Ponte até Você escrita por Akazawa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal.
Olha eu aqui de novo com outra fic oO
(que semana inspirada, não?)

Estou novamente participando do evento RevoluçãoNaruHina
E a 2° etapa trata-se de escrever a história (com 2 ou 3 capítulos) baseada em alguma frase.

Eu confesso que não fiquei muito animada no começo, mas assim que bati o olho nessa coisa linda, a parte criativa do meu cérebro começou a trabalhar e aqui estamos hahaha

Atentem-se a frase:
"Hoje em dia somos apenas dois desconhecidos que se conhecem muito bem".

Inspiradora, não acham?
Pelo menos eu achei *-*

Então, sem mais delongas...
Quem estiver afim de um drama básico com romance água com açúcar ao bom e velho estilo da "sessão da tarde"...
Seja muito bem vindo!!! o/
Espero que gostem dessa minha nova fic =D



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Naruto estava atrasado.

Olhava o relógio enquanto subia a escadaria, saltando dois degraus por vez, atrapalhado com a ansiedade e a pressa, imaginando como seu chefe reagiria caso a reunião fosse interrompida com sua chegada desastrada.

Parou para respirar um pouco e verificou que faltava apenas mais um lance de escadas para seu andar, então tentou tranquilizar-se e recuperar-se da fadiga. Vestiu seu paletó, ajeitando-o para remover os amassados e usou a gravata para enxugar a testa antes de enlaçá-la envolta do pescoço.

Abriu a porta e adentrou o grande corredor, esperando ver seu chefe gritando com alguma secretária, mas tudo estava muito silencioso e o velhote não estava à vista. O que era um mau sinal para quem chegara tão tarde quanto ele.

— Naruto!– Shikamaru chegou ate ele, tocando-lhe o ombro. –Está quase na hora da reunião. Onde esteve?

— Quase? Então cheguei na hora?

— Não, você deu sorte. Danzou está ocupado com algum assunto e nos mandou esperar. Por que se atrasou?

— Meu ônibus furou o pneu. Tive que esperar outra condução para vir.

— Ônibus... – Shikamaru bufou com um sorriso. – Investir em bom um carro acabaria com transtornos desse tipo. Com seu salario não deveria ter problemas assim.

— Ora, você sabe do meu apoio ao transporte público. – O loiro deu com os ombros.

— Assim como sei de seu “protesto pessoal” contra elevadores. – O homem de cavanhaque deu um sorriso debochado enquanto dava passagem a algumas pessoas que saíram do elevador ao lado.

— Essas coisas são praticamente ratoeiras gigantes e...

— “... usar a escada é um excelente exercício contra o sedentarismo”. Ok, eu conheço esse seu discurso. Vamos logo, o chefe pediu para todos esperarem na sala de reuniões.

Como engenheiro, Naruto gostava de executar a parte prática de seu trabalho. A experiência única de pegar uma planta em mãos e vê-la erguendo-se diante dos seus olhos a cada dia era muito satisfatória. Uma paixão que herdara com sua mãe.

Assim como também viera de sua mãe a pouca paciência que tinha para o lado teórico da coisa que, quase sempre, se seguia de longas e exaustivas reuniões que, para ele, não tinham qualquer serventia. Nunca foi uma pessoa muito focada em assuntos burocráticos.

Assim, o loiro optava por mandar uma pessoa de confiança em seu lugar – geralmente seu amigo de longa data, Shikamaru – que era consideravelmente mais eficaz, na maioria das vezes.

Hoje, entretanto, era uma situação atípica que não poderia ignorar ou passar o serviço a outro. A empresa em que trabalhava ganhara a concorrência de uma importante obra do governo. Um verdadeiro elefante branco que tinha o objetivo de levantar moral de um partido já decadente, que tentava recuperar o apoio popular.

Naruto odiava trabalhar em obras públicas tanto quanto odiava ter que lidar com arquitetos tinhosos e visionários. Era aquela mania de complicar o que deveria ser simples...

E ainda assim, aqui estava ele, indicado como um dos principais responsáveis para concluir uma ponte inacabada da gestão antiga que uniria as duas extremidades da grande enseada onde a cidade de Konoha se localizava.

Mesmo antes da reunião começar, o loiro já sabia que aquilo tudo seria um inferno.

Danzou Shimura, presidente executivo da empreiteira Raiz e chefe de Naruto, demorou cerca de 10 minutos antes de aparecer, explicando-se de sua demora apenas para um ou outro acionista presente, estava acompanhado de alguns outros engravatados que o loiro não deu atenção. Ao que parecia o chefe apenas perdera a noção do tempo durante uma ligação com um “amigo do governo”.

