Yuri! Euphonium escrita por Mirai


Capítulo 6
Capítulo 5




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Quando Kumiko chegou em casa, correu em direção ao seu quarto, chorando. Pegou seu celular para ver que horas eram, e viu que havia uma mensagem. Assim que abriu, viu que era de Reina, e que havia sido enviada pouco depois que saiu para o festival. Após lê-la, entendeu tudo o que tinha acontecido, fazendo com a eufonista chorasse muito. ‘’Então era a prima dela… o tempo todo! O que foi que eu fiz?!’’, pensava, em desespero. Kumiko chorava, enquanto segurava o colar de coração que Reina havia jogado neles.

Quando Reina chegou em casa, sua prima já estava dormindo. Ela nem tirou o yukata e se jogou na cama, chorando muito. Enfiou o rosto no travesseiro, sem acreditar no que tinha visto. “Por quê?! Eu achava que ela me amava esse tempo todo… quantas vezes ela já deve ter feito isso? Foi um erro me envolver com ela… o maior erro da minha vida… Reina, sua idiota”. Sua mente era um misto de tristeza e raiva. Não parou de chorar por um segundo, até que ouviu o celular tocando. Como esperava, era Kumiko. Tentou se recompor minimamente e atendeu à ligação, mas sem falar nada.

— Reina, me desculpa! Deixa eu te explicar o que aconteceu… – dizia em lágrimas – há alguns dias, quando você não pôde ir ao café, soube que você estava com uma garota naquela noite. E que a beijou… Mas eu não acreditei e então te chamei para sair de novo. Mas você não pode ir novamente e eu comecei a me preocupar, eu fiquei muito triste. E você não me falava dos seus compromissos… – fazia algumas pausas, para respirar entre o choro e desespero – e então te chamei para o festival hoje… e você havia confirmado! E aí eu saí animada de casa e fiquei esperando… esperando… Mas você não chegou. Eu havia esquecido o celular em casa. Eu ia embora… Só que o Shuuichi me viu e perguntou por qual motivo eu não estava com você e eu falei que você não pôde ir e ele disse que você estava lá… com outra garota. E quando eu te vi feliz… fiquei desesperada. Eu saí correndo e chorando e ele foi atrás de mim. Eu ia embora, mas ele não me deixava ir embora. E depois mandei que ele me deixasse ir, mas paramos numa praça e então ele… ele me beijou...

Reina ouviu a toda a explicação de Kumiko em um silêncio que chegava a ser assustador. Após alguns segundos, falou de forma fria.

— É só isso? Nunca mais ouse falar comigo novamente. Eu não sabia que eu namorava uma vadia… Vou repetir: não se atreva a dirigir a palavra novamente a mim, Oumae Kumiko. Adeus.

Reina desligou a chamada. Kumiko tentou ligar novamente, mas Reina recusou a ligação e desligou o celular. Voltou a chorar bastante. Mesmo que tivesse bancado a “garota fria”, não conseguia deixar de pensar em Kumiko e naquela cena. Naquela noite, nenhuma das duas conseguiu dormir em momento algum.

Na segunda, nenhuma das duas foi para a aula. Hazuki e Sapphire, obviamente, estranharam a ausência das duas e desconfiaram. Então, a contrabaixista sugeriu para irem às casas delas.

— Gomen, Sapphire, mas hoje eu não posso! Preciso comprar uma coisas que minha mãe pediu e voltar o mais cedo possível....

— Midori desu! Tudo bem, Hazuki-chan… Midori está preocupada com elas, então vou passar nas casas de cada uma! – falou fofamente.

Então, após o ensaio da banda, Sapphire foi à casa de Kumiko. Após bater na porta, foi atendida pela irmã dela, Oumae Mamiko.

— Você é aquela amiga de Kumiko, certo?

— Hai, sou Midori! Kumiko-chan faltou à aula hoje… Midori queria saber se está tudo bem! Aproveitei e trouxe anotações das aulas!

— Ela está trancada no quarto desde domingo, se quiser tentar falar com ela, pode subir. Quer tentar levar comida? Quem sabe você possa fazer Kumi-chan comer alguma coisa

— Hai! Então, com licença…

Sapphire entrou na casa e pegou um prato de comida, oferecido por Mamiko. Foi até o quarto de Kumiko, que estava trancado. Pôs a comida no chão e bateu à porta.

— Kumiko-chan?! É Midori! Você está bem? Trouxe as anotações da aula!

