The Birth of Anthony Jackson. escrita por Liids River


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

OLÁ BEBÊS
eu disse que voltaria
essa one tá do caralho ( desculpa,mas tá mesmo)
eu terminei ela agorinha então disgurpa os errinhos e os errões
Muito obrigada pelos comentários em Treat You better e no capitulo de Keep U Safe,vou respondê-los agorinha! Amo vocês.
Eu volto no final de semana com One,com certezinha
obrigada a todos que se preocuparam comigo-indo-fazer-o-enem
eu acredito ter me saído bem,obrigada mesmo ♥
responderei as MPs também,sem pressa e com paixão
e bem
acho que é isso


( essa one ficou do caralho +1)



desculpa as palavras feias,mas ficou mesmo cara


ONE DEDICADÍSSIMA A GRAY QUEEN QUE É UMA QUEEN MESMO PELA RECOMENDAÇÃO LINDA/MARAVILHOSA/DEUSISSIMA EM KEEP U SAFE
me faltam palavras pra descrever a gratidão pelas palavras lindas que tu disse ♥



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 ...e eu soquei a cara do médico.

 E de mais dois enfermeiros.

Por um momento,todos ficaram em estado de choque.

Eu vou voltar alguns instantes caso você não esteja entendendo. E eu aposto que não está.

Era sexta-feira. O dia estava quente por conta do verão,a casa estava completamente aberta e o cachorro comia grama,como deveria ser. Nina estava deitada em cima de seu pelo e sorria olhando para o céu,pelo jardim. Eu estava tentando fazer um balanço no quintal de casa,porém essas coisas são mais c0mplicadas do que parecem.

Annabeth sorria,sentada na rede ao outro lado. Ela segurava um livro enorme sobre a barriga maior ainda. Os cabelos estavam presos em um coque e os pés descalços. Ela parecia uma Deusa.

Em sua barriguinha enorme,nosso outro bebê. Eu mal podia esperar para vê-lo.  Eu gostava e achava o máximo Annabeth grávida,mas queria mesmo era mimar meu outro bebê. Mal podia esperar para lhe dar um apelido fofo e fazer baby voice com ele.

O que? Vocês não me olhem assim. Já foi confirmado em mais de 30 relatos aqui que eu sou um pai babão.Então shiu.

Annabeth podia colocar nosso bebê para fora a qualquer momento.

“Colocar para fora” soa meio rude,mas é literalmente o que está para acontecer. Ela já estava sorrindo o tempo todo,como se não fosse quebrar a minha mão,como vocês sabem...quase já aconteceu.

Ela vestia um shorts e sua bata azul. Os olhos brilhantes mostravam como ela estava interessadíssima em seu livro idiota.

Nina estava do mesmo jeito de sempre : rosada e fofinha. Extremamente inteligente e amorosa como sempre. Depois que soube que ganharia com quem brincar,eu havia ganhado um álibi : ela estava quase tão superprotetora quanto eu. Não deixava de pegar na mão de Annabeth nem que fosse só para atravessar a rua.

Como se ela estivesse ajudando a mãe a atravessar e não o contrário.

Os cabelinhos escuros estavam batendo quase no meio de suas costas. Os olhos cinzentos estavam focados em alguma coisa no céu. Talvez Zeus estivesse controlando as nuvens para entretê-la de novo.

Até mesmo ele não havia resistido aos seus encantos.

Continuei tentando arrumar aquele balanço maldito. Não entendi para que tantas peças se o que só fazia era balançar de um lado para o outro.

— Papi? – Nina me chamou.

—Sim? – perguntei,tentando não parecer realmente muito bravo com aquele monte de metal. Novamente,eu jamais entenderei porque tantas peças se esse negócio só vai pra frente e pra trás.

Pra frente e pra trás.

Pra frente e pra trás.

Diacho,deve ter mais de oitenta peças de metal em minhas mãos.

— Por quê que o céu é azul? –perguntou.

Cocei a nuca sem saber o que dizer.

Ora,você aí. Eu sei que você,seu mortal,daria aquela clássica explicação de que o céu reflete o mar e pelo planeta ser mais água do que qualquer coisa,o céu é azul. E que a noite,o céu fica escuro,porque refleta as estradas.

Mas essa era estupidamente estúpida para Nina Jackson. Ela olharia para mim,levantaria as sobrancelhinhas em formação,cruzaria os bracinhos magricelas e diria : Não seja bobo,papai.

Acreditem...ela já fez.

— Hn.... – hesitei,encaixando mais duas peças. Certo,menos duas peças. Agora eu tenho o que? Umas 78 para montar.

Que negócio difícil!

— E não me venha com aquela de que o céu reflete o mar e pelo planeta ser mais água do que qualquer coisa,o céu é azul. E que a noite,o céu fica escuro,porque reflete as estradas. – ela fez beicinho,acariciando o pelo de Jimmy – E também não me venha com aquela de que o céu é azul porquê Zeu é homem!

— Você me deixa sem opções desse jeito,babybird – revirei os olhos para ela.

—Sem revirar os olhos papi – ela cantarolou – Ou você já sabe que vai perder mais moedas.

— A gente não usa o pode de gestos feios tem um tempão,Nina – revirei os olhos de novo.

—Isso porquê você tem me subornado para fingir que não vejo seus gestos feios,papi – ela explicou,como se fosse uma advogada. Parecia uma mini executiva no seus sapinhos pretos e seu vestidinho azul. Ressaltava seu cabelo escuro,e deixava seus olhos cinzentos opacos. Minha menina,é a personificação mais perfeita da junção : Percy + Annabeth.