Todos se acomodaram e logo passaram a debater a planta exibida no slide projetado na parede, falando sobre mudanças que precisariam ser feitas para que a obra se enquadrasse no orçamento sem comprometer abusivamente a qualidade.

Em certo momento, quando Naruto já estava completamente aéreo depois de ver tantos gráficos de porcentagem das finanças, Danzou chamou um novo arquiteto para comentar e exemplificar as ideias já ditas e um novo slide foi adicionado à projeção.

Quando o engenheiro, sem muito interesse, colocou os olhos na imagem da parede, se surpreendeu. Aquele estilo de traço, aquela sutileza nas formas e o jeito como tudo se completava... Aquele projeto tinha a assinatura Hyuuga... Não, talvez mais que isso... Aquela arte não poderia ser de outra, se não...

— Senhorita, por favor, mostre-os o que estivemos conversando. – Danzou ordenou.

— Claro, senhor.

A resposta soou em uma voz doce e delicada, tanto quanto Naruto se lembrara, e ao procurar por sua dona ao redor da sala, surpreendeu-se ao ver a mulher morena, muito bem vestida e levemente maquiada, surgir do outro lado da sala e se encaminhar para frente, ficando ao lado da projeção. 

O cabelo, que antes era longo, agora estava cortado na altura dos ombros, trazendo certa duvida ao homem, porem, ao seguir seu andar, percebeu que não haveria como estar errado.

Aquela era Hinata Hyuuga...

Era como estar diante de um fantasma.

Um estupido e horroroso espirito vindo de seu passado exclusivamente para infernizá-lo no presente.

A mulher mais linda que já conhecerá e que nunca imaginou reencontrar.

O que estava fazendo aqui na empresa? Ela trabalharia no mesmo projeto que ele? Estivera ali todo esse tempo sem que percebesse?! Estava antes ou chegou com Danzou? Ela o tinha visto também? O estava ignorando?

Por Deus... Quando... Quando ela voltou ao país?!

A cabeça de Naruto fervilhava de perguntas e dúvidas, de tal modo que sentiu vontade de sair de onde estava, interromper a reunião e buscar respostas com a mulher. Mas se controlou, sabendo que uma cena daquele tipo seria muito mal interpretada por Danzou e os outros executivos presentes.

A morena passara a explicar as modificações da planta original quase como se estivesse dando uma aula. Falava de forma compreensiva e mostrando-se intima do assunto, estava fascinada com as possibilidades a serem exploradas nesse projeto complexo que concluiriam.

Naruto aprendera com um velho professor da universidade que sempre é mais fácil começar algo novo, do que consertar o que está quebrado... E isso não servia apenas na engenharia, mas para a vida também.

Hinata, entretanto, tinha um desejo inveterado de optar pelo caminho mais difícil e querer sempre consertar a tudo que estivessem em seus cuidados. E isso também se aplicava as pessoas ao seu redor.

Não que o loiro visse seu jeito como algo ruim, na verdade, sua capacidade de acreditar na solução dos problemas – mesmo as que realmente não existiam – era a qualidade que mais gostava nela... E também o motivo de terem se tornado tão próximos no passado.

Hinata parara de falar de repente e Naruto percebeu-a olhando fixamente em sua direção, seu rosto empalideceu-se como se visse o mesmo assombro que ele via nela e a voz sumiu da garganta após tentar gaguejar o resto de seu discurso duas vezes.

A mulher precisou parar, beber um pouco da agua em uma jarra ao lado e suspirar pesado, tentando continuar a explicação, mas o choque de descobri-lo ali, claramente, a afetou.

— Sinto muito. – Ela pediu, recompondo-se.

— Está tudo bem? – Danzou perguntou, com um olhar intrigado.

— Naturalmente. Vamos prosseguir.

E assim o fez... Ignorando completamente o olhar de um certo loiro de olhos azuis, a arquiteta concluiu a apresentação de suas ideias para o novo projeto, mostrando a competente profissional que era.

Ao fim da reunião, tudo que Naruto mais queria era sair dali discretamente, escapar da empresa e seus funcionários o mais rápido possível sem ser notado e eliminar a possibilidade de ter que falar ou se relacionar com Hinata depois de tanto tempo separados.

Entretanto, ao chegar à porta, acabara sendo abordado por dois dos acionistas que, parabenizando-o por projetos passados, queriam sanar dúvidas sobre a obra atual. 

O engenheiro ficara preso ali, tendo ser simpático com os homens que eram, em parte, responsáveis pelo seu salário. E quando finalmente pensou estar livre, Shikamaru chegou ate ele apontando para a mulher que estava entretida conversando com outro acionista.

