Pokémon - Reverse Gracidea escrita por Golden Boy


Capítulo 3
3 - Lâmina Dourada




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Capítulo 3

Lâmina Dourada

O alvoroço em Pastoria começou logo cedo. Antes do sol nascer, já era possível observar mercadores montando suas barracas por todos os lugares, ocupando os cantos das avenidas Então, toda a cidade que esteve vazia por algumas horas da madrugada agora estava coberta por barracas coloridas que vendiam todo tipo de coisa. O centro pokémon foi decorado por fora, e seu hall também.

Quando Aaron e Glazier acordaram, se assustaram com todos os enfeites, que iam por toda a cidade. Tudo pronto para mais um dia cheio, saíram pela porta normalmente, e rumaram ao centro, onde os principais eventos aconteceriam.

— O que vai fazer hoje? — perguntou Aaron, feliz com toda a animação dos habitantes de Pastoria. 

— Não sei, talvez comprar algumas coisas. E você?

— Vou participar do torneio de batalhas que acontecerá daqui a pouco. Falando nisso, Glazier, você tem algum pokémon?

— Não... — o garoto deu de ombros, meio cabisbaixo. Não parecia afetado de qualquer forma, de qualquer jeito. — mas sempre quis ter um. — completou Glazier, e depois de alguns instantes olhou para o lado, e Aaron agora estava longe, cercado por outras pessoas, que olhavam suas pokébolas, maravilhados. Ele se exibia, orgulhosamente. O garoto de cabelos vermelhos saiu dali, seguindo pelas ruas da cidade, enquanto dava-se conta de que não tinha pokémon, nem mesmo algo para se defender — da última vez, usara um bastão que achou no chão, e seu inimigo nem era um inimigo na verdade. — então passou pelas barracas, procurando algum tipo de arma, e alguém que não se importasse em vender para uma criança. As ruas ficavam cada vez mais estreitas, mas o garoto só achou o que procurava quando os gritos começaram a irradiar da posição contrária a sua.

Não ligou para estes, pois sabia que naquele mesmo lugar ocorreria o torneio de batalhas de Pastoria. Seguiu andando para a loja de artefatos antigos. Ele prometeu para si mesmo que assim que escolhesse sua lâmina e uma bainha, iria diretamente para o coliseu, para observar a batalha de Aaron, caso ainda não tivesse começado. Isto é, supondo que ele estivesse lá. E infelizmente estava.

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Aaron de repente se viu cercado por pessoas, que olhavam maravilhadas para suas pokébolas. Provavelmente não tinham idade suficiente para tirar um certificado de treinador pokémon, ou talvez não tivessem um representante da Liga na cidade. Mesmo tendo passado por vários lugares dali, Aaron ainda não tinha visto nenhum ginásio, e isso só confirmava a segunda hipótese. Quando finalmente pode se desvencilhar da multidão, correu para o centro da cidade, já que precisava chegar lá para participar do concurso de batalhas. Seus olhos corriam pelas barracas, até que algo chamou sua atenção. Um desafio. Se aproximou, estava vazio. Apenas uma mesa com três bolas de borracha, um homem mexendo no celular e três garrafas, esperando para serem derrubadas.

— Por quanto eu posso participar? — perguntou, batendo o pé. Aaron estava inexplicavelmente ansioso para participar daquilo. O homem, sem tirar os olhos do celular, levantou três dedos com sua mão livre. Aaron colocou algumas moedas na mesa, e quatro instantes depois as três garrafas caíram no chão, espalhadas. O homem com uma barba rala olhou para ele, um pouco incrédulo, deu de ombros e pegou uma pokébola em baixo da bancada. Ele a colocou com certa força acima da bancada, e Aaron a pegou enquanto tomava impulso para voltar a correr. Olhou para a pokébola de relance, e viu um pokémon azul encolhido no canto.

A imagem do coliseu começava a aparecer no horizonte, uma grande construção com uma arquibancada circulando ao redor do campo, que possuía uma abertura lateral, então era possível ver todo o seu interior e até mesmo entrar por ali. Se aproximando, viu a barraca de inscrições se fechando e a atendente recolhendo os papéis espalhados na bancada. Parecia que tinha acabado, e Aaron não ia insistir nisso, então seguiu, derrotado, para dentro do coliseu. Vendedores ambulantes circulavam pelas arquibancadas, vendendo todo o tipo de coisa. Aaron se sentou o mais perto do campo que conseguiu, e mesmo assim não achava perto o suficiente. As paredes que separavam a arquibancada do campo eram altas, provavelmente para impedir que algum espectador se machucasse com os ataques.

