Almas-Vagantes escrita por Gabriel Coelho


Capítulo 13
Capitulo XIII – Dark Birds –


Notas iniciais do capítulo

“Quem sou eu? Talvez essas palavras preencham a mente de Peter algum dia, já que sequer consegue se lembrar de sua própria infância. Swift apagou sua memória com um feitiço, que obviamente tem pontos fracos. Peter se esqueceu de até mesmo que Varleny se suicidou em sua frente, ou sequer que a beijou, ou que ele a amava. Ele se lembra de apenas alguns fragmentos de sua vida escolar, nada mais. Esqueceu de que Inihs o espancará diversas vezes, a única coisa que lembra é que Inihs transferiu-se recentemente para Light Of Sky e que logo se tornou popular, nada mais, nem sequer lembra que falou com ele. Obviamente não sabe que Varleny se transformou em uma alma-vagante, aliás, Peter nem sequer pode ver uma alma-vagante, já que não se lembra de que viu seus pais mortos sobre sua cama e o suicídio de Varleny.”



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Em um fúnebre castelo distante, que se encontra em meio à floresta que envolve Sky Gray, Jaz uma organização sombria chamada Dark Birds. Todos os membros dessa excêntrica organização usam vestimentas negrase máscaras. Uma mais psicótica que a outra. Todos os membros almejam a mesma coisa...

            Nesta fatídica manhã, comiam seus cafés da manhã a mesa. Embora a organização seja composta por criminosos e psicopatas, eles insistem em fingir ter uma vida normal em uma casa normal. A mesa de madeira era gigantesca e coberta por um lençol preto quase novo. No console da mesa, pratos recheados de comidas variadas para o café da manhã majestoso. Uma mais saborosa que a outra. Pudim de pão decorado com mel; Bolo de leite condensado com cobertura de cocó-ralado, chocolate, cenoura e mandioca; Pão de leite, cocó, francês e de milho. Para beber sucos variados e vinhos tintos. A sala se recheava pelo cheiro agradável da comida. A mesa se iluminava com velas e um lustre no alto da sala. Vinte cadeiras preenchiam a mesa pelos lados. No chão, um bem cuidado tapete vermelho com gravuras douradas.

            Quase todos os membros de Dark Birds estavam sentados à mesa... Menos... O anjo da morte, Shini.

            - O que esse maldito faz naquele quarto o dia todo? – Disse uma figura usando uma mascará de espantalho. – Já viram as bonecas dele?

            - Espantalho tem razão! – Exclamou outra figura usando uma mascará redonda com um dourado bico de pássaro na parte da boca. – Shini é o mais psicótico da organização!

            - Olha quem fala! Thunderbird!— Disse uma figura com uma mascará negra chorando com lagrimas prateadas, que estava ao lado do espantalho. – Pelo o que eu soube você matou sua namorada eletrocutada!

            - Aquilo foi um terrível acidente. – Respondeu friamente Thunderbird. – Não controlava meus poderes com maestria como faço hoje... Se você tivesse dito isso para mim ano passado, já estaria morto agora mesmo!Sadest.

            - Shhhhhhhhhhhhhhh! – Murmurou um dos presentes a mesa com o dedo indicador na mascará pedindo silêncio, esta figura usava uma cômica mascará de cavalos marinhos. – Vamos parar de brigar... Vamos falar de coisas mais formidáveis... Digam-me qual é o animal marinho mais épico e incrível?

            - AAAAAAAAAH! NÃOOO! CALA A BOCA! LUCASSSS! – Exclamou todo mundo a mesa em coro.

            - Ora, ora... – Continuou Lucas como se nem tivessem o interrompido. – Obvio que são os cavalos marinho homossexuais!

            - Meu Deus cara! – Ralou um dos membros com uma mascará metade negra metade branca com um rosto sorridente no lado branco e uma cara melancólica no lado negro. – Quando você vai para de falar sobre essa merda?

            - Nunca! – Exclamou Lucas, as mãos acariciando sua máscarapreenchida de cavalos marinhos azuis. – Eles são meus deuses! Você sabe disto, James!

            - Você é um retardado! – Xingou espantalho. – O que tem de mais em cavalos marinhos DE MERDA?