— Sapphire? Poderia deixar aí na porta? Depois eu pego… Eu não quero que me veja agora, desculpe… – falava em um tom triste.

— Tem certeza? Midori também trouxe comida!.

— Eu não estou com fome, pode comer, é melhor. Depois a gente conversa. Desculpa, Sapphire.

Sapphire fez uma expressão um pouco triste, mas tentou ser compreensível. Normalmente, tentaria animá-la mais, mas viu que era algo bem sério. Então, deixou as anotações à porta dela e se despediu. Agora, iria à casa de Reina.

Ao chegar lá, foi recebida pela mãe da trompetista, que convidou Sapphire para entrar. Sapphire entrou e a mãe de Reina a levou até o quarto da filha, batendo na porta.

— Reina, sua amiga veio te visitar, trouxe anotações das aulas de hoje.

— Quem é? – dizia um pouco baixo, quase inaudível.

— Midori desu~! – Sapphire dizia entusiasmada.

— Sapphire? Pode entrar…

— Midori! – resmungou baixinho, fazendo biquinho.

— Em breve trarei chá e algo para vocês comerem – a mãe aproveitou a oportunidade para tentar fazer a filha comer, já que ela não havia comido desde que havia chegado em casa.

Ao entrar no quarto, Sapphire viu Reina enfiada na cama, debaixo de cobertores. Sentou-se na cama, próxima a ela.

— Reina-chan, o que houve…?

— Eu… – pausou, pensando se deveria ou não falar sobre aquilo, mas, como sentia-se sufocada guardando aquilo, decidiu desabafar – eu vi Kumiko beijando alguém.

Sapphire espantou-se. Não acreditava que Kumiko pudesse fazer algo assim, mas também sabia que Reina não falaria algo do tipo sem ter certeza. “Agora faz sentido as duas assim…” Não sabia direito como agir nesse tipo de situação.. Pensou em questionar mais, mas pensou que isso poderia irritar ou entristecer Reina mais ainda. Então, colocou uma das mãos sobre a cabeça de Reina e a acariciou.

— Reina-chan… se precisar chorar ou falar algo, Midori está aqui, ok? – falou de forma calma, sem querer pressioná-la.

Reina acabou lembrando de toda aquela cena nojenta novamente, o que a fez chorar, e chorar muito. Durante todo esse tempo, Sapphire ficou quietinha ao lado dela. Segurou em uma das mãos da Reina até que ela dormisse, coisa que ainda não tinha feito. Então, a contrabaixista levantou-se e foi soltando a mão de Reina lentamente. Antes de fechar a porta do quarto, a olhou, desejando de coração que ela e Kumiko voltassem a se entender.

— Oyasumi, Reina-chan.

 

Sapphire saía do quarto quando a mãe chegou com chá e sanduíches.

— O que houve? Ela te pediu para sair? – falou em tom de preocupação.

— Não… na verdade, ela dormiu! Acho que ela estava um pouco cansada… – falou olhando para baixo, com seu jeitinho meigo.

— Oh, tudo bem. Não quer comer antes de ir? Já está tudo preparado mesmo. Irei colocar na mesa, venha, faço questão.

— Nesse caso,  Midori aceita!

Enquanto Sapphire lanchava com a mãe de Reina, elas conversavam sobre alguns assuntos sem importância. Após algum tempo de conversa, Sapphire foi embora, dando um sorriso fofo para a mãe de Reina, que pediu que ela voltasse mais vezes.

Na manhã seguinte, Kumiko decidiu ir à aula. Não se sentia disposta, mas tinha esperança de que Reina também iria e conseguiria conversar com ela. Queria tentar se explicar novamente. Não aceitaria ficar sem a menina que tanto amava. Chegou cedo na escola, indo diretamente para o clube de música, acreditando que Reina estaria lá. Mas ninguém havia chegado ainda. Depois foi ao telhado, mas também não estava lá. Então, frustrada, foi para a sala de aula esperar que as aulas começassem logo.

No intervalo, não conseguiu comer nada. Viu Saphhire de longe e resolveu ir até ela, para pelo menos agradecê-la por ter levado as anotações de ontem.

— Sapphire, obrigada pelas anotações da aula de ontem – sorriu um pouco.

— Ah… sem problemas, Kumiko-chan. Hm, depois nos falamos – Sapphire nem ao menos “corrigiu” seu nome. Tentou disfarçar e foi embora dali. Não conseguia encarar Kumiko após ter ouvido aquilo de Reina.