Dois treinadores já se posicionavam no campo. Um deles era musculoso e usava apenas uma calça azul, e um tipo estranho de máscara. Do outro lado, um garoto da idade de Aaron, talvez um pouco mais velho, trajando roupas simples e bem arrumadas. Seu cabelo negro e olhos castanhos, lisos e arrumados apenas reforçavam o esteriótipo de que ele poderia ser um membro de alguma família nobre de Sinnoh, assim como Glazier.

— Deste lado, Crasher Wake! — grita o juiz, apontando para o homem sem camisa. — E deste, Peter Clarke! — ele aponta para o loiro. — Que comece a batalha!

Os dois adversários se olharam nos olhos, puxaram uma pokébola e a lançaram o mais alto que conseguiram. As duas se encostaram no centro do campo e abriram, libertando dois pokémon. Do lado de Crasher Wake, um Quagsire, e no de Peter, um Salamence. O pokémon do tipo dragão rugiu, machucando os ouvidos de todos os presentes. Em seguida, o garoto loiro de roupas brancas estalou os dedos e seu pokémon avançou com toda a ferocidade e poder que tinha guardado. Suas garras da frente brilharam e foram na direção do Quagsire, que se mantinha parado desde o início do combate.

— Mud Bomb! — Crasher Wake sorriu, percebendo que seu adversário tinha caído na armadilha que ele bolava desde o início. Quando as garras de Salamence estavam prestes a acertar Quagsire, este segundo se movimentou para o lado e abriu sua boca, disparando rajadas e rajadas de lama, que acertaram todo o corpo de Salamence. A lama era tanta que os movimentos de Salamence ficaram limitados, dando uma grande vantagem ao Quagsire.

— Voe, saia daí! — Peter estava feeliz por ter um desafio em mãos. Salamence tentou bater suas asas, e até conseguiu, mas seria difícil se livrar de tudo aquilo. Rapidamente, o Salamance girou no ar e se livrou da maior parte da lama. Peter assentiu vagarosamente, pensando no próximo movimento. — Flamethrower! - gritou.

Quagsire tentou desviar, mas as esferas vieram em alta velocidade. Explodiram ao seu redor, e a última, bem em cima de si. O pokémon estava caído, mas não expressava nenhuma expressão de dor.

— Força total! Hydro Pump!

A água acertou o torso de Salamence, tirando sua estabilidade e o levando ao chão em seguida.

— Quagsire, como nós treinamos! Concentre o poder de um Blizzard na mão esquerda, e Ice Beam na direita! Agora focalize-os em uma única esfera! — O frio tomou conta do local. Quagsire estava de pé, de frente para o pokémon dragão, e em uma de suas mãos criou um Blizzard, que foi direcionado para frente, e um Ice Beam, que fez o mesmo. Um raio de gelo ia para a direita, criando espinhos de gelo na parede do campo, e em contrapartida pequenos flocos de neve em grande quantidade criavam uma montanha de neve na parede esquerda. Aaron observavs atentamente, embora aquela batalha não fosse animada como as que via seu tio lutar. Ouvia diversas vezes os desafiantes dizerem que ele tinha um jeito peculiar de batalhar: talvez fosse isso. A batalha parecia estar prestes a acabar quando Quagsire juntou os dois ataques numa única esfera, e a segurou em suas mãos. Quando a soltasse na direção de Salamence, a batalha acabaria. — Parece que eu vou ganhar! — comemorou Crasher Wake. Peter começou a rir.
A esfera de Quagsire foi rapidamente destruida por Salamence.

