Em Azkaban escrita por Bruna


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, boa leitura!



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O céu estava escuro e tempestuoso naquele final de tarde do dia três de novembro de 1981. Em Azkaban, tudo estava sombrio e repleto de sombras, como sempre. A frívola presença dos dementadores era constante, seus mantos negros deslizando suavemente pelo chão de pedra da prisão. A magia das trevas remanescente de Ekrizdis se unia à energia sombria daqueles seres, criando uma energia negativa esmagadora sobre Azkaban. Eventualmente, os dementadores se aproximavam de um presidiário em específico e se alimentavam de seus sentimentos positivos e esperançosos, trazendo a tona todo o desespero e infelicidade existentes naquelas mentes maltratadas.
Em uma das celas mais bem protegidas e vigiadas, um homem de aparência miserável estava largado no chão, imerso em profunda tristeza. Correntes de ferro enfeitiçadas pendiam ligadas à parede, circundando seus pulsos e tornozelos. A pele pálida estava suja, as vestes amassadas, rasgadas e encardidas, os cabelos embaraçados jogados descuidadamente sobre os olhos. Estes encaravam o nada, perdidos por completo. Exalavam melancolia sem nem mesmo precisar dos efeitos dos dementadores.
Este era Sirius Black. Puro-sangue, da mui antiga e nobre família Black. Filho de Orion e Walburga Black. Formado em Hogwarts, com honras em Feitiços. Entretanto, desgarrado da família, sempre foi diferente, o rebelde. Desde muito cedo já possuía ideologia pró-trouxa, e costumava ser um grifinório, contrariando todas as linhagens anteriores.
Tivera sido preso naquele mesmo dia, supostamente culpado pelo assassinato do bruxo Peter Pettigrew e de mais de uma dezena de trouxas, que por um infortúnio, estavam presentes quando os dois outros se enfrentaram. Julgado por homicídio qualificado e condenado a prisão perpétua em Azkaban junto com muitos Comensais da Morte que tinham sido capturados na véspera. Foi considerado um seguidor do Lorde das Trevas.
Três de novembro. Aquele dia estava sendo terrivelmente péssimo para Sirius. Era seu aniversário de vinte e um anos. Esses dias nunca foram muito felizes na infância, já que a família não lhe dava a devida atenção, sempre priorizando o filho mais velho, seu irmão Regulus, o exemplo perfeito. Nos tempos de Hogwarts, com seus amigos, era mais divertido. Juntos, os Marotos faziam a festa, saíam a noite para aprontar, alguns anos sob a Capa da Invisibilidade, outros como animagos.
As lembranças dos tempos felizes e inocentes de Hogwarts traziam dor a Sirius. Ele estava bastante abalado, afinal, haviam apenas alguns dias que seu melhor amigo, James Potter, fora assassinado junto com a esposa, Lily. Apenas alguns dias que descobriu que o homem que pensou ser seu amigo, Peter Pettigrew, estava por trás disso, o traidor...
Todos eles sabiam que Voldemort estava caçando a família Potter, mais precisamente Harry. Um fiel do segredo deveria ser escolhido para que os três fossem ocultados do mundo exterior, escondidos em segurança. Sirius se prontificou imediatamente, mas o cargo lhe foi negado sob o argumento de ser uma escolha óbvia demais. A contragosto, ele concordou, e Peter se tornou o fiel do segredo.
Porém, ele os traiu, traiu a todos eles. Se aliou ao Lorde da das Trevas e conspirou contra seus próprios amigos... Revelou a localização dos Potters, apenas para que eles fossem massacrados sem piedade.
Quando descobriu, Sirius o confrontou, em Godric's Hallow, em frente a casa em que tudo aconteceu. Parecia inacreditável que Peter tivesse feito uma coisa dessas... Mas ele era o fiel do segredo, não poderia ter sido outra pessoa. E o pérfido ainda tentou lhe dar satisfações, alegando que Voldemort tinha ameaçado matá-lo. Como se a vida de um covarde como ele valesse mais do que a de James e Lily... Eles ainda tinham tanto para viver...
