Já tinha se passado alguns minutos desde o último sermão que Damon me dera, o que definitivamente era um espaçamento considerável já que o passatempo favorito desse homem é me repreender de todas as formas possíveis. Damon me crítica em tudo e a coisa mais chata nisso tudo é que as coisas que eu faço são tão bobinhas!  

   — Elena — Revirei os olhos e ele veio até mim, arrancando da minha mão um jarro de porcelana que estava prestes a ir parar dentro da minha caixa — Eu não te falei você não pode sair por aí pegando as coisas dos outros para você?  

    Eu não disse a vocês que ele reclama por tudo?!  

   — Aí Salvatore, você é tão egoista! Você nem precisa desse jarro, ele é bonito demais para combinar com um ambiente frequentado por você — Cruzei os braços e Damon foi colocar o jarro de volta no lugar.  

   — Há, oh minha querida, eu — Apontou para si próprio — Sou uma delicinha sem tamanho e de acordo com a revista da SSomerforbes, eu sou o homem mais bonito do mundo.  

   — Claro não é, meu amor. Não tem nada de estranhamente incomum no fato de você ser eleito o mais bonito do mundo pela sua própria revista? — Debochei e ele apertou os olhos. Por fim, ganhei a discussão e dei a ele um longo sorriso amarelo. Literalmente amarelo, já que custear uma limpeza odontológica é algo que ainda esta acima do meu padrão financeiro.  

   — Hum, pare de roubar minhas coisas! — Disse e voltou a guarda um montão de papeis numa pasta de cor azul. Bufei entediada olhando dentro da minha caixa recém-feita, tinha alguns porta-retratos, livros, algumas bugigangas que eu usava para me distrair quando não tinha nada melhor para no trabalho. 

   O porta-retratos mais visível mostrava uma linda família americana, tão linda que parecia ter sido tirada de uma revista. E não é que realmente ela tinha sido tirada de uma? E Opa lá, antes da me julgar analisem a situação. Todos na empresa tinham porta-retratos sobre a mesa, ostentando suas lindas famílias, com suas crianças catarrentas e de dentes mais brancos que os meus. E eu, Elena Gilbert, como uma garota não-invejosa, também desejei ter algo para mostrar. Então paguei suados 5 dólares numa revista antes de cortar a foto, e adivinhem? Ninguém notou! 

   Digamos que meus colegas não prestavam muita atenção em mim, até que... Eu e Damon assumimos um compromisso sério. Alternei o olhar entre o porta-retratos e a janela que estava com a persiana abaixada, impedindo Sybil, a secretária do Damon, de nos observar. Por ser chefe, Damon tem um andar só para ele, que é a cobertura por acaso, e que o da total privacidade já que aqui só trabalha ele e Xybil atirada.  

   Sim, Xibil atirada! Eu sei que o meu relacionamento com o Damon é fictício, mas eu não estou nem um pouco afim de ficar ostentar um par de chifres.  

   — Você tem uma família assustadoramente bonita — Sussurrou Damon por cima do meu pescoço, fazendo eu me arrepiar toda. Sorrir sem graça notando que tinha tirado o porta-retratos da caixa. Ele definitivamente não precisava saber da verdade.  

   — Ob-obrigada — Sussurrei sem graça, pedindo aos céus para que ele se afastasse. Damon estava tão próximo, que eu conseguia sentir seu membro roçando de leve na minha bunda. Acho que ele notou o meu desconforto, e como o bom malandro que é, provocou ainda mais, pondo as mãos na minha cintura. 

   — Comprei um vestido lindo para você usar essa noite — murmurei fingindo está interessada em outras coisas — Ele é vermelho, você deve ficar tão bem nessa cor.  

   — Você também, Salvatore — Entrei no jogo — Então é por isso que eu te digo... Se afaste, e tire suas mãos abusadas da minha cintura, senão eu vou lustrar essa sua feia cara branca com um tapa tão forte que vai te virar do avesso, e você vai ficar igualzinho a um tomate.  

