Lado Obscuro escrita por suellencraft


Capítulo 8
Capítulo 8 – Impulsos do coração


Notas iniciais do capítulo

Hueee



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Quinta-feira – 03 de Fevereiro

 

Rosalya acordou com uma dor de cabeça dos infernos. O acidente de Brenda havia tirado o seu sono, então só conseguira dormir por algumas horas antes do despertador tocar. Argh... Segundo dia de aula. Gemendo com a dor, levantou-se cambaleando da cama, mas perdeu o equilíbrio e caiu na cama de sua irmã mais nova, Catherine.

— OI? Já acordei, mãe! – gritou Catherine, sentando-se em um pulo, assustada. Seus cabelos prateados estavam mais bagunçados do que os de Rosalya. Quando viu que era só sua irmã, fechou a cara. – Ah, é só você, Rosa. Me assustou, sabia?

— Eu caí. Desculpa. – murmurou a mais velha, esfregando as têmporas. Estava quase desistindo de ir para as aulas. Catherine percebeu o mal estar de sua irmã e mudou de expressão assassina para preocupação fraternal.

— Rosa, está tudo bem? – perguntou inclinando a cabeça para perto da irmã. – Aliás, não te vi chegar ontem, o que ficou fazendo fora de casa até tão tarde?

— A Brenda foi atropelada. – rosnou Rosa, ainda se culpando pelo acidente do dia anterior. A mais nova arregalou os olhos, já que não esperava uma resposta tão chocante. – Aí o Lys foi com ela para o hospital... AI, ESPERA! Tenho que ligar para ele!

A garota pulou da cama atrás de seu celular, quando a dor provocada pelo movimento repentino a fez encolher no chão, segurando a cabeça entre os joelhos. Sua irmã, com pena, levantou-se da cama e pegou o celular rosa da Rosa (hahahahaha desculpem-me, não pude resistir à essa piadinha horrível :P) e discou para “Lys-fofo”.

— Alô, Rosa? – disse um Lysandre sonolento do outro lado da linha. Catherine tossiu.

— É a Cathê, Lys. Rosa está com uma dor de cabeça terrível, então eu tive que te ligar. Ela quer saber como está a Brenda.

— Ela está bem, ainda não acordou. – disse ele entre bocejos. Catherine estranhou.

— Lys, você passou a noite no hospital??

— Sim, queria ter certeza de que ela ficaria bem. Diz para Rosa que se Brenda acordar, eu ligo.

— Beleza, eu aviso. Tchau, Lys.

— Até mais, Cathê. – e desligou a ligação. Catherine virou-se para uma irmã/bolinho de cabelo prateado no chão e suspirou.

— Rosa, ele disse que Brenda ainda não acordou. Quando ela acordar, ele vai te ligar. E... Acho melhor você se deitar, esquece a aula hoje. Eu aviso a diretora sobre o que houve.

Rosalya fez um sinal positivo para a irmã com uma das mãos, sabendo que se mexesse a cabeça, poderia morrer de dor. Com ajuda dos braços de Catherine, ela se levantou lentamente e deitou na cama outra vez.

— Vou descer para tomar café, aviso para mamãe te trazer uma aspirina. – disse a mais nova antes de sair do quarto que dividiam.

**

Esticando a coluna, Lysandre se deu conta de que estava completamente exausto e com dores nas costas.

Dormir sentado na beira da cama de hospital é a pior coisa do mundo. Ou não?

Bom, ele teve ótimos motivos para fazer isso voluntariamente.

Primeiro, ele estava cuidando de alguém sob a sua responsabilidade.

Segundo, a garota adormecida era linda.

Terceiro, ele se sentia incrivelmente bem perto dela.

E tudo que ele queria era escutar o som de sua risada outra vez.

E ficaria de plantão ao seu lado se fosse preciso.

 

Sorrindo, ele traçou de forma suave a linha de sua bochecha com a mão.

As pálpebras de Brenda tremeram com o toque. Os olhos de Lysandre se arregalaram, ela ia acordar? Aproximou o rosto um pouco, para poder verificar se o movimento fora sua imaginação.