— Agora. — Peter olhou nos olhos de Crasher Wake, que estava mais confuso do que todos ali. Seu Quagsire foi acertado por um dardo, e ele foi surpreendido por mais de vinte pessoas surgindo de cortinas de fumaça, em diferentes partes do campo. Inclusive, uma atrás dele. Alguém surgiu, usava uma máscara branca, e em sua roupa havia um G estampado. Todos os outros homens que surgiram usavam a mesma vestimenta. Suas mãos vestiam luvas, com duas finas e longas garras saindo do espaço entre os dedos. Aaron largou sua pipoca quando um dos homens de branco colocou uma garra em sua garganta, e disse, com uma voz tenebrosa:

— Se tentar algo, vai morrer tentando. — Aaron rolou os olhos para o lado, para tentar ver a pessoa que o ameaçava. E a máscara branca ficou negra, assim como tudo em seu entorno. Tudo começou a girar, e no meio do ar, dois pontos vermelhos apareceram, e uma voz tenebrosa ecoou em sua mente. Um grito abafado, a sensação de estar ficando mais pesado a cada segundo. Agora tudo que ele podia ver eram os dois olhos, e a sensação de estar caindo, cada vez mais rápido. Suas mãos suavam. O grito abafado ficava cada vez mais grosso, e logo se transformou numa risada. Uma risada maligna, e aqueles pontos vermelho-sangue. A risada logo se deformava, e começava a formar palavras. Palavras secas e quase indistinguíveis, mas ainda assim palavras. Aaron tentava juntá-las em frases, talvez assim conseguisse escapar dali.

"Filho... gratidão"

Foi tudo que Aaron conseguiu. E logo depois, mais rápido do que como tudo começou, tudo sumiu, trazendo de volta a visão do coliseu. E sangue. Sangue escorrendo pelo seu braço, por seus dedos longos, e pingando no chão. Parecia ter se ferido durante tudo aquilo, mas apesar de tudo se sentia bem, pelo ataque ter acabado. Respirou fundo, ou pelo menos o mais fundo que conseguia, e olhou ao redor. Crasher Wake estava morto, deitado numa poça de sangue no meio do campo de batalha, e as poucas pessoas que continuavam nas arquibancadas estavam chocadas, chorando, ou em pânico. Os minutos seguintes se passaram muito rápido. O garoto se lembra de ser carregado para um carro, e Glazier estava ali ao seu lado dentro deste, e depois, só de acordar no hospital. Provavelmente tinha perdido muito sangue, e desmaiado por isso. Sua família foi imediatamente contactada pelo hospital, e quando acordou, ao seu lado estava sua mãe, e Glazier, que pareciam ter se entendido.
Não era uma grande surpresa, afinal Glazier era calmo na maior parte do tempo. Eles estavam conversando sobre como cuidar de plantas no inverno, ou pelo menos foi isso que Aaron entendeu. Estava com os olhos fechados, fingindo ainda dormir. Estava prestes a fingir um bocejo e acordar, quando a porta se abriu. Volkner entrou, e parou do outro lado do quarto.

— Posso ficar um momento a sós com ele? — pediu, educadamente. Sua voz era ríspida, mas agora estava calma, talvez um pouco rouca. Glazier e a mãe de Aaron, Lucia, saíram do quarto quase imediatamente. — eu sei que você está acordado, Aaron.

O garoto se levantou vagarosamente, e se sentou na cama.

— Você sempre soube.

— Você sempre fingiu muito mal.

— Há quanto tempo eu estou aqui?

— Desde ontem. — Volkner encarava o chão. Em uma das mãos levava um copo de café, qual bebia ocasionalmente. — A polícia quer falar com você... ninguém sabe o que aconteceu.

— No meio da batalha, algum tipo de assassinos apareceu e me ameaçou... eu tive um ataque de pânico, e só me lembro até aí. — Aaron ocultou o que aconteceu em seus "sonhos", como sempre fez. Achava irrelevante falar sobre isso com alguém, mesmo que por dentro remoesse os acontecimentos, tentando achar algum significado, algum tipo de chave para pará-los. — Quando acordei eu estava sangrando, e Crasher Wake estava morto.

— Vou transmitir isso aos policiais, mas é provável que eles ainda queiram falar com você. Aliás, não sabia que você tinha um Piplup.

— Ganhei num jogo.

— Ele vai ficar na sua equipe?

— É provável que não. Isto é, se eu ainda continuar na jornada... duvido que minha mãe me libere de novo, agora que vai ter certeza que eu ainda não estou completamente curado. — Volkner o encarou, deu uma piscadela e saiu. Aaron sorriu, sem nem mesmo perceber, e então realçou.

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