Capítulo 2. Curvilíneo.

Freak of Nature

"Cada gota de sangue inocente derramado clama vingança contra o príncipe que fez afiar a espada." 

— William Shakespeare.

Abertura

— Ela é louca? — Avery gritou assim que Aaron deu a terrível notícia para a menina. — Ela pensa que ela é quem? Ela não pode fazer isso! Ela não tem provas! O quão estúpida ela é? Ela quer morrer? — gritou, e logo depois de receber um olhar reprovador de Aaron, a menina deu um soco na parede, fechando os olhos e respirando fundo.

— Nós podemos tentar provar que ela está errada — Finnegan optou fitando a menina que ainda mantinha os olhos fechados e a cabeça encostada na parede. Avery tentava não destruir qualquer coisa, pois estava chegando ao ponto de fazer isso.

— Oh, e claro falarmos que somos do grupo assim ela pega a gente e coloca de volta naquela maldita Ilha — Phoenix opinou. Seu humor também não estava um dos melhores naquele momento. Ele sabia que ficar mal humorado não ajudaria em nada, mas era realmente difícil não ficar naquela situação. Suspirou.

— Eu vou matá-la, ai essa investigação para — Avery soltou com um sorriso diabólico.

— Avery, você não está pensando direito — Ethan avisou, com a voz calma e suave. Dentre os cinco ali, ele provavelmente era o único em que estava pensando melhor, e de forma mais racional. Não era tão ligado a Norwood quanto os outros eram, por isso não estava ainda chateado por sua morte, mas estava nervoso por tentarem culpar seu Clube.

— Cale a boca, Ethan, que você não faz ideia no que eu estou pensando! — a garota gritou, dando um passo para trás e passando a mão por seus longos fios pretos, com medo, com vários sentimentos se espalhando pelo seu corpo.

— Nós temos de ser racionais agora — Finnegan pediu, suspirando. Passou a mão pelo rosto e aproximou dos outros três. — Temos de achar o verdadeiro assassino de Norwood.

Aaron riu.

— Você está brincando, não? — indagou, recebendo um duro olhar de seu colega. — Okay, você não está brincando — sussurrou, fechando os olhos.

— Isso é loucura, Finn — Ethan se pronunciou fitando o amigo. — Nós já temos a Fada Madrinha na nossa cola, e então você quer perseguir alguém que nem pistas temos sobre? — indagou descrente no amigo.

— Eu concordo com o Finn — Phoenix falou, mudando totalmente sua postura.

— Obrigado, Phoenix — Finnegan suspirou fitando o colega. — Ao menos um quer fazer justiça.

— Finn, isso não é fazer justiça, isso é ser louco o suficiente para ser dado como suspeito — Ethan rebateu, ainda mal humorado e surpreso com aquela ideia maluca e idiota.

— Nós temos poderes, temos mais quinze pessoas ao nosso lado, e temos o segredo de que ninguém sabe quem nós somos — Phoenix listou, com a esperança florescendo no peito de uma forma que ele nunca experimentou. Estava confirmado então, ele estava ansioso para aquilo, para pegar o bastardo que matou Norwood. — Nós podemos fazer isso.

— Não, nós não podemos — Aaron rebateu, desta vez firme e sério, coisa rara de se ver no filho de Tiana e Naveen. — A Fada Madrinha é mil vezes mais poderosa do que o Clube inteiro, e nós sabemos que eles conseguem desvendar isso num piscar de olho, muito mais rápido do que nós, além de que, Phoenix, isso é idiotice. Se a pessoa que matou Norwood for esperta, o que eu acho que é, ela definitivamente tem poderes e escondeu seu rastro muito bem.

— Uma pista a adicionar em relação ao assassino de Norwood, ele tem poderes — Phoenix anunciou, animado, e Ethan e Aaron trocaram um olhar preocupados.

— Vamos anotar todas as pistas, montar um quadro com elas, e então resolver esse mistério, e o Clube pode voltar. Vamos fazer uma reunião bem escondido e anunciar a todos os membros, ou então ir anunciando um por um. É melhor, sem reuniões — conforme Finnegan falava, ele se movimentava anotando coisas em um papel e olhando para os colegas, com uma excitação fora do normal.

