O Legado escrita por Luna
Notas iniciais do capítulo
Olá, pessoal.
Eu vou ter uma prova muito importante próximo mês, então o próximo capítulo vai demorar mais. Tenho que focar nessa reta final.
Desculpa pela demora, não sei quanto tempo vai ser :/
Aproveitem o capítulo
“A matemática do Olly diz que a gente não pode prever o futuro. Acabei descobrindo que também não podemos predizer o passado. O tempo passa em ambas as direções – para frente e para trás – e o que acontece aqui e agora muda o que passou e o que ainda virá.”
Tudo e todas as coisas
— O que eu estou fazendo aqui, Diretora? – Eveline se sentava ereta na cadeira a frente da mesa em que Minerva estava.
— Tenho observado você nas últimas semanas depois que a professora Green me procurou com notícias alarmantes. – O tom de Minerva era severo, mas percebeu que a mulher não olhava para si. Seus olhos estavam fixos no retrato atrás de sua cadeira, Minerva virou o corpo e viu que Dumbledore correspondia o olhar. – Eve?
— Não entendo o que a senhora quer.
— Estamos em perigo? – Minerva perguntou.
— A senhora deveria perguntar ao Quartel General dos Aurores, Diretora.
— Eveline. – Minerva respirou fundo. – Melanie disse que você falou para ela que haverá pessoas em perigo.
— Sempre há pessoas em perigo. – Eveline respondeu vagamente, seus olhos ainda fixos no retrato. – Eu tenho pensado muito na minha mãe ultimamente. Quando durmo eu a vejo quando criança, correndo pelos corredores do Castelo, a vejo no dia do casamento, ela estava excepcionalmente feliz naquele dia…
— Você me lembra muito ela. Quando eu a conheci você era só uma garotinha, Eve. Seu dom tinha acabado de se mostrar. – Minerva falou saudosa. – Margaret era uma mulher muito especial.
— Quando as coisas mudaram, a senhora sabe? Quando minha mãe deixou de ser quem era para virar a mulher assustada, temerosa e alucinada que eu me lembro? – Eveline olhando para a diretora. – Quando ela resolveu que não valia a pena viver pela própria filha?
— Você já a viu morrer? – Ela estava triste e não tentava esconder isso.
— Não, eu só a imagino. Tento sentir o vento gelado, penso como deve ser a sensação da queda livre, se ela ainda estava viva quando atingiu o solo… – Eveline parecia estar em outro lugar, seus olhos estavam vagos e distantes. – Eu não consigo ver minha própria morte, ela dizia que nossa magia nos protege. Você gostaria de saber?
— Como será minha morte? — Minerva perguntou.
Eveline apenas assentiu.
— Você já a viu? — Minerva não sabia se gostaria de saber a resposta e uma parte de si ficou feliz quando a bruxa fingiu não ouvir a pergunta. — Não, eu não gostaria de saber.
— Acho que ela perdeu a esperança. Acho que ela viu algo tão terrível e assustador que a perspectiva de futuro a destruiu. — Ela voltou seus olhos para o quadro de Dumbledore. — Eu a vi com o senhor. Ela estava assustada, “nunca mexa com o futuro se você não sabe o peso das consequências, Eve”, era o que ela me dizia. Então porque ela viria até Hogwarts para avisá-lo que o viu morrendo?
Minerva não conseguiu esconder a surpresa.
— Minha cara, sua mãe achava que eu poderia evitar algo que estava além das minhas forças. A morte…
— Sempre encontra aqueles que se escondem. — Eveline completou a frase. — Eu já vi o futuro onde o Lorde das Trevas estava no poder. Havia medo e dor em todos os lugares, Hogwarts se tornava um lugar sombrio, os trouxas padeciam. Foi isso que ela viu?
Dumbledore a olhava por cima dos oclinhos de meia lua, seus olhos azuis pareciam ver além dela. Eveline nunca o conheceu pessoalmente, toda sua educação mágica fora feita na escola de Ilvermony, mas ela sabia quem era Dumbledore, assim como todos os bruxos, sabia de sua vitória perante o Grindelwald, e claro que quando surgisse um novo bruxo das trevas era para o bruxo velho que todos olhariam em busca de ajuda. Mas Dumbledore morreu, o Ministério da Magia tinha sido tomado por comensais, e o Eleito, um garoto que nem da escola tinha saído, era a esperança do mundo bruxo.
— Sua mãe via muitos futuros, assim como você, Eveline. — A sabedoria ainda estava presente na voz dele. — Ela escolheu o pior de todos, quando ela veio até mim já estava além da minha ajuda. Ela estava confusa e sua mente tinha se perdido em algum lugar em seus devaneios e visões. Grandes videntes sempre padecem quando uma crise se aproxima.
— Então você sabia como morreria e não fez nada para impedir? — Minerva perguntou ultrajada.
— Claro que fiz. — Dumbledore respondeu com um pequeno sorriso. — Fiz Severus prometer que me mataria.
Minerva bufou.
