Anseios escrita por Deusa Nariko


Capítulo 3
III - Sobre Sonhos e Inconveniências


Notas iniciais do capítulo

Terceira one-shot, boa leitura!



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Anseios

Por Deusa Nariko

III

Sobre Sonhos e Inconveniências

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Tudo começou com um suspiro tímido por parte dela; um olhar esbugalhado que se demorou nos contornos do seu rosto e no desejo que emanava dela, da pele dela feito uma fragrância afrodisíaca: ele se perdeu.

Hak esperou tempo demais por isso e reprimiu os seus sentimentos por mais tempo ainda — por mais do que qualquer um poderia suportar. Então, ele se inclinou na direção dela, sentiu o perfume na sua pele — uma mistura de flores silvestres e mel — e apertou o rosto na doce curva do pescoço delgado.

Yona estremeceu de leve, mas não tencionou se afastar. Hak tomou o silêncio como um convite e a trouxe para mais perto, abraçando-a pela cintura. Ela era tão pequena e tão frágil em comparação com os seus braços longos e musculosos que ele temia machucá-la se a apertasse só um pouco mais.

Ele procurou respirar uma vez de cada entre as mechas do cabelo vermelho fogo, mas era necessário cada grama do seu autocontrole para não afastar-se e roubar-lhe os beijos com os quais tanto sonhou (e ainda sonhava).

Toda a sua determinação esvaiu-se, contudo, quando sentiu as pequenas mãos de Yona, espalmadas contra o seu peito, deslizarem pela sua túnica e as pontas dos dedos, intencionalmente ou não, roçarem a sua pele. Hak estremeceu dessa vez, esfregou a ponta do nariz contra o pescoço dela e, quando não foi mais o bastante, trocou-o pelos lábios.

— H-Hak — ouviu-a gemer sem forças e foi como música para os seus ouvidos, incentivando os seus avanços.

Escorregou uma mão ao longo da curva da espinha dela enquanto a outra se emaranhava no cabelo curto cacheado, voltando a roçar a boca na pele sensível do pescoço com beijos ruidosos e impudicos que a fizeram praticamente tremer nos seus braços. Hak podia imaginar que o tom vermelho das bochechas de Yona por pouco não igualasse o carmesim dos seus cabelos agora; sorriu malicioso com a visão que seus pensamentos pintaram.

Os punhos dela agarraram suas roupas e Hak teve a impressão de que se não fossem os braços que a circundavam pela cintura, certamente sua princesa já haveria se estatelado no chão.

Finalmente, depois de havê-la torturado mais do que achou que conseguiria suportar, ele envolveu o rosto dela nas mãos grandes e fitou os seus grandes e brilhantes olhos violeta. Se tivesse visto neles uma centelha de incerteza que fosse, Hak se convenceu de que teria recuado.

Mas o que ardia no olhar dela, preso ao dele, era um desejo tão genuíno que ele não pôde resistir: baixou os lábios até os dela, pressionando-os apenas no início. Ah, o gosto doce dos seus lábios, nem mesmo a sua imaginação fizera jus à candura dos seus beijos.

Ela suspirou, arrebatada; ele grunhiu, louco de amor por aquela garota.

Com a língua, contornou o lábio inferior dela, arrancando dessa vez um gemido que testou sua sanidade. Até tentou ser delicado e paciente, mas a própria Yona se apertou contra ele, frustrando seu intento.

— Hime-san — ele em parte a chamou, em parte gemeu, descolando os lábios dos dela apenas o suficiente para lembrar-se (e lembrá-la) de que estavam indo depressa demais.

As mãos em punhos descerraram para infiltrarem-se, audaciosas, na sua túnica, tocando nos músculos do seu peito. Hak gemeu profundamente e dessa vez afastou-se da boca de Yona apenas para voltar a enterrar o rosto no seu pescoço. Moveu os braços, descendo-os através dos ombros e ao longo dos braços dela só para envolvê-la pela cintura e, num gesto que a fez arquejar de surpresa, tirou-a do chão.

Era noite e as estrelas cintilavam frias num céu índigo. Não havia ruídos externos, nem mesmo o som do vento ao soprar na relva úmida de orvalho aos seus redores; não havia ruídos, exceto as respirações erráticas e os beijos úmidos, o retumbar de um coração desesperado de amor.

