- Não acredito! Logo quando resolvo ir pra casa começa a chover assim. – grunhi, atravessando a rua e retirando um guarda-chuva que se encontrava guardado em minha mochila.

Minhas botas rasteiras encontravam-se cobertas de areia em baixo da sola e em volta da parte lateral, pois para pegar um atalho para chegar à minha casa havia passado por uma pracinha. A rua estava deserta por causa da chuva, o barulho da chuva caindo nas calçadas e escorrendo dos telhados me traziam uma sensação de tranqüilidade, não só a mim, mas acredito que a qualquer pessoa que por ali passasse.

- Mas que droga! – resmunguei, um vento forte que passara por mim virou meu guarda-chuva para trás, quebrando-o. – Como eu tenho sorte! – sorri irônica.

- Eu que o diga. – sussurrou uma voz masculina em meu ouvido esquerdo, fazendo-me estremecer por dentro.

Virei-me rapidamente para ver quem fizera tal coisa.

- Ikuto? – perguntei surpresa.

- Yo! – disse ele, com sua expressão séria no rosto e seus cabelos e roupas completamente molhados por causa da chuva.

- Vai se gripar se continuar encharcado assim. – falei com um tom de preocupação.

- É, você também. – disse ele, olhando-me de cima a baixo, com uma das sobrancelhas arqueadas.

- É mesmo, droga, esqueci que meu guarda-chuva quebrou. – exclamei. – Aqui está muito frio, eu vou pra casa. – Meus cabelos e roupas encontravam-se completamente molhados em uma hora dessas.

- Vai acabar pegando um resfriado antes mesmo de chegar lá. – Dizia ele com uma expressão de tédio no rosto. – Vem, vamos pra minha casa que é mais perto, lá você toma um banho, troca de roupa e espera a chuva passar, daí depois eu te levo em casa.

- Ta de brincadeira né? – arqueei uma sobrancelha.

- Por quê? Não vou fazer nada pervertido como o que você está imaginando. – Disse ele com um sorriso pervertido no rosto, virando as costas. – Se quiser vir, é por aqui.

- Espera! Já que é assim eu acho que não posso recusar. – Falei convencida, correndo atrás dele.

Ikuto passava por caminhos desconhecidos por mim, a chuva escorrendo em seus cabelos e seu rosto o deixava mais atraente que o normal, não que eu me importasse com isso!

- Chegamos senhorita pervertida! – exclamou, apanhando um molho de chaves do bolso de suas calças.

O caminho que percorremos era de fato a metade do caminho que eu levaria para ir até minha casa, de repente Ikuto não estava com pensamentos pervertidos como imaginei, quem sabe ele estava mesmo preocupado comigo.

- O que está esperando aí fora? Ente logo. – disse ele com uma cara de desentendido. – Ou será que está muito ocupada tendo pensamentos pervertidos comigo que nem me viu abrir a porta?

- Como se eu fosse! – fiz careta, entrando em seguida na casa.

A casa de Ikuto era muito grande e espaçosa, com várias cômodas. Na sala havia um sofá enorme, uma TV de plasma e um telefone em cima de uma mesinha num tapete grande e escuro, havia também uma mesa de jantar muito grande com um vaso de flores em cima e várias cadeiras em volta, nos cantos das paredes havia plantas para preencher os lugares vazios. Uma escada grande e muito bem feita decorada com um tapete vermelho enfeitava mais ainda aquele belo lugar. Em todas as paredes havia portas grandes e bem detalhadas, como as das grandes mansões que eu via nos filmes.

- Ikuto-san! – Chamou uma mulher loira, aparentando ser muito fraca. Ela vestia uma camisola longa branca e pantufas beges.

- Venha Amu. – Falou irritado, puxando-me pelo braço enquanto subia as escadas.

Chegando lá em cima ele abriu uma das muitas portas, entrou e me puxou para dentro, chaveando-a em seguida.

Seu quarto também era muito grande e espaçoso, porém, um pouco vazio. Nele havia uma cama de casal, um armário, uma estante com alguns cadernos em cima e algumas prateleiras penduradas nas paredes com livros sobre elas. Tinha também uma porta que dava para um banheiro e uma porta de vidro que dava para uma sacada ao lado da cabeceira da cama.

- Quem era ela? – perguntei curiosa.

- Minha mãe. –respondeu ele com um olhar triste, sentando-se no chão para não molhar a cama.

- O que houve entre vocês dois? Você a tratou de uma forma muito fria. – Falei com uma expressão triste, sentando-me ao seu lado.

- Quem se importa com essas coisas chatas? – Respondeu logo em seguida, levantando-se e remexendo em seu armário. – Vá tomar um banho agora e vista isso. – Disse, me entregando uma toalha e uma muda de roupas.

Adentrei o banheiro e tranquei a porta, ele era muito grande e bonito, como todo o resto da casa. Tirei minhas roupas molhadas e pendurei-as para secar, logo em seguida entrei no banho, aquela água quente era realmente muito boa, aproveitei e lavei meus cabelos com o xampu do Ikuto que achei em uma prateleira dentro do Box.

Saí do banheiro com uma camiseta que ia até metade da coxa e com os cabelos molhados. Ikuto fitava-me de cima a baixo, sério.

- Pare de me olhar assim! – xinguei.

- Agora é minha vez, disse ele entrando no banheiro e trancando a porta, me ignorando completamente.

Enquanto ele tomava banho fiquei olhando a chuva pela porta de vidro que dava pra sacada do quarto dele. Peguei a caixinha que guardava os ovos de minhas shugo charas, que antes se encontravam em cima da cama de Ikuto e a coloquei sob sua estante, onde se encontravam cadernos e livros.

- Os cadernos que Ikuto usa na escola? – peguei um caderno, quando fui abri-lo ouvi batidas na porta de vidro. – Yoru? – espantei-me, abrindo a porta e deixando-o entrar.

- Amu? O que está fazendo aqui? Nya – perguntou-me.

- Vou ficar aqui até a chuva passar. – respondi. – falando nisso, onde você estava até agora?

- Onde será? Nya. – falou ironicamente. – Vou dormir um pouco, avise ao Ikuto que eu já cheguei. – Disse isso e entrou em seu ovinho que estava ao lado da caixa onde minhas Shugo Charas dormiam.

E lá estava eu, sozinha novamente, já estava ficando escuro e Ikuto ainda estava no banho. Deitei-me na cama de Ikuto e acabei pegando no sono.