Abstrato escrita por roux


Capítulo 5
Ressaca Moral




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Eu acordei sentindo uma dor de cabeça horrível. Estava deitado em uma cama que eu não conhecia. Pelado, ou melhor, apenas de cueca. Estava com um cheiro de amaciante forte nos lençóis. Não era a minha cama. Eu sentei no colchão e senti minha cabeça girar, deitei novamente. Fechei os olhos, até a claridade fazia a minha cabeça doer. Fiquei deitado encolhido ouvindo sons de conversa fora do quarto. Ouvi a voz de Guilherme, eu deveria estar na sua casa. Oh céus, o que os pais deles vão pensar? Que eu sou mais uma vagabunda que ele trouxe pra foder em casa. Espera! Eu estava pelado, comecei a tentar lembrar se eu tinha transado com Guilherme. Não podia ser, estava tentando lembrar, mas forçar meu cérebro a se lembrar, só fazia a minha cabeça doer ainda mais.

Não demorou muito e a porta abriu. Guilherme entrou sorrindo e carregando uma bandeja nas mãos. Quando eu o vi alguns flashes da noite anterior tomaram minha cabeça. 

Eu lembrei que tive alguns beijos, para uma primeira vez, eu até que tinha beijado bastante. Eu me senti envergonhado e me cobri com o lençol até o rosto. Não só por estar apenas de cueca, mas pela vergonha da noite anterior. Outros flashes vieram e eu lembrei que beijei um cara, eu não lembro o nome dele, ele era bonito isso eu lembro, que beijei Babi, e beijei Lara, oh céus eu tinha beijado até outro garoto que estava dançando ao meu lado. Mas o que mais chamou minha atenção nesses lapsos de memória é que eu estava cara a cara com Guilherme. Eu sorria. Mas não lembro. Será que eu o beijei? Será que transamos? Porra, eu não queria perguntar.

— Eu trouxe um remédio e seu café da manhã. Você está sem nada no estomago desde a sua última refeição ontem que eu sequer sei que horas foi. — Ele disse me olhando então sentou na cama. — Primeiro tome o remédio e espere um pouco.

Ele me ofereceu alguns comprimidos e um suco de laranja.

Eu peguei os dois comprimidos e levei a boca, tomei um gole do suco de laranja. Estava tão doce que eu até fiz uma careta.

Guilherme riu. Ele estava sem camiseta e apenas com um samba canção eu podia até notar um volume solto no short.

— Esta doce, né? — Ele perguntou rindo. — Mas você precisa de glicose no sangue, você bebeu muito para uma primeira vez. — Ele falou e me olhou.

— Quanto eu bebi? — Perguntei sentindo um enjoo leve. Eu não queria comer, apenas deitar e morrer. Eu estava me sentindo muito mal. Meu corpo estava começando a suar frio só por eu estar sentado.

— Cara você bebeu muito mais que eu. Você realmente tomou todas. — Guilherme falou rindo e então me deu uma palmada na perna.

Eu o olhei meio sem jeito. O contato me fez ter as dúvidas novamente. Será que a gente havia transado? Eu não iria perguntar e queria me livrar dessas perguntas.

— Você deve beber todo o suco. Vai lá! — Ele disse sério e me fez pegar o copo de suco novamente. — Vai logo, bebê! Você virou copos e copos de vodca pura ontem. Beber esse suco vai ser fácil.

Eu tinha bebido vodca pura? Oh céus!

Eu virei o copo na boca e passei a beber. Tomei um longo gole. Engoli outro gole e mais outro, até o líquido acabar. Estava mal. Aquele suco estava me deixando pior.

— Eu acho que vou... — Eu não terminei a frase, pulei da cama reunindo todas as forças que ainda me restavam e corri até o banheiro do quarto dele. Eu me joguei no chão e enfiei a cara na privada, vomitei até a alma.

— Está tudo bem? — Guilherme perguntou. Eu me virei e o vi encostado à porta.

— Não, eca! Saí daqui. Eu estou vomitando. — Eu disse irritado e limpando o queixo, era nojento e constrangedor, mas vômito estava escorrendo ali. 

— Amigos são para essas coisas. — Ele me disse e então me ajudou a levantar. — É melhor você tomar um banho frio, vai ficar melhor. E precisa, pela tarde vamos sair, marcamos de ir para píer com a galera.

Eu olhei para ele. Balancei a cabeça em negativa.

— Os meus pais...

— Eu falei com eles. Para eles suave você passar o dia aqui. Minha mãe que pediu e eles deixaram maneiro, né? — Guilherme falou sorrindo. — Eu até fui lá pegar umas roupas para você. O seu quarto estava uma bagunça, você não sabia mesmo o que vestir né?

