Harry Potter e a Caverna de Sepsyrene escrita por Rosalie Fleur Bryce


Capítulo 19
A festa da Vovó Weasley


Notas iniciais do capítulo

Lumos.
Oi, genteee! As coisas pesadas começam agora! Espero que gostem.

MÚSICAS DESSE CAPÍTULO: (nome do vídeo no youtube)
Ron ღ Hermione ϟ "May I"
Ron&Hermione | Fix You^

Aproveitem a leitura...



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Ao sair do banho, Harry enxugou seu cabelo e tentou ao máximo arruma-lo, o que parecia impossível; sempre havia uns fios que insistiam em querer aparecer mais do que os outros e ficar e pé. Desistindo da tarefa, Harry pôs-se a colocar os trajes a rigor que a Sra. Weasley lavara pra ele. Enquanto abotoava a camisa branca com uma certa dificuldade – os botões eram grandes demais para as casas da camisa –, Rony entrou no quarto meio raivoso, batendo a porta com força.

— O que aconteceu? – Harry perguntou, olhando Rony pelo espelho.

— Esse estúpido anel! – o ruivo teve um acesso de raiva e jogou uma caixinha preta no canto do quarto.

— O que o anel fez? – Harry perguntou em um tom irônico.

— Nada... nada, esquece... Enfim, já está pronto? – ele perguntou tentando desvirtuar no assunto.

— Já, é... quase, eu juro que não sei dar esse nó na gravata – Harry disse em um tentativa falha de fazer o nó, que acabou com o seu dedo enrolado no nó cego que fizera.

— E você acha que eu sei? – Rony perguntou. – Pelo menos agora eu tenho vestes descentes, não algo que pareça que fora enterrado com alguém há alguns séculos. Vou no banheiro. – ele informou, o que Harry achou desnecessário, pelo espelho observou o amigo entrando no banheiro do quarto e fechando a porta.

Harry riu. 

TOC TOC TOC! 

Alguém por pouco não fez um buraco na porta.

— Meu Deus... quem é? – encostou a cabeça na madeira.

— Sou eu, Harry! Abre logo! – pelo tom de voz raivoso, Harry reconheceu Hermione na hora.

— O que foi? Pra que tanta raiva? – ele perguntou, um tanto assustado.

— Preciso de uma coisa... – ela disse afobada, enquanto revirava as gavetas do quarto. – Gina disse que está aqui... grrrr... cadê? Cadê? – ela murmurava com raiva.

— O que você quer? – Harry tentou entender a situação.

— Uma... que é isso, Harry? – ela perguntou ao parar de andar e analisar os trajes do garoto.

— Isso o quê?

— Esse nó que você fez, deixa eu arrumar... aqui... pronto – sem dizer mais nada, a garota voltou para sua procura pelos baús do quarto.

— Enfim, que está procurando?

— Uma coisa pro cabelo, Harry. Feliz agora? – ela quase gritou, impaciente, e, sem olhar para Harry, ainda vasculhava com pressa as gavetas e armários. – Ah, deve estar no banheiro.

— Pra cabelo..? Jura que tudo isso é só por um treco de cab... BANHEIRO? NÃO ENTRA AÍ! – Harry lembrou que Rony estava usando o banheiro. 

Ela estava quase chegando à porta, mas, para o alívio de Harry, antes que Hermione pudesse puxar a maçaneta da porta, esta se abriu e Rony saiu do banheiro.

— Ah! – Hermione soltou um gritinho.

— Ei... ia entrar aqui? – Rony perguntou, bravo.

— Ia, mas eu...

— Tá louca?

— Rony eu...

— Rony!! – Harry berrou. – Ela não sabia que você estava aí, eu não avisei.

— Ah, bom... desc...

— Licença – ela disse ríspida, entrou no banheiro e depois de uns cinco segundos saiu dele. – Achei, era só isso – falou, indicando um potinho azul para os dois. 

Craque. Ela fechou a porta com força.

— Que descontrole é esse? – Harry perguntou ainda assustado.

— Nada... esquece, vamos, temos que descer, mamãe quer ajuda na decoração.