            Tais palavras irritaram Lucas. Seus olhos faiscaram de ódio. Ouviu-se um estralar de dedos. Em um instante Lucas estava atrás do espantalho. Aproximou a boca dos ouvidos do espantalho, os olhos penetrantes mergulhados em ódio.

            - O que você proferiu?— Sussurrou sombriamente Lucas. – Você ofendeu-os?

            O espantalho ficou trêmulo de temor. Os olhos remexiam-se nas órbitas. Nada saiu de sua boca.

            - VOCÊ OS OFENDEU? PORRA! – Gritou Lucas possesso.

            - D-desculpe... – Disse o espantalho aparentemente trêmulo de medo. – Não... Quis... Dizer... Isso...

            - Excelente... – Disse Lucas deveras mais calmo, os olhos aliviados. – Não estava mesmo com pretensão de matá-lo de qualquer forma.

            Estralou os dedos novamente, voltando a seu devido lugar.

            - Bem, já que terminaram... – Disse Senn Hitachi de maneira autoritária, por trás de sua psicótica mascará redonda com um sorriso vermelho maligno. – Falarei sobre as missões do dia...

            - Se tiverem alguma objeção quanto a elas... – Disse sombriamente Anih ao lado de Senn, os cabelos negros se esvoaçando por trás de uma mascará feminina de rosto delicado e sem emoção. – Reclamem para o mestre, não para o capitão Peter! Ok?... Rezinguem somente que desejarem ter uma morte extremamente dolorosa!

            - Sem somas de dúvidas!— Exclamou todos os demais em coro.

            - Obrigado Anih! – Agradeceu Peter. Olhou a de modo carinhoso e a beijou, fazendo todos quase vomitarem o que tinham acabado de comer, e continuou. – Bem, hoje as missões serão as seguintes...

            Peter estralou os dedos, e surgiram diante de todos os sete membros que estavam sobre a mesa, pequenos bilhetes dourados.

            “Missões especificas a cada pássaro”.

 

Presentes:

Senn Hitachi:              Angariar novos membros em Light Of Sky.

Anih Kaory:                 Angariar novos membros em Light Of Sky.

“Thunderbird”:           Angariar novos membros em Light Of Sky.

Lucas K. “Horse”:       Monitorar habitantes de Sky Gray.

“Espantalho”:             Fisgarjovenscobaias para o líder.

“Sadest”:                    Concretizar testes com habitantes de Sky Gray.

James “Sync”:             Vigiar a gaiola.

 

Ausentes:

Shini:                           Vigiar a gaiola.

Aline Kronus:              Massacrar turistas que tentem penetrar Sky Gray.

            - Por que tantos membros tem que ir a Light Of Sky? – Perguntou James.

            - O mestre acredita que tem grande chance de acharmos um novo membro em Light Of Sky. – Disse Senn. – Euconcordo que é deveras possível que ele tenha de fato razão!

            - Mas para que precisamos de novos membros? – Perguntou o Espantalho ríspido. – Não vejo motivo plausível para tal coisa!

            - O que eu o disse no principio? – Perguntou Anih de modo sombrio, surgindo do nada atrás das costas do espantalho, uma afiada faca reluzente suja de pudim em mãos. – Deseja mesmo morrer?

            - Se acalme Anih! – Pediu Senn. – Ele só me fez uma pergunta... Pode se sentar!

            Sentou-se Anih, sem vontade de fazê-lo. Ansiavamesmo cortar sua medula óssea para fora de seu corpo... Mas que pena, pensou Anih com raiva.

            - O líder não me disse o porquê da sua ambição por mais membros! – Pronunciou Senn. – Mas ele deve ter seus motivos! Não podemos questioná-lo. Não podemos nos dar ao luxo de negar a necessidade de novos membros. Perdemos muitos no último ano. Não posso culpá-los, esse mundo é deveras perturbador para pessoas como nos.

            - Sem falar do desgraçado do desertor... – Exclamou James. – Psycho Killer!

