Casa das Serpentes escrita por CassandraCain


Capítulo 3
Salão Comunal


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado por Helena



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Após o banquete, fomos guiados até as masmorras pela diretora da casa, Pansy Parkison. Atravessamos um longo corredor sem saída. Ao chegar no fim do corredor, Parkison sussurrou:

— Argentum - eu sabia que essa era a palavra em latim para 'prata'. Diante dessa palavra, uma porta dupla se materializou na parede. Ela se virou para nós antes de abrir a porta - Essa é a senha, não esqueçam, e não revelem a ninguém! - ela instruiu em tom severo - Agora, entrem. - ela abriu a porta e entrou, nós a seguimos.

O salão comunal da Sonserina era uma sala espaçosa e luxuosa. O salão comunal mais luxuoso, segundo os livros que li. As paredes eram de pedra negra, com belas tapeçarias como decoração, e o local era iluminado por chamas verdes, que pendiam de lustres do teto. Havia sofás de couro, que pareciam ser confortáveis, e uma lareira acesa. Também já havia lido que o salão comunal da Sonserina ficava nas profundezas do lago de Hogwarts. E, de fato, de suas janelas eu podia ver as águas, era uma linda vista. Perto da lareira, havia uma estante de livros, e, em frente a lareira, entre três sofás, havia uma mesa de madeira belamente trabalhada. Duas escadas em espiral certamente levavam aos dormitórios.

Suponho que eu devia me sentir uma intrusa ou algo assim, tendo sido selecionada para uma casa cujo fundador desejava apenas alunos de sangue-puro. Salazar devia estar se contorcendo em seu túmulo, e esse pensamento me deu uma pequena vontade de rir. Mas a verdade é que eu me sentia bem naquele ambiente. Como se eu pertencesse àquele lugar. A decoração fazia com que eu me lembrasse da luxuosa mansão onde eu vivia com meus pais. A Mansão no mundo trouxa. A Mansão que tinha um belo jardim enfeitado por rosas brancas. A Mansão que agora não passava de cinzas.

— Esse lugar é muito legal - Scorpius Malfoy sussurrou ao meu lado. Ele e Albus ainda estavam juntos. Os dois haviam se tornado bem próximos em apenas algumas horas de amizade. Me dava até um pouco de inveja, mas não é como se eu estivesse me esforçando para fazer amizades.

— Como diretora da nossa nobre casa, eu lhes dou as boas vindas - Parkison falava em tom altivo - Vocês agora fazem parte da casa de Salazar. Lembrem-se, a lealdade à casa deve vir sempre em primeiro lugar. - ela falava em tom sério e os oito primeiranistas escutavam com total concentração, incluindo eu própria - Os problemas da Sonserina são assuntos internos, e devem ser tratados apenas aqui dentro. Fora destas portas - ela gesticulou naquela direção - Não devemos mostrar nenhuma fraqueza. Creio que não preciso dizer que a Casa da Sonserina sempre esteve à parte, vista como inimiga, desde a época de sua fundação. Não somos bem-vistos pelas outras casas. Por isso, devemos sempre permanecer unidos. Sonserinos cuidam uns dos outros, isso está bem claro para vocês? - ela questionou, recebendo acenos silenciosos como a resposta afirmativa - Bem, os dormitórios femininos ficam à esquerda. Os masculinos ficam à direta. Seus monitores-chefes irão levá-los até lá.

— Até mais, Helena - ouvi a voz educada de Albus pouco antes de nos separarmos.

— Se cuida, jovem dama - Scorpius me disse em seguida.

— Nos vemos em breve - falei em resposta aos dois.

Fui levada com as outras três garotas até o quarto que dividiríamos. Sobre minhas novas companheiras de quarto, seus nomes eram Stella Zabini, Elizabeth Midford e Irina Ollivander. Quanto aos garotos, além de Albus e Scorpius, foram selecionados para a Sonserina Henrique Rosier e Arthur Goyle.

Elizabeth Midford tinha cabelos dourados, em cachos volumosos. Seus olhos eram de um verde vibrante, um pouco mais claros que os de Albus. Ela parecia ser a mais animada de nós quatro. Stella Zabini olhava ao redor com curiosidade. Era uma garota de pele negra e escuros olhos travessos. Seu cabelo era de um castanho escuro, e caía de forma desorganizada por suas costas e ombros. Irina Ollivander estava tão séria e inexpressiva quanto eu própria. Tinha uma postura altiva e superior. A pele clara, os cabelos de um vermelho vivo e olhos dourados penetrantes.