— Shiu – pedi,colocando o indicador sob os lábios – Sem contar pra mamãe!

—Claro – ela riu de lado,suspirando alto – Ai,papai. Tô tão cansada!

Eu joguei as 76 – eu consegui encaixar mais duas – partes de metal para longe e encarei-a. Nina não tinha a personalidade de uma criança normal. Nem podíamos exigir isso dela,claro. Primeiramente porquê : ela não era uma criança normal. E segundamente porquê : ela não era filha de duas pessoas normais.

Ela era extremamente temperamental. As vezes,ficava brava só por não contarmos alguma coisa de imediato para ela.  E as vezes,ela acalmava tanto à mim,quanto à Annabeth.

— A senhorita está cansada de quê?! Se sou eu quem estou me virando há horas-

—...papai,você começou a montar isso tem cinco minutos.

— Não me interrompa! – cerrei os olhos e me aproximei dela,com as mãos cruzadas – Você!Sua...dondoca....

— O que é isso? – os olhos cinzentos aumentaram e o brilho fazia com que ninguém negasse de que ela já estava interessada na palavra nova.

—Ahá! Dondoca... – ajoelhei-me em frente a ela – Você...fica aqui tomando banho de sol,deitada neste monte de pelos – apontei para o cachorro em baixo dela. Nina sorria sem parar,já pronta para o que ir vir – Hn...isso me lembra algo.

—O que,papai? –ela olhava ao redor – Eu não tô lembrada de nadinha.

—Nadinha? – imitei.

—Nadinha,papai – ela riu mais alto.

— Bem... – coloquei a mão no queixo,fingindo pensar – Eu me lembro de alguém – apontei para ela com uma mão— Assim...eu não me lembro quem – apontei com as duas mãos para ela,fazendo-a sorrir ainda mais.— Eu...bem,eu realmente não estou lembrado de quem... –peguei uma das patinhas de Jimmy,que nos olhava com curiosidade e apontei para ela,fazendo-a gargalhar— ...prometeu que ia me ajudar a montar esse negócio!

— Eita papai –ela revirou os olhos – Até parece que você não sabe que fui eu.

— Bem,você ou-

—Ou eu. – ela disse como se fosse óbvio – A mamãe não pode pegar peso.

—E o Jimmy? – apontei para o cachorro babão. Ele lambeu meu dedo e voltou a deitar a cabeça na grama. Preguiçoso.

— Ele é só um cachorro gordo – ela pegou minha mão,levantando. – Vamos,reclamão. Eu vou montar isso mais rápido que o Fresh.

—Flash.- tossi.

Ela fingiu não ouvir,mas cerrou os olhos minimamente.

—Vamos,seu... –ela virou a cabeça de lado e sorriu – dondoco!

—Você nem sabe o que é isso –reclamei,voltando-me para onde estavam as peças no chão.

—Não é coisa ruim,eu sei – ela pegou um pedaço da corrente onde o balanço ficaria pendurado e riu – Se não você teria se ofendido,papai.

—Hm... –ponderei,montando mais algumas peças – Isso é verdade.

—Touché –ela riu.

—Você também não sabe o que é isso –acusei,revirando os olhos,pegando a corrente das mãozinhas curiosas dela.

—Também não é ruim,você fale o tempo todo! – ela me olhou – Estou errada.

....

...

Menina esperta da peste.

Só revirei os olhos de novo e ela riu,pegando mais algumas peças.

Nós montamos a parte principal do balanço. Estava tudo em pé,só nos faltava pendurar as correntes e o assento. Jimmy ainda descansava no gramado,Nina parecia muito concentrada em tudo,apesar de ainda comentar sobre o episódio de Vila Sésamo que ela havia assistido com Annabeth pela manhã. Estava pregando uma das correntes,quando Nina resolveu se epndurar  na pilastra da esquerda.

— Óia papai! – ela prendeu a parte de trás dos joelhos e se balançou – Tô balançando!

—Desça daí! – reclamei,cruzando os braços – Você vai cair de cabeça nesse gramado.

—Vou nãaaaaaaao –ela prolongou a negativa – Eu sou muito forte e tô quase voando.

Vale contar de que ela quase não se balançava. Mas deixa ela sonhar.

— Então talvez eu nem deva terminar de montar,hun? –perguntei,terminando de prender o balanço do lado esquerdo,ainda de olho em Nina. Ela estava ficando cada vez mais esperta e nós tínhamos que tomar cada vez mais cuidado.

Ela ficou em silêncio,ainda se “balançando”,sem nem se mover direito. Os olhinhos dela se voltavam para mim e para Annabeth o tempo todo. Jimmy havia se levantando e velava a traquinagem de Nina no balanço semi-montado.

Protegendo-a.

“Traquinagem”

Deuses,como eu estou ficando velho!

Annabeth se levantou,deixando o livro nos pés da pequena escada que dava entrada a nossa casa. Os cabelos loiros presos em um coque,os pés calçados agora, apenas pela sandália dedo e a bata azul cobrindo a protuberância que nosso bebê fazia.

A protuberância que pediu picles com sorvete de limão na noite passada. Foi a coisa mais nojenta que Annabeth já comeu enquanto estava grávida. Vejam,eu não tenho absolutamente nada contra picles ou sorvete de limão....contanto que sejam consumidos separadamente.

Ela parou em frente a pequena travessa. Cruzou os braços por cima da barriga e balançou a cabeça negativamente.

