Abaixo de nós os carros em Manhattan voltavam pra casa, já era fim de tarde e íamos em direção ao Empire State Building. Anthony ficou atônito quando percebeu a grande nuvem que jazia em cima do prédio. Podíamos ver os templos de ouro refletindo a luz do sol. Tivemos que explicá-lo sobre o porque do olimpo ficar no topo do Empire State Building, mas por fim eu acho ele aceitou como mais uma dessas coisas bizarras que faziam parte da nossa vida agora.

Apolo aumentou a altitude e pudemos ver o olimpo do alto. O grande caminho de pedras cortando o céu que levava até o topo da grande montanha onde jazia o maior palácio de todos, lar dos deuses. Na encosta do grande palácio haviam vários outros, menores mas igualmente belos, todos de mármore branco e várias colunas como costumamos pensar quando se fala da Grécia porém muito mais extravagantes.

Quanto mais perto chegavam podíamos distinguir o grande anfiteatro na encosta da montanha, o coliseu do outro lado e principalmente centenas de criaturas gregas pelas ruas. Haviam ninfas das florestas, sátiros, náiades e vários deuses e deusas menores. Sentimentos como se estivesse na Grécia milhares de anos atrás.

Apolo estacionou bem no começo da estrada.

— Estão prontos? - perguntou ele.

— Nem um pouco - respondi.

Descemos todos do carro e seguimos a pé pela estrada, não era possível subir no carro porque haviam muitos escadas pelo caminho. Enquanto caminhávamos pude perceber varias das criaturas cochichando. As dríades e ninfas suspiravam a cada passo de Apolo, várias acenavam e davam rizadinhas quando ele passava.

Seguimos pela estrada principal em direção ao palácio dos deuses no pico. Durante todo o caminho Apolo acenava de volta pras ninfas como se fosse um daqueles famosos de ego inflado... bem, ele meio que era isso.

Subimos os últimos degraus chegando ao pátio central e em seguida a sala do trono. Os tronos estavam ocupados pelos seus respectivos deuses com exceção de dois, um que obviamente pertencia a Apolo, pois era totalmente de ouro adornado com desenhos de notas musicais, e o outro tinha belas videiras enroscadas por toda sua extensão, que eu supus ser do Sr. D.

Em um dos tronos da extremidade da sala jazia sentado em sua forma humana gigante um homem de olhos sorridentes usando uma camisa vermelha com desenhos de palmeiras, uma bermuda caqui e sandálias de couro. Ele tinha um bronzeado escuro como se passasse horas trabalhando ao sol, como um pescador. Era Poseidon, o pai de Tyson e Percy.

No trono do meio o grande Zeus estava de terno azul escuro onde pareciam haver nuvem de tempestade flutuando, seus rosto fazia parecer que ele tinha uns trinta e cinco anos, ele parecia bravo, tive vontade de me esconder.

Nos outros tronos estavam as deusas Atena, Ártemis, Afrodite, Deméter e Hera, era fácil descobrir quem era quem, elas eram totalmente diferentes. Do outro lado encontrei os olhos cansados de Hermes, o deus Hefesto, Ares e suas várias armas.

— Fechem os olhos. - disse Apolo e então se afastou um pouco de nós, Fechei meus olhos depois de ter certeza que todos tinham feito o mesmo. Quando voltei a abrir Apolo estava do tamanho de todos os outros indo em direção ao seu trono.

— Bem... vejo que ainda estão vivos - disse Zeus como se estivesse decepcionado.

— Contem-me o que aconteceu.

Ficamos em silêncio por algum tempo, eu não queria que fosse eu a contar, não queria ter a atenção deles, estava esperando que alguém do grupo começasse.

Finalmente Poppy deu um passo a frente e começou a contar a história, desde que saímos do acampamento, os monstros que enfrentamos, as caçadoras, quando ela começou a falar sobre a píton Apolo a interrompeu.

