Ours is The Winter escrita por Thiago, Thiago II


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores.

Stannis não tem capítulos com seu ponto de vista, o que sabemos dele é através dos olhos de outras pessoas, porém aquele é uma versão mais velha dele. Então, é claro que há diferenças com o Stannis de 14 anos dele.

Então, boa leitura.



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278 D.D. – Baia dos Naufrágios

— Você entende por que nós temos que ir, não é?- A voz de Lorde Steffon soara enquanto ele colocava as mãos sobre os ombros do seu segundo filho. E embora Stannis pensasse que era uma viagem bastante inútil, a sua resposta fora apenas um aceno positivo.

Ele não iria dizer isso em voz alta porque sabia que era a obrigação de seu pai cumprir com seus deveres com o Rei. Mas era claro que ele entenderia as atitudes de seu pai. E compreendia porque seus pais tinham de ir para as Cidades Livres.

Stannis era sempre o mais compreensível entre os irmãos, apesar de que era difícil pensar sobre Renly quando ele era tão jovem.  Já entre ele e o mais velho era outro caso, a comparação com Robert chegava até a não ser válida quando ambos eram tão opostos. Naquele momento foi que se pegou olhando para o irmão mais velho que iria acompanhar os pais naquela viagem.

O perfeito herdeiro de Ponta Tempestade que naqueles últimos sete anos estava sendo criado longe de seus domínios por um lorde que não era seu pai apenas com algumas visitas corriqueiras ao antigo lar. Uma atitude um tanto criticada pelo restante dos lordes que achavam que Robert não estava criando laços com quem realmente interessava que eram o seu povo.

Stannis nunca criticara as decisões do pai, nem em seu acordo com Jon Arryn para que um dos filhos fosse criado na corte do amigo como um pajem. As pessoas esperavam que fosse Stannis, mas tinha sido Robert que fora enviado para o Vale. Ninguém ligava para um segundo filho, era fato que Stannis sabia que não era querido pelos lordes vassalos de seu pai afinal podia ver isso nos olhos daqueles homens.

Era para ser ele a estar sobre a tutela de Jon Arryn. Mesmo isso Robert tinha conseguido tirar dele, mas Stannis não se preocupava porque uma parte dele agradecia por ter permanecido em seu lar e naquele tempo sem a presença do mais velho era como se fosse ele o herdeiro como passava mais tempo com seus pais.

Ele sabia que não deveria deixar-se iludir por isso, ele não seria um Lorde já que essa posição não lhe cometia. Mesmo que soubesse que faria melhor do que Robert, não poderia desafia-lo pelo direito de nascença. Ele era seu irmão e o serviria.

— O rei pediu-lhe por isso – respondeu Stannis como se compreende e isso pareceu fazer seu pai mais tranquilo, no entanto, ou o mais calmo que pudesse estar deixando seu filho de quatorze anos na posição de lorde interino. – Tudo ficará bem, pai.

— Eu sei disso – disse Steffon sorrindo enquanto apertava suas mãos fortemente nos ombros do garoto. Stannis gostava do sorriso do pai mesmo que ele fosse igual o de Robert – Eu sei que ficará tudo bem porque confio em você.

Stannis podia ver nos olhos do pai que era verdade, Steffon não era um homem que tinha o costume de contar mentiras, sendo que mesmo as poucas eram fáceis para o garoto descobrir. Mas mesmo assim, Stannis não queria que eles fossem. Ele não queria ser deixado sozinho em Ponta Tempestade apenas o seu irmãozinho Renly e o seu velho Tio Harbert ao seu lado, mas Stannis sabia o porquê de aquilo tinha que ser assim.

Seu pai balança a cabeça. 

— Sabe de uma coisa, Stannis? Eu não queria ir. – confessou Steffon como se fosse apenas um segredo – Mas mesmo assim tenho. Na verdade, sei que você compreende isso como eu. É meu dever com o nosso rei e tenho de cumpri-lo. Príncipe Rhaegar necessita de uma noiva para dar prosseguimento à família real. E, como sou seu primo... O rei confia em mim mais do que qualquer outro para isso.

