O Legado escrita por Luna


Capítulo 84
Capítulo 83




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"Estou tendo o sonho mais lindo… e o pesadelo mais terrível, tudo de uma vez."

 

 – Nós conseguimos chegar até a família sem grandes percalços. – Arthur, o auror, falava mansamente. – Nós os realocamos em uma casa segura, até sabermos exatamente o que Sophia Zabine quer com Melius ele se manterá afastado do Ministério.

— Você conseguiu tirar alguma coisa dele? – Hermione perguntou.

— Ele é um inominável, não quer falar sobre o que brinca quando chega ao Ministério. – O olhar do auror foi até a mulher loira sentada displicentemente do outro lado da mesa, ela o ignorou como vinha fazendo durante toda a noite.

 – Dafne, você não pode nos dizer nada? – Harry tentou usar seu tom mais cortês, sua convivência com os outros Sonserinos o fez aprender que ao falar com as serpentes você tinha que ir pelo caminho da diplomacia e puxação de saco.

A loira finalmente fez parecer que estava prestando atenção ao que eles diziam. Ela vinha participando de mais e mais reuniões, no começo foi apenas para proteger Scorpius, ele ainda era seu único sobrinho e ela realmente o amava, ou amava o quão intimidado ele parecia em sua presença. Depois dizia a si mesma que estava apenas curiosa para saber o que tinha acontecido com Eliza Hall em seu tempo afastada, sabia que tinha algo de errado e não ter conseguido nada em sua busca mental era uma pontada em seu orgulho. Mas agora... Bem, ela não queria uma guerra mais do qualquer um deles.

— Eu não faço perguntas sobre seus soldadinhos, Potter. – Ela fixou seu olhar no rosto do Chefe dos Aurores, havia uma tempestade naqueles olhos azuis e raiva nos verdes, ela quase sorriu quando percebeu o quão controlado Harry estava tentando se manter. – Mas fazem bem em mantê-lo protegido e afastado, para o seu próprio bem.

— Se ele for capturado nós temos que saber o nível de informação que ele pode dar ao inimigo.

Dafne ponderou se deveria esclarecer aquele pequeno ponto para eles ou não, havia poucas pessoas lá, Harry, Hermione, Arthur e Eveline, todos eles eram confiáveis até onde ela sabia, mas ainda assim não queria lidar com a exasperação dos grifinórios.

— Ele não dará qualquer informação sensível ao inimigo.

— Sabemos que ele está em uma alta posição entre os Inomináveis, Daf. – O apelido usado por Hermione fez com que a inominável erguesse uma sobrancelha. Quando ela havia dado essa liberdade à mulher?

— No Departamento de Mistérios nós lidamos com os maiores segredos do mundo mágico, coisas duvidosas e raras, objetos que não devem ser manuseados por mãos inábeis, magias que devem ser protegidas. – Ela puxou o ar e olhou para Arthur, ele que a vinha instigando desde que ela chegou. – Nossos segredos já foram entregues antes e aprendemos com nossos erros. Melius não entregará nenhuma informação a quem quer que seja e se ousar fazê-lo... Ele nunca mais dirá nada.

— O que isso quer dizer? – Harry achava que sabia, mas a ideia toda parecia absurda demais e ele tinha que ouvir as palavras na voz melodiosa de Dafne.

— Magia de selamento. Para nos proteger de traidores nós selamos cada inominável nível três a cinco, se ele tentar dizer qualquer coisa a magia de selamento se ativa e a pessoa... Morrerá em agonia.

Ela deixou que suas palavras fossem absorvidas por todos, a única que permanecia impassível era Eveline, mas duvidava se algo poderia tirar a professora dos trilhos.

— Há formas de se forçar a verdade em uma pessoa. – Hermione falou baixo. – Imperius, veritasserum...

— Seria uma morte lamentável, é claro. – Sua voz não passava pesar, era apenas uma constatação.

— Isso é...

Harry cortou Arthur antes que ele pudesse falar algo que traria mais antagonismo àquela situação.

