O beijo foi quente e molhado, e depois do primeiro, vários se sucederam. Sua mão ficou vagando entre o meu pescoço e cintura e quando a falta de ar foi maior que tudo, mordi seu lábio inferior e o puxei enquanto me afastava, ficando extremamente tímida de repente.

— Hm... Estou com fome. — xinguei-me mentalmente, tentando conter o rubor que se alastrava por todo o um rosto. Sério Hermione? Você acaba de beijar um garoto e a primeira coisa que fala é que está com fome? O que tem de errado com você?

Pra minha sorte, ele riu.

— Eu também Granger. Conhece algum lugar com comida boa? Eu pago. — ofereceu.

— Na verdade, estamos perto de um dos meus quiosques favoritos. — mordi o lábio, desfazendo a ação quando percebi que seus olhos estavam colados em minha boca. Disfarcei o sorriso. — Vem. — o puxei pela mão.

Comemos cornish pasty enquanto andávamos á beira do Rio Tâmisa, conversando vez ou outra. Vendo o olhar deslumbrado de Draco assim que a London Eye começou a aparecer no horizonte, logo expliquei:

— É uma roda gigante, um brinquedo característico dos parques de diversão. Essa — indiquei — é a 4° maior do mundo. — ele me olhou engraçado. Fiz uma careta. — Eu pareço uma enciclopédia ambulante certo?

Malfoy concordou. — Sim, mas é fofo, e até sexy se formos parar pra pensar que eu estou saindo com uma bruxa mais velha e inteligente que eu. — revirei os olhos, agradecendo pela escuridão não o permitir ver meu rosto corado. — Podemos subir?

Dei de ombros. — Só se você pagar. Estou sem dinheiro.

— Sempre soube que só estava interessada na minha fortuna Granger. — brincou. — Mas o que posso fazer? Estou completamente apaixonado por essa caça-dotes que me acompanha! — pôs a mão no coração, fingindo-se de ferido.

Malfoy, apaixonado por mim e achando sexy meu falatório ambulante? Tive que rir.

— Bobo.

Parecendo criança pequena indo visitar pela primeira vez o circo, Draco pagou os nossos bilhetes na velocidade da luz, dirigindo-se rapidamente para uma das cápsulas. Eu por outro lado o segui o mais lento possível, só entrando realmente lá quando o moço que operava a máquina começou a ficar impaciente comigo.

De tão extasiado pela vista, Malfoy só percebeu que eu me tremia quando se virou para falar algo.

— Granger, o que... Você está bem?

Neguei, mãos frias e suando. — Medo de altura, lembra? — tentei dar um sorriso que pareceu mais uma careta.

Ele xingou baixinho. — Eu tinha esquecido Granger. Como se faz pra sair desse troço?

Sorri. Malfoy preocupado era uma imagem extremamente fofa e reconfortante.

— Vamos dar pelo menos uma volta antes de nossa cápsula voltar pro chão Draco. Não se preocupe. Só... Converse comigo. Acho que vai me ajudar a relaxar.

— Ok então. Teve mais algum motivo pra você aceitar jogar o jogo? Quer dizer, tirando o lance com a sua mãe...

Suspirei, pensando no que falar. Naquela altura do campeonato todos de Hogwarts deveriam estar sabendo da mais nova fofoca, então porque não contar logo a Draco?

— Gina basicamente me acusou de covarde no salão comunal depois de eu negar fazer algo e todo mundo ouviu. — dei de ombros, olhando para as mãos. — Acho que eu só queria provar meu valor, sei lá. De qualquer jeito, tenho certeza que você não quer falar sobre isso.

— Estou aqui se precisar conversar Granger.

— Draco...

— Não, eu realmente estou aqui se você precisar Hermione. Estamos presos, lembra? — indiciou a cápsula.

—Droga Malfoy, eu já tinha esquecido isso! — soltamos uma risada, para logo depois o silêncio pairar. Pensei um pouco. — Eu só... as coisas tem sido difíceis Draco. Prometi a ela que participaria de todos os seus jogos, como amiga sabe, mas aquilo não é a minha praia. E ela ainda insiste em me proibir de ir à biblioteca, me arrastando pra todas as festas que ela quer ir mesmo eu dizendo “não”... Estou cansada de ser a sombra dela.

— Você não pareceu ser à sombra dela hoje à noite Granger. — colocou uma mecha de cabelo que se soltou atrás da minha orelha. — Na verdade, eu e alguns amigos sempre achamos o contrário.

Soltei uma risada amarga. — Tá de brincadeira né? Ela é a apanhadora da Grifinória, namorada do Harry Potter...

— Ela é a jogadora substituta Granger. — me corrigiu. — E o Potter só é famoso devido ao trabalho do pai dele como auror. E tirando isso, ela não é nada mais que mais um dos filhos Weasleys. Já você... — riu negando. — não vou repetir o que disse no estúdio de tatuagem Granger. Mas você sabe o que eu quero dizer. — me lançou um olhar intenso, desconcertando-me por alguns segundos. — Entre vocês duas, sempre achei ela mais insegura. Enquanto você se apóia em si mesma, usando os livros como uma rota de escape, ela...

— Não tem apoio. — completei. — Por isso se agarra na primeira pessoa que aparece: Neville, Miguel, Dino, Harry... eu. — constatei. — Ela me faz parecer insegura quando é exatamente o contrário. — desabafei. — Ela ainda deve estar naquela festa, bêbada, precisando que eu ou Harry segure o seu cabelo enquanto ela vomita. Eu me cansei disso. E a culpa nem é de Molly e Arthur, eles são ótimos pais e dão duro pra dar tudo de melhor pros seus filhos, mesmo que isso não alcance um alto padrão. — o encarei. — A culpa é dela e da sua insegurança. — refleti. — E isso... isso é triste, na realidade.

— Essa festa... — perguntou depois de alguns segundos, mexendo no bolso da calça. — o que acha de darmos uma passadinha por lá?

Neguei. — Um sonserino no salão comunal dos grifinórios? Isso me parece suicídio. Alem do mais, porque eu iria nessa festa?

— Talvez para mostrar sua nova tattoo? — perguntou não esperando resposta. — Ou pra mostrar a Weasley que você não é a pessoa que ela pensa que você é... Não se preocupe comigo Granger, cobras costumam trocar de cascas por algum motivo. — sorriu.