— Eles mataram a píton – disse ele. - Eu tenho meu oráculo de volta, isso não é incrível!? - Zeus olhou em sua direção como se não achasse nada incrível, ele o olhou com desdén. Eu não entendia bem o porquê de Zeus brigar tanto com Apolo, mas acho que ele já tinha passado dos limites.

Ártemis, Afrodite, Hermes, Hefesto e Hera pareciam felizes com a notícia, Poseidon e Atena estavam com expressões neutras, pensativos, e Ares parecia entediado.

Poppy terminou a história e Zeus nos encarou por um momento, finalmente ele falou.

— Tudo bem, espero que suas profecias não nos tragam novamente problemas… - disse Zeus, se dirigindo a Apolo. - Vocês semideuses prestaram um grande serviço ao olimpo. Vocês podem ir agora, eu pouparei suas vidas afinal, espero que continuem trabalhando a favor do olimpo, ou haverão consequências perigosas – disse ele agora olhando diretamente pra James. Assim que ele disso isso um trovão ribombou lá fora.

— Agora tenho que ir, espero não vê-los de novo… - disse ele e saiu resmungando algo consigo mesmo.

Alguns deuses vieram nos cumprimentar, Hermes, Afrodite, Ártemis, Apolo também veio falar conosco novamente.

— Ele não estava de mau humor afinal de contas, vocês tiveram sorte! - disse Apolo.

— Não estava? - perguntou Poppy incrédula, pensei a mesma coisa.

Avistei Ares indo em direção à um corredor à esquerda, sozinho, a maioria dos deuses já havia se retirado.

— Vocês vão precisar de uma carona…? - começou a dizer Apolo.

— Ah, eu volto em um minuto – falei, meio que o interrompendo, e corri na mesma direção de Ares antes que houvessem objeções.

Andei por um longo corredor onde haviam incríveis estátuas de cada um dos deuses em tamanho deusístico real, também haviam enormes tapeçarias nas paredes com representações de histórias como o nascimento de Apolo e Ártemis, Os heróis Ulisses, Hércules, e até a segunda guerra contra os titãs, a guera contra Gaia. Cada tapeçaria contava uma história.

Tentei esquecer a decoração e segui pelo corredor, afinal eu precisava falar com Ares. No fim do corredor havia uma grande porta de dava pra um enorme jardim, e lá estava Ares, em tamanho humano, aparentemente me esperando.

— Er… oi, senhor – falei.

— O que você quer? – disse meio impaciente.

— Bem, eu queria perguntar uma coisa, sobre o a benção de Anthony… - ele fez sinal pra continuar. - Ele ainda vai precisar dela não é?

— Você é esperta.

— Então quer dizer que ainda estamos em perigo?

— Eu acho que você sabe a resposta. Há forças poderosas se agitando nesse momento. Estamos tentando cuidar disso, mas não podemos evitar, em breve todos estarão em perigo novamente, e ele precisa estar pronto – disse ele com voz firme, a ideia de correríamos mais perigo parecia assustadora. - Você vai entender tudo em breve.

Então ele se afastou. Um milhão de possibilidades começaram a invadir meus pensamentos. O que ia acontecer? Eu não conseguia nem pensar no que faria se Anthony se machucasse. Tentei afastar esses pensamentos, eu não podia pensar em coisas ruins agora, tínhamos terminado a missão, esperava que pelo menos tivéssemos alguns dias tranquilos, mas agora isso parecia um sonho distante.

Finalmente voltei pro grande salão a procura dos outros, não ia dizer nada a eles agora, todos estavam tão felizes e eu não queria estragar isso.

— Vamos embora? - perguntei, assim que os encontrei.

— Onde você estava? - disse Poppy. - Apolo nos mostrou todo o olimpo, é tão incrível! - continuou.

— Bem, eu vi um pouco também, mas estou cansada agora… - falei.

— Vamos com Apolo? - disse James um pouco animado.

— Ah não, vamos de ônibus, já estive em perigo de morte demais por hoje – falei.

Finalmente todos concordaram e caminhamos juntos pelas a longa estrada, entre ninfas e outras criaturas fantásticas, até o elevador do Empire State Building.