Não consigo dormir esta noite. Acordada e tão confusa. Tudo está em ordem. Mas estou ferida. Preciso de uma voz para ecoar. Preciso de uma luz para me levar para casa.

Bonnie POV.

Comecei a escutar gritos e me levantei assustada, logo reconheci a voz sendo de Klaus, sai de casa e segui os gritos quase correndo, quando cheguei à porta da cabana de Esther pude ver Mikael batendo em Klaus que já sangrava.

 — Pare! – Gritei desesperada, mas ele apenas me ignorou.

 Olhei em volta procurando por ajuda, mas a única coisa que achei foi a espada de Klaus ou Elijah, a peguei rapidamente e fui para frente de Klaus, usando a espada como escudo quando Mikael tentou acerta-lo novamente.

 — Pare agora ou eu não me importarei em machuca-lo! – Exclamei alto.

 — Primeiro Rebekah e agora você? Por que se importam tanto com esse bastardo? – Mikael gritou com raiva, por um momento achei que ele tentaria me acertar, mas ele apenas se virou e saiu.

 Me abaixei rapidamente largando a espada em qualquer lugar, Klaus estava ajoelhado se apoiando nas mãos com dificuldade.

 — Klaus. – Eu não sabia o que fazer, não poderia deixar ele sozinho ali.

 Passei a mão em seu rosto lentamente olhando em seus olhos, até que escutei um barulho, peguei a espada achando ser Mikael novamente, mas era apenas Rebekah que estava respirando com dificuldade, por causa da sua correria.

 — Ah de novo não! – Ela exclamou vindo para o meu lado.

— Pegue um pano e um pouco de agua, por favor, Rebekah. – Pedi e a mesma assentiu e saiu correndo.

 Depois de uns minutos, eu já havia limpado todos os ferimentos de Klaus e o ajudei a se sentar direito, Rebekah saiu novamente dizendo que iria avisar Elijah e os outros.

 — Por quê? – Klaus perguntou de repente.

— Por que o que?  - Revidei com outra pergunta sem entender.

— Por que se arriscou por mim? – Perguntou novamente.

— Por que você vale o risco. – Hesitei. – E... Porque eu também gosto de você.

Senti o ar voltar aos meus pulmões fazendo me acordar assustada, pisquei algumas vezes tentando ajustar minha visão na pouca claridade.

— Ei Bonnie. – Jememy apareceu na minha frente se sentando no chão. Me sentei o abraçando rapidamente.

Mesmo tendo certeza de que voltaria com feitiço que eu fiz, não pude deixar de sentir medo. Depois que simplesmente morri, foi apenas escuridão e vozes todas as minhas ancestrais me dizendo que eu deveria me preparar para algo muito maior no meu destino.

Que eu poderia morrer facilmente tomando as decisões que eu tomaria, mesmo estando erradas, elas sabiam que não podiam me impedir. Fiquei confusa perguntando do que falavam, mas elas apenas me ignoravam dizendo que eu tomaria a decisão errada.

Me afastei de Jeremy com esses pensamentos, mas ele apareceu não se importar e começou a mexer na sua mochila tirando um notebook de lá.

— Tem certeza de que é seguro aqui? – Perguntou ele olhando em volta. Estávamos na casa que foi construída em cima do local que queimaram as cem bruxas até a morte.

— Tenho. – Respondi sorrindo, ficaria muito bem aqui, estaria até mais acompanhada do que na casa da minha avó. Jeremy tirou um pequeno dispositivo da mochila colocando no chão e ligando. – O que é isso?

— Isso aqui é um modem. Se vamos ficar presos aqui precisamos de internet. – Respondeu.

— Mas você não precisa ficar aqui comigo.

— Olha, eu não vou sair de perto de você. – Respondeu sorrindo fazendo com que eu retribuísse.

Por isso que eu gostava do Jeremy, ele era sempre carinhoso e compreensível, mas eu não era apaixonada por ele.  Meu sorriso se desfez ao me lembrar de Elena, ela estava segura, mas deveria estar inconsolável, se Damon não contou a ela que eu estava viva. Foi algo preciso, mas não queria minha melhor amiga sofrendo.

— Eu preciso que você fale com a Elena por mim. – Pedi a Jeremy. – Diz que eu sinto muito pelo que eu e Damon fizemos.

— Bom, então, porque você não fala? – Perguntou virando a tela do notebook para mim, mostrando uma Elena cheia de lagrimas.

— Bonnie. – Falou sorrindo.

— Elena. – Tentei segurar as lagrimas que queriam sair. – Elena, me desculpa, eu queria te contar, mas não tínhamos tempos.

— Tudo bem, sério Bonnie, está tudo bem. Damon me explicou tudo. – Ela respondeu rapidamente sorrindo. – Eu só queria ver você com meus olhos.

— O que aconteceu depois que eu apaguei? – Perguntei curiosa passando a mão no rosto o secando.

— Klaus pareceu abalado – Falou fazendo com que eu desviasse o olhar. – E sumiu de vista, mas eu não prestei atenção, eu fiquei tão preocupada, achei que você tinha... – Ela abaixou o olhar engolindo em seco.

— Não se preocupe Elena, o importante e que todos saíram bem. – Falei sorrindo.