Nosso quarto também era muito belo. As quatro camas eram, cada uma, tamanho casal. Cada cama tinha quatro colunas e uma cortina verde-escura para cobri-la dando maior privacidade. As roupas de cama eram delicadamente bordadas em prata. Aos pés de cada cama, havia um baú, provavelmente para guardar nossos pertences. Na parede oposta, havia uma belíssima penteadeira que parecia feita inteiramente de prata, acompanhada por um espelho de moldura detalhada. Um banquinho acolchoado estava junto à penteadeira. Havia uma lareira lá dentro também, creio que é porque seria muito frio e úmido dentro das masmorras sem isso. Vasos de flores davam um pouco de vida ao local.

Sem falar nada, acomodei-me na cama à extrema direita, guardando meus pertences no baú. Vi Irina Ollivander se estabelecer na cama do outro lado do quarto, à extrema esquerda, e, de lá, lançou-me um olhar de desprezo. Tinha quase certeza que ela buscava ficar o mais longe de mim possível, mas não é como se isso importasse.

Stella Zabini jogou-se na cama bem ao meu lado, largando a mala ao seu lado e retirando os sapatos, parecendo muito satisfeita com a nova cama. Midford ficou com a cama restante, entre Zabini e Ollivander. Midford era a unica de nós que trazia um animal de estimação, um coelhinho branco, que ela acomodou na cama macia antes de começar a arrumar suas coisas.

— Ei - Stella Zabini me chamou, e olhei em sua direção - Ayers, certo? - ela perguntou.

— Sim - confirmei - E você é Stella Zabini - afirmei, não era uma dúvida. Modéstia a parte, me orgulho muito de minha memória impecável.

— Parece que os filhos de Harry Potter e Draco Malfoy se tornaram amigos - ela comentou - Eu ouvi você se despedindo deles, sabe alguma coisa sobre isso? - ela perguntava de forma genuinamente curiosa.

— Sim, são amigos - respondi - E eu apoio. É estúpido prender-se a rixas infantis que existiram entre os pais deles.

— E o que você sabe sobre isso? - Irina Ollivander intrometeu-se rudemente em nossa conversa - O que uma sangue-ruim sabe sobre qualquer coisa do mundo mágico? - ela me olhava de forma desafiadora, me incitando a responder à altura, mas preferi não me deixar abalar. 'Sangue-ruim' era um termo pejorativo para quem veio de família trouxas, mas não era mais tão usado hoje em dia. Porém, aparentemente, alguns ainda usavam. Elizabeth Midford pareceu chocada com o uso do termo, cobrindo a boca com ambas as mãos de forma teatral.

— Você só diz isso por rancor - foi Zabini quem a respondeu - Porque a família Ollivander já esteve entre as mais poderosas, uma das Sagradas Vinte e Oito, mas já perdeu todo o prestígio. E enquanto sua família sangue puro perde o poder, nascidos trouxas como Ayers começam a ocupar cada vez mais lugar, até na nossa Casa. Isso te enfurece, não é? - eu me sentia agradecida por Stella Zabini ter me defendido, mas também era capaz de reconhecer a sombra que passou pelos olhos de Ollivander naquele instante.

— Não briguem - Midford tentou pedir, em um tom um pouco tímido.

— Alguém vinda de uma família em ascensão jamais saberia como é! - Ollivander respondeu Zabini, ignorando totalmente o pedido de Midford.

Percebi que Stella pretendia retrucar, mas me levantei e toquei levemente em seu ombro, atraindo a atenção dela para mim.

— Deixe-a, não vale a pena. - falei.

— Mas ela te ofendeu. - Stella argumentou. Ela parecia realmente se importar comigo, mas sou desconfiada, não por natureza, e sim por aprendizado. Pessoas mentem.

— Meus pais eram trouxas, e isso não é uma vergonha para mim - falei sem me alterar - Constatar esse fato não é ofensivo.

— Tudo bem - Stella se rendeu com um suspiro. Ela puxou a cortina, cobrindo o lado o esquerdo da sua cama, como se isolasse nós duas da outra metade do quarto - Não vamos nos preocupar com ela, então.

Eu voltei para a minha cama e me deitei, mas estava virada para Stella, que mantinha uma conversa comigo. Ela parecia ter curiosidade sobre o mundo trouxa.

— Aposto que seus ficaram orgulhosos quando descobriram que você é uma bruxa - ela comentou repentinamente. Sei que ela não disse por mal, mas...

— Aposto que ficariam. Se estivessem vivos.


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Notas finais do capítulo

Só para esclarecer, uma leitora me perguntou isso no spiritfanfics, o nome Elizabeth Midford é uma homenagem ao anime Kuroshitsuji.



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