quando ela era menor, Alice no país das maravilhas passou pela sua mente, depois lembrou do conto dos três irmão pelo qual desenvolveu um certo apreço, pensou em Shakespeare...
6) ao sair da banheira, enxugue-se e coloque o roupão;
7) faça um café bem quente e reflita sobre o que aconteceu, assim você terá tido tempo para descansar e ver os problemas de outro jeito.
Hermione utilizava a lista recorrentemente quando precisava resolver feitiços complicados ou encontrar respostas para as perguntas que ela, Rony e Harry buscavam. Nos últimos três ou quatro anos, ela tinha utilizado aquela lista no máximo duas vezes, pois durante a guerra ter tempo para efetuar cada item daquela lista era quase impossível e, com a correria do hospital, ela não tinha muitas questões que envolvessem um desconforto sentimental tão grande a ponto de utilizar a "lista da Granger", como Harry chamava.
Enquanto ela tomava café, ela começou a rememorar seu encontro desagradável. Em algum ponto, ver aquela sala foi demais para ela. Ela não soube lidar com suas memórias e tudo que sempre a incomodou sobre as ações de Draco saiu sem que ela conseguisse parar. Aquela torrente de perguntas ainda assombravam-na e saber que Draco não compartilhou uma resposta era ainda pior.
Mione começou a pensar no que faria a seguir, ela achou, por alguns minutos, que seria melhor esquecer aquilo, mas essa atitude não combinava com ela e Hermione já tinha tantas coisas na memória que foram soterradas, que não estava disposta a soterrar mais uma. Ela começou a pensar em maneiras de consertar o estrago que fez, Draco, naquele momento, estava em um momento sensível, ele havia tentado cometer suicídio, talvez ela tivesse piorado a situação. Entretanto, ela balançou a cabeça para tirar aquele pensamento infeliz.
"Draco tem Blásio e Blásio jamais deixaria aquilo acontecer novamente."
Algumas horas infelizes, nas quais ela simplesmente arrependia-se do que tinha feito passaram-se. Um bater na porta desligou sua mente daqueles problemas. Ninguém nunca a visitava, não tinha ideia de quem seria. Por alguns segundos, deixou-se acreditar que seriam seus pais.
"Foco, Hermione, deixe de ilusões."
A batida repetiu-se e ela abriu a porta.
—Blásio? - perguntou Hermione confusa.
—Exatamente, não vai me convidar para entrar, mudblood? - respondeu Blásio com cada gota de veneno que conseguia extrair de sua ira.
—O que foi que você disse? - respondeu Hermione com surpresa e uma pontada de raiva - O que você está fazendo aqui?
—O mesmo que você foi fazer a Draco. Uma visita.
E sem esperar convite, Blásio entrou no apartamento e começou a andar pela casa enquanto falava:
—Você fez o favor de fazer Draco voltar para a pior, mas, você sabe a melhor parte? A única pessoa que estava lá para ajudá-lo foi mandada embora, pois você fez ele se lembrar de como ele não era uma boa pessoa para se ter como companhia. Então, cá estou eu – disse e escorou-se no sofá - retribuindo tudo que você disse para Draco...
—O que você está...
—Você cale a boca e me escute. Draco me expulsou da casa dele por sua causa. Você fez ele se sentir um lixo e ele acredita que está fazendo um favor a mim me expulsando de lá. Você abriu essa sua boca imunda e disse tudo que pensava, não é mesmo? Pois bem, vou lhe dar o outro lado da história agora. Você e sua trupe de amiguinhos se acham melhores que todo mundo porque derrotaram Voldemort e julgam qualquer um que não estava do lado de vocês. Você, sobre todos os outros, quer sempre ter razão e estar certa, mas adivinhe? Você está errada ao falar de Draco. Ele sempre foi covarde para muitas coisas, utilizou o nome do pai dele para fazer ameaças, mas enquanto você estava brincando de esconde-esconde com o Lord das Trevas, Draco estava em casa vendo Lucius Malfoy ameaçar matar Narcisa caso Draco não jurasse lealmente ao lado de Voldemort. Enquanto você estava invadindo cofres para lutar de espadinha, Draco estava em estado catatônico por ver um banho de sangue diferente todos os dias no salão de sua casa. Você é tão egoísta a ponto de achar que você foi a única pessoa que Draco viu ser torturada sobre seu próprio teto?