— Necessário.

— Melius estava fazendo uma pesquisa muito importante sobre herança mágica, núcleos de magia e dons naturais. – A expressão dos outros não passava muita certeza se eles tinham entendido alguma coisa. – Ele buscava saber por que existem abortos, por que o núcleo mágico pode ficar adormecido durante gerações e como dons, como vidência e metamorfomagia, são transmitidos.

— É possível que essa informação tenha chegado à Zabine? – Harry perguntou.

— Não é impossível.

— Nós teremos que trabalhar juntos, seja o que essa mulher esteja planejando temos que estar um passo mais perto.

Dafne concordou, embora não fizesse ideia do que Sophia estava pretendendo com aquilo.

— Clarke, você tem certeza que o alvo era Melius?

— A visão foi precária, Arwen estava em sala e não pode dar a devida atenção ao que viu. Ela só conseguiu ver o homem e Sophia, ele parecia estar sendo amaldiçoado. – Ela batucou os dedos na mesa de mogno. – Nós nem mesmo sabemos se ele é uma vítima ou se está com ela.

A repreensão em sua voz se tornou clara para todos e ali estava o motivo dela esconder muitas de suas visões e de Arwen, pessoas comuns tendiam a tomar decisões precipitadas sem conseguir encarar as várias possibilidades diante deles. Só esperava que Harry não os tivesse colocado em mais problemas.

0o0

— Me deixe sair! Me deixe sair! – Arwen se sentou na cama de repente, o cabelo bagunçado na frente do rosto, seu pijama úmido do suor que impregnava o seu corpo, respiração descompensada e coração acelerado.

— O que aconteceu? – Sua mãe entrou no quarto olhando para os cantos em busca de algo que pudesse ter motivado a gritaria da filha, mas não havia nada ali. Bem, nada externo a Arwen.

— Você...

— Querida, você estava gritando. – Sua mãe deu alguns passos para dentro do quarto, mas não se aproximou muito. Ela não sabia muito bem o que fazer com a filha, Arwen sabia disso pela forma distante com que era tratada, não tinha mais abraços ou afagos. – Deve ter sido um pesadelo, volte a dormir.

A mulher deu um sorriso triste, desolado e fechou a porta.

— Eu não estava dormindo...

Ela tentou fazer o que Eveline tinha lhe ensinado, envolvia respiração e controle, o poder era seu, ela estava no controle e não o contrário.

Tinha estado em algum lugar muito quente e sentia o medo invadir e reverberar por todos os seus poros. Mas era como se estivesse com os olhos fechados, podia sentir, mas não ver. Se sentia assustada, com dor, porém não era algo físico, o que ela sentia não pertencia a si, era como às vezes acontecia com suas visões, quando ela sentia o que os outros estavam sentindo e havia desespero e urgência.

— Sestra. – Ela sussurrou a palavra que ficava soando em seus ouvidos. – Sestra.

0o0

A bonita ave voava com a ajuda do vento, movia suas asas com rapidez e agilidade, tentando ao máximo se afastar do estranho intruso que a perseguia. O céu era seu lugar de direito, pertencia a todos como ela, não era lugar para aquela criatura.

Manteve o envelope preso em suas garras, impedindo que o vento o levasse consigo. O intruso se aproximava mais, podia sentir isso sem precisar mover sua cabeça. Animou-se quando sentiu a alteração na corrente de ar e percebeu que o vento mudaria de rota, planou suas asas e não ofereceu resistência quando o vento veio a carregando para outra direção, obviamente que tal conhecimento não era compartilhado pelo intruso, que não percebeu o que estava acontecendo e a perdeu de vista quando a bela coruja se escondeu atrás de uma nuvem espessa.

Uma pequena parte sua queria voltar ao nível do humano e mostrar que aquele era o seu território, mas seu dono tinha lhe dado uma missão e não poderia decepcioná-lo. Por isso subiu vários metros no ar, onde o vento era mais forte e mais frio, mas não o suficiente para impedi-la de chegar ao seu destino.


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