—Não me peça para descer! Eu tô quase voando –ela reclamou ,ainda balançando-se

—Não é isso – Annabeth riu de lado – É que eu gostaria muito de acompanhar a senhorita nessa aventura.

—Você não pode – Nina sorriu ,abrindo os braços,de cabeça para baixo – Pelo menos não enquanto o Tonhão estiver ai nessa barrigona.

Annabeth franziu as sobrancelhas e fez careta,olhando-me.

—Por favor,não vamos deixar “Tonhão” pegar,ok? – Annabeth virou a cabeça,olhando-a – Combinamos de no mínimo...”Tony”.

—Mas Tonhão é tão mais lega! E grandão! – ela explicou.

Annabeth olhou-me pedindo socorro. Tão bonita que eu quase pude fazer a omparação de Annabeth-personificação-de-deusa novamente. Mas ficaria repetitivo e estamos tentando evitar isso.

— Tonhão é bem legal,você tem que admitir – dei de ombros,fingindo terminar de arrumar o balanço. A verdade é que eu não estava conseguindo encaixar aquela porcaria de maneira nenhuma.

—Ahn,não! – Annabeth passou a mão na barriga,fazendo careta – Tonhão é horrível.

Nina sorriu e negou veemente.

—Eu estou muito brava. –declarou.

Paramos no memso instante para observá-la.

—Mas olha só... – Annabeth franziu a sobrancelha novamente – O que será que deixaria uma pequena garotinha sem responsabilidades nenhuma,além de não comer sorvetes antes do jantar,tão brava conosco...

—...meros quase-mortais? – completei,olhando-a também.

—Vocês não me deixaram ter um apelido legal – ela reclamou,ainda balançando-se – Nina já é apelido.É completo. É cheio de personalidade. É perfeito.

—Assim como a quem ele pertence – virei-me de cabeça para baixo,tocando-a no nariz,fazendo-a gargalhar com as bochechinhas vermelhas.

—Vocês dois tão me deixando com vergoinha! – ela reclamou.

Peguei-a nos braços,já deixando o resto do balanço de lado. Talvez...ok,com alguma fé nos Deuses,elas esqueceriam daquele balanço e eu não teria que montá-lo. Com alguma fé.

— Você termina depois,pai? – perguntou confusa.

...com alguma fé,ela esquece.

— Com certeza – beijei-lhe na bochechinha vermelha de sol/vergonha.

...ela vai esquecer.

— Certo – ela segurou meu pescoço e beijou-me no nariz – Vou deixar você esquecer não.

...droga...

Ela olhou para Annabeth e os olhinhos arregalaram-se imediatamente. Ela colocou a mãozinha na boca e apontou para o shorts de Annabeth no mesmo instante.

—Papai! – ela gritou – A mamãe tá vazando!

Vamos lá leitor,eu sei que você estava com saudade disso. Dos meus monólogos como pai,marido e – ao que parece – como pai pela segunda vez.

Vocês sabem,ou deveriam saber,que eu já passei por isso. Com a vinda de Nina. Não fora um parto nada – eu repito – nada fácil. Annabeth gritou com os Deuses. E com os médicos. E comigo. E com...bem,eu diria o hospital inteiro. Foram tempos extremamente difíceis. Eu voltei a sentir minha mão depois de pegá-la nos braços. O que foi bem agradável,apesar de eu não querer soltá-la nunca mais.

Então vamos analisar a sentença a seguir :

“-Papai! – ela gritou – A mamãe tá vazando!”

“Papai” – este seria eu. Progenitor. Aquele que traz perigo por ser filho de Poseidon. Aquele que traz pão,todas as noites quando chega do trabalho. Aquele que paga sorvete antes do jantar sem que Annabeth saiba.

“A mamãe” – esta seria Annabeth. Aquela que traz perigo,não por ser filha de Poseidon. Nem por ser filho de Atena. Mas sim,por ser casada com o “papai”,e juntos serem o maior alvo dos monstros. Aquela que faz o jantar e que arrasa no macarrão com brócolis. Aquela do picles + sorvete de limão.

“tá” – verbo ser/estar. “Tá”. Abreviação para crianças que ainda não possuem o vocabulário completo. Está,tá. Aplicação em uma frase : Tá chovendo Hamburguer. Ótimo filme. Recomendamos.

“vazando!” – verbo vazar. Gíria de “ir embora”. Vazar. Saindo sem o consentimento de alguém/algo. Vazar. Aplicação em uma frase : Nico está vazando gases,fazendo pums horríveis.

“-Papai! – ela gritou – A mamãe tá vazando!”

O universo parou.

Pelo menos,o meu. E o da coisinha nos meus braços.

Annabeth parecia bem calma. Não parecia nem notar que estava...”vazando”. mas realmente,o chorts jeans estava mais escuro,como se ela tivesse mergulhado em uma piscina. Ela ainda estava de braços cruzados e nem ligou para o que Nina havia dita. Talves não tivesse caído a ficha ainda.

— Annabeth – coloquei Nina no chão. Ela se aproximou da mãe,segurando-lhe a mão esquerda,como apoio – Vamos,Annabeth.  É hora.

—Você fez xixi – Nina gritou – você fea xixi! Papai disse que você fez xixi quando eu nasci.

—...não é xixi –reclamei,pegando Jimmy para coloca-lo dentro de casa.

— Mas..está tudo bem – ela disse,acalmando a menina – Não estou sentindo dor-

—Ainda – cortei-a. – Vamos logo,temos que ir ao hospital.

—Eu dirijo! – Nina saiu correndo para dentro de casa.

Mas o que...

