Seattle, 2009

Edward's Point of View

Isabella. O nome rodava por minha mente, repetidas vezes, enquanto eu tentava me concentrar em meu projeto. Seus olhos castanhos atormentavam-me, como se ela me encarasse nesse exato momento. Possuía uma beleza tão clássica… Refiz-a em meus pensamentos, sua pele claríssima como porcelana, os cabelos caindo em ondas pelas costas semi-nuas. O vestido azul marinho. Por que ela tinha de estar usando minha cor favorita? Eu queria acreditar que era proposital.

Aquele vestido de alças finas. Eu a queria sem ele. Queria beijar seu lábios em formato de coração e toda a extensão de seu pescoço. Sentir sua pele na minha, suas mãos pequenas em minhas costas. Concentrar-me em um encontro profissional tinha sido difícil demais, intenso demais. Dolorido. O seu jeito tão espontâneo de falar, como ela ficava nervosa em frente a decisões pequenas, tudo havia deixado-me instável.

Suas sobrancelhas franzidas enquanto ela encarava o cardápio do café. Estava em dúvida entre cappuccino ou latte, supus.

— Não sei se quero cappuccino ou latte. - riu nervosa, passando os dedos pelo cabelo. Seus olhos encontraram os meus. Ri para ela, mas aquilo tudo estava de certa forma me angustiando. Não sua forma de ser, ela era adorável. Isabella Swan era a mulher mais bonita e incrível que já cruzara meu caminho. Mas sim a forma com a qual eu conseguia prever todas as suas ações.

Porque eu a conhecia. Eu conhecia seu jeito indeciso, teimoso, tímido quando conhecia alguém, espontâneo quando se sentia à vontade. Eu sabia que estava a deixando nervosa, mas não conseguia pensar em nada para remediar a situação. Eu estava igualmente nervoso, entretanto de forma muito pior.

A única coisa que eu poderia fazer - e fiz - era tentar desviar sua tensão a respeito da escolha de seu café e focar em nosso projeto. Eu não fazia ideia de quem havia me indicado para ela. Eu já havia me tornado um grande arquiteto, depois de me formar em Boston. Estava feliz em me estabilizar na cidade em que sempre vivi, junto à minha família. E reencontrá-la, frente a frente, foi como uma bala perdida. Pegou-me completamente despreparado.

Levantei de minha mesa, caminhando pelo ambiente completamente iluminado por um dia ensolarado. Servi-me de café. Eu precisava livrar-me do devaneio remetente ao último encontro que tive para tratar de negócios, na tarde do dia anterior.

Fazia tempo que eu não me sentia tão sufocado pelo passado.

Minha ex-noiva. E ela não sabia quem eu era.

Ela apertou minha mão e apresentou-se. Ela perguntou meu nome, porque eu não fui capaz de dizer. Eu queria que ela soubesse. Queria que ela dissesse, esperava que ela dissesse.

Nunca me deparei com algo tão assustador quanto a mente humana.

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