— Onde vai ser a festa, afinal?

— Lá fora, papai está armando uma tenta gigante para caber todo mundo.

— Quantas pessoas vem, exatamente? Quer dizer... é só a sua família, não?

— Não, Harry... vem muito mais gente... Sabe, podemos ser pobres, mas minha avó não é não, faz as festas aqui pelo carinho que tem por nós, ela conhece mais gente importante do Ministério do que o próprio Ministro deve conhecer... 

— Mas se sua avó é rica...

— É, Harry – Rony disse. – Minha vó é rica, mas meu pai recusou todo o dinheiro que ela já nos ofereceu. Agora vamos descer logo.

Sem dizer mais nada os dois foram até a cozinha e encontram a Sra. Weasley fazendo praticamente três coisas ao mesmo tempo; os detalhes do bolo, o recheio dos pães e a secagem de seu cabelo com a varinha.

— Quer ajuda, Sra. Weasley? – Harry perguntou.

— Quero sim... vá lá fora e veja se Arthur precisa de ajuda com a decoração... ou... melhor, você e Rony vão ascender as velas que eu coloquei lá fora.

— De novo, mãe? – Rony resmungou. – Sabe que não podemos usar magia... ascendi todas as velas ano passado com um único fósforo, tem ideia do trabalho? Demora muito.

— Shi shi... sem reclamar, por favor, vão – disse ainda compenetrada nos pães. Quando Harry foi para o lado de fora da casa, viu que a Sra. Weasley colocara mais de cem velas por todas as partes, sem contar as que rodeavam a tenda que o Sr. Weasley estava armando. Harry até perdera a noção do tempo que passara ascendendo as velas, quando todas estavam acesas o Sol já estava quase começando a se pôr. As luzes que tremeluziam no campo deram um efeito muito bonito na paisagem. 

— Ronald! Harry! Pra dentro! – Harry ouviu a sra. Weasley gritar, e sem pensarem duas vezes, ele e Rony correram para a casa. Ao chegarem lá, encontraram todo mundo na sala; Gui, Fred, Jorge, Gina e Hermione, todos à espera dos dois.

— Onde está Percy? – Molly perguntou.

— Não vai descer, disse que tem coisas importantes a tratar sobre o Ministério. – Gina explicou.

— Ah... é claro... – A sra. Weasley disse em um tom de desapontamento, mas continuou: – Enfim, agora, que todos... quase todos... estão aqui, preciso explicar tudo para Harry e Hermione, já que é a primeira vez que eles vem à festa. Bom, nós, da família Weasley, temos uma tradição que veio da família da mãe do Arthur. Todos os anos, no aniversário dela (da mãe do Arthur), nós fazemos essa festa... Fred, Jorge, prestem atenção em mim!

— Já sabemos como funciona, mãe – Fred se defendeu.

— Ótimo, então calem a boca. – a sra. Weasley disse imediatamente. – Voltando... ao completar treze anos, os filhos da família Weasley devem vir à festa acompanhados de um par. Ano passado deixei que Rony levasse Gina, mas isso não vem ao caso. O que quero dizer é: além dessa tradição, temos outra, a cerimônia do anel.

“Bem, vou explicar. Ano retrasado, o par de Percy foi quem usou o anel na festa, vocês vão entender esse negócio do anel na hora da cerimônia, acreditem. Enfim, no ano passado o par de Fred foi quem usou o anel, Jorge conseguiu escapar dessa. E é assim, sempre do filho mais velho para o mais novo. Obviamente, esse ano quem usa o anel é o par de Rony, no caso, Hermione.

Harry percebeu que Hermione fraquejar, mas continuou quieta.

— Bom, agora que estou vendo... – A sra. Weasley esticou o pescoço na tentativa de querer ver além da porta, Harry também virou o rosto e viu que os convidados já entravam na tenda, todos chegavam aparatando. – É... sim, em sete minutos vocês vão entrar, um de cada vez... primeiro Gui com... Gui, cadê seu par?

— Ah... ela já vai chegar...

— O.k... Em seguida Fred e Jorge, e logo depois vem vocês dois, Rony e Herm... – ela parou de falar ao analisar Hermione. – Hermione, querida, por que não está pronta? E você, Gina? 