— Vejam só... – Ele comentou em sussurro. – Numa semana, o político mais canastrão é indiciado por corrupção, na outra, a filha do homem é contratada para trabalhar na obra de ouro pra melhorar a imagem do governo... Coincidência?!

— Calado, ela pode ouvir... – Naruto o repreendeu, mas já era tarde.

— Desculpe. O que disse?

Quando se deram conta, a Hyuuga já havia se virado para eles, ofendida pelo que ouvira, carregava uma expressão dura, para dizer o mínimo.

— Está insinuando que estou aqui por causa do meu pai e não pela minha capacidade e eficiência?! – Ela perguntou diretamente a Shikamaru, ignorando a presença do engenheiro ao lado.

— Ele não quis dizer isso... – Naruto intercedeu. – Meu mestre de obras sabe muito de concreto e vigas, mas é péssimo com educação e... – Olhou para Shikamaru agora com uma expressão zangada e concluiu. – muito menos, sutileza.

— Olha quem fala... – O moreno deu os ombros.

— Há algum problema aqui? – Danzou se aproximou deles, observando a eminente confusão.

— Não, senhor. – Hinata respondeu simples. – Apenas um pequeno “mal entendido”, aparentemente.

— Ah, sim. Esqueci de apresenta-los... Rapazes, essa é Hinata Hyuuga, nossa nova arquiteta. Ela esteve viajando pelo exterior aprimorando suas técnicas, ganhou vários prêmios internacionais com seu magnifico trabalho. Eu diria que é a própria imagem da elite da arquitetura mundial. – O empresário deu um raro sorriso amigável. – E Srt. Hyuuga, esses são Naruto Uzumaki, meu engenheiro de confiança e Shikamaru Nara, seu inseparável mestre de obra. São como a “dupla dinâmica” aqui na empresa e têm um histórico de qualidade, comprometimento e competência inquestionável. Não confio em nenhuma obra que não tenha o envolvimento deles.

— Muito prazer, Senhorita. – Constrangido pelo ocorrido, Shikamaru ofereceu a mão em cumprimento.

— Igualmente, senhor.

— Bem vinda de volta de Londres, Hinata. – Naruto apenas acenou com a cabeça.

— Estava em Londres? – Shikamaru encarou a arquiteta surpreso, mas logo olhou para o engenheiro. – Como sabia disso?

— Vocês já se conheciam? – Danzou questionou confuso.

Antes de responder, Naruto e Hinata se entreolharam por um instante, trocando expressões carregadas de nervosismo e culpa. Aquele não era um assunto saudável para se falar em um ambiente de trabalho.

— Não.

— Sim.

Responderam de forma controvérsia em coro, causando ainda mais desconfiança e curiosidade entre aqueles que estavam em volta. Porem, quando tentaram consertar o equivoco, acabaram complicando-se ainda mais.

— Sim.

— Não.

Os dois voltaram a se encarar com certa irritação, mas logo se desvencilharam um do outro, desistindo do que quer que tenham pensado em falar. Naruto coçava a testa ansioso, Hinata suspirou com uma expressão frustrada, ambos fugiam dos olhares curiosos dos demais a sua volta.

— Estou confuso. – Shikamaru ergueu a sobrancelha.

— Alguém pode me explicar, por favor? – Danzou pediu, agora com um tom de impaciência.

— Trabalho, senhor. – Naruto disfarçou a mentira com um sorriso falso. – Vocês sabem... Arquiteta... Engenheiro... O que mais poderia ligar pessoas como nós?!

— Seria impossível contar quantas cosias já construímos juntos. – Hinata afirmou. – No passado.

— Ora, se já trabalharam em conjunto fico mais tranquilo. – Danzou concordou parecendo satisfeito. – Tornara a convivência de vocês mais simples.

— Sim, muito. – Foi a vez da morena mentir, embora não fosse boa o bastante para camuflar o olhar irritadiço na face.

— Eu tenho que ir agora, com licença. – Naruto despediu-se, incomodado com aquilo.

Finalmente livre para ir embora, sem querer aparentar o quão desesperado se sentia para afastar-se daquele lugar, Naruto se conteve para não sair correndo em direção as escadas, mas parou ao tocar a maçaneta da porta, quando a tentação falou mais alto e obrigou-o a olhar para trás.

Hinata novamente conversava com Danzou enquanto se encaminhavam para o elevador, o assunto era o projeto e o chefe fizera alguma piada ruim que ela riu apenas por educação, um sorriso triste e sem motivação alguma.