Infelizmente, Robert não era um homem acostumado a longas despedidas ainda mais quando notava que não era ele o centro das atenções. Seu irmão tinha o péssimo costume de sempre exibir-se e ganhar os aplausos e elogios todos para si, Stannis não se importava com grandes feitos desde que fosse reconhecido mesmo pelos mais simples que fazia. Robert nunca compreenderia isso, seu irmão sempre teria a fúria de uma tempestade.

Stannis viu que Robert caminhava até eles não para participar das conversações de dever ou confiança. Não por estar querendo despedir-se do irmão que não via naqueles últimos anos adequadamente. Mas sim porque queria colocar um fim naquela despedida. Stannis podia ver o quanto o Robert estava impaciente, afinal o que fizera o mais velho optar por partir em viagem com os pais era o gosto pela aventura que seria sua primeira viagem a Essos.

Stannis tinha a teoria de que ele estava mais interessado em explorar os corpos das prostitutas essosi do que o outro continente. Mas por respeito a mãe fora que preferira manter seus pensamentos para si, por mais que soubesse das aventuras de Robert em sua estadia no Vale de Arryn.

— Você não sentirá nossa falta, Stan. – disse Robert que desde que retornara para Ponta Tempestade viera o chamando por aquele apelido estúpido – Quando menos esperar nós estaremos de volta. E, bem, você  deve  escrever para mamãe de qualquer maneira, pelo que sei. – E riu.

Stannis sabia que aquela era uma provocação do mais velho. Conhecia Robert o suficiente para saber que ele às vezes optava por uma leve provocação que era lida entrelinhas na entonação da voz e no olhar. Seu irmão era estúpido para muitas coisas, mas sabia como usar sua língua afiada e aprendeu a provoca-lo bem debaixo dos olhares dos seus pais.

Robert tinha seus dezesseis anos. Estava deixando a barba tomar conta de sua face e os músculos já emolduravam seu corpo. Ele já era quase tão alto quanto o pai deles, mas a maneira como comportava, muitas vezes fazia com que Stannis pensasse que se tratava de alguém com metade daquela idade. Jon Arryn estava fazendo um péssimo trabalho em fazer de Robert um lorde, pensou o rapaz.

— Você deve se cuidar, irmão – falou Stannis – Tente manter sua saúde integra. Soube que Essos é uma cidade com várias enfermidades e seria péssimo saber que uma delas lhe decaiu.

Em suas próprias palavras aquilo era um aviso para Robert que Stannis percebeu que ele compreendeu. Com enfermidades o rapaz mais novo se referia as doenças que seu irmão poderia adquirir caso não tomasse precauções com as mulheres que dormisse. Um quase aviso de perigo para que Robert evitasse praticar suas promiscuidades em bordeis de baixo status e fama perigosa.

 - Eu agradeço por sua preocupação com minha saúde, irmão – disse Robert – E você, tente manter nosso reino inteiro enquanto estiver brincando de ser lorde na ausência de nosso pai. E não vá se acostumando, saiba que fui eu que lhe concedi esse presente dessa vez. Então aproveite.

Stannis ficou calado enquanto esticava a mão para um aperto de despedida e Robert aceitou. Foi um cumprimento firme como verdadeiros homens deveriam apertar e o queixo de Stannis teve de erguesse um pouco para que pudesse encarar Robert nos olhos.

— Ora, vamos vocês dois podem fazer mais do que isso – falou Cassana Baratheon enquanto se aproximava ainda com o pequeno Renly nos braços – Vamos, deem um abraço de verdade um no outro. Poderão passar quase um ano sem se verem, sabem disso não é?

Então como acatando o pedido da mãe foi que os dois irmãos se abraçaram. E por mais estranho que fosse Stannis sentiu Robert abraça-lo com força como se realmente quisesse fazer aquilo. Foi então que Stannis sorriu e sussurrou no ouvido do irmão.