Agora que Harry percebera, as duas estavam de moletom e com uma toalha em volta da cabeça, provavelmente para secar os cabelos recém lavados das meninas.

— Mãe... você tirou nossas medida erradas, acrescentou dez centímetros a mais no meu quadril... – Gina disse aborrecida.

— E bem... – Hermione continuou, envergonhada. – o meu não tem uma manga e um lado da saia.

— Ah meu Deus... – Molly murmurou. – Certo... certo... vamos subindo, vamos, meninos, fiquem aqui dentro, se não voltarmos em cinco minutos, vão entrando, parece que esse ano será diferente... as meninas chegarão depois...

— Onde elas estão? – Fred perguntou impaciente para Jorge.

— Acha que eu entendo da cabeça feminina? Eu disse a hora, data e o lugar, devem chegar logo... – Jorge murmurou.

Cinco minutos passaram voando, de repente Harry viu um sr. Weasley entrar afobado em casa, quase tropeçou no tapete de entrada.

— Meninos, todos estão esperando...

— Mas elas não chegaram... – Jorge protestou.

— Elas confirmaram? – Gui perguntou, risonho.

— Eu já disse, irmão – Jorge começou. – Eu falei a data, horário e lugar. Elas deram risinhos e saíram andando. Considero isso como um sim.

Harry ainda não entendera o motivo da preocupação e necessidade de dar tudo certo para essa festa. Até parecia algo oficial... e quando Rony mencionara o Ministério, Harry começou a pensar, será que Fudge estaria lá?

— Vocês vão entrar mesmo assim, elas lhes encontrarão lá na frente... O que estão esperando? Vamos, vamos! – Gui, Fred, Jorge, Rony e Harry se colocaram em fila na entrada da tenda, com uma espichada de pescoço Harry conseguiu visualizar o tamanho do evento, era algo realmente grande, trezentas pessoas (no mínimo).

A banda, que se encontrava em cima do que podia ser chamado de palco, e começou a tocar uma música que parecia anunciar a entrada de alguém importante. Harry, que era o último na fila, sentiu um empurrãozinho do sr. Weasley nas costas, indicando que ele devia entrar.

Os cinco entraram sorridentes, Harry percebeu que seu rosto não demonstrava felicidade exatamente, e sim um certo nervoso. Por que tantas pessoas? Ele se perguntava.

O lugar era amplo e bem arejado, a tenda só fazia o papel do teto que flutuava magicamente, e não aviam paredes, só a vista do crepúsculo no horizonte, mandando dourados raios de Sol para dentro do ambiente. Harry só parou de andar quando deu um esbarrão em Rony, que já estava parado. Os cinco estavam em fila, um do lado do outro, no meio do corredor. 

O salão era dividido em dois (Harry lembrou de uma igreja num casamento, bancos para os dois lados e um corredor vazio no meio, mas no lugar dos bancos, havia pequenas mesinhas redondas para os convidados se sentarem).

— Olá a todos! – o sr. Weasley começou, quando subiu no palco. – Bom, primeiramente eu agradeço infinitamente por todos estarem aqui mais um ano para comemorar o aniversário da minha querida mãe, que está completando mais um ano de vida. Todos aqui sabem o quanto ela fez, seus anos de trabalho para o Ministério e para todo o mundo bruxo, sabemos quantas vidas ela mudou e salvou. Mãe, é com toda a honra que eu lhes apresento mais um Cerimonial Weasley – ele gritou, excitado, e a banda começou a tocar novamente, agora, apresentando a entrada das meninas.

A primeira na fila era o par de Gui, Harry surpreendeu-se ao ver Fleur Delacour entrando extremamente radiante pelo corredor, ela parecia flutuar no seu longo vestido de ceda marrom. Logo depois veio o par de Fred, que usava vestes douradas, seguido do par de Jorge, usando um vestido rosa chiclete.

