I still walk escrita por Claymore


Capítulo 9
Capitulo 9


Notas iniciais do capítulo

Feliz Ano Novo genteeeeee.... primeiro capitulo do ano.



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Quando entramos na casa, percebi logo que ela era muito mais pessoal do que a casa onde eu estava . Tinha fotos de Spencer e de sua mãe com homem alto de cabelos castanhos. Ele usava  uma blusa branca,  seus rostos estavam corados , com palmeiras atrás deles. Uma típica imagem de férias de família. Uma família feliz eu diria. Não as de comercial de margarina, mas sim essas de condomínio, e isso só serviu para solidificar minha teoria de que esse era o tipo de rapaz que o Spencer era, um garoto de condomínio caro.

Entramos na casa e sua mãe me esperava com uma xicara de chá inglês na mesa da cozinha , que tinha azulejos que tinham tons de azul e rosa claro. Sua mãe usava roupas de jardinagem e isso explicava as luvas com terra na pia da cozinha.

Nos sentamos e tomamos o chá de capim santo sem açúcar , mas isso eu já esperava. Conversamos primeiro sobre o que eu tinha passado ultimamente, e eu não pude evitar de ser meio monossilábica nas minhas respostas. Algo dentro de mim me impedia de ser completamente aberta com essa estranha e o pensamento de ter o Rick aqui me veio à mente muitas vezes.

Talvez fosse o fato de que eu não conseguisse me concentrar por mais de um minuto nas perguntas, ou talvez  eu pensar na minha vida amorosa, ou melhor, na inexistência dela, mais do que nas respostas simples como: “ o que você gosta de fazer?”. Do que eu gosto? Eu nem sei mais, mas me limitei a dizer “ muitas coisas” ou “ não tenho certeza”. O que eu tinha certeza era que eu parecia uma menina perdida e confusa.

Depois de um tempo acho que a entediei, porque ela logo pediu que seu filho que esperava na sala, me levasse até o galpão.

— Então, esperamos você amanha cedo no galpão. Tenho certeza que você vai ser bem útil lá.

— Obrigado.

Segui Spencer ate o jardim e descemos a rua em direção à casa de Rick. Eu não podia fazer ideia da hora, mas o sol logo estaria no pico, então imaginei que estava próximo do meio dia, talvez as dez da manha.

— Então... o que você faz aqui?

Obviamente ele não esperava que eu puxasse assunto, mas eu precisava tirar minha mente daquele luar húmido e frio que ela  ainda estava escondida atrás de alguma porta no final de um corredor escuro.

— Bem... eu busco suplementos e as vezes ajudo a recrutar .

—  Recrutar?

— É ... Trazer pessoas.

— E porque vocês fariam isso?

— Para que as pessoas do mundo possam me conhecer.

Parei nossa caminhada em frente ao jardim da casa de Rick e não pude evitar de rir um pouco, essa eu não esperava.

— Olha só, ela sabe rir.

— Isso foi um espasmo .

— Claro.

Esse garoto era engraçado, mas todos eles não eram? Com o tempo percebi que somente as coisas boas ficaram na minha lembrança. Ate mesmo as coisas ruins do antigo mundo, eu via coisas boas. Existia poluição. Sim, mas existiam pessoas para poluir. Como esse garoto. Existiam vários dele no meu mundo antigo, e todos eram arrogantes e irritantemente bonitos, mas isso fazia com que Spencer se destacasse aqui nesse mundo fudido. Sua arrogância era charme e sua beleza era refrescante em meio aos cadáveres.  

Em quanto ainda tentava disfarçar meu sorriso que me traia, me virei e virei e me dirigi ate a porta, mas minha visão parou em uma cena que vi a alguns metros, aproximadamente na casa ao lado.

Daryl estava próximo a porta lateral, quase em frente à porta e ao painel de energia que o tinha visto na noite passada. Mas dessa vez ele estava ao lado da grande arvore. Nela havia uma escada branca de madeira. Suas madeiras eram desiguais e sua pintura parecia superficial o que me fez pensar que foi feita por uma pessoa que não tinha muitos conhecimentos de carpintaria.

Ao seu lado aquela mulher loira estava em pé, vestia um vestido vermelho sem mangas. As alças finas percorriam seu pescoço fino e delicado, deixavam seu busto bonito. Era rodado e ela usava sandálias de dedos brancas ou beges, com a claridade eu não conseguia ver muito bem. Seu cabelo loiro estava amarrado em um coque despojado e meio solto. Em suas mãos um copo de vidro com agua.

Daryl pegou o copo e bebeu a agua, algumas gotas caíram em sua camiseta branca aparentemente , pois sem jeito ele passou a mão pelo seu peito e logo colocou a mão no bolso traseiro para pegar um lenço vermelho que estava lá e passou na testa. Eu nunca o tinha visto de branco.

A loira reparou em nós ali ao lado olhando para eles e acenou com um sorriso de Miss .Daryl nos olhou e ficamos assim. Os quatro nos encarando. Eu sabia que Spencer não vazia ideia do que estava acontecendo, mas eu podia postar que ela sabia. Provavelmente Daryl deve ter contado sobre mim. Contado o que ? O que tinha para contar? Nada foi dito. Mas por algum motivo a raiva subiu para minhas bochechas, e como eu queria ter visão de raio laser nesse momento, para acabar com esse sorriso de Barbie Malibu.

Virei o rosto, dramaticamente de mais e fui andando com passos fortes até a porta de madeira branca da casa. Não olhei para saber se o Spencer estava me acompanhando, mas como a porta não bateu quando passei por ela imaginei que ele a tivesse parado e entrado logo atrás de mim. Comecei a subir as escadas cuspindo as palavras para quem estivesse ouvindo.

— Já volto.

Fui ate meu quarto e peguei a sacola com as roupas e me olhei por um instante no espelho. Meu reflexo era bobo, de uma garota boba. Olhos grandes, boca tensa e bochechas vermelhas. Respirei algumas vezes e abaixei meu olhar para meus pés. Eu não podia agir assim. Preciso me acalmar e pensar com calma.

— Tube bem. Tudo vai ficar bem. Você vai ficar bem.

Uma ultima puxada de ar fresco e fui ate a sala onde Spencer estava me esperando próximo à porta. Ele me olhava com curiosidade e um sorriso provocador .

— Você é bipolar?

— O que?

— Você é bipolar?

— Não.

— Tudo bem então. 

Spencer levantou os ombros e levantou as sobrancelhas com uma expressão de quem diz : “tanto faz”.

— Desculpe.

— Pelo que? – Ale tinha uma expressão confusa mas ao mesmo tempo divertida.

— E difícil explicar.

— Tudo bem. Um dia você me conta.

— Você é sempre tão compreensivo?

— Só quanto tento impressionar alguém.  

— É sincero?

— Aprendi que não temos tempo para mentiras e indecisões.

Então ele me roubou uma reação que eu não tinha há muito tempo. Um sorriso sincero.

— Boa resposta garoto.


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