— Está bem, vou tomar um banho! — Eu falei mudando o assunto e caminhei meio zonzo para o box. Virei-me para ele. — Você pode sair né?

Ele gargalhou e saiu do banheiro preto. Eu fiquei olhando aquelas paredes preta, eram tão diferentes do banheiro de casa. Liguei o chuveiro e um jato frio caiu em mim.

Eu não estava muito melhor. Mas eu resolvi sair. Guilherme insistiu muito para que eu fosse. E eu queria ir. Era a primeira vez que eu era incluso em algo. Ninguém nunca me chamou para nada. E só naquela semana, só depois de ter conhecido Gui eu já tinha sido chamado para sair três vezes.

— Eu não vou montado na sua moto. Eu acho que vou vomitar na sua cabeça se eu fizer isso. — Eu disse quando ele me entregou o capacete.

Ele me olhou pensativo. Fez uma cara feia, mas depois riu. Eu odiava isso nele, mentira, eu adorava.

— Nós vamos com o meu carro então. — Ele disse sério e me olhou com uma cara maliciosa. — Eu parei.

Eu não entendi a piada, mas não disse nada. Fiquei em silêncio. Caminhamos até uma garagem nos fundos da casa, e ele pegou uma chave pendurada na parede, destravou um carro vermelho e bonito e abriu a porta do carro para mim.

— Você é bem rico mesmo, hein? — Eu disse sério e entrando no carro. — Você tem carro e moto?

Ele fechou a porta. Então o vi dando a volta no carro e entrou logo em seguida.

— Eu tenho dois carros e aquela moto. Mas prefiro a moto. — Ele falou ligando o carro e partindo devagar. Parou no portão e esperou o mesmo abrir. Era automático, mas meio lerdo.  Quando abriu ele arrancou com o carro. — E você?

— Eu o que? — Perguntei. Ele estava mesmo perguntando se eu tinha carro?

— Você prefere carro ou moto? — Ele disse rindo e pisando no acelerador, o carro começou a ir mais rápido.

— Eu prefiro carro, é mais confortável. — Eu disse baixo e coloquei o cinto, havia mesmo esquecido.

Ele não falou nada, apenas colocou uma música para tocar e fomos em silêncio até o píer.

Estava muita gente lá. O que seria outra festa? Eu não estava preparado para isso. Caminhei ao seu lado devagar, algumas pessoas me olhavam e sorriam, outras acenavam. Eu não me lembrava de já ter visto elas.

Alguns eu tinha certas lembranças. Chegamos até o grupinho de Gui. Estavam sua prima a namorada dela e outros garotos.

— Oi.

— Olá.

— Como vocês dormiram?

— Vocês dormiram juntos?

— Isso mesmo na mesma cama!

— Que? Como vocês são safados.

— Não acredito nisso.

Estavam todos falando ao mesmo tempo e rindo. Eu tentei entender o que estava acontecendo, mas nada fazia muito sentindo. Havia um caro com boné e cara de ressaca, ele estava meio bravo.

— Ainda não acredito que vocês dormiram juntos. Eu achei que vocês não tinham nada. — Esse cara falou irritado.

— Ei, Robson calma aí. Eu dormi com ele, não tive relações sexuais com ele! — Guilherme falou bravo.

— Ei o que aconteceu? — Eu perguntei. — E quem é você?

— Esse é o cara que você ficou ontem a festa inteira. — Gritou Lara. Babi estava rindo.

Eu olhei para o cara.

Quanto eu tinha bebido? Eu me lembrava de beijar alguém, mas não me lembra de ter sido ele. Ele parecia bravo.

Saiu caminhando.

— Droga! — Eu disse baixo.

Estavam todos rindo. Eu segui o homem. Ele estava acendendo um cigarro. Eu o olhei.

— Ei, desculpa. Eu bebi demais! — Eu falei. Estava me sentindo mal e envergonhado, eu nunca mais iria beber na minha vida.

— Achei que você fosse se lembrar de mim. — Ele falou irritado.

— E eu lembro. Eu me lembro de beijar um cara que me beijou muito gostoso, eu só não lembrava que tinha sido exatamente você. — Eu disse baixo e baixei o olhar.

Ele segurou meu queixo com as mãos e sorriu para mim após levantar minha cabeça.

— Eu gostei de saber disso. — Ele disse sorrindo. — Eu sou o Robson.

— Eu sou...

— Eu sei. — Ele disse sorrindo.

Parecia estar tudo bem agora, mas não estava pra mim. Eu tinha acabado de pagar um mico enorme. Então eu percebi uma coisa. Ninguém me zoou ou riu de mim. Eles apensar riram do que aconteceu. Eu tinha me encontrando em algum lugar? Eu estava fazendo um grupo de amigos?

Eu sorri.


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