            O nome “Psycho Killer” pareceu perturbar Senn brevemente. Levantou-se, e atravessou a saleta até a gigantesca porta de madeira do ambiente e abriu-a. Ao outro lado se encontrava um escuro corredor repleto de portas com um tapete vermelho por cima do piso.

            - Por hoje é somente isto! – Exclamou Senn, os olhos penetrantes preenchidos por lembranças psicóticas. – Até hoje à noite!

            Senn com certeza... Ainda era perturbado pelo dia em que sua mãe foi morta.

            Light Of Sky não parecia ter mudado nada na ausência de Peter. Ainda tinha como porta, reluzentes soleiras de vidro. O chão do pátio deslizante. A multidão de alunos perambulando pelos corredores antes do iniciar das aulas. Peter passou pela soleira a passos lentos. Pensava que estava pontual. Mas na verdade estava atrasadíssimo. Já era sete e meia.

Caminhou sorrateiro pelo corredor escorregadio, esperando não encontrar nenhum professor ou funcionário para manda-lo para diretoria por atraso. Mas Rephy Collisk, o professor de literatura, parecia ter um sensor de atraso, quando se tratava de Peter. Quando subia alegremente a escadaria que levavam ao segundo andar... Sua breve sensação que escapará se esvaeceu.

            - Senhor Peter! – Gritou Rephy no início da escadaria –, Pensou que entraria sorrateiro na sala de aula, COM MEIA HORA DE ATRASO? – Gritou Rephy ríspido. – Não enquanto eu estiver nessa escola! – Um breve brilho de dever comprido nos olhos negros intensos.

            Peter não teve escolha a não ser descer as escadas de volta ao início. Mirou um olhar irônico a Rephy. Que os olhos de Rephy fingiram não ver. Agarrou o braço de Peter com força, sem necessidade já que Peter não estava resistindo, e o arrastou até a sala do diretor. Olhou para Peter com olhos enraivecidos e entrou na sala do diretor. Peter ainda não conhecia a sala do diretor. Embora já tivesse ouvido falar do diretor, nunca o conheceu.

Sentou-se sob uma das desconfortáveis cadeiras negras de plásticoque se encontravam grudadas na parede ao lado da porta da diretoria, e foi obrigado a aguardar. Peter sabia que não tinha feito nada de grave para Rephy fazer tanta questão de trazê-lo até a sala do diretor.

            - Acho que Rephy tem aversão por mim... – Pensou Peter. – Mas eu não me lembro de ter feito nada a ele...

            Seus pensamentos foram interrompidos. Rephy cruzou a soleira da sala do diretor com aparente raiva e mirou a Peter um olhar frio.

            - Pode entrar... – Disse Rephy com cara de profundo nojo.

            Virou-se e seguiu pelo corredor até o pátio. Os cabelos negros ondulados se voejando a cada passo nervoso. Rephy era um homem magro e parecia um gótico com suas roupas negras.

            - Não entendo... – Pensou Peter o olhando cruzar o pátio. – Por que será que ele me odeia?

            Levantou-se de um salto e adentrou a soleira da sala do diretor. Fechou a porta a suas costas e seus olhos pararam em uma escrivaninha abarrotada de papeis iluminados por uma forte luz branca provinda de uma pequena luminária parecida com o logo da pixar, que era a única coisa que iluminava a saleta. Escrevendo a escrivaninha estava um senhor carismático usando vestes negras com estrelas amarelas e nuvens azuis. Portando um suave sorriso abrasador. Os óculos redondos reluziam a luz da luminária. Os cabelos grisalhos até os ombros. Os olhos puxados de modo japonês.

            - Você deve ser o senhor Peter... – Disse o senhor. – Estive esperando a tua visita...

            - O que Rephy disse? – Perguntou Peter ansioso se sentando a uma cadeira macia que jazia de frente a escrivaninha do diretor. – Vou ser suspenso?

            - De fato, não! – Negou ele. –Mas eu não o conheço com base nos relatos de Rephy, caso contrário, você estaria expulso há tempos.

            - Como o senhor me conhece então? – Perguntou Peter confuso.

            - Ora, boatos... – Disse o homem sorridente, largando a caneta sobre a mesa. – Bom e mal, mas todos circulantes... Devo admitir...