— Está me abraçando muito forte, Robert. – disse Stannis – Não precisa fingir tanto assim que gosta de mim ou vou acabar acreditando. – sua voz é claro não soara como se fosse brincadeira, na verdade estava cheia de sarcasmo.

— Não se acostume, seu idiota. – disse Robert dando um tapa na nuca do irmão – Você ainda é um boçal chato e rabugento feito um velho decrepito. – Stannis sabia que aquelas palavras no tom de voz que o irmão usava naquele momento era quase como um eu te amo.

— Que bom – falou Stannis – É bom saber que sua opinião não mudou sobre mim porque ainda penso as mesmas coisas a seu respeito. – E então se separaram – Cuide-se.

— Você também – disse Robert – E tome conta do Renly. – Stannis deu um aceno positivo com a cabeça enquanto via seu irmão indo despedir-se de Meistre Cressen.

Stannis pode ouvir Cassana brincando com o pequeno Renly como costumava fazer. Ela sempre fora tão amorosa e maternal, sabia que seria difícil para ela ficar longe de seu bebê de 1 ano.  A mãe soltara uma gargalhada suave quase que musical enquanto fazia Renly sorrir com os poucos dentinhos que possuía.

Ela então percebeu o olhar de seu filho do meio e chamou-o com o olhar para que se aproximasse. Stannis então a abraçou com força, porém timidamente e de forma contida como costumava fazer, e pode sentir o cheiro dela e o calor de seu corpo enquanto com a mão livre ela brincava com os cabelos negros do filho.

— Eu espero que ocorra tudo bem com vocês – falou Stannis e sua mãe sorrira para ele.

— E irá – disse Cassana Baratheon – Estaremos de volta antes do dia do seu nome. Vou insistir em seu pai para trazermos algo para você das Cidades Livres.

— Apenas me escrevam, mãe. – respondeu Stannis se afastando do abraço – Me mandem cartas contando como estar a viagem. Vão me escrever não é?

— Claro que vamos escrever, Stannis.  – falou Cassana - Tentaremos manter contato, vou descrever cada parte das Cidades Livres para você será como se tivesse ido com a gente. Você pode até mesmo ler as nossas cartas para Renly.

— Por que eu faria isso? – Respondeu Stannis - Isso parece sem sentido. Não é como se ele fosse entender o que dizem.

— Stannis! – Riu Robert incapaz de se controlar-se. – Você não se cansa de ser assim tão... – ele fez uma pausa repensando suas palavras - De agir sempre desse seu jeito? Tenho até dó do Renly. Imagina se quando voltar a vê-lo nosso irmãozinho será tão emburrado quanto você.

— Ele não irá – respondeu Stannis com seriedade – Renly nem sabe o que estamos dizendo ainda. Ele é novo demais para isso.

— Tenho pena da mulher que for se casar com você... - respondeu Robert - Talvez devêssemos procurar por uma noiva para você também em Essos.  

— Você sabe que o pai irá casar-me com a filha de um dos porta-bandeiras dele – disse Stannis – Como você resolveu que vai desposar uma garota nortenha como a próxima Lady de Ponta Tempestade. – Robert riu mesmo os pais pareciam estarem tendo dificuldades para controlar o riso. Stannis sempre com seu jeito mal humorado, uma herança de seu avô era o que diziam.  

— Você não sabe o que é está apaixonado, Stan – disse Robert ainda com um sorriso no rosto – Lyanna é muito mais do que uma garota nortenha qualquer. Saberá disso quando a conhecê-la.

— Está bem – falou Stannis cheio daquela conversa idiota sobre a noiva de seu irmão que era basicamente o assunto das cartas dele nas últimas luas. – Você não tem um barco para embarcar? – E Robert sorriu enquanto entrava no Orgulho do Vento.

Stannis então se viu recebendo Renly dos braços da mãe. Ele pegou seu irmãozinho com cuidado como geralmente fazia e se viu frente a Cassana Baratheon.