Em seguida, quem entrou foi Hermione, e assim como na noite do baile em Hogwarts, Harry ficou impressionado; com os cabelos cacheados soltos, porém bem arrumados e modelados, Hermione usava um vestido azul marinho de rendas da gola até o busto, e toda a parte do tronco de um tecido leve que chegava até seu joelho, era possível ver que ela se maquiara e tinha um sorriso nervoso no rosto. Tentando ser discreto, Harry fechou a boca e olhou para Rony, ele podia jurar que quando olhou para Rony, o amigo desviara o olhar para o chão. 

A última da fila era Gina, assim como quando Hermione entrou, Harry boquiabriu-se; Gina usava um vestido vinho, com mangas de lado, que chegava a um pouco depois de seus joelhos e com algumas pérolas e rendas espalhadas pela saia. Seus cabelos estavam presos em coque despojado; alguns fios ruivos caiam sobre seu rosto branco, deixando Gina com um olhar extremamente natural e gracioso. Harry sentiu um embrulho de sentimentos estranhos rolando por toda a sua barriga. A noite passada não aconteceu. Pensou ele. Você foi beber água, a Gina estava lá e então você foi dormir. Nada aconteceu. Nada

Fleur, as duas meninas e Hermione passaram por Harry até chegarem à seus pares. Gina se posicionou de frente para ele, assim como Hermione de frente para Rony, e uma música que Harry achou ser uma valsa começou a ser tocada pela banda.

— O que eu tenho que fazer? – Harry sussurrou para Gina.

— Dance.

Como ela mandara, Harry segurou na sua cintura e rapidamente começou a se mover pelo salão.

— O que está fazendo? – ela perguntou, risonha.

— Dançando – ele respondeu de olhos arregalados, como se não fosse um pouco óbvio.

— Que passos são esses?

— Não faço a mínima ideia. Mas é o homem quem guia a mulher.

— É... só que nesse caso nós temos um homem que não sabe dançar e uma mulher que sabe, então me deixe te guiar. – ela sorriu.

— Tá bom – ele respondeu, sem conseguir não sorrir.

— Nossa – ela murmurou depois de algum tempo, olhando encantada para os cantores. – Amo essa música, conhece?

— Não conheço. – disse ele, avaliando a banda que tocava.

— É da minha banda favorita. Papai ia me levar no show deles, mas quando vimos o preço dos ingressos – Gina nem precisou completas a frase. Pela sua expressão, ficou bem claro que o preço a deixou infelicíssima.

— Muito caros? – Harry disse, mais para confirmar.

— Não – ela de um sorriso que devia ser forçado. – Nós que somos bem pobres. – os olhos dela eram quase transparentes, como se ela estivesse sendo o mais sincera possível naquele momento. – Eu amo esse moço, simplesmente acho a voz dele divina. Sei todas as músicas de todos os shows e CDs. Presta atenção nessa letra, é linda.

            Como ordenado, Harry começou a prestar atenção na música que era cantada por um homem extremamente alto, com cabelos platinados e uma guirlanda de flores alaranjadas em um canto da cabeça.

When the world is closing in, and you can’t breathe

May I love you. May I be your shield.

— É realmente... profunda.

Por alguma razão, Gina riu do comentário de Harry.

— Sim – ela deu uma pirueta, e nesse momento, Harry achou que a ruiva dançava como se pesasse uma pena.

— Sabe de uma coisa, Gina? – a garota, que estava concentrada no chão, saiu de seus devaneios, e, ao mirar Harry, disse um doce “quê”. – Na próxima vez que esse moço vier aqui, me avise, que nós dois vamos ao show.

When no one can be found, may I lay you down

Com certeza ele disse alguma coisa errada. A expressão de Gina virou algo confuso e talvez triste. Harry desejou nunca ter abeto a boca. Gina foi diminuindo o ritmo da dança, até que ficou parada. 

— Ah, bom, acho melhor eu não ir, então. Sim, eu compro ingressos para você. Ou para você e Dino – ele mal podia acreditar que aquelas palavras estavam realmente saindo de sua boca. 

Antes que Harry pudesse parar de gaguejar com ele mesmo, Gina já estava pendurada em seu pescoço, dando ao garoto o abraço mais forte que ele já recebera. 

— Obrigada... Obrigada mesmo...