   Sentir Damon se afastar e jogar a cabeça para trás, dando risada descontroladamente.  

   — É por isso que eu gosto de você, Gilbert. Por toda essa fachadazinha de garota tonta, você é uma verdadeira gênia! Me enganou direitinho, achei até que eu estava conseguindo te seduzir.  

   — Nunca, querido — Mentir enquanto me virava para encara-lo — Sou esperta demais para me deixar ser seduzida por você.  

   — Bom, muito bom isso — Coçou a barba — Assim eu posso te provocar eternamente com flertes inacabáveis, sem correr o risco de você se apaixonar por mim.  

   — Haha, eternamente uma pinoia? Se continuar com isso, eu vou mandar você ir se lascar — Colocou a mão no tórax, fingindo estar ofendido — E, por favor, eu sou uma profissional. Fingi direitinho que você me deixou sem graça e me desequilibrou — Ele arqueou uma das sobrancelhas e cruzou os braços debochado, eu me aproximei ameaçadora, apontando o dedo no peito dele — Nós dois sabemos que sou eu quem tenho o controle nesse lance de nós de dois.  

   — Nesse lance de nós dois? — Brincou, mas notei que ele estava meio ofegante.  

   — Não se apaixone por mim, Salvatore — Ele deu alguns passos desequilibrados para trás e eu o seguir, mantendo o dedo firme no meu peito — Você pode se esfregar em mim o quanto quiser, tentar flertar, se quiser pode até andar nú na minha frente — POR FAVOR, NÃO, ou SIMMMMM  — eu vou te provocar e provavelmente vou mandar você vazar, então, não se iluda achando que vai para cama comigo está bem? — Dei uma piscadela divertida, tentando quebrar a tensão sexual que se instalou por nossa aproximação. Damon soltou o ar que estava prendendo, e deu uma risada desconcertado. YUP! Não acredito que conseguir desestabilizar Damon Salvatore.  

   — Não comemore — Me afastei e ele coçou o pescoço — Qualquer mulher consegue fazer isso comigo — Disse sem graça e eu fiquei sem entender, até que ele olhou para baixo e eu notei uma ereção contida, corei da cabeça aos pés — Vou no banheiro.  

   PUTA MERDA, CARALHO, O QUE EU FIZ? AAAAAAAAAAAAAAAAA  

   Quando Damon entrou no banheiro, eu me atirei rapidamente na cadeira de couro. Respirei fundo tentando não surtar. FOCO, ELENA. FOCO. Damon deve está agora no banheiro batendo uma punheta em minha homenagem, puta merda!  

   Dei um pulo da cadeira e fui até o supersom, enchendo um copo de água gelada.  

   EU TENHO O CONTROLE, gritei mentalmente. Não vou para cama com o Damon, eu sou inteligente, não posso perder esse emprego e colocar as coisas em risco indo para a cama com aquele cafajeste. PRECISO DESSE DINHEIRO, joguei o copo vazio na lixeira. E andei até a minha caixa, tentando me distrair com as coisas que tinha dentro. Mas meu flerte com o Damon não saia da minha cabeça, então fechei a caixa irritada. Peguei meu celular na bolsa e vi que ainda era 16:00, a empresa não estava muito movimentada hoje, já que é sábado. Mas Alice provavelmente ainda deve estar no seu setor. Não fazia muito tempo desde o momento em que eu falei que era verdade os boatos sobre mim e o Damon. 

   AGGR, todos os meus pensamentos vão parar no nome desse endemoniado. Maldita hora em que eu aceitei a sua ajuda para embalar as minhas coisas, apesar dele ter chegado bem atrasado e não ter ajudado em NADA! E agora eu estou aqui, esperando ele se aliviar para me levar para casa.  