            - Que tipos de boatos? – Perguntou Peter com medo de sua falta aceitabilidade em Light Of Sky.

            - Quanto a isso não tem que se preocupar! – Disse ele com sua voz confortante. – A maioria são boatos benignos, mas eles não vêm ao caso... Não acha?

            Peter concordou com a cabeça. Os cabelos vermelhos refletindo a luz da luminária.

            - Bem se está preocupado quanto ao seu atraso... – Disse o homem. – Devo disser que um simples atraso não é algo para se preocupar.Somente Rephy tem obsessão por pontualidade... Mas é claro, peço com que não se repita. Espere na minha sala até o soar do sino do segundo tempo. Mas é claro, se preferir, pode ficar no corredor... Não me incomodaria.

            - Sem problemas! Ficarei aqui! – Disse Peter, aquele carismático senhor parecia estar precisando conversar com alguém que fosse os professores. – Posso lhe fazer uma pergunta... Er... É... Diretor...

            - Chamo-meChin Makoto... – Informou o homem. – Desculpe não ter me apresentado anteriormente...

            - Ah! Sim... – Continuou Peter. – Então... Diretor Chin... Por que você permite brigas de um contra um na escola?

            - Ora! – Disse Chin, os olhos verdes cintilando a luz da luminária. – Por que não permitiria?

            - Porque é anti-hético! – Exclamou Peter. – Um diretor não deve deixar alunos brigarem entre si!

            - O que adianta proibi-los? – Perguntou Chin com tom de razão. – Me diga senhor Peter... O que faria que estivesse com extrema vontade de brigar com alguém e fosse proibido brigar na escola?

            - Eu brigaria com esse alguém em outro lugar longe da escola! – Disse Peter.

            - Então! –Disse Chin, os olhos verdes chamejando. – O que me adianta proibir que nada disso os impediriam. Por isso tolero. Mas somente permito lutas justas e não covardias... Entende? Além do mais, diferente da rua, Light Of Sky tem Thanatos.

            Ainda assim, Peter considerava Chin um sádico. O sino tocou.

            - É melhor você ir! Senhor Peter – Disse o diretor Chin. – Temos novidades para o segundo tempo.

            - Novidades? – Perguntou Peter.

            - Certamente! – Confirmou Chin empolgado. – Parece que você não é o único atrasado de hoje!

            Peter adentrou a soleira de sua sala de aula, logo no inicio da segunda aula. Ninguém reparou em sua chegada. Peter pensou que talvez estivesse invisível, já que não sabia seu tipo de magia. Vai que ele era predestinado a usar um tipo de magia que possibilitasse a invisibilidade. Mas ele não estava invisível, simplesmente ninguém estava interessado nele. Sentou-se atrás do vazio lugar que pertencia a Varleny. Olhou a volta e observou todos os alunos conversando algo que parecia ser deveras interessante.

Griffith, o professor de matemática, havia dado uma entediante aula no primeiro tempo e todos estavam aliviados com a chegada do segundo tempo. O professor Griffith era um mal-humorado senhor de oitenta anos, mas com aparência de cem anos. Olhos cansados cobertos por óculos de fundo de garrafa, cabeça calva, com míseros fios de cabelos grisalhos nas laterais da cachola. Sua aula de matemática era deveras entediante. Geralmente, metade da turma dormia, já que a aula de matemática era sempre no primeiro tempo.

A sala estava sem professor, esperando a chegada do ProfessorDe biologia, Cole. K. Carson. O professor favorito de Peter. Mas ele parecia estar atrasado. O bafafá das conversas infestava a sala. Peter ficou curioso sobre o que falavam e apurou os ouvidos para escutá-las.

— Você soube... – Disse uma garota com voz suave.

— Talvez... – Respondeu a outra garota. – A que você se refere?

— Aos alunos novos, é claro! – Afirmou a garota de voz suave. – Não se fala em outra coisa... Dizem que eles passaram na prova de admissão com perfeição, e que um deles será transferido para nossa sala.

— Nossa sala?! – Exclamou a outra com surpresa na voz. – Sabe o nome dele?

— Não é “ele”... – Respondeu-se. – É “ela”!