— Nossa – Harry pensou alto. – Você gosta mesmo desse moço... 

— Não... – Gina deu uma risada. – Eu gosto dele, mas esse abraço foi pelo gesto mais fofo que já fizeram comigo... Obrigada mesmo, Harry. 

Aos poucos, os dois voltaram a dançar e pegaram o ritmo da música com facilidade. Harry achou que a situação não podia melhorar, até que Gina se inclinou para mais perto dele e lhe deu um beijo na bochecha.  Contudo, Harry sentiu que não foi tão na bochecha, pelo contrário, nem um pouco longe do canto da boca de Harry. 

— E aí? – Rony tentou puxar assunto. Hermione continuou calada – Ah... qual é? – ele reclamou, finalmente mostrando sua insatisfação com o estado dos dois.

— Posso saber por que você não trouxe a Lilá? Não seria o certo?

— Bom, nós terminamos – ele deu de ombros. – Depois que ela leu aquela matéria da Skeeter, começou a desconfiar de nós dois. Mas quando ela nos viu brigando na sala comunal, no dia do baile, aí foi a gota d’água. Ela falava mal de você e eu não concordava.

All that's made me

Is all worth trading

— Bom, obrigada... – Hermione disse sem jeito. – Mas você mentiu – ela repentinamente voltou a ficar ríspida. –, e que significa essa cerimônia do anel?

— Vai ver logo... Ah, agora – ele exclamou, ao ver sua mãe subindo no palco ao final da música.

— Ótimo, ótimo... – Molly começou sorridente. – Agora, vamos prosseguir com a cerimônia do anel... Filho, Hermione, venham... subam aqui – ela fez sinal para os dois, que subiram nervosos até onde a sra. Weasley estava. – Bom, como a maioria aqui sabe, o anel foi enfeitiçado com magia antiga pela avó do Arthur, ele deve ser colocado no menino, ou menina, que realmente gostar do filho, ou filha Weasley. 

Hermione pareceu ter levado um balde de água fria, a sra. Weasley pegou sua mão, a menina recuou um passo tirando sua mão do alcance de Molly, a tenda foi tomada por cochichos e murmúrios. 

— Fique tranquila, querida. O anel dirá por você, se essa pequenina pérola brilhar, então você realmente gosta de Ronald.

Todos se calaram, Hermione pôde sentir as centenas de olhos a mirando. Lançou um olhar preocupado para Harry, que retribuiu com outro olhar indeciso. Lentamente, a sra. Weasley colocou o anel no dedo anelar da mão direita de Hermione, e ao chegar no nó de sua mão Molly parou de empurra-lo.

O anel continuou normal. Hermione parecia prender a respiração, olhando desesperadamente para os convidados.

And you cant’ breathe

Depois de uns cinco ou dez segundos, Hermione sentiu uma levíssima vibração em seu quarto dedo, o anel começou a brilhar bem pouco, mas brilhava, e com o passar do tempo sua luz ficava mais intensa, e crescia até o momento em que a luz não mudou mais, então todos se levantaram e aplaudiram com uma vibração tão grande que Harry sentira seu ouvido tremer um pouco.

When no one can be found

May I lay you down

— Que lindo! – um dos convidados gritou.

— Bravo, bravo! – uma mulher baixa e magricela disse enquanto aplaudia.

— Pronto! – sra. Weasley gritou, quase morrendo de felicidade. – Podem voltar a dançar! – ela disse, e todos na tenda se levantaram e começaram a dançar.

May I...

Harry, porém, viu Hermione saindo com os joelhos bambos da tenda, deixou Gina na pista de dança e correu atrás da amiga.

— Mione! Mione!

— Me deixa em paz – ela murmurou.

— O que acabou de acontecer? – Harry perguntou.

— Você não precisa de explicação, precisa? Pode deduzir sozinho o que acabou de acontecer. – ela soltou, com um tom bravo.

— Espera – ele murmurou, segurando o braço da amiga e a virando de frente pra ele, havia um rastro de lágrimas do seus olhos até seu queixo. – Pra que chorar? Que exagero...