E se abriram os olhos mais azuis e inocentes que ele já tinha visto na vida.

Piscando, confusa, a garota olhou para os fios prateados e olhos bicolores que pairavam sobre ela e ruborizou.

— Ãh... L-Lysandre? Onde eu estou? O que... O que houve?

Lysandre sorriu ternamente, aliviado. Ela estava bem! Afastou-se dela e ajeitou a roupa vitoriana.

— Depois eu te explico, mas antes preciso chamar a enfermeira e avisar que você acordou, tudo bem?

Brenda assentiu, ainda sem entender. Enfermeira? Ela estava no hospital? O que estava acontecendo?

O garoto saiu do quarto à procura de uma enfermeira, deixando a acidentada sozinha. Demorou só um pouco. No instante que ele retornou ao quarto, ela sorriu. E ele também.

A enfermeira chegou logo atrás dele e foi direto checar os batimentos e a pressão da menina. Estava tudo em ordem, dissera. Agora, teria que aguardar a liberação do raio-X.

Raio-X? Brenda franziu a cara. Como assim, raio-X?

Lysandre, vendo a cara dela, aproximou-se da cama e sentou na beira, ao lado de Brenda.

— Bom, me diga o que você se lembra de ontem.

— Ah... Era noite, eu estava com a Rosa, correndo. E um som alto. Depois, não lembro de mais nada.

— Isso porque você foi atropelada. O som alto foi a buzina do carro, Brenda.

 

— E-eu fui atropelada? – os olhos azuis dela se abriram em círculos perfeitos. Lysandre riu com a expressão dela.

— Sim, e apagou depois disso. Desde então, estou no hospital contigo, esperando que você acordasse bem. – disse ele olhando nos seus olhos fixamente. Brenda desviou o olhar, envergonhada.

— Você ficou comigo a noite toda? – murmurou, sem acreditar. – Eu... O-obrigada, Lysandre.

— Me chame de Lys, Brenda. – pediu ele e, sem conseguir resistir, colocou a mão encima da mão dela. Brenda quase teve um ataque cardíaco. Onde estava o ar?

 - C-certo, L-Lys... – gaguejou, mais vermelha do que uma pimenta malagueta.

**

Kentin estava revirando na cama semidormente quando deu de cara no chão em um baque absurdo.

— Argh, faz menos barulho, Kentin! – reclamou a voz irritada do Armin, vindo de cima.

— Foi mal, cara, caí dessa caminha minúscula. – confessou, aborrecido. Seu colega de quarto apenas bufou com a cara enfiada no travesseiro e continuou dormindo. Esfregando o nariz dolorido, Kentin olhou para a tela do celular. Eram seis da manhã. As aulas começavam que horas mesmo? Levantou-se para ver o mural de horários na parede. Hum... Sete e meia? Era melhor ir se arrumando.

No banheiro, ele parou em frente ao espelho e analisou aquele rosto irreconhecível que o encarava de volta. A transformação o havia deixado com uma feição mais.... Máscula? E o cabelo não estava mais “tigelinha”. Os fios estavam rebeldes, como se tivessem vida própria. Não que ele pudesse reclamar... Estava até se sentindo bonitinho. Rindo com esse pensamento, começou a repassar tudo que tinha acontecido no dia anterior.

Começou o dia com Alexia. Foram para Sweet Amoris. Conheceu várias pessoas legais. E pessoas idiotas como Castiel e Ambre. Descontrolou-se. Houve a transformação inevitável. Despedida por telefone. Viagem de carro surreal com seu pai. Colégio Skyhell. Colega de quarto. Seu irmão gêmeo nada gêmeo. A garota maluca que só pensa em doce. O jantar improvisado no quarto com aqueles três loucos. Jogar Minecraft com Armin até duas da manhã. Sonho esquisito com um par de olhos dourados querendo matar ele. Cair de cara no chão. Virar um galãzinho.

É, foi bem normal.

**

Quando Alexia recebeu a mensagem de Rosa, ficou com o queixo no chão.