— É uma garota? – Perguntou a garota para a amiga. – Que interessante...

— Você não acha estranho... – Disse a garota de voz suave. – Ter tantos alunos novos na escola... Sendo que ano passado não tivemos nenhum aluno novo!

— Realmente... – Exclamou a amiga. – Quem seria louco de mudar para Sky Gray?

Quem seria louco...?” Pensou Peter. “Louco... por que alguém seria considerado louco por mudar para cá?”. Peter ecoou a palavra “louco” mentalmente, sem querer diversas vezes, até que... Toc! Toc!...Alguém bateu a porta da sala.

Seria o lobo mau?

A garota de voz suave se levantou de salto, empolgação preenchendo o rosto. E abriu a porta rapidamente. O professor Cole atravessou a soleira. Os cabelos castanhos lisos e volumosos com fácil reflexão de luz e olhos verdes como azeitonas repletos de entusiasmo.

— É com prazer... – Disse o Cole teatralmente, momentaneamente entusiasmado. – Que os digo que temos um novo aluno em nossa sala... Ou aluna... Por favor, entre! – Completou Cole convidando a aluna nova a entrar.

A aluna nova adentrou a soleira, no que pareceu a Peter, em câmera lenta. Como naqueles vídeos do Youtube em Slowmotion. Os lisíssimos cabelos loiros se esvoaçando ao vento, lindamente. As mãos delicadas ajeitando as mechas loiras lentamente, de modo charmoso. Os olhos dourados refletindo delicadeza. A pele pálida ligeiramente corada. Os olhos de Peter paralisaram no rosto daquela nova aluna.

— Pode se apresentar, senhorita. – Disse professor Cole respeitoso.

A nova aluna parecia não estar gostando do contato visual que todos estavam exercendo sobre ela. Cabisbaixa de timidez, a garota murmurou baixinho...

— Me chamo... – A voz suave e um pouco rouca. – Joanne Scarlet...

Joanne...” Pensou Peter na mesma hora. “Este nome não combina com ela... Simplesmente não sei... O porquê...”.

Realmente... Esse nome não combina nem de longe com ela.

A garota sentou, coincidentemente no antigo lugar de Varleny. Mas antes de ela sentar. Peter teve certeza. A garota havia o lançado um olhar penetrante, de certo modo, reconfortante. Podia ser apenas uma ilusão tola que Joanne estivesse interessada por ele de alguma forma... Mas de fato, não era ilusão.

Joanne estava interessada em Peter.

Todos os garotos, solteiros ou não, miravam olhares interessados a Joanne a cada segundo. Joanne já estava popular. Isso fez com que Peter se recordasse do dia em que Inihs chegou à sala. “Joanne me faz lembrar-se de quando Inihs se transferiu para esta sala...” Pensou Peter recordativo. Mas diferente de Inihs, Peter não odiava Joanne. Ela nem bem chegará à nova escola, para já fazer garotos suspirarem de amor platônico para todos os lados da sala.

A aula de Cole sobre o córtex cerebral passou despercebida... Ninguém estava interessado na aula. As garotas estavam curiosas sobre os outros dois alunos transferidos das salas vizinhas. “Será que são lindos?” Perguntou-se uma garota deveras modinha. “Será que são inteligentes?” Perguntou-se outra garota modinha. De fato, ninguém estava interessado em estudar naquele dia em Light Of Sky. Não se falava em outra coisa a não os tão excêntricos alunos novos.

Afinal, Sky Gray não costuma ter coisas novas.

O sino do recreio soou. Todos atravessaram a soleira da sala deveras empolgados para avistarem os alunos novos. Mas para o azar de todos, aparentemente, os novos alunos eram todos tão antissociais como Peter. Joanne ignorou todos que tentaram falar com ela com assuntos padrões como: “de onde você veio?”,“Quantos anos você tem?”,“Está gostando de Light Of Sky?”... E todo tipo de pergunta para alunos novos.

Os outros dois alunos eram deveras excêntricos a padrões de beleza. Já que usavam calças xadrez, ao invés da tradicional calça bege de Light Of Sky.

— Me chamo Senn! Porra! – Xingou o aluno novo, após curiosos perguntarem seu nome vinte vezes. – ESTÃO SATISFEITOS?! Agora me deixem em paz...