Kumiko notou que Sapphire agiu um pouco diferente do usual, então depois que a visse perguntaria o que houve. A eufonista decidiu que iria até a sala de Reina, para que pudesse conversar com ela. Porém, quando chegou lá, descobriu que ela não havia ido para a aula. Já ia voltando para sua sala, quando sentiu um toque em seu ombro. Ao virar-se, viu que era Shuuichi. A garota de cabelos castanhos ficou furiosa.

— NÃO ENCOSTA EM MIM! EU TE ODEIO! VOCÊ ME MANIPULOU… Mentiu para mim, eu… eu não acredito nisso, você destruiu tudo com ela… – Gritava com o amigo, já chorando.

— Kumiko, não! Eu fiz isso porque te amo… te desejo… Você não percebeu naquele dia que eu realmente gosto de você?

— Quem ama não faz o que você fez! Isso que você fez foi só um joguinho, não fale nunca mais comigo. NUNCA MAIS, ESTÁ ME OUVINDO?! – Ele tentava encostar na garota, que deu um tapa em sua mão – Não encoste essas mãos imundas em mim. Nunca mais.

Kumiko virou-se e saiu chorando. Aquela cena chamou a atenção de muitos estudantes, que pararam para olhar. Sapphire observou a tudo de longe. Na cabeça dela, algumas coisas começaram a se encaixar. “Então Kumiko-chan foi manipulada? Mas não faz sentido… se elas se amavam tanto, ela deveria confiar em Reina, certo? Midori não entende…”

A contrabaixista decidiu que passaria na casa de Reina novamente. Como ela não foi à aula, imaginou que ainda estaria bem mal. Ao chegar lá, foi novamente recebida pela mãe, que a convidou para subir. Bateu na porta do quarto.

— Reina-chan? É Midori! Posso entrar?

— Pode, sim… – continuava falando baixo. Sua voz saía um pouco rouca, de tanto que já deveria ter chorado.

Como havia feito no dia anterior, Sapphire entrou no quarto e sentou-se próxima a Reina, na beirada da cama.

— Você está melhor, Reina-chan? – Sapphire pensou em contar sobre a cena entre Kumiko e Shuuichi, mas decidiu que era melhor não.

— Acho que… um pouco – suspirou, cansada – melhor do que ontem… Obrigada.

— Você precisa se alimentar, Reina-chan. Midori trouxe comida! – tirava um sanduíche de patê de frango caseiro da mochila, o dando na boca de Reina, que não contestou e deu algumas mordidas.

— Obrigada, acho que já está bom. Não dá para comer tanto de uma vez, depois de algum tempo sem nada – deu um sorriso que demonstrava cansaço.

— Hai! Pelo menos já é alguma coisa! Reina-chan, você não pode faltar a tantas aulas… Não quer ir amanhã?

— Hm… – pensou por um tempo, antes de responder – talvez eu vá… e temos que ensaiar no clube, a próxima competição se aproxima.

— E se Midori passar aqui antes da aula para irmos juntas?

— É… pode ser. Uma boa ideia. Obrigada, Sapphire.

— Midori desu! – fazia um biquinho, mas logo sorria – então está combinado! Iremos juntas!

No dia seguinte, como combinaram, Sapphire passou cedo na casa de Reina, que a esperava. Ela continuava com um semblante de tristeza. Durante a viagem, Sapphire a ficou cutucando e falando, o que deixou a trompetista um pouco mais animada. Quando chegaram na escola, ainda estava um pouco vazia. Haviam chegado cedo lá. As garotas foram para o clube de música, pois Sapphire havia comentado algo sobre a competição que tinha deixado Reina com vontade de treinar assim que chegasse. Elas tocaram por algum tempo, mas foram interrompidas por uma porta que foi aberta com certa força. Ambas olharam. Era Kumiko, que havia corrido após ouvir o som do trompete da amada.

— Reina… – Kumiko a encarava, enquanto segurava as lágrimas.

Reina a olhou por alguns segundos, mas logo virou o rosto, voltando a tocar o trompete.

— Kumiko-chan… – falou Sapphire, um pouco preocupada.

Kumiko entendeu que a garota não queria falar. Ficou com medo de forçá-la e ela gritar com ela ali mesmo, o que ela não queria. Então fechou a porta do clube e saiu, chorando um pouco. Logo enxugou as lágrimas e foi para a sala de aula.

— Reina-chan… você não vai falar com ela?

— Não… – disse, sentindo uma dor no peito – agora vamos voltar ao treino, Sapphire. Eu já perdi muito tempo por causa daquela… por causa de Kumiko.


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