Nine Weeks and a Half escrita por Jones


Capítulo 3
Day 2 – The Next Day (non)Awkwardness


Notas iniciais do capítulo

Hey you,
Para quem está lendo, obrigada pela leitura ♥



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Quando acordei ela não estava do meu lado.

Confesso que me senti desapontado de verdade, porque não era como se eu precisasse me enfiar em um relacionamento naquele momento ou se eu por algum motivo pensasse nela dessa maneira, mas eu gostei da companhia dela. Era meio óbvio que eu arranjei uma queda por ela desde o primeiro momento, mas não pensava que seria o fim do mundo se eu nunca a visse novamente... Seria apenas uma pena.              

Me levantei para esquentar um copo de leite e voltar para cama, me perguntando se ela teve a decência de pelo menos me deixar um bilhete na geladeira dizendo "Com certeza o melhor parceiro sexual que eu já tive na vida, nos vemos em breve James Potter". De preferência pedindo por uma ligação, então talvez eu pudesse chama-la para tomar umas cervejas - ou algo mais sofisticado com frutas que algumas garotas e Scorpius apreciam. Podíamos ser amigos e eu com certeza faria a cortesia de deixá-la um bilhete se nossa diversão tivesse acontecido na casa dela, eu pediria para que ela me ligasse e nós comeríamos uma pizza por aí. Há grandes possibilidades de eu estar divagando.

— Nem um bilhete. – Murmurei para a geladeira, carrancudo. – Nem elogiando minha performance, nem dizendo que volta. 

— Eu deveria ter deixado um bilhete? – Ouvi sua voz sobre o meu ombro e me virei franzindo o nariz para as lentes da minha polaroid. – Mas sua cara de felicidade em me ver é impagável.

— Não sei que cara de felicidade. – Forcei uma expressão neutra de indiferença.

— Tarde demais. – Ela balançou a foto em frente ao meu rosto, infelizmente o que eu achei que era franzir o nariz era um sorriso terrivelmente honesto.

— Ah, isso é porque sou naturalmente fotogênico. – Sorri e ela girou os olhos. – Mas eu realmente achei que você tinha ido embora. 

— Eu não tinha nada para fazer em casa. – Ela encolheu os ombros e eu tomei a Polaroid da mão dela. – Hey!

Queria capturar o momento em que notei que ela estava mentindo e na verdade queria ficar tanto quanto eu queria que ela ficasse, que foi quando ela mordeu o lábio inferior para reprimir um sorriso. Mas na verdade consegui tirar uma foto dela fazendo careta com uma mão estendida no ar e a outra marcando a cintura sobre minha camiseta preta do Wicked Weird Witch que eu estava usando ontem a noite. A câmera não conseguiu capturar os pés miniatura dela descalços no chão gelado da cozinha e nem minha vontade de levar essa conversa a outros cômodos da casa.

— Se a gente colocar as fotos assim – Ela apontou a varinha que estava sobre a bancada para a geladeira e colocou a foto dela ao lado da minha como em um imã. – parece que eu estou dizendo "para de sorrir seu idiota, estou ficando com medo". 

— Eu vejo um rapaz bonito sorrindo e alguém com potencial fazendo uma careta bonitinha. – Falei, observando as fotos unidas na geladeira. – Você que tem um talento para enxergar historias onde não existem.

— Todos temos, James. – Ela apontou para nossas cabeças. – Mas eu espero que meu talento exista porque teoricamente é o que eu faço da vida. 

— Explica. - Disse, me sentando na bancada da minha cozinha. 

— Como assim? - Ela se sentou ao meu lado e foi instintiva a minha vontade de chegar mais perto até que ela colocasse as pernas sobre as minhas. Apesar de parecer que ela sempre tem um comentário desconcertante sobre qualquer tipo de proximidade (mental ou física), dessa vez ela não disse nada.

— V-v-ocê nunca disse o que faz da vida. – Gaguejei para a humilhação de estar fora do meu normal. Eu estava interessado de verdade, o que nunca acontece (já que eu sou conhecido por nunca prestar atenção e divagar enquanto as pessoas falam). 

— Nem você. - Ela constatou, meio que desviando o foco dela. 

— Fácil. Eu projeto jogos de videogame, trouxas e bruxos, às vezes o mesmo com uma configuração diferente pra maior senso de realidade para bruxos pirralhos que não podem usar a varinha fora da escola, por isso esse monte de jogos na parede: pra que crescer se eu posso ter A Terra do Nunca - Sorri um pouco orgulhoso de mim mesmo, ainda que eu não tenha tido nenhuma ideia brilhante naqueles últimos dez meses e apenas tenha atualizado as novas versões dos que eu já tinha feito, como o PEQ7 ou Witch Damnation 5 – Sua vez. 