O outro aluno novo estava sentado ao lado de Senn em uma das mesas de madeira do pátio.

— Não liguem para meu amigo aqui! – Disse ele. – Ele não gosta de perguntas... Chamo-meJefferson... Enfim... Agora poderiam nos deixar em paz? – Disse ele simpático. Todos entenderam e enfim os deixaram em paz.

Senn tinha cabelos negros cobrindo a testa em franja e olhos tão negros quanto seus cabelos. Apele tão pálida quanto Peter. Seu amigo, Jefferson, tinha cabelos azul-claros bagunçadíssimos. Os olhos cansados com a íris pintada metade de verde e metade de azul cristalino, um belíssimo olho excêntrico. Peter sentou-se à mesa vizinha e se pôs a observá-los. Pareciam ser melhores amigos há anos.

Joanne se sentou em outra mesa sozinha, assim como Peter. Começou a encara-la com um olhar penetrante. Os olhos dourados de Joanne encantavam Peter, que não conseguia para de olhá-los. Ela o devolveu o olhar e Peter virou o rosto, disfarçando. Eis que uma breve lembrança embaçada passeou por sua mente. Peter sentiu...

Eu acho que... Já vi Joanne em algum lugar...”.

Peter continuava a observar os movimentos lábias de Senn conversando com seu amigo Jefferson. Quando leu algo que não queria ter lido.

Acho que o líder tem grande convicção que...— Leu Peter nos lábios de Senn. - tem um mago nessa maldita escola...

Mas o que faremos se o acharmos?— Leu Peter nos lábios de Jefferson.

O convidamos a se tornar membro da Dark Birds!— Continuou Senn. – E se ele se recusar... O matamos!

Impecavelmente!— Exclamou Jefferson.

Uma onda de terror atingiu o estômago de Peter. Se eles descobrissem que ele era um mago, teria que entrar para essa tal de “Dark Birds”... Ou morrer. Peter mordeu os lábios inquieto.

O que eu farei se descobrirem...— Pensou Peter transpirando frio. – Ou mato eles... Ou eles me trucidam... Acho que é mais provável que eles me trucidem. Nem sequer sei meu tipo mágico ainda...

A ânsia de terror atingiu seu estômago ainda mais fortemente. Os olhos bulindo nas órbitas. Peter agora é deveras sensível...

Peter não era mais nem de longe um psicopata.

Eis que uma garota de cabelos negros se ajuntou aos dois alunos novos. Ela era deveras linda e com olhar gentil. As bochechas coradas deixava seu rosto com expressão de afeto. Seu nome era...

Anih!— Leu Peter nos lábios de Senn. – Por que demorou? Já estava ficando preocupado...

Anih Kaory.

Desculpe amor! — Leu Peter nos lábios da garota. “Amor?!” Pensou Peter intrigado. – Tive que conversar com o professor Rephy sobre as matérias que eu deveria estudar para o exame bimestral...

Anih... Não viemos aqui para estudar...— Falou Senn. – Você sabe pelo que viemos, não é?

A garota concordou com um aceno e se sentou ao lado de Senn. Seu rosto corou levemente e ela pôs os dedos entrelaçados ao dele de modo carinhoso.

— Eles são namorados? – Se perguntou Peter. – Como eles se conhecem tão bem que acabaram de se transferir para Light Of Sky?

Senn e Anih conversavam apaixonadamente, enquanto Jefferson observava a cena quase vomitando. “Talvez eles estudassem juntos antes de se transferirem para Light Of Sky... Talvez”, pensou Peter absorto.

O sino do fim do recreio tocou e todos se dirigiram entediados, até ao segundo andar. As duas últimas aulas Foram: Química com o professor Albert, da qual se aprendeu sobre ligações iônicas; Português com a professora Regina, da qual se aprendeu sobre redações.

As duas últimas aulas passaram lentamente de tão entediantes.

O professor Albert era deveras juvenil, tinha acabado de se formar em química em uma faculdade na cidade de Nova Iorque. A professora Regina tinha expressão de uma leitora ativa de livros por trás dos óculos contemporâneos, aposto que ela já passou da marca de mil livros lidos.