Por um momento, lembrou-se de como ela era linda ao sorrir e de como sentiu falta de seu jeito alegre. Obviamente aquela expressão falsa de agora não chegaria nem perto dos verdadeiros e felizes sorrisos que já dirigiu a ele, mas, ainda assim, vê-la daquela forma depois de tudo o deixou comovido.

Tamborilou os dedos e pensou com cuidado no que queria e pretendia fazer. Imaginou que, como ela trabalharia no escritório e ele em campo – ao menos se algo de errado ocorresse no decorrer da obra – esta, de fato, poderia ser a única vez que se encontrariam...

Sem saber o que seria pior – se era conviver novamente com ela ou era se arrepender de não ter aproveitado aquela oportunidade – Naruto simplesmente agiu por impulso e voltou-se para o elevador, impedindo que a porta se fechasse no ultimo segundo e acomodando-se, dividindo o espaço entre Hinata, Danzou e Shikamaru.

— Sério? – O mestre de obras, questionou surpreso.

— Estou com pressa hoje. – Falou simples enquanto as portas se fechavam.

Estando em pé ombro a ombro, Naruto e Hinata fugiam do olhar um do outro. Um clima tenso que aparentemente não era perceptível a Danzou, mas que Shikamaru percebeu logo que botou os olhos neles:

O homem que era espalhafatoso e falante, agora estava com os músculos completamente travados, preocupado em não perturbar a mulher ao lado, evitava qualquer movimento brusco;

Já a morena estava, claramente, irritada e não sabia como disfarçar. O trabalho e a reunião poderiam ser responsáveis por seu estresse, mas ela estava notavelmente bem antes de ver engenheiro adentrar o elevador;

Shikamaru sorriu começando a criar varias teorias sobre o que realmente estava ocorrendo ali.

Hinata puxou de sua bolsa aquilo que parecia ser uma cartela com chicletes, Naruto a olhou com uma expressão estranha, mas logo suspirou e voltou a ignorá-la.

— Oh, essas porcarias. – Danzou pegou a cartela das mãos da morena. – Minha esposa me obrigou a usar essas coisas para parar de fumar. Passei anos tentando, mas no fim até ela me decretou um caso perdido.

— Para mim é mais psicológico. Ajuda a me acalmar quando fico “muito ansiosa”. – Hinata respondera apenas por educação, sem deixar de dar uma discreta olhadela para o loiro ao lado.

— Vai acabar viciada no chiclete! – Ele devolveu o cartela de chicletes a mulher.

— Já sou, e em café também. Se passo um dia sem, minha cabeça já começa a apitar.

— Abstinência! Sei bem como é.

Danzou concordou acenando e depois mudou completamente de assunto:

— Então, estou indo ate a obra dar uma olhada no terreno e na estrutura inacabada. Depois cederei uma entrevista a uma equipe de reportagem. Eu tenho meus assessores de imprensa para me auxiliar, mas um olhar técnico seria muito bem vindo. O que acham Hinata, Naruto?

— Sim, sim, claro. – O engenheiro respondeu de forma desconfortável, aceitando como se nem tivesse ouvido a pergunta, apenas para responder ao chefe.

A Hyuuga reparou como o loiro olhava fixamente para o quadro acima da porta, onde mostrava os números dos andares diminuindo a medida que o elevador descia. Demonstrando toda sua impaciência, ele já batia a ponta do sapato contra o chão compulsivamente, respirava com algum esforço e sua testa estava úmida com perceptíveis gotículas de suor.

— Está tudo bem? – Ela ousou perguntar.

— Hum-hum. – A resposta do homem saiu em apenas um balbuciar rouco.

Então chegaram ao térreo e as portas finalmente se abriram. Naruto pulou para fora de forma apressada, respirando o ar poluído da cidade com tanta vontade que qualquer um pensaria que ele estivesse em um campo de flores.

— Vamos com o meu carro. – Danzou informava, sem prestar muita atenção ao redor. – Levo vocês lá, faço o que tenho de fazer, olhamos o que temos de olhar e depois voltamos.

— Que? Carro? Como assim? – Naruto surpreendeu-se.

— Ah, sim. Esqueci que não tem carro. Uma carona seria bem vinda para economizar com passagem, certo? Não se preocupe, no caminho de volta te deixo onde quiser.

Naruto não conseguia pensar numa desculpa para contradizer o chefe. Não sabia como lhe dizer que não se interessava em carona alguma, nem mesmo andar em seu carro de luxo ou qualquer outro que fosse.

— Eu posso encontrar vocês lá? – O loiro perguntou receoso. – Tenho algo para fazer agora, mas posso chegar a tempo.