—Blásio, Draco errou...
—Sim, todos nós erramos, mas você acha que só porque você estava do outro lado da guerra, você tem mais direito de chorar suas perdas ou seus entes-queridos. Voldemort tinha um propósito e era convincente. A nossa geração já nasceu predestinada a um lado ou outro devido aos nossos pais. Você nunca teve que literalmente lutar contra seus pais, você não sabe o que é vê-los tomar uma decisão errada e ter medo de dizer que sabia que eles estavam errados e ter que os abandonar. Nós sabemos. Nós desprezamos mudbloods como você, desde crianças fomos ensinados que vocês eram escória e quando se sobressaiam sobre nós era porque estavam tentando roubar nossos lugares de pertencimento. Então você não queira me dar lições de moral, porque você não sabe o que é ter que ir contra tudo aquilo que aprendeu, tentar achar uma brecha em um pensamento tão convincente e quando a achar ter que dizer que seus pais estão errados e abandoná-los no meio de uma guerra, ainda mais que quando você fala sobre a guerra você se refere a vocês três como crianças, adivinhe só? Nós também éramos.
Blásio fez uma pausa para retomar o fôlego e continuou seu monólogo:
—Não pense por um segundo sequer que você sabia o que estava acontecendo dentro de nossas casas e, sobretudo, na casa de Draco. Você não sabe da metade. E mesmo que não soubesse, deveria ter a decência de não fazer com que ele lembrasse de tudo aquilo, ainda mais que ele tentou se matar há menos de um mês motivado por todas essas mesmas memórias. Então, eu quero que você saiba e fique bem claro que o que quer que aconteça com ele é sua culpa, como médica e como ser humano você deveria se portar melhor. Passar bem.
E, simplesmente assim, Blásio evaporou.
Hermione sentiu que sua lista não teria efeito duas vezes no mesmo dia, então, tomou uma medida de emergência: chamou Harry e Rony para seu apartamento.
Os meninos demoraram um dia até aparatarem, ela ainda estava com o roupão e havia dormido no sofá. Rony gentilmente afagava os ombros dela para acordá-la.
—Bom dia, luz do dia.
Ela estreitou os olhos e piscou até acordar completamente, os meninos já tinham retirado seus casacos pesados e o sol inundava o apartamento.
—Vocês vieram – ela sorriu.
—Claro que sim, nunca vimos você agir dessa maneira, tiramos o dia de folga. O que houve? - perguntou Rony gentilmente.
—Eu fui ver Malfoy – Hermione disse calmamente olhando diretamente para Harry.
Rony escancarou a boca de tal forma que parecia ter sido feito um feitiço indetectável de extensão, então, a ficha caiu-lhe quando seguiu o olhar de Hermione até Harry que não parecia minimamente surpreso.
—Vocês só podem estar brincando. Harry, você sabia disso?
Harry meio contrariado pela raiva instantânea de Ron acenou positivamente. Rony parecia pronto para dizer algo, mas desistiu, optou por acalmar-se. Depois de longas respiradas, falou:
—O que houve, Mione? Conte desde o início porque obviamente eu perdi algumas partes.
Suspirando, Hermione começou a contar.
—Bom, durante a visita que eu fiz À Toca, Harry e eu conversamos brevemente, ele basicamente pediu para que eu enfrentasse meus medos e atasse os nós soltos do meu passado, porque, sejamos sinceros, Rony, eu sou brilhante como Medibruxa, mas eu não consigo mover minha vida pessoal para frente. Então, eu fui visitar Malfoy, na casa dele. A princípio foi desconfortável, mas depois nós fomos até o salão em que Bellatrix me torturou. Eu não consegui aguentar. Lembrar de tudo aquilo foi demais para mim, então, eu pedi, na verdade exigi... levantando a voz, que Draco me desse uma explicação do porquê ele foi tão covarde, vocês entendem? Nós merecemos uma resposta melhor de "porque eu tive medo", é muito pouco para o tamanho da situação em que estávamos. Eu pressionei ele demais e ele acabou me expulsando de lá. Blásio estava ajudando Draco desde que ele havia tentado se suicidar, mas, aparentemente, eu deixei Draco tão mal que ele expulsou Blásio de lá também. Blásio veio aqui e falou algumas coisas que eu nunca tinha pensado antes. E essa é a história.