— Estou entre empregos. - Ela sorriu amarelo, tirando as pernas de cima da minha. - Seu emprego é tão... Legal que eu não tenho coragem de falar do meu.

— Ele é legal, mas não quer dizer que não tenha seus maus momentos. Tipo agora que eu fui forçado a tirar uma licença porque parece que meu "estado mental não estava contribuindo para a convivência da equipe e para o processo criativo da empresa". - Bufei. - Tenho certeza que o você faz não é tão ruim.

— Eu me visto de pirata e trabalho em um bar a noite enquanto tento terminar meu mestrado em redação criativa e crio coragem de mandar meus roteiros para qualquer lugar que queira me contratar. - Ela disse de uma vez sem respirar. - Eu também sou babá, professora particular de piano e estagiária de um roteirista pela saco que não faz nada além de "caminhadas de reflexão" para se inspirar a escrever.

— Quando você disse entre empregos, você quis dizer isso mesmo. - Disse de olhos arregalados, pensando na minha rotina de ficar sentado em uma cadeira desenhando e transferindo para computadores e indo a reuniões e pesquisa de mercado. 

— É, eu costumo pular a pergunta da profissão quando ela aparece. – Ela sorriu e coçou o cabelo. – A de relacionamentos também e inclusive as de perpectivas sobre o futuro.

— Ugh, futuro. – Sacudi o corpo. – A palavra mais assustadora da vida.

— Não. – Ela negou veementemente. – Bebês.

— Casamento. – Rebati e ela riu.

— Todas as anteriores. – Ela proclamou com voz solene.

— Eu acho que eu preciso saber mais sobre você. – Falei, evitando olhar para o rosto dela porque gente branca fica vermelha quando está nervosa – Você quer sair para comer?

— Você pode pedir comida e me perguntar o que quiser. – Ela colocou as pernas sobre a minha novamente. – Sem cebola pra mim.

— Você não quer ser vista comigo em público porque me conheceu no Wander. – Eu ri, enquanto ela pegava o telefone com a varinha. – Até onde eu sei, a senhorita é especialista em inventar histórias.

— Eu tenho preguiça apenas de pentear o cabelo, Potter. Preguiça. – Ela disse, discando o número da pizzaria.

— Para mim, você está bonita assim. – Há sempre uma tentativa de parecer indiferente.

— E para mim, você tem uma queda impressionante e quase deprimente por mim. – Abbie me acertou com uma porrada que ela julgava ser leve no braço.

— Se enxerga se você conseguir alcançar o espelho, anã. – Falei, massageando o braço enquanto ela me mostrava a língua.

— Você não pareceu detestar meu tamanho ontem a noite. – Ela fez outra careta. – Você está perdendo a chance de me perguntar o que você quer saber de mim.

— Onde você estudou já que eu nunca te vi em Hogwarts? – Perguntei, porque fazia sentido. Era melhor que começar com perguntas difíceis e profundas como "o que você fazia no Wander". 

— Ilvermony, em Massachusetts. - Ela respondeu solenemente. - Ela era um pouco diferente de Hogwarts, mas tinha quatro casas e etc.

— Legal. Então você é Americana? - Estava surpreso, já tinha ouvido falar de outras escolas fora da europa mas nunca tinha conhecido ninguém que tinha estudado em alguma de fato. 

— Na verdade não. - Ela riu. - Sou de York, mas meu pai foi transferido pros EUA quando eu era nova. Depois fomos pra Nova Zelândia e então aos onze voltei pros EUA e entrei na escola. Eles voltaram pra cá quando eu estava no quinto, então tive que pegar aquelas caixas de aço da morte trouxa pra vir visitar todo ano nas férias.

— Eu achei que quem nascia aqui era chamado automaticamente pra Hogwarts. - Falei impressionado. 

— Eu também. - Ela sorriu – Eu quis desesperadamente estudar em Hogwarts por um bom tempo, mas Ilvermony na cabeça hoje em dia.

— A gente poderia ter se conhecido antes. – Constatei. – Mas provavelmente você não teria ido com minha cara.

— Eu era uma daquelas sabe-tudo. - Ela fez careta. - E provavelmente você era um daqueles populares, nojinho. 

— Na mosca. - Eu ri. - Talvez se a gente tivesse se conhecido antes não seriamos legais um com o outro.

— E desde quando eu sou legal? - Ela cruzou os braços e riu. - Mais perguntas?

