Fechar os olhos escrita por Lostanny


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hello ~ Espero que gostem do capítulo. q



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Choromatsu nunca se sentiu tão aborrecido em ter que acordar cedo para ir trabalhar. Isso não passou despercebido pelos seus irmãos.

— E então? Pode contar o que houve? — Todomatsu disse, tão aborrecido quanto Choro, mas por um motivo diferente, pois tinha preocupação também em seu tom.

— Não é nada, só estou com sono. — Choromatsu disse, terminando o seu café da manhã. — Não espero a hora de poder voltar a dormir.

— Está com sono? Se você tem dormido até antes das 18:00? — Todomatsu disse incrédulo. — Quer dizer, pode até ter sido mais, porque ontem mesmo recebi uma ligação da Totoko-chan que disse que você não tem aparecido no escritório há três dias.

Nesse ponto, Karamatsu também parou de mexer em seus hashis, observando o irmão mais novo com uma preocupação quase palpável. Afinal, até pouco tempo atrás ninguém duvidaria em dizer que Choromatsu era viciado em trabalhar, a ponto de que era costume ter olheiras de horas em claro em seu rosto. Todavia, ali estava o irmão do meio evitando o que mais poderia colocar vida em seus olhos, apesar de que também tinha sua porção de estresse.

No entanto, aquele era o preço que ele pagava para realizar seu sonho, ainda que dissesse que não acreditava na palavra “sonho” propriamente dita, mas sim em metas buscadas e alcançadas. Isso era o que dizia aos irmãos. Dessa forma, era estranho ver como Choromatsu parecia ter invertido seu entendimento e achar que tudo ficaria bem caso fosse dormir, que justamente era o mundo em que não só seus sonhos como seus pesadelos estavam.

Em maior parte, seus pesadelos. Pelo menos, durante anos, o que teria mudado?

Choromatsu trocou o peso do corpo em cada pé, em desconforto.

— Eu ia hoje mesmo me desculpar pelo meu procedimento, Totoko-chan não tinha que se preocupar comigo.

— É claro que ela ia se preocupar! — Todomatsu disse com incredulidade — Eu me preocupo. Você não tem agido como você mesmo, Choromatsu-nii-san.

— Com licença. — Choromatsu disse, encarando o irmão com irritação — Quem é que ficava me dizendo que eu devia ter alguma folga, porque eu estava trabalhando muito? Agora que eu faço algo a respeito, porque eu estou cansado, você vem falar alguma coisa, Todomatsu?

— Mas não é essa a questão aqui, nii-san... — Todomatsu começou, então, sentiu uma mão em seu ombro. — Karamatsu-nii-san...

— Todomatsu, não é nada cool ficar insistindo assim. Choromatsu sabe que ele tem understandable brothers que ele pode contar se precisar, alright?

— Mas... — Todomatsu disse, porém depois balançou a cabeça em negativa. — Certo, eu entendo!

— E depois sou eu que escondo as coisas... — Todomatsu disse baixo para si antes de colocar a louça sobre a pia, então, saiu para dar suas aulas de economia doméstica em uma escola próxima a casa deles.

Choromatsu quase deu um suspiro de alívio, pois só iria ter de ver o outro bem mais tarde, quando os ânimos de Todomatsu talvez pudessem estar melhores. Contudo, Karamatsu só esperou que Todomatsu não estivesse mais em casa para cruzar os braços com uma expressão séria no rosto.

— Não sei o que está aprontando dessa vez, brother, mas se começar a ficar perigoso é melhor parar. — Karamatsu disse, olhando direto em seus olhos, o que fez Choromatsu engolir em seco. — Nem eu nem Todomatsu queremos que o incidente com a Okaa-san se repita. Não queremos que se machuque.

— Do que está falando? — Choromatsu disse, franzindo as sobrancelhas, depois deu de ombros. — Eu já esqueci sobre isso, não se preocupe. Acha que eu estava fazendo alguma coisa nesses três dias? Devia confiar mais em mim como diz que faz.