— Bonnie, nunca mais faça isso, ouviu? – Brigou comigo me fazendo rir e assenti.

Conversamos por mais um tempo até que eu percebi que Jeremy já estava dormindo. Jeremy dormindo cedo? Essa é nova. Desliguei o notebook e me arrumei em cima do cobertor tentando dormir, encarei o teto escuro por alguns segundos.

Será que Klaus havia saído do corpo de Alaric? Aquele formigamento familiar voltou a passar por mim ao me lembrar do loiro dos meus sonhos, qual era o possibilidade do Klaus que quer matar Elena ser o mesmo Klaus dos meus sonhos, se é que eram sonhos. Ele parecia me conhecer, isso estava meio na cara, mas não me lembrar dele me irritava, as bruxas também me deixaram sem respostas e logo eu ouviria um questionário de Damon, mesmo podendo não responder.

Suspirei tentando não pensar nisso, me virei ficando de costas para Jeremy e fechei os olhos esperando o sono vir.                      

— Bonnie! – Me virei assustada olhando o moreno atrás de mim. – Vamos, ele nos encontrou, Klaus está nos esperando.

— Será que nunca teremos paz? – Perguntei segurando sua mão.

 Em um piscar de olhos estávamos do lado de fora da mansão, o moreno me pegou no colo e correu com sua velocidade sobrenatural para a saída de cidade. Senti minhas pernas um pouco mole quando ele me colocou no chão.

 — Obrigada, E... – Antes que eu pudesse terminar a frase o moreno foi jogado longe com o pescoço quebrado.

— Olha o que eu encontrei aqui. – O homem loiro parou na minha frente sorrindo de um jeito maníaco. – Bonnie Bennett quanto tempo.

— O que está fazendo aqui? Por que sempre vem atrás de nós? – Perguntei tentando esconder o medo.

 O homem apenas deu uma risada dando um passo em minha direção, o que me fez recuar instintivamente.

 — Sabe eu admiro sua valentia. – Ele falou continuando vindo em minha direção. – Muitos já teriam desistido, mas você sempre está por ai fugindo, mas não está fugindo da pessoa certa, deveria fugir desses monstros que você chama de família.

 Virei-me em outra direção me preparando para correr, mas em um piscar de olhos ele já estava na minha frente, levantei minha mão o jogando longe e corri em direção ao corpo de Elijah tentando reanima-lo. Agachei-me chacoalhando o moreno pelos ombros, antes que eu pudesse chamar seu nome, senti uma mão no meu pescoço e rápido demais para eu processar fui jogada para o outro lado da rua. Fiz uma careta ao sentir a ardência na minha bochecha e logo o sangue escorrendo.

 — Nos deixe em paz, você é o verdadeiro monstro! – Gritei sentido as lagrimas escorrerem por meu rosto.  – Achei que talvez você tivesse salvação, mas eu estava errada.

 Seus olhos escureceram e suas presas saíram, ele apareceu em minha frente me levantando e logo em seguida mordeu meu pescoço. Gritei desesperada, não me concentrando em nenhum feitiço forte o suficiente. Usei a pouca concentração que me restava explodindo seus nervos do celebro que logo se reconstruíam e explodiam novamente lhe dando um horrível aneurisma.

Ele caiu de joelhos gritando com as mãos na cabeça, mas isso pareceu apenas irrita-lo, olhei mais uma vez para Elijah que ainda estava desacordado, eu teria que deixa-lo.

 — Bonnie! – Me virei ao ouvir meu nome ser chamado por uma voz tão familiar.

 Antes que eu pudesse pedir ajuda ou chamar por ele, senti a madeira atravessando minhas costas e alcançando meu coração. A dor era imensa, mas não chegava nem aos pés da dor que eu sentia ao ver a dor nos olhos da pessoa a minha frente.

Senti minhas pernas falharem quando tentei dar um passo em sua direção. Na direção de Klaus.

 Acordei chorando, era uma sensação horrível, mas eu não chegava me importar, eu gostaria de substituir essa dor que eu estou sentindo por qualquer outra coisa. Sentei-me em cima do cobertor não segurando as lagrimas que escorriam descontroladamente do meu rosto.

Olhei para o lado vendo Jeremy ainda dormindo, tentei fazer o máximo de silencio ao me levantar, mas estava quase impossível, meu corpo parecia não querer me obedecer, nunca me senti tão fraca. Sai do quarto me apoiando nas paredes, eu me sentia destroçada.

A dor em meu peito parecia cada vez doer mais, cheguei à sala completamente vazia, exceto pelas plantas, tentei ir para a porta, mas antes que eu pudesse chegar ao meio da sala, minhas pernas fraquejaram me fazendo cair de joelhos.

Já não me importava mais em parar de chorar, era tanta dor, mas não uma dor física como se a madeira estivesse sido enfiada em meu peito, era uma dor muito pior. Como se tivessem arrancado meu coração, ou como se meu coração estivesse ali, mas uma parte dele faltava. Eu queria Gritar.

Arrastei-me até a parede mais próxima, encostando minhas costas ali. Minha respiração era cortada pelos meus soluços. Encolhi minhas pernas as abraçando, colocando meu rosto entre os joelhos e continuei chorando.