Final soou o sinal de fim das aulas. Ouviram-se suspiros de alívio.

Peter se levantou de um salto e se juntou a multidão que se amontoava na direção da escadaria que levava ao primeiro andar. Desceu a escadaria amontoada e finalmente chegou ao primeiro andar. Quando chegou ao primeiro andar, descobriu que chovia intensamente ao outro lado das portas de vidro de saída. A maioria dos alunos decidiu enfrentar as pancadas de chuva, enquanto outros prefiram ficar no pátio esperando. Peter foi um dos decidiram enfrentá-la.

As nuvens trovejavam e despencavam litros e mais litros de chuva gélida. O asfalto molhadíssimo se preenchendo em uma leve enchente. De vez em quando, surgia-se um clarão intenso acompanhado de estrondo ensurdecedor provocado por um relâmpago. As gotas de chuva encharcaram a roupa de Peter e deixaram seu rosto gelado. As árvores se contorciam e derrubavam folhagem raivosamente. O vento zumbia e esvoaçavam os cabelos de Peter.

Os olhos de Peter não suportavam ficar tempo de mais abertos. A tempestade estava demasiada intensa. Telhados voavam das casas e árvores despencavam. O céu parecia estar caindo. Peter chegou à praça central, agora só precisava atravessar a ponte do rio de Hades e já estaria quase na casa de Swift. Mas para surpresa de Peter, alguém espreitava na ponte do rio de Hades.

Era Joanne.

Peter se aproximou de Joanne, lutando contra o vento de pelo menos cem quilômetros por hora.

— O QUE FAZ AQUI? – Gritou Peter para que ela escutasse, pois o vento zumbia intensamente.

Joanne estava sentada a beira da ponte observando as águas do rio de Hades. Que estavam demasiado agitadas e corriam ferozmente, mais parecia um mar em tempestade. Ela lentamente tirou os olhos dourados das ferozes águas cristalinas e os direcionou ao rosto de Peter.

— JOANNE! – Gritou Peter querendo resposta.

Peter tremia de frio com as roupas demasiado ensopadas. Joanne não o respondeu. Somente se levantou e se aproximou abruptamente o seu rosto ao de Peter. Os olhos dourados-penetrantes. Conseguia sentir o cheiro de Joanne em meio à intensa chuva. Um cheiro confortante de flores. Os rostos de Joanne e de Peter quase encostando um no outro. Não sabia o motivo...

Mas aquele momento lhe pareceu deveras nostálgico.

Joanne murmurou algo. Peter leu seus lábios. – Você se lembra de mim? —. Peter não conseguia entender aquele momento. Por que Joanne estava quase o beijando? Será que ele a conhecia antes de perder a memória...

Eu... Te... Conhecia? – Sussurrou Peter. Os olhos negros flébeis.

Joanne deitou o dedo indicador nos lábios de Peter, como se pedisse silêncio. Os olhos dourados com um olhar intenso. Peter pode notar. Com certa delicadeza, os lábios macios e gélidos de Joanne encostarem-se lentamente aos seus. Eram tão gélidos como gelo. Talvez fossem gélidos por causa daquela intensa chuva gélida que atingia suas cabeças e face... Ou... Talvez fosse por causa da morte.

Peter fechou os olhos. Sentiu um leve gosto de morango nos lábios. Sentiu os lábios de Joanne abandonarem os seus. Reabriu os olhos. Joanne havia desaparecido. Como se nem tivesse estado ali. Talvez aquilo tivesse sido um psicótico delírio. Aquele havia sido seu tão esperado primeiro beijo. Mas na verdade, não era.


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Notas finais do capítulo

“Por que Joanne parecia despertar algum tipo de sentimento dentro de seu peito? Seria amor?... Mas como seria possível?... Peter tem certeza... Já viu Joanne em algum lugar... Mas aonde?... De fato, Peter já a viu. Afinal, Joanne é Varleny. Uma mórbida boneca-fusus. A organização Dark Birds tem algum tipo de plano fúnebre para Light Of Sky. Qual será este plano?... Quem é o líder dessa obscura organização?”



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