Quando Sirius tentou avançar sobre Pettigrew, o Comensal da Morte usou toda a sua inteligência para criar um plano de fuga: decepou o próprio dedo e se transformou em rato para escapar. Mas não sem antes lançar um feitiço das trevas que devia ter aprendido com seus verdadeiros companheiros Comensais. Nocauteou Sirius, além de matar diversos trouxas inocentes que não tinham nada a ver com aquilo.
Ele sim era um assassino, ele sim deveria estar ali em Azkaban. Sirius tinha vontade de cometer o crime pelo qual tinha sido preso.
A única coisa que possivelmente poderia consolar o pobre bruxo era a vitória sobre Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Ninguém entendia como, mas Voldemort tinha caído. Aparentemente, depois de matar Lily, o bruxo das trevas empunhou a varinha sobre Harry e lançou o Avada Kedavra. Entretanto, a Maldição da Morte ricocheteou e Voldemort desapareceu, sem nem ao menos deixar um corpo para trás.
Como era possível que por causa de um mero bebê, o maior bruxo das trevas de todos os tempos tivesse desaparecido? E ainda restava a dúvida: teria ele realmente morrido ou apenas recuado temporariamente em sua jornada de terror?
Era um mistério, e Sirius tentava se convencer de que eles tinham se livrado daquele demônio, e era isso que importava. Mas não parecia uma vitória. James, o seu melhor amigo, o irmão que Regulus nunca tinha sido, estava morto. Estava morto, e não havia volta.
E o que seria de Harry? Ele sobrevivera, mas se tornara órfão. Com quem cresceria? Não havia parentes bruxos vivos. Sirius era seu padrinho, mas este nada poderia contribuir, estando em Azkaban, impotente. A irmã trouxa de Lily? Não, não, teria que ter outra opção. Com certeza alguém do mundo bruxo aceitaria ficar com o menino que sobreviveu ao Lorde das Trevas. Ainda sim, Sirius sentia que cuidar do garoto era sua responsabilidade. James iria querer isso, não ia?
E Remus? Ele havia ficado sozinho agora. Como suportaria as noites de lua cheia? Estava sem James, pois o perdeu para a Morte. Sem Sirius, pois o perdeu para Azkaban. E sem Peter, pois o perdeu para o lado das trevas, para Voldemort e os Comensais da Morte. Aquele era o fim dos Marotos.
Todas as aventuras que viveram nos tempos da escola pareciam mais distantes do que nunca. Tudo que eles tiveram com Pettigrew parecia agora uma grande falsidade. A amizade deles foi ofuscada por inteiro pela imperdoável traição.
"Como ele pôde fazer isso conosco, aquele filho da puta!?" Era o que Sirius continuava se perguntando.
Ora homem, ora cão, estava sempre caído no chão gelado daquele lugar horrível. Sem nenhuma perspectiva para o futuro além de ficar jogado ali pelo resto da vida. Nos momentos ruins, Sirius até chegava a pensar que a Morte seria preferível, pois pelo menos estaria com James. Nos piores, ele se permitia ter esperança, que era ainda mais dolorosa. Em seus devaneios oníricos, Sirius saía de Azkaban e reencontrava Remus e Harry. Juntos eles se vingavam do Pettigrew e reconstruiam suas vidas. Mas eram apenas sonhos, aquelas coisas nunca aconteceriam. Em Azkaban, a realidade terrível era quase impossível de ignorar.
E assim foi o pior aniversário de Sirius Black. O bruxo estava ali, apodrecendo em Azkaban, sem nenhum motivo para comemorar, mergulhado em sofrimento e lamentações, se corroendo em amargura.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Acham que eu deveria ter colocado mais alguma coisa? Comentem!



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