— Ah, Harry... Agora eu sou exagerada, então vai embora, se for para me criticar faça isso outra hora.

— Não eu só quero saber com...

— Vai embora! – ela exclamou ao se encostar em uma árvore.

— Não, fico aqui, me fala...

— NÃO TEM O QUE FALAR! VOCÊ ENTENDEU BEM O QUE

ACONTECEU, HARRY! – ela berrou, e voltou a olhar profundamente o crepúsculo, ao horizonte; uma mistura de amarelo, que se transformava em laranja e depois, em degrade, mudava para o vermelho intenso.

— Fica calma, que droga... Hermione, tem alguma coisa acontecendo entre vocês dois que eu não saiba? – Harry perguntou com desconfiança na voz.

— Claro que não, Harry, se houvesse você seria o primeiro a saber, mas eu posso te garantir, não há nada, e mesmo que houve...

— Hermione, minha mãe está te chamando, quer te apresentar para o... Que está acontecendo aqui? – Rony apareceu.

— Nada, nada mes... Fala a verdade, por que você me chamou? – ela perguntou, agora contendo o choro e olhando bem séria para Rony.

— Já disse, foi minha mãe que te escolheu. E não só por isso, você é minha amiga, e eu não teria outra pessoa para levar, então...

— Ah claro... então você só me escolheu porque era o mais fácil, não? Por que não levar a Hermione? Ela não tem sentimentos, é de pedra, só pensa em estudar, não é mesmo?

Harry tinha a vontade de sumir dali, estava claro que ele era um intruso na conversa, então ele virou de costas para os dois e voltou a prestar atenção na música que agora era cantada por um casal. A mulher era baixinha e rechonchuda, igual ao homem.

When you try your best, but you don't succeed

When you get what you want, but not what you need

— Hermione, eu não disse isso...

When you feel so tired, but you can't sleep

Stuck in reverse

— Certo... agora eu interpreto mal o que você fala... sabe o que é? Você só repara na aparência, é... percebi isso ano passado. Quando você finalmente percebeu que eu era uma menina, Rony? – Hermione perguntou, mas ela mesma respondeu em seguida (Harry percebeu algumas lágrimas em seus olhos). – Quando eu coloquei um vestido bonito, arrumei o cabelo e passei maquiagem.

And the tears come streaming down your face

When you lose something you can't replace

— E agora? Eu voltei a ser uma menina, não é mesmo? Estou usando vestido, arrumei o cabelo, me maquiei...

— Então por que você se arrumou se não queria chamar atenção? – Rony surpreendeu-a com a pergunta.

— Ronald, seu idiota, como se atreve? Eu não me arrumei para o Vítor, ou para você, ou para qualquer outra pessoa. Eu me arrumei para mim. Para me sentir bem comigo mesma. E você arruinou tudo. E quer saber? Esse não é o ponto...

— Então qual é o ponto? Hein? – agora quem estava bravo era Rony.

— Você não me disse nem metade do que ia acontecer nessa festa. E agora eu tenho que usar esse anel brilhando e ver as pessoas me olhando como se eu fosse me casar amanhã!

— Ah... – ele disse em tom de compreensão com um pouco de ironia. – Então você realmente está brava porque a droga desse anel está brilhando? – ele soltou uma risada.

— Qual é a graça, não, não tem graça!

— Não... não tem graça mesmo... Qual é o problema do anel dizer que você gosta de mim, Hermione? Tem vergonha das pessoas saberem que você gosta de mim? – ele soltou de uma vez, os dois ficaram em silêncio por um tempo, e Harry tinha a vontade de desaparecer. Aos poucos foi andando pra trás, na intenção de deixar os dois sozinhos.

— Nem pense em sair, Harry – Hermione disse sem precisar olhar para o amigo se distanciando.

— Além disso... – Rony continuou. – O anel brilhar não quer dizer que você goste de mim daquele jeito, só do jeito normal.

When you love someone, but it goes to waste

Could it be worse?

— Mas e se ela gostar de você daquele outro jeito? – Harry se intrometeu, se ele tivesse que ficar ali faria alguma coisa.

— Harry! – repreendeu-o Hermione.