Eu demorei um pouco para raciocinar. Ele estava vindo. Era hora,ele estava vindo.

Minhas mãos começaram a tremer. Até o cachorro percebia meu nervosimos,pois ele mesmo se dirigiu para dentro da casa. Talvez,atrás de Nina. Talvez...ele só pensasse : humano estupido,nem consegue me colocar para dentro. Autonomia canina,tchau.

No que diabos você está pensando seu idiota! Seu filho tá nascendo.

Certo,vamos lá. Atenção. Foco,Jackson.

As minhas mãos tremiam. Eu respirei fundo algumas vezes,enquanto reunia minhas coisas do jardim. Passei correndo pelo “balanço quase montado”,derrubando algumas pilastras no chão.

—Merda – praguejei.

—Ei – ela sussurrou.

Ainda sem olhá-la,joguei todas as ferramentas e a caixa do balanço,atrás da casinha de Jimmy. Por que tínhamos uma casinha para ela,se o cão fazia questão de dormir no quarto de Nina?

—Ei! – ela chamou mais alto.

Foco. Você está bem. Está tudo bem.

— Percy! – ela puxou meu braço,quando passei por ela novamente – Está tudo bem!

—Você tá parindo! – gritei,assustado. – De novo! Vai sair um bebê daí!- apontei para a barriga dela. Rapidamente tapei minha boca. – De novo!

Idiota. A primeira regra pessoal : não falar das suas regras pessoais. Mas isso é um relato,para vocês,meus amigos. Então,a segunda regra pessoal : não demonstrar fraquezas diante situações previsíveis,porém com a sensação de inusitadas.

Ela prendeu um sorrisinho de lado. Ria,tia mesmo sua filha de Atena malditamente perfeita.

— Você está pirando pela segunda vez – ela sussurrou – Vamos lá,já passamos por isso.

—Tá sentindo dor? Quer minha mão? – perguntei,a hiperatividade tomando conta de mim – Quer algo mais macio? Quer a mão da Nina? – perguntei,colocando os braços ao redor de seus ombros – Nina! –gritei.

— Percy – ela sussurrou daquele jeito meigo e tranquilo. – Está tudo bem.

—Tudo bem. – confirmei sem olhá-la.

—Não,vem cá – ela puxou-meu braço. Annabeth segurou meu rosto em ambas as mãos,fazendo-me encará-la. As pupilas dilatadas quase não me deixando ver os olhos cinzentos que eu tanto amava. Ela passou a mão pela minha maçã do rosto e pela barba por fazer. Suspirei,entregando-me ao seu carinho – Está tudo bem. – ela murmurou tranquila.

—Está tudo bem. –repeti. Mais como uma confirmação de promessa para mim,do que para qualquer outra pessoa.

Ela suspirou mais tranquila,e pousou uma das mãos nas costas :

—Agora vamos – ela suspirou,pegando com a outra mão a minha e nos dirigindo para a entrada da casa – Eu preciso colocar o Tonhão nesse mundo. E você precisa dirigir.

— x - x- x-

Ela estava nervosa. Não falava,mas era possível ver só no seu andar corrido. Não corria de fato de um lado para o outro nem nada disso. Era aquele andar....deixe-me ver com o quê eu posso comparar...

Aquele andar : vou perder o próximo trem. Se eu perder esse trem que sai agora,as 11 horas,só amanhã de manhã.

Ou você chamar de : corridinha com classe.

Andava de um lado para o outro. A bolsa azul no ombro encolhido. Ela mordia as unhas e suspirava alto,impaciente. Eu não podia negar que era um espelho de como eu estava também.

... e eu não estou falando de Annabeth.

—Ahn,vocês dois vão me deixar nervosa também – Annabeth murmurou descendo o degrau da escada,com um shortinho seco agora.

Nina correu para o seu lado,pegando-lhe a mão. Annabeth sorriu discretamente e apontou com a cabeça para ela.

—Ela tem suas manias. – sussurrou.

—Vamos vamos vamos – Nina apressou,tentando pular alto e pegar a chaves do carro no potinho que ficava no móvel atrás da porta – Vamos,papai.

Corremos – e com “corremos” eu quero dizer “corridinha com classe” – até o carro. Nina puxou a porta do banco traseiro com força,abrindo-a e deixando-nos surpresos.

—Vai mamãe – ela empurrou Annabeth delicadamente no banco traseiro.

—Você vem comigo? – Annabeth perguntou para ela. E só naquele momento,eu percebi que ela já estava sentindo as contrações. Ela sorriu forçadamente para Nina e pediu novamente : - Vem comigo,bebê.

—- Tá sentindo muita dôzinha,mamãe? –ela perguntou,pulando ao lado de Annabeth no banco e puxando o cinto por cima da barriga dela.

—Também – Annabeth gemeu baixinho – Mas é que o papai vai correr,muito – ela suspirou,gemendo de dor novamente. Annabeth encarou com os olhos raivoso.

Isso. Essa é a Annabeth grávida com a qual eu estou acostumado.

— Vou? –perguntei retoricamente,puxando o cinto de Nina também.

—Vai. –ela grunhiu – Vai correr muito. Muito mesmo. –ela se voltou para Nina – Não quero você na frente. – beijou-lhe a testa.

—Então.. – Nina levantou as sobrancelhas e encarou-me também raivosa. – O que cê tá esperando,Perseu Jácsun? - pronunciou errado.

“Menina,aprenda a falar seu nome!” – eu queria dizer.

Mas corrigir uma Nina raivosa,tendo uma Annabeth igualmente raivosa?