   Olhei sugestiva para a caixa em cima da mesa. Eu não preciso da carona dele, nem que ele carregue a minha caixa. GIRL POWER. Posso fazer qualquer coisa sozinha.  

   Peguei a minha bolsa, a colocando no meu ombro direito, e fui até a enorme caixa de papelão. E PUTA MERDA! Porque tão pesada? Ok, vamos lá, Elena.  

   Respirei fundo e tentei levanta-la novamente, mas ela não saia do lugar. DROGA, tentei novamente, e nada. Já exausta e quase com todas as pregas do cu perdidas, mas conseguir levantar aquela bagaça. Aproveitando meu momento de sorte e de vitória, dei uma corridinha desastrada até a porta, abrindo a mesma com uma mortal dificuldade. Por fim, passei por Sybil, ou melhor, Xybil, que me olhou meio assustada. 

   Ao entrar no elevador, que era privado do Damon, já que o ridículo era individualista. Eu larguei a caixa no chão. E olhei triste para ela, seria humilhante ter que voltar lá com ela. Damon acabaria de rir da minha cara. Mas eu não tenho dinheiro para o taxi AINDA e o metro deve estar tão cheioooooo.  

   Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta foi aberta no térreo, que não estava muito movimentado. Tinha as funcionárias da recepção e alguns seguranças, que não me notaram. Me abaixei pesarosa e tentei inutilmente carregar a caixa, o que não deu certo. Já que a porta do elevador FECHOU. Surtei e avancei contra os botões apertando qualquer outro andar que não seja a cobertura descontroladamente.  

   Por fim, como eu sou a pessoa mais sortuda do mundo, o andar se abriu bem na cobertura. Felizmente não dei de cara com o Damon, mas Sybil estava lá, me olhando com cara de deboche.  

   — Voltou foi? — Disse com sua voz de piriguete. Mostrei o dedo do meio para ela antes da porta do elevador torna a fechar, enquanto descia para o terreo eu tive uma ideia genial. Tirei um bloquinho de anotações da bolsa, e anotei um recado para o Damon. Mas enquanto o escrevia, o elevador fazia repetidamente o mesmo percurso de subir até a cobertura – o que fazia a arrogante da Xybil me olhar como se eu fosse uma retardada-  e descer até o térreo, várias vezes.  

   “Salvatore, você não vai acreditar.  

Fui abduzida por uns homenzinhos verdes extremamente simpáticos que antes de me colocarem em uma enorme nave espacial junto com um monte de vacas – semelhantes à sua secretaria, me deixaram lhe escrever esse bilhete. Os et’s não me deixaram levar essa caixa, disseram que ela foi contaminada por você! Então, já que você que a culpa da caixa ter ficado nesse elevador é sua, o mínimo que você pode fazer é leva-la até o mercadinho dos Joys Joys, perto da avenida 56, é um verde e fica embaixo do edificio ‘Eve’s Right’ 

Beijinhos da sua mulher, Elena’’.  

   Animada com a minha ideia, colei o papelzinho na parte de cima da caixa, e dei um pulo para fora do elevador. Estava na cobertura, e notei que o punheteiro do Damon ainda não tinha saído do banheiro, então corrir até a sala e peguei o jarro, o colocando dentro da minha bolsa. E voltei para o elevador, antes que ele descesse novamente para a cobertura. Quando sai, já no térreo, fui notada por algumas meninas da recepção, que me olharam da cabeça aos pés, e comentaram o fato de eu estar saindo do elevador do Damon. Me sentindo poderosa, joguei o cabelo por cima do ombro e sai da empresa pisando firme.  

   Certamente estava tarde demais para ir visitar a Bella, mas a tarde ainda é só uma criança. E, eu estou em Nova Iorque. Ok que pobre, mas eu ainda estou em Nova Iorque. Sorridente, tirei o jarro que peguei na sala do Damon de dentro da bolsa.  

   Então hoje sou eu, e o jarro.  

LEIAM NOTAS FINAIS, É IMPORTANTE!