— O quê? – Harry gritou. – Essa discussão com certeza não é uma discussão de simples amigos, convenhamos...

— Não, Harry – Rony o interrompeu. – É muito ruim gostar de mim, o pobretão Weasley, melhor amigo de Harry Potter, QUEM VAI ME QUERER PERTO DELE? – Harry e Hermione se assustaram com o tom de voz de Rony, que se calou e virou de costas para os dois.

Lights will guide you home

— Quem Ronald Weasley é perto dos EXTRAORDINÁRIOS JOGADORES DE QUADRIBOL, HARRY POTTER E VÍTOR KRUM? OU PIOR, DO MILIONÁRIO DRACO MALFOY?

And ignite your bones

— Rony... Hermione... – Harry murmurou, agora os dois estavam de costas um para o outro e Harry no meio. Foi até Rony. – Qual é, cara? Pra que tudo isso? – ele baixou seu tom de voz mais ainda, Hermione não conseguia ouvi-lo. – Já chega, não acha? Fala alguma coisa, faz alguma coisa...

And I will try to fix you

Rony bufou e respirou o fundo, sem virar para Hermione, começou a falar:

— Você me chama de insensível mas não sabe nem um pouco do que eu sinto. E sabe o que eu sinto? Que você não percebe a minha existência... – ele continuou, os dois de costas para ela. – Acha que não lembro da primeira vez que eu te odiei? É LeviÔsa, não LeviosÁ, você me disse. Eu simplesmente não te suportava. Mas tudo mudou. No terceiro ano, estávamos na aula do Hagrid e Harry quase foi atacado por Bicuço... Não sei se foi por medo, mas você segurou a minha mão – Rony riu para si mesmo. –, e eu senti minha barriga revirar, e logo depois você me abraçou quando Bicuço foi decapitado.

When you're too in love to let it go

— E eu achando que tudo ia melhorar esse ano... e você me aparece daquele jeito no baile, com o idiota do Krum... o que você queria que eu fizesse? Te elogiasse bem na cara do Vitor? Sim, Hermione! Eu vi o quão bonita você estava, mas o fato de você nem reparar que eu estava com outra menina e estar se divertindo à beça com o Krum, o que você queria que eu fizesse? E não bastasse você ter ido ao baile com ele, no começo das aulas desse ano você vem e me diz que ainda troca cartas de amor com ele? Estou pedindo com sinceridade, Hermione, o que você quer que eu faça? – ele desabafou de uma vez, nem Harry parecia acreditar no que Rony dissera. – Hermione? – ele perguntou de novo. – Droga, Hermione! Responde! – ele gritou e se virou. – Vai me dizer que você desligou seus ouvid... HERMIONE! – ele berrou, Harry se virou com pressa e viu a amiga caída embaixo de uma árvore.

— Ela simplesmente desmaiou? – Harry perguntou preocupado.

— Não sei... eu estava de costas... – Rony respondeu apertando o pulso da menina. – Ela ainda tem pulso... rápido, chama alguém! – ele disse enquanto a puxava pelo braço para carrega-la. – Hermione... – ele murmurou para ele mesmo, quando Harry já havia ido arranjar ajuda.

And I will try to fix you

Enquanto Rony subia o morro na grama molhada e escorregadia com Hermione no colo até a tenda, ele sentiu ela se mexer.

— Ah! – ela gritou, assustando o garoto. Os dois caíram e foram rolando morro abaixo até chegarem à beira do lago, aquele que Hermione quase se afogou mais cedo.

— Hermione! – Rony gritou, bravo, enquanto tentava se levantar.

I will learn from my mistakes

— Ai... – ela murmurou, ainda deitada na grama. – Que deu em você? – ela perguntou enquanto se apoiava em uma árvore próxima para se levantar.

— Em mim? Você que desmaiou do nada e... O que você me ouviu falar?

— Tudo, Rony. Tudinho. Mas já que você não me suporta, com licença.

— Não, Hermione, eu não disse isso – Rony protestou enquanto a seguia em direção à tenda.

— Claro que não disse... – ela murmurou, irônica.