Por alguns instantes ninguém sabia o que dizer. Rony com certeza estava com raiva de alguém, porém, Harry estava calado com fincos profundos na testa.
—Draco está sozinho em casa agora? - perguntou Harry.
—Sim.
—Isso pode ser um problema. Ele ainda não está bem, está? - Harry estava com um tom tão sério em sua voz que pela primeira vez em anos, Hermione percebeu que não era a única que tinha amadurecido.
—É difícil dizer, nós não tivemos um diálogo muito bom, mas provavelmente ainda não.
—Vocês acham que deveríamos ir até lá? - perguntou Rony.
—Talvez fosse uma boa ideia – disse Harry – o cara ainda não está bem, está sozinho e tentou se matar antes, é uma combinação arriscada.
—Eu não acredito que nós vamos fazer isso – suspirou Rony longamente.
—Eu também não estou muito feliz de voltar lá, Rony, mas como Blásio fez questão de lembrar, e por mais que me doa dizer, eu falhei como profissional e como ser humano, não importa se Draco errou, ele tentou se matar e eu deveria ter o mínimo de sensibilidade.
—Irritante sabe tudo – resmungo Rony.
Até eles tomarem coragem de ir até a mansão, resolveram conversar sobre suas experiências. Para o desgosto de Rony, Harry e Ginny estavam reatando, mas como a carreira de ambos era uma correria, eles estavam dando passos lentos e não queriam alarmar a todos.
—Eu estou tão feliz por vocês, Harry, e você, Ronald, precisa melhorar essa cara.
Rony ficou ainda mais emburrado, mas enquanto Harry permitia-se divagar sobre o trabalho, Hermione e Rony trocaram olhares que fizeram eles se lembrarem de coisas do passado, ocasionalmente sorriam um para o outro até um dos dois desviar o olhar.
Hermione serviu um lanche da tarde para eles e os três comeram discutindo assuntos mais sérios como a ascensão de grupos radicais e a oposição que Shacklebolt estava enfrentando.
—Meu pai está preocupado com a possibilidade de uma retaliação que afete os muggles, ele disse que esses grupos ainda são inofensivos porque estão separados, mas ele está com medo de uma possível união entre eles.
—Eu acho que eles têm que continuar separados, mas o mundo da magia sempre vai conviver com esse tipo de ameaça, desde antes de Voldemort o mundo da magia já conhecia a existência desses grupos radicais – falou Hermione – quando eu li Hogwarts: Uma História, tinha um pequeno trecho sobre alguns alunos que faziam parte desse clube anti-sangues ruins e sabe-se lá quantos anos esse livro tem desde sua publicação.
—Eu não acredito que você ainda lê esse livro, Mione, sinceramente, depois de todo esse tempo?
—Para sempre, Rony, é um livro extremamente educativo e é importante conhecer-se um pouco sobre o lugar onde você estudou – disse Hermione franzindo o cenho e erguendo o nariz.
—Rony, Mione, acho que nós temos que ir, está ficando tarde.
Os três olharam para fora, o sol já estava quase os abandonando.
—Vamos – disse Hermione.
Ela havia conquistado um novo tipo de confiança por estar com Rony e Harry. Os três aparataram nos portões da mansão.
Hermione havia deduzido que Draco tinha reforçado os feitiços para repelir. Ela teve de fazer pelo menos três contrafeitiços até os três passarem pelos portões. Draco abriu a porta depois de muita insistência por parte dos três apertando a campainha. Ele obviamente não estava contente com aquela visita.
—Olhem só, ela trouxe companhia dessa vez – disse ele claramente irritado com a presença deles.
—Nós precisamos conversar – disse Hermione.
—Nós? - riu Draco - Você já não conversou o suficiente por nós dois ontem?
—Ouça ela, Malfoy – rosnou Rony.
Draco moveu a cabeça displicentemente até pousar seu olhar em Rony.
—E o que é que você está fazendo aqui, Weasleyzinho? Não tem algum cachorro para caçar?
Harry conteve Rony e falou calmamente:
—Nós sabemos o que aconteceu ontem, Draco, Hermione está aqui para vocês conversarem civilizadamente.
—Ora, Potter, você já esqueceu do meu histórico de conversas com a Granger? Um deles este aqui saiu vomitando lesmas e no outro ela me socou. E, se bem lembro, por sua causa eu fui transformado em uma doninha... Como era aquele apelido? A fantástica doninha saltitante? Veja, eu acho que não estou muito inclinado em receber vocês na minha casa.