— Acho que o segundo dia não é o dia certo para perguntas super invasivas cujas respostas podem mudar meu conceito sobre você pra sempre. - Falei descruzando os braços dela.

— Uh. Perguntas promissoras. - Ela (tentou fazer) fez voz fantasmagórica. 

— Então só mais uma: você quer que exista um terceiro dia para nós dois? – Falei, com as mãos coladas a minha samba-canção preta de raios brancos (edição comemorativa Potter).

— O segundo dia nem terminou ainda, Potter. Você me quer muito! – Ela sorriu, descolando a minha mão esquerda e colando-a as coxas dela para depois dar de ombros estilo James – A não ser que estraguemos tudo ao fim do dia, não vejo porque não. Você planeja estragar tudo?

— Não. De jeito nenhum. – Sorri, encarando os olhos cor-de-chocolate-quente dela. - Você? 

— De jeito nenhum. – Ela também sorriu. – Você faz isso de ser fofinho com todas as garotas que você conhece por aplicativos infames como Wander?

— Esse aplicativo tem um ponto positivo, dá pra gente selecionar alguém de acordo com um perfil, o que é bem melhor que se jogar aí e ter que aprender que a pessoa é fã de Nickelback depois de anos. – Fiz careta. – E respondendo sua pergunta, você é a primeira garota que eu conheço do Wander. Aliás, você é a primeira pessoa que conhece meus móveis do apartamento depois de Jenny, minha ex.

— Ih, ex no primeiro encontro. - Ela fez careta e eu bati na minha testa.

— Segundo, teoricamente. - Corrigi. - Só quis ilustrar o fato de que eu não sou um completo conquistador no momento.

— Estou brincando, tira essa cara de desespero. - Ela riu, apertando os olhos e enrugando o nariz. - O que houve com Jenny?

— Em poucos termos: Namoramos desde o sétimo ano da escola e contra meus princípios de só pensar em ser chato aos trinta e cinco, pedi a naja em casamento aos vinte e três e aí há uns dez meses ela disse "ah, acabou, você não é tão legal assim e se um dia você arranjar alguém boa sorte pra ela" entre outras coisas. - tentei soar o menos amargurado/triste/chateado/derrotado, mas eu realmente me senti como fazendo piada da situação depois de meses, então não precisei me esforçar muito. - Isso depois de ter me obrigado a ir a um show do Radiohead lotado e ficar na área vip olhando para a cara dos caras. 

— Qual é o lance com Radiohead? Só conheço uma música. Nem é isso tudo. - Ela girou os olhos. - Ela não parece ser legal. Mas vamos a perguntas mais fáceis. Quando é seu aniversário?

— Ontem. - Respondi e me diverti vendo-a arregalar os olhos. - A festa tava meio chata.

— Você largou sua festa de aniversário por sexo casual? - Ela me espancou abismada. - Seus amigos e familiares ficaram lá enquanto você... Molhava o biscoito! 

— Molhava o biscoito? - Nem tentei gargalhar mais baixo. - Afogava o ganso?

— Não muda de assunto! - Ela disse rindo, embora tentasse segurar a risada.

— Não mudei, foram boas horas de aniversario! Bons tempos, boas coisas... Ótimos movimentos. - Ergui as sobrancelhas para ela enquanto a imaginava nua. Me sentiria tímido dizendo que a imaginava nua, mas ela não tem controle sobre meus pensamentos e subsequentes sonhos eróticos. 

— Pervertido. - Ela cruzou e descruzou os braços. - Para de me imaginar sem roupa. 

— Como você... Eu não estava! - Me defendi, subindo meus olhos ao rosto dela. Iria ajudar se ela fosse feia no rosto ou em alguma parte.

— Como você... Eu não estava! - Ela debochou, imitando minha voz. Depois encolheu os ombros e disse: - Se você quiser você pode me ver nua agora e colocar em prática essa sua imaginação aí. Espero que seja incrível.

— Você é mestre na arte da sedução. - Fiz uma careta me levantando da bancada.

— Não preciso seduzir. Tenho peitos. - Ela piscou, tirando a minha camiseta e revelando seu corpo nu. - Depois, vamos comprar um bolo de chocolate para comemorar seu aniversário.

— Esse dia só melhora! - Eu disse, com os lábios já perto o bastante para beija-la, enquanto sorrindo ela encostava o nariz ao meu.

O dia realmente só melhorou: Comemos bolo, jogamos videogame, visitamos todos os cômodos da casa, tocamos guitarra e fizemos um mural de polaroids. Algo me dizia naquele momento - sim, o segundo dia; que algo de incrível estava para acontecer.


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