Nesse ponto, não tinha como Karamatsu rebater o que dissesse. Então, Choromatsu deu a conversa como encerrada, indo ao trabalho como havia dito. Porém, no caminho, percebeu como ainda estava com fome, apesar do que já tinha ingerido no café. Lembrou vagamente como tinha tido a mesma sensação nesses três dias, e como em todas as vezes que isso acontecia ele se dirigia ao café Sutabaa para conseguir algum lanche. E acabava dormindo lá.

O que não foi diferente dessa vez.

(...)

Diferente das outras vezes, Choromatsu não estava em casa, mas sim no café Sutabaa como antes. E ele não estava cercado pela sua família em uma atmosfera aconchegante, contudo, pelo vazio do local onde nem ao menos os funcionários se encontravam. No entanto, não estava sozinho. Ao focar sua atenção à sua direita, viu que Osomatsu lhe fazia companhia, de todas as pessoas.

— Eles estão começando a notar, Choro, o que pensa em fazer? — Osomatsu disse divertido, apoiando a bochecha em uma das mãos.

— Ah, não enche você também. — Choromatsu disse irritado, esfregando os olhos com força. — Não importa o quanto eu durma, eu ainda sinto sono, como pode?

— Bem, talvez porque você não esteja realmente dormindo. — Osomatsu aclarou. — Se fosse apenas para fazer você sonhar, como eu fiz da primeira vez, não teria nenhum problema. Mas o que eu realmente tinha dito era que ia fazer seus pesadelos desaparecem, lembra? Então, isso tem um preço além do que tínhamos combinado, infelizmente... ou seja, em troca de seu precioso descanso, seus pesadelos estão sendo consumidos por mim. Eu não posso fazer isso a menos que você esteja acordado, ou posso acabar apagando algo que você não gostaria.

Choromatsu realmente devia ter desconfiado que aquela história não terminava no yubikiri genman, todavia, agora não adiantava reclamar pelo que já tinha acontecido. Ele não poderia voltar no tempo para recuperar o descanso que tinha perdido.

— Então, você não poderia fazer isso quando eu já estou acordado normalmente? — Choromatsu disse, forçando-se a perguntar, franzindo as sobrancelhas.

— Ah, eu teria que ter uma forma física também e para isso gasto muita energia. Eu teria de tirar mais energia sua para fazer o mesmo, então, não vale o esforço. — Osomatsu disse, dando de ombros. — Fora que seria bem estranho se eu ficasse te seguindo para ter de fazer meu trabalho.

— Que seja. Só faça com que eu possa dormir de novo. — Choromatsu disse, meio irritado, meio desesperado. No fim, era melhor tentar do que nada.

— Claro, eu posso fazer isso. — Osomatsu disse com um tom de voz despreocupado — Mas, seus pesadelos vão voltar na mesma medida de antes. Então, talvez seja bem pior dormir agora que das outras vezes, já que seu espírito está bem mais fraco em comparação a eles, mais do que normalmente. Tem certeza? Se você se esforçar um pouco mais, eles vão sumir completamente e você poderá voltar a dormir por quanto tempo que precisar que eles não vão aparecer.

Choromatsu hesitou. Sua família estava preocupada e ele estava faltando ao trabalho, um que custou muito para se tornar sucedido. Um sucesso que ele daria tudo para que pudesse mostrar a sua mãe, para que se livrasse da culpa de ser uma criança quando ela precisava desse suporte financeiro, uma vez que foi o que a desestabilizou, além da desfeita de seu casamento.

Contudo, o que Choromatsu acabou por dizer a Osomatsu foi que deixasse as coisas como estavam. Mais do que desapontar sua mãe ou seus irmãos, ele tinha mais medo dos sonhos que tinha ao dormir. Dessa forma, Osomatsu bagunçou os cabelos de Choromatsu e disse, com um sorriso que não conseguiu entender bem:

— Bom garoto. E para comemorar sua escolha, porque não fazemos uma nova promessa?