— Nós estamos em perigo. — A voz de Eveline cortou a discussão entre Minerva e Dumbledore. — Minha última visão foi de Hermione Granger lendo o Profeta Diário, na matéria dizia que o legado do Lorde das Trevas ainda vivia.
— O que isso significa? — Minerva alterava o olhar de Eveline para Dumbledore.
— Dentre tantas coisas, querida Minerva. — Dumbledore falou tirando os óculos e esfregando os olhos como se tivesse cansado. — Isso pode significar uma nova guerra.
Rose estava na biblioteca estudando. Aquele era o seu lugar preferido no Castelo todo, talvez também poderia contar os jardins, a área próxima ao lago negro, mas apenas em dias quentes. Scorpius tinha chegado alguns minutos atrás e fingia ler um livro de quadribol, mas ele estava passando as folhas com raiva e seus olhos nem se moviam.
— Vai me dizer o que está te incomodado? — Ela perguntou tirando os livros da mão dele sob protesto. — De preferência antes de destruir alguma propriedade da escola, por favor.
— Nada está me incomodando.
— Ou você está perdendo sua capacidade de mentir ou está tão ruim que nem consegue disfarçar.
— Joseph. Meu problema é aquele capitão idiota que se acha a sensação do Castelo.
Por essa Rose não esperava. Quer dizer, ela já tinha notado que cada vez que algum deles falava do rapaz o loiro revirava os olhos ou mordia a boca para evitar falar alguma coisa, mas não sabia que a antipatia era tão grande ao ponto de irritá-lo daquela maneira.
— Aconteceu algo? — Ela quis saber.
— Ele me confrontou, acredita? Disse que eu deveria dar mais espaço para o Al, que estou atrapalhando o desempenho dele nos jogos. — Ele estava começando a ficar vermelho.
— Hã… — Rose não sabia o que falar, aquela atitude do capitão da sonserina era muito estranha.
— Mais espaço? Ele deveria dar mais espaço para o Al. Arg, parece um namorado grudento e idiota.
— E com ciúmes? — Rose jogou.
— O que?
— Acho que o Morgan pode estar com ciúmes de você com o Al. — Rose tentou falar da forma mais natural que conseguiu como se aquilo não fosse nada de mais.
Scorpius começou a rir. Aquela ideia era absurda para ele, alguém como Joseph não era inseguro ao ponto de ir falar com o objeto de ciúme para tentar afastá-lo de seu quase namorado. Não, Joseph só queria irritá-lo e tinha conseguido, era o que achava.
— Você está sendo absurda, Rosie. Ele nunca sentiria ciúmes de mim com o Al.
— Mesmo? Porque vocês estão sempre juntos, o tempo inteiro. Al já faltou a um treino porque você estava doente, ele já deixou o Morgan em Hogsmeade apenas para acompanhar você de volta para o Castelo, o único momento em que vocês se separam é quando ele está no treino e é quando Joseph pode vê-lo. Talvez, ele só queria mais tempo com o Al.
— E o que eu tenho a ver com isso? — Scorpius tentava não parecer afetado com o que Rose tinha dito, em vez disso tentou ainda parecer chateado com Morgan e sua atitude ridícula.
A ruiva apenas balançou a cabeça em sinal de negação.
— Eu sou um Malfoy, eu não cedo, as pessoas é que o fazem para mim. Se ele estar tão incomodado que troque de namorado. — A falsa arrogância de Scorpius era engraçada para aqueles que sabiam que ele não era assim, para alguém fora do círculo era bem convincente. Ele falava com a voz imponente e o rosto erguido. Scorpius Malfoy parecia um membro da realeza e sabia disso, se aproveitando para quando queria intimidar.
— Ele não é namorado do Albus. — Rose sorriu. — Pelo menos é isso que meu primo diria. E se você não quer que isso se torne mais sério sugiro que faça algo logo.
— Tipo jogar o Morgan da torre da Grifinória? Você me ajudaria? Ele é um idiota, não deve ser tão difícil convencê-lo a ir até a torre. — Scorpius falou bem-humorado.
— Você é um Malfoy. Eu pensei que quando vocês queriam algo iam lá e pegavam, não importando quem estivesse no caminho.
— Oh, Merlim! Meu avô morreu e está possuindo você? — Ele perguntou se debruçando na mesa na direção da menina. Ela deu um tapa na mão dele.
Rose o olhou profundamente e Scorpius começava a tomar ciência das palavras dela, eles se encararam e a ruiva ficou feliz quando percebeu que Scorpius tinha entendido. A sorte do loiro veio na forma de um moreno de olhos azuis com o cachecol da Sonserina que atendia pelo nome de Timothy.
— Minha cara srta. Weasley, agora que está em tão boa companhia irei deixá-la. — Scorpius pegou a mão de Rose e a beijou. — Peço, com toda a força do meu coração, que por favor, faça a gentileza de jantar comigo. Sua presença me deixaria muito feliz.
Rose sorriu de toda a cena.
— Como ver sua infelicidade é a última coisa que desejo, meu Senhor, eu aceito o seu convite. Peço que aceite a presença deste ilustre cavalheiro. — Ela apontou para Timothy.
— Se isso a fará feliz. — Ele fez uma reverência na direção dela e saiu.
— O que aconteceu aqui? — Tim perguntou.
— Scorpius tentando fugir. — Foi só o que ela disse, e como ele sabia que ela não falaria nada além disso resolveu não insistir.
— Está um dia bonito lá fora. Vim ver se não quer dar um passeio… cara dama. — Tim sorriu imitando a reverência de Scorpius.
— Assim eu vou ficar mal acostumada. — Ela se levantou e começou a juntar suas coisas.
Com o passar das semanas ela e Tim sempre encontravam uma forma de estarem juntos. No clube de duelos, nas aulas conjuntas, na biblioteca, nos passeios pelo jardim, qualquer coisa. Ela achava que já o conhecia bem o suficiente para dizer quando o sorriso que ele dava era sincero, quando estava receoso em falar sobre algo e quando ela tinha ultrapassado algum limite. O que mais lhe alegrava era que tinha um sorriso que ele só dava quando a olhava, a fazia se sentir especial.
Nas últimas semanas Tim resolveu tomar um movimento arriscado e passou a segurar a mão dela enquanto caminhavam. No começo era algo inseguro, mas agora eles cruzavam os dedos e saiam andando e quando se sentavam na grama ou nos bancos continuavam de mãos dadas.
— … Então quando chegamos na cozinha da vovó Albus estava com as mãos sujas e a cozinha estava toda branca.
— E mesmo assim ele não foi castigado?
— Não, ele disse que Louis tinha tido uma manifestação de magia involuntária e quando viu a cozinha estava naquele estado. — Rose sorria.
— E ninguém desconfiou?
— Não, James apareceu depois segurando o Louis e Fred tinha escondido a bomba. Acho que todos ficaram tão felizes pela “demonstração de magia” que esqueceram o resto — Rose fez aspas com os dedos. — O interessante é que a manifestação dele só veio um ano depois, mas ninguém trouxe o assunto a tona.
— Isso foi… genial.
Tim sempre ficava animado quando ela contava das peripécias dos primos. Eles estavam sentados na grama encostados na árvore, ele tinha pego a mão dela e fazia movimentos circulares com o polegar. Rose percebeu que ele passava longos minutos apenas olhando para ela.
— O que foi? — Rose perguntou envergonhada.
— Você é linda. — Ele declarou. — Cada pequena parte de você parece ter sido escolhida entre o que tinha de melhor, apenas para fazer você ser assim tão… perfeita.
Rose corou e abaixou a cabeça. Timothy se aproximou e segurou o rosto da menina com ambas as mãos.
— Meus pais surtariam inicialmente, mas depois meu pai diria que você é uma excelente conexão. Eu consigo ver os olhos da minha mãe brilhando quando ela ver você e perceber o quanto és sensacional e especial. Meu avô vai dar muito trabalho, muito mesmo, então sugiro que guardemos segredo, por enquanto. Mas se você quiser falar com seus pais eu não tenho problemas com isso.
— Tim, do que você está falando? — Ela estava confusa e aflita, ela sabia o que ele provavelmente estava querendo dizer com aquilo, mas precisava ouvi-lo.
— Eu gosto de você. Eu realmente gosto de você e eu preciso que você saiba disso, Rose. Eu estou apaixonado por você e acho que você também. Eu adoro tudo em você, quero ficar com você.
Rose não sabe de onde tirou coragem, mas ela rompeu a distância que ainda tinha entre eles e o beijou. Ouvir aquilo vindo dele era o que ela andava fantasiando nos últimos dias, em seus sonhos ela imaginou aquele momento, mas nada poderia ser comparado. Ela pensava que seu momento mais fantástico seria sempre quando provou o sorvete de todos os sabores e sentiu aquilo explodir em sua boa. Mas ali, com Tim a beijando ela soube que aquele sorvete nunca chegaria aos pés de beijar Timothy Nott.
Os lábios dele não eram frios como ela imaginou que seria. Com a postura sempre rígida ela o imaginou como uma pessoa fria, mas constatou o contrário na primeira vez que ele a pegou pela mão. Mas passou sua visão para os lábios dele, algo com que vinha fantasiando há um tempo, mas Tim era quente e a esquentava de uma forma nunca sentida pela garota.
Mas qualquer sensação se perdeu quando eles escutaram a voz fria vinda do mais velho dos Nott.
— Timothy. — Eric estava parado há alguns metros e tinha visão privilegiada dos dois. Ele tinha o cenho franzido e possuía uma mistura de preocupação com irritação, mas sua expressão se fechou antes que um dos dois pudesse notar algo mais, ele parecia ignorar a presença de Rose e o que tinha acabado de presenciar, mas seus olhos correram do rosto do irmão para a mão que ele segurava de Rose. — Nicholas está na enfermaria.
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