— E se alguém de dentro do Clube matou Norwood? — Avery indagou num sussurro. A garota que havia se calado por um tempo recobrou os sentidos. Não achava a ideia de Finnegan um absurdo, na verdade, até gostava dela. Assim poderia pegar o bastardo filho da mãe que matou seu namorado.

Ethan fitou a menina.

— Eu não acho que você esteja pensando racionalmente, Avery — o loiro tentou, com a maior delicadeza possível, mas logo recebeu o olhar da menina em sua direção, e isso foi o suficiente para assustá-lo. Avery Fênix conseguia ser bem assustadora quando queria ser.

— Porque alguém faria uma coisa dessas? — Aaron indagou tendo a atenção de Avery sobre si.

A menina se aproximou.

— Porque alguém não faria? — retrucou com outra pergunta, e Aaron franziu as sobrancelhas junto com os outros meninos. — Norwood era um ótimo rapaz, gentil, blá, blá, disso todos nós sabemos, mas sabemos também que ele era muito mais que isso, e que sabia ser agressivo, duro, chato e irritante quando queria — informou aos colegas.

E era verdade. Norwood era flor para se cheirar somente quando ele queria isso, que no geral, era quando estava na frente de uma multidão, ou de pessoas que não passavam de colegas. Quando ele estava no Clube, sozinho com os outros dezenove membros, Norwood era muito mais que isso. Ele fumava, ele xingava, ele ria, ele falava sobre pornografia como se fosse extremamente normal, ele era... Horrível (conseguia chegar nessa proeza quando bebia).

Eram poucos que sabiam dessa personalidade escondida além daqueles que faziam parte do Clube Turvo. Por tal motivo, era muito mais fácil odiar Norwood estando no Clube e nas reuniões, do que fora dela. Vai ver, alguém realmente dentro do Clube Turvo havia matado o rapaz. Avery estava sentindo-se até animada com essa sua teoria, que ela considerava certa.

— Mas nós os conhecemos — Phoenix protestou, com pesar na voz, anunciando que não estava feliz ou animado com aquela informação. Ele havia sido o fundador daquele Clube. Só de pensar que isso foi realmente a culpa de Norwood morrer o deixava devastado.

— Conhecem o interior de suas almas, sabem todos os seus segredos, e blá? — Avery indagou descrente, e Phoenix lhe fitou com raiva nos olhos. — Phoenix, metade dessa escola te engana mais fácil do que um bebê.

— Isso não é verdade, Nix — Ethan logo falou, saindo em defesa daquele que deveria proteger. O loiro virou-se para Avery e dando o seu piro olhar para a garota, prosseguiu: — Avery não sabe o que fala. Ela está abalada — voltou a olhar para Phoenix, mas agora o rapaz não estava mais animado ou excitado com a ideia de descobrir quem era o assassino, e parecia estar prestes a chorar.

— Só estou dizendo que...

— Então não vamos anunciar ao Clube que queremos descobrir quem é o assassino de Norwood — Aaron rapidamente falou, interrompendo Avery que olhou para o rapaz de forma mortal, mas Aaron nem percebeu.

— Aaron? — Ethan indagou descrente ao amigo. Achava que ele continuaria racional até o final, percebendo que essa ideia é simplesmente horrível, e indigna de ser posta em realidade.

— Nós temos de descobrir quem matou Norwood, Ethan, e temos de salvar o Clube Turvo — Aaron afirmou, respirando fundo e então olhando para Phoenix que sorria de forma mínima. — Não vamos falar para todos do Clube, somente para aqueles que temos 100% de certeza, e quando descobrimos, iremos entregá-lo a Fada Madrinha de forma anônima — comunicou. — Todos topam?

— Estou dentro — Finnegan anunciou, animado.

— Pode contar comigo — Phoenix falou com um sorriso maior.

— Ok, eu ajudo vocês — Avery rendeu-se, erguendo os braços.

— Ethan? — Aaron chamou, e o loiro suspirou, fitando os outros quatro, que pareciam ansiosos para a resposta do rapaz.

— Vamos pegar esse bastardo.