— Você realmente acha que eu diria isso? – ele perguntou baixando o tom de voz, os dois já estavam no meio da pista de dança.

— Eu sei o que eu ouvi, e não quero discutir isso aqui... nem em lugar nenhum – ela disse, praticamente sussurrando.

— Hermione? Você está bem? – perguntou Harry, que chegou com um frasco verde na mão. – Mas... foi tão rápido...

— É... foi rápido, licença. – e ela se foi em direção À Toca.

— Filho! – Harry ouviu a sra. Weasley gritando. – Ronald, Ronald, onde Hermione está indo?

— Está cansada – mentiu Rony.

— Sei disso, mas ela pode descansar mais tarde, os casais são os últimos a deixar uma festa... Ahm... Hermione! Hermione, querida... – sra. Weasley chamou-a enquanto corria até a menina.

Harry não conseguiu ouvir a conversa, mas só viu Hermione e Molly voltando para a tenda.

— Bom, agora dancem – ela disse juntando as mãos de Hermione e Rony. – Agora, Ronald. – ela lançou-o um olhar mortiço. – E Harry... onde está Gina?

Harry também não sabia, tinha deixado ela na pista de dança e foi falar com Rony e Hermione. Ele e a sra. Weasley procuraram pela tenda até acharem uma cabecinha ruiva. Às vezes confundiam com Fred, Jorge, Gui ou até mesmo Arthur, mas então a sra. Weasley avistou a filha.

— Ah! Está lá... Harry, quem é aquele com quem ela está conversando? – Molly perguntou, e quando Harry procurou olhar para onde ela estava olhando ele viu Gina, com um copo na mão, conversando com um menino loiro e alto. – Ah, espere aqui Harry, vou dar uma bronca nela. – Harry não disse nada, observou uma sra. Weasley indo brava até a filha, trocando olhares bravos com os dois e voltando até Harry segurando Gina pelo braço.

— Manhê... – Gina reclamou do beliscão que a sra. Weasley estava dando nela ao puxa-la pelo braço.

— Nada de manhê, hoje seu par é Harry, que vergonha, deixar o garoto plantado no meio da pista enquanto conversa com outro... agora trate de dançar com um ENORME sorriso no rosto. – E ao olhar mais uma vez para Harry e Gina, a sra. Weasley se virou e foi embora.

— Que vergonha, não é, Harry? – Gina perguntou, emburrada.

— Tinha um bom motivo: Rony e Hermione brigaram de novo – Harry se defendeu.

— Ah Merlin... – ela murmurou espichando o pescoço a procura de Rony e Hermione. – Lá estão!

Harry olhou para onde ela olhava, e encontrou Rony e Hermione desviando a cabeça para todos os lados, menos para a cara um do outro. De repente, Harry viu Hermione de desvencilhar dos braços de Rony e dizer alguma coisa para ele.

— Vamos lá – Gina disse, percebendo a situação.

— Não, eu quero ir embora, tchau – Harry ouviu Hermione resmungar.

— Bebida, senhor? – um garçom ofereceu.

— Ah, tá... valeu – Rony disse não dando importância a interrupção. – Hermione, quantas vezes vou ter que repetir? Eu não disse aquilo...

— Não precisa repetir, eu já entendi.

— Hermione! – Gina repreendeu-a.

— Não, deixa, depois de cinco anos... e ela ainda fala comigo como se não me conheces... Ah meu Deus, desculpa Hermione – Rony interrompeu a própria fala, um casal dançando animadamente esbarrou nele, o que o fez derrubar o copo de cerveja amanteigada, que lhe fora servido pouco antes, no vestido de Hermione, sujando-o todo.

— Tudo bem, quero ir embora mesmo, vou mandar uma carta para os meus pais pedindo para que eles venham me buscar, adeus – foram as última palavras dela.


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Notas finais do capítulo

Ufa. Sei que este estava grande, mas é necessário para desencadear o resto da história. Bom, espero que tenham gostadooo! E PELO AMOR DE DEUS, COMENTEM O QUE ESTÃO ACHANDO, KKKK. Assim tenho masi vontade de escrever!!
Um beijo com cheiro de unicórnio, e até mais!
Nox!



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