Naaah,eu ia precisar de ajuda  nisso....

Que venha Tonhão...

...quero dizer,Anthony.

Eu já assisti Carros. Também já assisti Carros 2.

Não acho...que eu tenha assistido Velozes e Furiosos.  Mas se eu tivesse assistido,eu direi que corri mais que o Paul Walker e o Van Diesel juntos. Nina segurava a mão de Annabeth e Annabeth apertava a mãozinha dela,não com a mesma foça de que eu apertava o volante.

— Mamãe – Nina murmava no banco de trás junto com ela -  Palavras de apoio,vamos lá : Garibaldo para “oh meu santo Dionísio,que dor absurda!”. E Come-Come para “ok,eu posso suportar”.

—Nina – Annabeth grunhiu – Eu nunca vou lembrar disso!

—Não vou deixar você esquecer – Nina sussurrou. – Não vou.

Por dentro,eu sorri.

Ela não deixaria mesmo.

—x-x-x-

Annabeth já xingava algumas pessoas. Alguns Deuses e alguns familiares também.O melhor de tudo : ela já me xingava. Agora sim,eu tinha a sensação de que estava tudo bem. É,mais ou menos.

Quando eu estacionei – derrapando por pouco – em uma das vagas,Nina nem esperou que eu destravasse as portas para que ela descesse.

—Nina,não...- Annabeth gritou – Argh,tão impulsiva quanto você! Seu... cabeça oca! Imbecil!

— Ok,certo – sussurrei,saindo do carro,dando a volta e abrindo a porta para ela – Eu posso aceitar isso e meu coração continua aberto.

— É mesmo? Tá aberto? Então fecha a boca! – ela gemeu mais alto – Ai Deuses!

Passei os braços por volta dela,tirando o cinto,porém ela me deu um tapa no braço.

—Eu posso sair desta porcaria de carro! – ela levantou-se,cambaleando,enquanto eu segurava a porta. Colocou um dos pés para fora e quase caiu,se não fosse eu segurando-a pelos ombros – Me ajude a descer desta porcaria de carro.

Uma senhora corria com Nina sentada em uma cadeira de rodas em nossa direção.

— Olá, eu fiquei-

—Mamãe,senta aqui –Nina puxou-a nada delicada para a cadeira. Annabethy se sentou,suspirando,e agarrando o braço da mulher.

— Tira esse menino de dentro de mim,pelo amor de Zeus!

A senhora nos olhou com curiosidade. Nina cruzou os bracinhos olhando para o nada,disfarçando.

— Os Deuses Gregos sempre foram os meus favoritos,sabia? Quando eu era mais nova-

— Há centenas de décadas atrás! – Annabeth gritou. Pobre mulher... – Não estamos interessados em saber o que diabos você acredita ou não!

—Senhora...

— Eu quero que você tire esse menino de dentro de mim!

— Que rude,senhora... – a enfermeira pigarreou.

Moça...só não. Não faça isso.

Annabeth suspirou,prendendo o choro. Ela tinha o rosto vermelho,os lábios vermelhos e a visão vermelha com certeza. Ela mataria qualquer um. Ela virou os olhos para mim e só sussurrou :

—Resolva isso,marido!

A enfermeira levou-nos para dentro depois de mais alguns xingos – agora meus. Nina acompanhou-me a todo momento,sussurrando palavras calmas para Annabeth que sorria e dizia que a amava. Depois ela virava para mim e me xingava em italiano e polonês.

— Vamos dar entrada em quinze minutos – a enfermeira disse.

Annabeth gritou mais alto,acordando parte da recepção – que eram duas moças e três senhoras.

— Ok,talvez...dez? – a enfermeira,colocou a mão na barriga de Annabeth.

Annabeth gritou mais alto,eu me aproximei da enfermeira. Nina olhava assustada para tudo aquilo. Vendo a expressão da enfermeira,até ela sabia que alguma coisa estava errada.

—Mamãe? – ela sussurrava enquanto a enfermeira apertava a barriga dela e ela gritava cada vez mais – Mamãe! É Garibaldo?!

Annabeth assentia,os olhos marejados soltando lágrimas olhando fixamente para Nina.

— O que aconteceu? – eu murmurei,pegando Nina no colo,enquanto a enfermeira continuava seu processo de tortura em Annabeth – O que acontece? O que ela tem?

Annabeth agarrou minha mão,pedindo para que eu matsse todos os enfermeiros do hospital.

— Por favor – ela implorava – Meu bebê!

Nesse momento,aquilo que eu mais temia voltava para a minha cabeça :

Quinto mês.

Sangue. Muito sangue.

Eu sabia que alguém brincava com a minha cabeça no quinto mês de Annabeth. Eu sabia que era quem era,eu havia dado uma lição. Então...por que o pesadelo parecia voltar à tona?

— Senhor Jackson,Annabeth precisa entrar agora na sala de parto – A enfermeira desviou os olhos para Nina – E ela não pode entrar.

—Eu vou entrar! – Nina gritou – É minha mamãe!

—Amor – Annabeth sussurrou,apertando minha mão – Fica com ela.

—De jeito nenhum – neguei. Eu não ia perder Annabeth – De jeito nenhum.

—Percy – Annabeth chorou baixinho – Tá doendo,por favor...

O elevador fez “pim.”

E eu nunca agrdeci tanto por um “pim”.

Dele,desceu meu pai. E bem...minha sogra.

Eu disse que eles estavam andando juntos no recreio.

Poseidon vestia terno – e era estranho. Eu nunca havia visto Poseidon de qualquer outra roupa a não ser...bem,roupa de praia.Ele  vestia um risca de giz azul marinho.Atena vestia jeans,blusa e blazer.

Ah pelos Deuses! É um nacimento,não um casamento!

— É os dois – Poseidon murmurou,pegando Nina no colo e piscando para mim. – Oi bebê.

—Vô,querem levar a mamãe! – ela agarrou o pescoço dele,chorando baixinho – Não deixa,vô!

Poseidon,olhou para a enfermeira,medindo-a. Atena agarrou as mãos de Annabeth sussurrando algumas coisas para ela. Parecia uma beção,ou algo do tipo.

— Vai ficar tudo bem – Poseidon sussurrou,olhando-a. Ele voltou os 0lhos para mim,passou um braço ao meu redor – Vai,eu fico com ela.

As velhinhas não tiravam os olhos de Poseidon,e isso pouco importava. Agarrei a parte de trás da cadeira de Annabeth já levando-a em direção a sala que a enfermeira nos mandava. Atena segui-a nos,com as mãos agarradas as de Annabeth. A enfermeira ajudou Annabeth a entrar na sala,onde parte de uma equipe de médicos já estavam vestidos e prontos para...bem,vocês sabem.

—Aqui –a enfermeira me deu uma roupa verde – Use isso.

— O que está acontecendo? – Atena perguntou,olhando-a nos olhos – O que está havendo? O que o bebê tem? Ele está saudável?

— O cordão está ao redor do pescoço – a enfermeira soltou – Há hemorragia interna,muito sangue vai sair e provavelmente-

—Não – sussurrei – Não...

— Está tudo bem,Sr.Jackson – ela acalmou – Mas você precisa estar pronto para tudo.

— Eu quero entrar! – Atena grunhiu com raiva – Me dê uma...uma dessas coisas aí verdes.

— Quanto menos pessoas melhor,Sr.Jackson – a enfermeira,ignorou-a.

—Escute bem,sua humanazinha-

Puxei Atena pelo braço. Se ela ia dar showzinho,que pelos Deuses e por ela mesma,não fosse hoje. E que não fosse agora. E que ela não desse showzinho nenhum.

— Por favor – Atena murmurou – Esses humanos fedidos e metidos a Deuses,eles pensam-

—Atena – murmurei,puxando suas mãos para as minhas. Ela encarou por um momento e franziu a testa – Por favor,faça alguma coisa... faça com que ela tenha esse bebê,faça com quê ela fique bem-

—Eu fiz! Esses humanos querem deixa-lo preocupado! – ela aproximou-se mais – Você sabe que eu não deixaria nada acontecer com nenhum dos meus filhos. Quanto mais à Annabeth Chase.

Olhei-a nos olhos tão parecidos quanto os de Annabeth e Nina.Meu coração já estava apertado só por ouvir os soluços baixinhos de minha menina. Quanto mais perder Anthony....ou pior...

— Se eu perde-la – sussurrei ameaçando-a. Ameaçando um Deus,novamente.... eu não aprendo nunca? – Você vai pagar.

— Sr.Jackson,não temos tempo! – a enfermeira sussurrou – Vamos logo!

—Dê esse negocio verde para ela – olhei-a nos olhos – Atena vai entrar.

—x-x-x-

Foi rápido. Frio e silencioso.

O coração descompassado de Annabeth fazia bip bip bip bip uma hora e no minuto seguinte, não fazia mais. Eram quatro médicos,eu e Atena. Annabeth estava deitada na maca grande. A enfermeira segurava-lhe a mão e não me deixava encostar nela em segundo nenhum. Annabeth buscava por mim a cada lufada de ar que ela dava quando empurrava o bebê.

Mas ele não vinha. Alguma coisa prendia ele.

— O cordão – Atena sussurrava um prece baixinho – O cordão.

Éramos em seis na sala. Com Annabeth,sete. Com os dois seguranças que haviam chamado para que eu não ultrapassasse a linha,éramos em nove. Eles agarravam meus ombros toda vez que Annabeth gritava. Mandavam que eu me acalmasse,toda vez que ela apertava a mão da enfermeira.

Por favor...deixe que ela aperte a minha mão,por favor.­­

— Percy... – ela gritava,enquanto os médico faziam... o que diabos eles faziam que não aliviavam a dor de Annabeth? Estavam jogando truco!? – Percy!

—Deem à ela alguma coisa! – gritei. Os guardas seguraram meus punhos,mas eu sentia aquela pressão nos canos do andar. Eu tinha que me acalmar se nã quisesse inundar aquele lugar. – Alguma coisa!

Acalme-se— eu ouvi Poseidon.

Sai da minha cabeça.

Você está deixando-a ainda mais pressionada. Ou você se acalma,ou vão tirá-lo dessa sala.— murmurou novamente.

Fica quieto,pai

Vai explodir os canos,Perseu.

Eu não ligo.

Vai matar todo mundo aqui.

Eu.Não.Ligo.

Inclusive a Nina. E Annabeth. E o pirralho dentro dela.

Cala essa mente,Poseidon!

— Já demos duas anestesias,Perseu – a enfermeira,suada feito um porco, sussurrou – Não estamos entendendo. É um bebê forte,qualquer outro já teria...

—É meu filho – murmurei. – Por favor,deixe-me ajuda-los!

Annabeth curvou o corpo na maca e chamou novamente por mim. Senti o chiado no meu ouvido,ouvi os guardas fazerem esforço para continuar me segurando ali.

— O corpo dela está pedindo por um aborto,mas...

—Rápido! – Atena murmurou – Façam o corte e tirem o bebê!

—Ela  já está com hemorragia.Não nos diga como trabalhar,senhora – o médico – obstetra – replicou com raiva – Se for pra salvar um deles-

—Você salva os dois – eu praticamente rugi,feito um leão. Eu não me reconhecia. A minha cabeça era um emaranhado de Poseidon,Nina,Anthony,Atena,a enfermeira e o principal : Annabeth. Eu precisava dela. Precisava do moleque também. – Você vai fazer um milagre e-

—Tirem-no da sala!

—Não! – Annabeth gritou – Ele fica,nesse caralh-

Ela fora interrompida pela própria voz. O grito mais alto de Annabeth pode ser ouvido do outro lado do estado,eu aposto. A enfermeira,havia empurrado o obstreta,e fazia o corte vaginal em Annabeth. Atena parou de respirar no memso instante e u não conseguia entender nada.

Isso era bom? O bebê saíria?

— Empurra Annabeth – a enfermeira gritou – O mais forte. Seu bebê depende disso.

Empurra o Tonhão,mamãe. – eu ouvi.

Olhei para Atena,que revirava os olhos Olhei para Annabeth e captei por uns minutos um sorrisinho corajoso.

...

...

Por nada,Perseu.

Annabeth gritou tão alto,que eu pensei que tinha sido o grito anterior. Foram os momentos mais horrorosos da noite. A enfermeira fora demitida no mesmo instante pelo médico que só a assistia fazendo o parto de Annabeth. Ela chamava pela mãe agora. Pedia proteção para o bebê e se esquecia totalmente dela.

Peça proteção para si mesma também sua...dondoca! – eu queria dizer.

Mas eu não encontrava minha voz. Só o que se passava pela minha cabeça,eram os sonhos e ameaças que u havia tido.

—Um!

Tudo se passou pela minha cabeça. Sua voz,seus toques,seus beijos,suas carícias.

—Dois!

Tudo que fizemos juntos. Missões,percas. O tártaro.

E a mais preciosa de todas : Nina.

—Três!

..

..

— Eu não consigo respirar! – ela gritou no mesmo momento em que ouvimos o choro do meu menino.

Vou descrever como meu cérebro tentava processar tudo no mesmo instante : o meu menino estava enrolado em volta do que o ligava a Annabeth. Ela olhou-o por alguns intsnta,suada e pálida. Havia snague – como nos meus sonhos – tudo cheirava a sangue. Annabeth sussurrou o nome dele e sorriu,levantando os braços,porém parecia sem forças até para isso.

Anthony Jackson estava no mundo.

O bip bip bip parou.

Annabeth estava...estava deixando o mundo?

Foi tudo muito rápido. O meu bebê passou por braços e braços e eu não sabia onde ele estava. Eu acho que ouvi Atena sussurrar que ia atrás dele,eu acho que ouvi,eu – eu não tenho certeza....

Droga. – ouvi Poseidon.

Por que? Por que vocês estão tirando Annabeth de mim? – acusei.

E foi aí que...

...e eu soquei a cara do médico.

 E de mais dois enfermeiros.

Eu ouvi chamarem mais guardas. A enfermeira estava em choque,logo começou a trabalhar na massagem cardíaca em Annabeth. Eu não consegui correr até ela,eu só... peguei seu rosto,as bochechas ainda estavam quentes. Ela estava quente,ela estava viva,certo?

— Ei,Sabidinha – sussurrei. A enfermeira fechou os olhos,contando. Ela já preparava aquela máquina monstruosa para dar choque em Annabeth. – Não brinca assim.

Sem resposta. Sem bip bip bip.

— Annabeth – pigarreei,expulsando o nó da minha garganta. Mas outro se formava no mesmo instante – Annabeth?! – cutuquei seu buchinho.

Sem resposta. Sem bip bip.

— Afaste-se Perseu – a enfermeira pediu. – Por favor.

—Volta – pedi. Senti meu rosto molhado mas...o que diabos,eu não estava acreditando – Volta,agora! Agora,Annabeth!

Ela me empurrou,colocou a maquina no peito de Annabeth. Contou até três novamente e o choque foi dado. No mesmo instante,eu vislumbrei os olhos dourados dela. O fio de suor do lado esquerdo do rosto...

.... Deusa.

Contou até três novamente...

... mas quem?

.....

...

O bip bip bip voltou.

Voltou mais forte. Acelerado demais.

Annabeth abriu os olhos vermelhos,a boca seca.Os olhos marejados correram a sala inteira. A enfermeira sorriu e acenou com a cabeça,cobrindo a barriga de Annabeth com o lençol da maca.

— Obrigada – ela sussurrou – Eu estava mesmo com friozinho.

—x-x-x-

— E eu morri? – ela perguntou.

Estavamos no quarto novo. Annabeth tinha que ficar em observação pelos próximos dias. Eu lhe contava os acontecimentos e como estava nosso bebê.

Que aproposito : estava ótimo.

Poseidon estava sentado na poltrona com o bebê no colo. Já apaixonado pelo meu menino. Atena sorria,sentada no braço da poltrona,mexendo no cabelo de meu pai.

Não perguntem.

Nina estava deitada no meu colo,a mãozinha agarrada a de Annabeth. Eu fazia carinho no cabelo das duas. Os três na mesma cama.

—E não deixaram eu entrar mami – ela chorou baixinho – Imagina se você morreu e eu não vi. Eu nunca mais vou tirar os olhos de você,mamãe.

Beijei a testa da menininha. Havia sido injusto com ela,mas não era necessário que ela sentisse o mesmo desespero que eu quando Annabeth.... quando o coração dela parou. Talvez eu faça isso. Talvez eu descreva ainda mais detalhadamente,mas agora.... eu me sentia completo. E estava ótimo assim.

Annabeth beijou os cabelos dela e murmurou baixinho :

— Numa escala Garibaldo – Come-Come... como você se sentiria se isso acontecesse? – ela sorriu de lado para Nina.

—Você não esqueceu – Nina beijou a bochecha de Annabeth,secando as lágrimas pequenas – Não esqueceu né mamãe?

—Esquecer de você ? – ela sussurrou,beijando-lhe de volta – Nunca,meu amor.

Poseidon levantou-se,trazendo-nos o pacotinho no embrulho verde. Ele acenou com a cabeça para Annabeth,dizendo-lhe alguma coisa,fazendo-a corar. Eu arqueei a sobrancelha esquerda.

Desde quando você gosta tanto dela?

Dela eu gosto. Ela me dá os netos mais fofinhos do universo. Não gosto dessa criatura irritante de quem ela provém.

Vocês parecem amigos agora.

“Amigos” – Poseidon tinha o dom de ironizar até por pensamento. – Então... papai.

Pela segunda vez.

Pela segunda vez – concordou— E eu achando que você não sobreviveria indo atrás do raio de Zeus.

Por favor. Um pouquinho de fé e um café cairiam bem agora.

Poseidon deixou escapar um risinho baixo,fazendo os outros tirarem a atenção de Anthony e voltarem-se para nós.

—Segredinhos – Nina sussurrou para Atena,revirando os olhinhos.

Eu tenho orgulho de você como eu nunca tive de mim mesmo— ele pronunciou – E eu sou um Deus que supostamente,deveria se importar só consigo mesmo...então diga-me,Perseu... Por que eu me importo tanto com você?

 Essa é a sua forma de dizer que me ama,pai? Que péssimo.

Eu amo,você sabe disso. Mas eu amo mais do que um Deus deveria. Eu amo tudo nesse quartinho pequeno,Perseu. Menos essa sua sogra. Mas eu amo cada pedacinho seu e de Annabeth nesse quarto.

Ei,você. Bizonhento.

Eu não sei o que responder para esse cara. O que você diria?

Eu abaixei a cabeça,secando as lágrimas que me vieram. Poseidon abaixou-se,beijando meus cabelos e minha testa.

— Eu falo sério – sussurrou.

Eu só assenti,ciente dos pares curiosos de olhos sobre mim.

— Nós temos que ir – Atenas anunciou,graças a Zeus,tirando a atenção de mim.  – Vocês sabem,qualquer coisa é só chamar.

—Como se fosse fácil assim – Annabeth sussurrou – Não é tão ...

—Eu sei como chamar – Nina se animou,puxando o corpinho de Anthony para perto dela – Eu e o Tony.  E  agente não pode dizer!

Encaramos Atena e Poseidon,mas os dois só deram de ombros cúmplices.

— Boa sorte com isso – Atena apontou para nós,olhando para Annabeth – Minha menina.

— É isso aí! – Poseidon piscou e num estalar de dedos – literalmente - eles sumiram.

Os olhos agora eram voltados para o pacotinho. Talvez eu descreva como foi pegá-lo....talvez não.  Mas ele era a coisinha rosada agora. Tinha as mãozinhas pequenas e era silencioso. Só o choro de “welcome”  havia saído daquele bebê. Para um bebê muito novo,os olhinhos já eram abertos e curiosos. Ele já encarava Nina com toda a curiosidade do mundo. Olhava Annabeth com paixão,como se lembrasse que : ei,eu tava dentro de você moça bonita.

E olhava pra mim feito um espelho. Definitivamente,ele se parecia mais comigo. Os poucos cabelos eram pretos como os meus. Os olhos,estavam dilatados e talvez só soubéssemos a cor em muitos dias. Mas eu sentia....era meu pequeno espelho ali.

Aquele que quase tirou a vida de Annabeth....assim como eu.

Nós tínhamos mais essa em comum.

E eu o amava...o que? Acho que incondicionalmente não é a palavra certa.

É pouca.

— Ei – Annabeth sussurrou,fazendo-me tirar os olhos de Nina e Anthony – Eu disse que ficaria tudo bem,não disse?

—Você não disse que quase ia embora – franzia a testa – Eu-

—Não – ela sussurrou – Não vamos estragar isso aqui – ela apontou com a cabeça para Nina. Ela falava com o bebê sobre os Deuses e sobre toda a história dos incríveis anos de vida dela. – Eu amo você,sabia?

— Eu amo maior – sussurrei,beijando-lhe os lábios com carinho. Beijei-lhe a bochecha,o queixo, a testa,as mãos e os lábios novamente. – Eu amo maior mesmo.

...

... - ...e aí,você pode pintar a parede lá do quarto comigo,sabe Tonhão – Nina sussurrava – Opa,mamãe não quer que “Tonhão” pegue. Então Tony,tipo o homi de ferro – ela bocejou -...quando a gente chegar em casa,eu espero que você já esteja  mais crescido pra eu te ensinar a pendurar no balanço que o papai tá montando,sabe? – ela me cutucou – Papai não esquece de termina o balanço.

...

...

...eu disse que ela não esqueceria.


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Notas finais do capítulo

Se você sacou quem era a enfermeira diga : ALLONSY NOS COMENTÁRIOS
hn,bem é isso
eu espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei
amo vocês!
até já.