— É importante? – Danzou questionou. – Seria mais conveniente chegarmos todos juntos, não acha?

— Mas eu...

Hinata, entendendo os motivos para a perturbação de Naruto e a situação que logo se tornaria insustentável, caso o chefe não mudasse de ideia, intercedeu:

— Sr. Shimura, acabei de me lembrar que tenho um compromisso inadiável também. – Mentiu. – Como não fui avisada com antecedência, creio que não posso desmarcar agora.

— Bem, se vocês dois não podem... Acho que não tem jeito. – Danzou deu com os ombros, insatisfeito. – E quanto a você, Shikamaru?!

— Que complicação! – Shikamaru, que quase já saia de fininho por pressupor a função que sobraria para ele, coçou o cavanhaque, esboçando uma recusa. – Eu? Com jornalistas? Isso seria...

Antes de concluir, Naruto discretamente sinalizou-o incentivador e o mestre de obra, entendendo o pedido, revirou os olhos antes de aceitar, falando:

 – Seria ótimo, chefe. Sei tanto ou mais dessa obra que Naruto, de qualquer forma. Se precisar de ajuda, estarei lá;

— Obrigado.

Assim, foram juntos ate o estacionamento da empresa, onde Shikamaru e Danzou se despediram e saíram. Naruto e Hinata acabaram sozinhos em meio aos vários carros, caminhando lado a lado sem se falar, ou mesmo se olhar. O loiro identificou qual dos veículos deveria ser o dela, um modelo do ano, mais barato e que provavelmente comprara com o próprio dinheiro, sem depender da riqueza de sua família.

Então, quando a morena desativou o alarme e direcionou-se para o banco do motorista, o homem percebeu que, se não fizesse nada, logo ela partiria de sua vida novamente, sem sequer olhar para trás.

— De todos os lugares do mundo... – Naruto falou, chamando-a atenção. – É irônico que tenha vindo trabalhar justamente na mesma empresa que eu...

— Assim como é irônico que, de todos os projetos possíveis, fomos relacionados para construir justamente uma ponte. – Hinata respondeu.

— Talvez seja o destino.

— Talvez seja o meu pai.

— Sim, eu não duvidaria disso. – Naruto coçou a nuca, sorrindo fracamente.

Eles pararam, encarando-se e esperando por um dialogo que simplesmente não se iniciara. Era tão estranho estarem assim, se falando frente a frente depois de tantos anos, que não sabiam mais como lidar com a presença um do outro.

— Eu queria te agradecer pelo que fez. – Naruto tentou novamente. – Eu não poderia ir com Danzou e... Bem, você sabe...

— Ainda desconfortável com carros?

— Já melhorei muito, acredite. – Ele desviou o olhar por um momento.

— Percebi isso no elevador. – Ela deu um sorriso mínimo.

— Quando voltou?

— Três dias, ou quatro, sei lá. Ainda estou confusa com o fuso-horário. – Ela olhava para seu relógio, conferindo a data. – Mas não se preocupe, é só trabalho. Quando isso acabar, eu vou...

— Fugir? Como fez da ultima vez?

— Naruto, não vamos falar sobre isso, por favor.

— Não, não vamos. Nunca falamos mesmo, pra que começar agora, não é?!

— Que bom que concordamos.

— Eu estava sendo irônico.

— E eu não?

Naruto esquivou o olhar do dela por um instante, passando os dedos por entre os cabelos loiros em um gesto corriqueiro de puro nervosismo, depois a encarou com um sorriso forçadamente simpático e estendeu a mão em um cumprimento amigável.

— Então... Deixemos o passado de lado. Isso é trabalho, apenas trabalho.

— Apenas trabalho. – Ela concordou, respondendo ao cumprimento.

E, com suas mãos unidas, Naruto observou a marca existente rente ao pulso da morena, a cicatriz já antiga de um corte limpo deferido com algum objeto afiado. Uma amostra do quão profundo foi a dor que ela tivera que carregar sozinha por tanto tempo.

— Eu tenho que ir... – Hinata puxou a mão assim que se deu conta da observação analítica do homem. – Foi bom revê-lo, Naruto.

— Digo o mesmo. – Ele acenou com a cabeça, embora não conseguisse sorrir para afirmar suas palavras.

Despediram-se e cada um foi para um lado no estacionamento e, enquanto observava a morena saindo com carro, o loiro analisou-a mais uma vez. Percebendo, com um aperto no peito, que, durante todos esses anos, a vida não havia se tornado mais fácil para ela, assim como também não foi para ele.

Ambos estavam tristes ao se reencontrar.


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