—Draco, eu não estou aqui para socar você ou te transformar em uma doninha. Nós precisamos conversar e nós iremos – disse Hermione com firmeza.
Draco transformou sua boca em uma linha reta e então abriu espaço para eles entrarem.
—Seja lá se estão satisfeitos ou não, não me peçam nada para comer.
Hermione analisou a casa mais uma vez, as paredes ainda estavam em dois tons e haviam garrafas vazias em cima de uma mesa de centro na sala.
—Você andou bebendo de novo?
—Como você é perspicaz, mudblood.
—Ora, seu... - Rony tentou avançar mais uma vez, mas Harry segurou-o.
Hermione já tinha ouvido aquilo tantas vezes que já nem se importava mais com o significado da palavra.
—Harry, leve Rony dar uma volta, isso é entre nós dois.
Harry assentiu e levou Rony arrastado.
—Eu sinto muito por ontem, de verdade, mas não posso dizer que eu menti, contudo, eu sei que você está passando por um momento difícil e foi falta de sensibilidade minha ter dito aquilo – disse Hermione tentando recuperar o mínimo de dignidade que tinha.
E ela esperou a reação de Draco. Ela esperou por qualquer coisa, mas não imaginou que ele iria rir. Ele riu largamente. E riu mais um pouco.
—"Eu estou passando por um momento difícil"? Deixe eu lhe contar uma coisa, Granger, eu nunca tive momentos fáceis. Se você veio aqui para se sentir melhor consigo mesma, recomendo que saia, você já fez seu papel de heroína. Agora, volte para seu castelo e vá esperar o beijo do príncipe encantado.
Hermione ficou magoada e com raiva.
—Eu não vim aqui só para me sentir melhor comigo mesma, eu vim aqui porque fiquei preocupada com você e porque eu realmente acho que nós temos assuntos pendentes.
—Ah, é. Você quer saber porque eu assisti você ser torturada sem fazer nada... Bom, devo dizer que tortura não me causa nenhum tipo de prazer, apesar de alguns comentários maldosos por aí, não tenho nenhum respeito por vocês, mudbloods, mas não acho que a tortura é um recurso interessante. Você quer saber porque eu não mudei de lado na guerra? Meu pai me obrigou em parte, ele ameaçou a vida da minha mãe, ameaçou a minha vida também e porque eu fui covarde demais para dizer que não apoiava aquilo.
—Seu pai ameaçou vocês? - Hermione inclinou-se para frente em descrença.
—Está meio tarde para sentir pena, Granger, tenho certeza que ele está pagando pelo o que fez em Azkaban. Você tem suas respostas, incomoda-se de se retirar e levar seus bichinhos de estimação com você? Eu recém replantei aquele jardim e eles estão pisando nas minhas sementes – Draco falou enquanto olhava pelo vidro Rony chutando pedras que encontrava no jardim e Harry parado observando-o.
—Draco, - Hermoine começou pausadamente – onde está Blásio Zabini?
—Ele se foi.
—O que houve?
—Eu mandei embora.
—Por quê?
—Ele estava comigo, não sou bom para ele.
—Draco, você precisa de companhia, falando como sua médica. Ficar sozinho aqui não é bom para você. Eu o vi ainda ontem – Hermione evitou a parte de onde ela o havia visto e sob quais circunstâncias por medo da reação de Malfoy – ele parecia arrasado, ao manter ele afastado de você, você está fazendo mais mal a ele do que o mantendo por perto – e foi aí que a percepção chegou até ela, Zabini gostava de Draco.
Era óbvio. Ela estava tão cega com questões circundantes que não percebeu o que estava embaixo de seu nariz.
—Eu o mandei embora, não vai querer voltar, ainda mais para este mausoléu.
—Tente conversar com ele. Eu consegui minhas respostas, espero que você consiga as suas com Blásio.
Hermione levantou-se e foi em direção à porta, mas Draco chamou-a:
—Ei, Granger, você... você acha que um dia poderia me desculpar? Você sabe... por tudo o que eu fiz.
Hermione refletiu por alguns instantes e falou com sinceridade:
—Um dia, Draco, um dia sim.
Ela reuniu Harry e Rony e eles desaparataram.


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Notas finais do capítulo

Entããão, o que acharam?



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