Hak a deitou sobre a relva, das flores desprendia-se uma fragrância ainda mais adocicada. Passou pela sua cabeça que estavam indo longe demais e que ele deveria parar enquanto ainda lhe restasse algum pingo de juízo, mas a própria Yona tornou a puxá-lo para mais perto e a afundar os lábios nos dele, gemendo satisfeita.

Ele voltou a grunhir assim que sentiu as curvas delicadas do corpo de Yona contra o seu. Os seios pequenos no seu peito musculoso, os quadris redondos contra os seus estreitos, as pernas dela flexionadas e apartadas para permitir que ele se acomodasse entre elas. O fogo do seu desejo ardeu imprudentemente.

Suas mãos percorreram, inquietas e insaciáveis, o corpo dela, apertando a cintura, envolvendo a parte de trás de um joelho por baixo do vestido e erguendo uma perna para encaixá-la na sua cintura. Beijou-a de novo e de novo, abaixando os lábios para o queixo e então para o colo.

— Hak — Yona voltou a gemer, agarrando mechas do cabelo negro e as puxando entre os dedos.

O guerreiro, incapaz de continuar a conter a voz do seu coração, deixou que as palavras finalmente fossem murmuradas repetidas vezes junto a beijos tórridos contra a pele alva dela:

— Eu te amo, princesa. Eu sempre te amei. Mais ninguém. Só você.

E na ânsia de cobri-la com esse amor, de querer protegê-la de novas dores a qualquer custo, de fazê-la sentir como ele havia se sentido em todos esses anos, esse sentimento que transbordava do seu peito, preencheu os beijos cálidos que espalhava como chuva pelo rosto dela com esse amor, com a voz enrouquecida com a qual continuava a conclamar que a amava, com os toques firmes das suas mãos no corpo dela.

Sob os seus dedos, ela ardia de desejo por ele e apenas por ele. E suspirava, deleitada. Mas ela não dizia que também o amava. Como poderia? Se o seu coração, mesmo que despedaçado, ainda pertencia a outro?

Hak se desprendeu do sonho num estalo violento. Abriu os olhos e descobriu três coisas: a primeira, ainda era noite, a segunda era que três dos dragões ressonavam a poucos metros dele, ao redor de uma fogueira que queimava branda. E, por último (mas não menos importante), havia um desconforto incomum nas suas calças.

Frustrado, ele afastou o cabelo do rosto e suspirou. Olhou cansado para a tenda onde sua princesa e Yun dormiam imperturbáveis, alheios dos dilemas e desgostos do Besta Trovão.

Apanhou sua Hsu Quandao, encostada na mesma árvore que ele, e se levantou para trocar de turno com Shin-Ah. Talvez o ar noturno desse conta do suor pegajoso que porejava sua pele. E circular o perímetro do acampamento talvez desfizesse o desconforto nas suas calças. Ele não dormiria mais naquela noite de qualquer jeito.

Em outra época, Hak teria censurado a si próprio por ter sonhos indecentes com a princesa. Nos tempos em que vivera no castelo, e ao longo de toda a puberdade, esses sonhos vieram para assombrá-lo e para roubar-lhe horas insones. Além de fazer crescer no seu âmago o desejo de querer tocar algo que jamais seria seu.

Mas agora ele já não encontrava mais forças para se recriminar por, pelo menos nos seus sonhos, poder viver as fantasias que alimentava com Yona. Sua maior frustração, entretanto, sempre residiria no fato de que a princesa jamais retribuía suas palavras de amor.

Parecia que, mesmo nos seus sonhos, a realidade sempre surgiria para persegui-lo e para fazê-lo lembrar de quem era e do que era. Era um guarda-costas, um protetor. Era Hak, apenas Hak.

E Yona, a sua doce Yona, jamais seria sua. Restava se conformar com isso.


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Notas finais do capítulo

Essa semana enfim tem capítulo novo de AkaYona! *-* E no fim do mês tem a segunda parte do OVA do Zeno pra nos alegrar! Estão empolgados?!
...
Obrigada a quem está comentando e até o próximo!