Miga, não vou pra aula hoje. Brenda foi atropelada ontem à noite depois que saímos da sua casa e eu não dormi a noite toda. Lys está no hospital com ela e acabou de ligar dizendo que ela acordou e está bem. Enfim, amanhã estaremos todas juntas, então não se preocupe. Vou dormir, qualquer coisa liga pro Lysandre, vou anexar o contato dele pra vc. Bjs.

“Mas que raios anda acontecendo com todas as pessoas importantes da minha vida?!”, pensou Alexia. “Minha mãe está longe, o Kentin foi embora, agora as minhas novas amigas quase morrem saindo da minha casa!!”

Deve ser praga, não é possível.

— Lex, está tudo bem? – perguntou uma Samara sonolenta ao seu lado esfregando os olhos. Elas dormiram na sala em meio a milhares de travesseiros e cobertores que Alexia teimou em trazer de sua antiga casa.

Mordendo os lábios, balançou a cabeça.

— Brenda está no hospital e Rosa está de cama. Lysandre está com a Brenda no hospital e disse para não nos preocuparmos. Enfim... Acidente de carro ontem à noite, isso resume tudo.

Esbugalhando os olhos, a ruiva perdeu instantaneamente todo o sono.

— V-Você está brincando, né?

— Queria que fosse, Samy.

— Bom... Então o que estamos esperando?

Alexia levantou a cabeça confusa.

— Ãn... Para fazer o que?

— Ir ver a Brenda no hospital, oras! – exclamou Samara enquanto ficava em pé. – Anda logo, sua pisciana lerda!

— Mas a aula...

— Dane-se a aula, as amigas em primeiro lugar, certo? Vamos!

*

Brenda respirava... Não, ela estava ofegante, tentando normalizar a respiração.

Seu batimento cardíaco estava fora do compasso.

Isso tudo porque Lysandre segurava a sua mão e...

— Brenda? – interrompe a enfermeira sorridente que aparece na porta. Lysandre, no susto, larga a mão da garota, que olha espantada para a porta. – Bom, saiu o resultado do raio-X! Vamos abrir e descobrir se poderei te dar alta?

— Com certeza, estou doida para saber! – diz a acidentada, também sorrindo. Mas ao seu lado, o garoto vitoriano morde os lábios. Parecia apreensivo.

A enfermeira abre o envelope branco e puxa de dentro os chapas enormes de raio-X junto a um laudo em A4. Ela deixa os chapas contra a luz, analisa por uns instantes e faz cara de confusa. Ainda com as sobrancelhas franzidas, ela pega o laudo e lê por longos segundos.

Lysandre murmura um “Droga, eu sabia.” baixinho e olha para o chão.

— Hum... Senhorita, acho que não poderei te dar alta hoje. – conclui a enfermeira com cara de preocupação. Samara desfez o sorriso e passou a ficar levemente nervosa. – Pelo visto, temos alguns ossos deslocados e fraturas graves internas, então seguirá internada por mais alguns meses, provavelmente. Irei passar o relatório para o doutor, já retorno.

Ela sai apressada do quarto e fecha a porta novamente.

— E-Eu... Estou com fraturas graves??– sussurra a Brenda, olhando para o teto. – E ficarei internada por... Meses??

— Brenda... – chama Lysandre olhando para ela, mas ela continuava olhando o nada. – Brenda?

— Eu vou ficar aqui por meses... Meses! – grita a garota, finalmente olhando nos olhos do garoto. Lysandre até se inclinou um pouco para trás, surpreso com o aumento de voz repentino de Brenda. Ela irradiava pura raiva. – Mudei de cidade para ficar com a minha prima e agora vou ficar presa em um hospital por MESES!!

Lysandre fica paralisado por alguns instantes, sem saber o que pensar e o que fazer. No fim, raciocinou rápido e tomou a atitude certa.

Colocou as mãos nas laterais do seu rosto e se aproximou rapidamente antes que o receio o detivesse. Conseguiu apenas captar seu olhar assustado antes de fechar os próprios olhos bicolores.

Ele a beijou.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAH finalmente o beijo hahahhah
Avisando: eu escrevendo o próximo capítulo foi tipo "vomite unicórnios nesse casal #Lysenda"



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