— Prometa-me que irá cuidar de seu irmão, não vai? – Foram as palavras de Cassana como se ela soubesse que por mais tolas que poderiam soar ainda assim precisavam ser ditas. Uma mãe que estava deixando dois filhos para trás sendo um deles um bebê de colo. Ela estava a um passo de distancia a frente para abraçá-lo. E então o faz com ternura e deposita um beijo do rosto do filho. Stannis é lento para devolver tal demonstração de carinho por estar com Renly em seus braços, mas o faz.

— Sim – responde Stannis a sua mãe. - Eu vou cuidar dele. Eu prometo.

— Vamos estar de volta o quanto antes – falou Steffon para seu Tio Harbert Baratheon e ao Meistre Cressen – Se os deuses forem bons encontraremos uma noiva de sangue valyriano acentuado e de boa família para Príncipe Rhaegar. E o mais importante que seja de agrado ao Rei Aerys.

— Porque não queremos despertar a fúria de um dragão não é mesmo? – respondeu Harbert Baratheon ao sobrinho – É difícil imaginar que aquele homem seja mesmo filho do pai dele.  São tão diferentes... – ele suspirou - É o que dizem sobre o ditado a respeito dos Targaryens. Sobre como os... – mas ele foi interrompido pelo lorde.

— Por favor, tio. – disse Steffon – Não, tudo bem? Só não diga.

— Está certo, que os Sete lhe acompanhem nessa viagem. – disse Harbert Baratheon e os dois apertaram as mãos. Cassana pode ver o olhar do filho em direção do pai e do tio-avô.

— Você acha que irão conseguir? – questionou Stannis.

— É uma missão deverás complicada, porém deve ser feita ao menos para fazer com que o rei saiba que terá de contentar-se com outra noiva para seu filho. – disse Cassana - Mesmo que falhemos, estaremos de volta para Ponta Tempestade. Vai ser quase como se nunca tivéssemos ido embora.

Era uma resposta sincera porque Cassana gostava de ser sincera com Stannis desde que percebera que ele recebera muito dela no que se dizia respeito a cumprir regras e deveres. Ela deu um beijo na testa do bebê e então se afastara seguindo próxima de Steffon, que então laçara o braço e entrelaçou os dedos.

— Ouça e respeite as opiniões de Meistre Cressen e de seu Tio Harbert - pediu Steffon Baratheon como se elas fossem necessárias em serem ditas – Eles estão aqui para orienta-lo, aconselha-lo e instrui-lo no que tiver de fazer. Não deixe os muros sem a vigília de guardas. E, pelo amor dos deuses, Stannis... – ele fez uma pausa - Segure sua língua e pense duas vezes antes de falar ou agir de uma forma que...

— Steffon – pediu Cassana – Ele sabe de todas essas coisas.

— Sim, eu sei – respondeu Stannis.

E Steffon sorrira para seu garoto e seu olhar sério que o fitava. Como se toda a maturidade que faltasse em Robert havia sido dada em excesso para o segundo filho. – Apenas fique em segurança.

— Nós te amamos, querido – disse Cassana.

E ele pensou: Eu também amo vocês. Mas nada soara de sua voz apenas manteve-se em pensamento enquanto os via subindo naquele navio e como Orgulho do Vento partia no horizonte e ele só era capaz de ver. Stannis se arrependeria muito por não ser capaz de falar aquilo em voz alta, se ao menos ele soubesse que era a última vez. Que essas são as últimas palavras que ele nunca disse a eles.


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Notas finais do capítulo

Algumas curiosidades sobre o capitulo:

~ 278 D.D. - É como se é medido a passagem de tempo em Westeros. a sigla D.D. significa Depois do Desembarque (de Aegon, o Conquistador).
~ Lady Cassana, ela usa o nome do marido porém sua casa na época de donzela era Casa Estermont de Pedraverde.
~ Sor Harbert, não é citado se ele é realmente um Baratheon apenas sabemos que ele é um tio-avô para Robert, Stannis e Renly. Ele era o Castelão de Ponta Tempestade nesse período.
~ Meistre Cressen, é dele o prologo em Fúria de Reis.

Enfim, espero que tenham gostado do primeiro capitulo.
Deixem seus comentários.
Até mais.



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