— Depende. Do que estamos falando aqui? — Choromatsu disse, sem conseguir esconder seu receio.

— Não é nada demais, eu te garanto... — Osomatsu disse, com um sorriso divertido. — Eu quero um beijo seu.

Algum sentimento se projetou em sua consciência, contudo, ele se esfumaçou antes que pudesse averiguá-lo. Não era raiva, pelo menos, não por hora.

— Por quê logo isso? — Choromatsu disse, com os olhos desconfiados.

— Todomatsu me disse uma vez que você nunca teve uma namorada. — Osomatsu aclarou. —Então, fiquei curioso em quão ruim é a sua técnica.

Choromatsu olhou bem para o outro. Dessa vez, a raiva sem dúvida apareceu para afundar sua linha de raciocínio. Se tinha uma coisa que não gostava em Todomatsu, era que de vez em quando ele podia falar muito, ainda mais sobre esse assunto em particular que para Choromatsu era um lembrete de que ainda não tinha superado muita coisa de seu passado.

Pois ele realmente queria estabelecer um relacionamento com alguém, só que acabava falhando miseravelmente.

— Você está brincando comigo, não é? — Choromatsu disse, então, agarrou o pulso do mágico e aproximou o rosto dos dois.

— Eu estou mesmo, mas não precisa ficar irritado, sabe? — Osomatsu disse, arqueando uma sobrancelha, pois mesmo com seus poderes não era como se soubesse o que se passasse na mente de Choromatsu. Osomatsu poderia apenas supor. — Meu irmão mesmo só se apaixonou uma vez e isso acabou com ele, então, você até pode ser visto como sortudo?

— E eu só estou pedindo por um beijo que ninguém vai saber que existiu. — Osomatsu completou, vendo como o agarre diminuiu a força.

—... tudo bem. — Choromatsu disse, surpreendendo a si mesmo pelo que havia dito. Depois, tentando se corrigir. — Só uma vez.

— Agradeço. — Osomatsu disse com um sorriso — Mas talvez uma outra hora? O café já está fechando.

— Quê? — Choromatsu disse sem entender, até que se viu rodeado por duas funcionárias que irradiavam confiança em seu trabalho e na vida.

— Já iremos fechar, senhor. Se puder se retirar. — Disse uma das funcionárias com um sorriso profissional no rosto. Em seu crachá havia o nome “Sachiko”.

Se tudo fosse como antes, teria corado da cabeça aos pés por receber a atenção de uma garota como aquela, mesmo que a atitude dela fosse motivada pela obrigação para com um cliente.

Porém, sua cabeça estava preenchida por pensamentos que envolviam aquela pessoa em particular e o beijo que eles haviam de dar um dia. E foi apenas isso que fez Choromatsu corar da cabeça aos pés, percebendo que era uma reação tardia do que provavelmente teria tido antes se sua desconfiança no outro não tivesse vencido. Surpreendeu-se em dobro por notar que era uma reação mais por ser Osomatsu quem tinha se voluntariado do que o ato em si.

Então, se Osomatsu não tivesse nenhum motivo oculto para suas ações, quaisquer que fossem, estaria tudo bem para ele? Como podia? Choromatsu piscou quando Sachiko repetiu seu pedido, parecendo meio aborrecida por ser encarada por um rapaz com um rosto ainda corado. Devia pensar que era algum tipo de pervertido, o que lhe fez ficar mais vermelho, só que de constrangimento.

— Ah, claro. Sinto muito. — Choromatsu disse, e como já tinha pago antes pelo seu lanche, apenas recolheu suas coisas rapidamente, então, saiu do café.

Choromatsu poderia dizer que tinha ficado surpreso quando encontrou Todomatsu fora do estabelecimento com os braços cruzados, fuzilando-o com o olhar. Contudo, aquilo era esperado considerando a conversa que tiveram de manhã. Entendia que não seria ele a dar um sermão de comportamento a alguém, os tempos eram outros.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ~