Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 21
Capítulo XXI • Sinais


Notas iniciais do capítulo

isso não é uma miragem. estou mesmo postando depois de quase 3 anos.

reli todo o conteúdo para conseguir dar sequência e admito: se eu escrevesse MDP hoje, mudaria muitas coisas. contudo, não vou fazer isso - pelo menos não agora.

quero dar sequência e finalizar conforme planejei em 2016, custe o que custar.

então é isso. me desejem sorte (como sempre) e boa leitura!



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[CAPÍTULO XXI • SINAIS]
Sophie Dallas


Minha consulta foi até bem rápida. O médico retirou o gesso, mas recomendou manter meu tornozelo imobilizado com tala por mais uma semana. Depois desse prazo eu deveria fazer, por garantia, algumas sessões de fisioterapia, e só então estaria livre para voltar a andar normalmente.

— E aí, gata? Tudo certo? – foi o que Rob perguntou assim que saí do consultório. Pelo visto, ele tinha mesmo arrumado um novo apelido carinhoso pra mim.

— Preciso usar essa tala por mais alguns dias, mas pelo visto está tudo bem sim.

Rob assentiu com a cabeça e assim que saímos, me ajudou a entrar no carro. Ele parecia mais tranquilo, mas ainda assim estava sério e pensativo. Distante. Com certeza, os últimos acontecimentos mexeram com o seu humor, e fiquei na dúvida se deveria falar algo.

Felizmente, Müller me fez o favor de iniciar a tão necessária conversa.

— Olha, eu dei um jeito e consegui as imagens da câmera de segurança da quadra – ele começou a dizer enquanto dirigia – Entreguei as provas para o Diretor Garden de que Sam e suas amigas tinham armado pra você. Foi por isso que ela não pode viajar com a gente.

— Por que fez isso? Não precisav...

Precisava sim. Depois do que aconteceu na cozinha da sua casa, depois de quase te machucarem, eu só queria... te proteger — ele ficou em silêncio por um momento, respirou fundo e, em seguida, completou – Mas você acabou se ferindo do mesmo jeito. E por minha culpa.

— Não foi sua culpa, Rob – falei com calma, observando a paisagem e tentando escolher as melhores palavras para explicar a situação – Sam não gosta de mim há tempos. Ela coleciona mágoas e uma certa inveja inexplicável desde que éramos crianças e vizinhas. Já passou da hora de eu começar a enfrentar tudo isso.

— Você sabe que pode contar comigo, certo? – ele perguntou após um tempo digerindo o que eu havia dito. Uma de suas mãos deixou o volante para segurar a minha e meu coração acelerou ao sentir seu toque.

Assenti com a cabeça e sorri. Ele me amava.

E eu, bom, não estava muito longe de sentir o mesmo.

— Vamos dar uma volta? – ele sugeriu poucos segundos depois – A gente pode tomar sorvete ou comer alguma coisa. Você está com fome?

— Eu preciso voltar pra aula – admiti e ele rolou os olhos. Robert era inteligente, tinha grandes sonhos e metas altas, mas definitivamente não gostava de assistir às aulas. Eu não o culpava. Naquelas circunstâncias, também estava perdendo o interesse pela vida colegial.

— Ah, vamos. Vai ser legal! Você só vai perder o quê? Um ou dois horários?

Depois de alguns minutos de insistência e de pensar bem sobre a minha situação, cheguei à conclusão de que não valeria a pena ir para o Instituto Dimsdalle. Eu não queria mais ouvir ninguém especulando sobre mim e toda a catástrofe que era a minha vida. E, também, não ficaria muito feliz em esbarrar com Sam uma segunda vez naquele mesmo dia.

— Ok, você venceu – acabei concordando, o que o fez sorrir de orelha a orelha.

Müller me levou até uma lanchonete no centro da cidade, que ficava perto do apartamento onde ele estava morando com sua mãe. O lugar era bem legal, com uma decoração conceitual e comida boa. Boa de verdade.

A gente comeu, riu bastante e conversamos sobre a vida durante umas duas horas. Depois disso, ele me levou para casa, e eu realmente acreditei que meu dia terminaria bem pra compensar tudo de péssimo que vinha acontecendo comigo.

Mas então eu entrei em casa e vi minha mãe, sentada no sofá da sala, com cara de poucos amigos.

— Então quer dizer que agora você também mata aulas? - foi assim que ela me recebeu, não me dando chance nem de colocar as chaves na cristaleira.

Como é?

— Você não falta nunca, querida. Achou mesmo que os professores não iriam estranhar sua ausência?

— É brincadeira, viu...

— Não é não. Estou falando muito sério.

— Você por acaso sabe o que aconteceu na escola hoje? Ou gostaria de saber, pelo menos? - indaguei pela primeira vez.

— Você estava com Robert?

Estava. E pelo visto não quer ouvir a minha versão da história – soltei balançando a cabeça em negativa, totalmente desacreditada.

— Eu quero que estude. Quero que passe numa Universidade renomada. Quero que tenha foco, e mantenha sua disciplina em dia.

— Você não se importa nem um pouco comigo, Janice, só com a droga da sua carreira!— falei um pouco mais alto, perdendo a paciência com minha mãe. Depois de um dia turbulento como aquele, uma briga era tudo que eu menos queria ter que enfrentar.

Mas talvez fosse o único caminho possível.

— No dia que esse garoto sumir da sua vida, o que vai restar?! - ela questionou, elevando um pouco o tom de voz. Depois, levantou e caminhou na minha direção com um olhar cortante.

— O que vai sobrar pra você?! - perguntou mais uma vez, me encarando sem mover uma ruga. Gelada, fria. Robótica. Como meu pai pode amar uma pessoa assim?

Não consegui dizer nada naquele momento. Apenas ouvia e respirava fundo.

Estava tentando entender onde ela queria chegar com tudo aquilo. Tentava processar cada palavra dita, com tanto ódio. Com tanta amargura.

— Uma mulher precisa se agarrar à sua carreira, minha filha. A vida é cruel, e vai tentar te tirar tudo que importa. Mas o seu conhecimento é só seu, e com ele você pode chegar ao topo. Quantas vezes quiser!

— Mãe, eu nem terminei a escola. Você precisa relaxar! — falei ácida.

Relaxar, Sophie?! Acho que você enlouqueceu e está tentando me enlouquecer também - ela soltou ainda em voz alta, coisa que não era muito comum de se ver - Quero que estude e se forme. E nada de Gastronomia. Está me ouvindo?!

Mais uma vez ela tinha feito o que fazia de melhor: descartar meus sonhos como lixo. Como um papel amassado, um objeto sem utilidade perambulando pela casa. Ela era mestre em fazer esse jogo psicológico, porém eu tinha me cansado de ver isso se repetir tantas vezes.

E foi aí que eu fiquei furiosa.

Tão furiosa, que não consegui reagir. Meus olhos queimaram enquanto as lágrimas vinham à tona.

Janice, percebendo que eu não teria mais nada sobre o que questionar ou complementar, me deu as costas e subiu as escadas, indo para o segundo andar. Eu fiquei ali estática por um bom tempo.

Amava minha mãe, ela era tudo pra mim. Meu pilar. Eu, no entanto, mais parecia um fardo que ela teria que carregar enquanto vivesse. Uma lembrança do seu falecido marido. Uma dor constante.

E se eu fugisse? E se eu largasse tudo e deixasse ela sozinha, sem nenhuma preocupação? Isso resolveria todo o drama acerca do meu futuro.

Não queria ser vergonha para ninguém, mas também não estava nem um pouco interessada em cumprir com as expectativas que há anos ela jogava sobre mim. Nem Direito, nem Medicina. Nenhum desses sonhos era meu.

Quando finalmente voltei a sentir meu sangue circular, subi para meu quarto e coloquei algumas roupas na minha mochila e saí de casa - até um pouco sem rumo, admito. Mas depois daquela ceninha, a última coisa que pretendia era ficar ali.

— O que houve? - foi o que Rob perguntou assim que passei pela porta do apartamento. Mesmo com a tala na perna, peguei meu carro e fui ao seu encontro na intenção de me sentir melhor. Esperava que ele pudesse me hospedar por uma noite.

— Minha mãe descobriu que matei aula, e o que veio depois não foi muito bom - tentei amenizar um pouco a situação, mas Rob sabia que eu estava economizando.

— A culpa é minha. Amanhã vou falar com sua mãe, pedir desculpas e tudo o que for preciso - ele falou me puxando para um abraço - Vai ficar tudo bem, lindinha!

— Vai sim - falei baixinho, sentindo seu cheiro de banho e me derretendo cada vez mais por aquele inconsequente - Mas posso ficar aqui essa noite?

Fiz um biquinho e ele respirou fundo, abrindo um sorriso irresistível.

— Você avisou sua mãe? – perguntou, fingindo uma expressão séria.

— Vou avisar - respondi pensativa, pois sinceramente não pretendia falar com Janice pelas próximas horas. Se eu era um fardo, que ela tivesse sua paz.

Rob se soltou de mim, olhando desconfiado. Mas no fim assentiu, e então disse que eu precisava conhecer alguém.

Acho que, no caminho até sua casa, eu não tinha pensado muito nisso. Minha mente estava tão exausta, que me esqueci completamente do fato de que Rob não morava sozinho e agora eu teria que conhecer sua mãe.

Ainda sentia minhas mãos suarem quando a vi na cozinha, terminando de guardar uma compra. Ela era uma mulher linda, esguia e com olhos claros como os de Rob. Quando sorriu pra mim, reconheci os mesmos dentes perfeitamente alinhados.

Eram muito parecidos.

— Mãe, essa é a Sophie, minha nam... - ele falou, me olhando para confirmar se estava tudo bem me apresentar como namorada dele. Afirmei com a cabeça e sorri, tímida - .. minha namorada.

— Então você é a Sophie! - a loira bonita disse, vindo na minha direção para me dar um abraço - É um prazer te conhecer. Eu sou Grace!

— O prazer é meu – respondi tímida, correspondendo ao abraço e tentando não ficar muito mais nervosa do que eu já estava. Impossível.

— É um milagre, sabia? Rob nunca trouxe nenhuma namorada em casa - revelou, diminuindo o tom de voz como se contasse um segredinho.

Ainda que eu tivesse ido a casa dele por minha conta e risco, o Capitão da Equipe de Natação e também o cara mais bonito do colégio tinha mesmo me apresentado como sua namorada à própria mãe - por isso, e apesar do meu pessimismo constante, naquele momento pelo menos eu me senti mais especial do que o de costume.

Depois das apresentações e da breve conversa, Rob avisou que eu passaria a noite. Disse que tinha me convidado para dormir e tudo o mais. Ele era um ótimo mentiroso, e um omisso perfeito - mas não sei se isso pode ser considerado um elogio.

— Então você é ator?! Interpretou o papel direitinho - cochichei para Rob assim que sua mãe nos deixou à sós.

— O que quer dizer? - ele perguntou, se fazendo de inocente.

— Não se faça de santo. Sei que não é.

Depois disso, ele riu e me chamou pra ver TV. Pretendíamos escolher algum filme, mas assistir a vídeos aleatórios no Youtube nos pareceu mais apropriado naquele momento. Grace preparou frango empanado e batatas fritas para o jantar, e depois se juntou a nós para assistir a alguns vídeos de comidas de rua coreanas - que, a propósito, me deixou com muita vontade de provar.

Por volta de umas nove e meia, a mãe de Rob se despediu. Disse que tinha que trabalhar na manhã seguinte e precisava deitar cedo.

Nós tínhamos aula, então não demoramos a ir para o quarto também.

O que me surpreendeu foi a gentileza de Grace, que tinha arrumado a cama com fronhas e lençóis limpos, e posicionado um colchão extra no chão, forrando com diversos cobertores quentinhos, colocando ainda seu melhor edredom para que ficasse o mais confortável possível - até mais que a própria cama, eu diria.

— Sua mãe é um amor - falei para o Müller, admirada com tanto cuidado.

— Ela é sim. E gostou muito de você - fez um gesto com a mão - como podemos ver aqui, não é mesmo?

Dei um tapa no ombro dele e me sentei na cama. Ele se sentou ao meu lado, passando seus dedos pela minha bochecha. Desceu até meu queixo, segurando de leve, me fazendo chegar mais perto dele. Da boca dele. E então Rob me beijou - de um jeito leve e demorado. Suas mãos passeavam pelo meu cabelo e pelas minhas coxas. Há muito tempo eu não me sentia tão feliz com alguma coisa.

Ou melhor dizendo, como alguma pessoa.

Me sentia tranquila, protegida e amparada, livre de julgamentos — coisa que não acontecia quando estava na minha própria casa.

Minha mãe estava farta de mim.

Prova disso era o fato de ela não ter me procurado e nem mandado mensagem. Não havia dito onde estava, nem com quem, e ela simplesmente não deu a mínima.

— Está pensativa - Rob comentou, se distanciando um pouco de mim. Acho que ele sentiu a tensão pesar sobre meus lábios - Quer me contar alguma coisa?

— Deixa pra lá, só estou cansada de problemas - falei e ele torceu o cenho em reprovação.

Devagar, Rob ajeitou seu corpo na cama e me puxou para deitar junto dele. Seu nariz roçava no meu com tanto cuidado, que por um momento consegui me distrair.

Tantos dilemas e conflitos, mas ali estávamos nós: juntos. E estar com ele era bom demais, embora ainda fosse difícil admitir em voz alta.

— Você é incrível, Dallas. E eu quero te ajudar no que for possível - ele sussurrou pra mim, olhando nos meus olhos, enquanto segurava meu pescoço com cuidado, fazendo carinho na minha nuca - Quero poder tornar sua vida mais fácil.

— Obrigada. Por tudo - foi o que consegui responder.

E então nos beijamos de novo.

Era a primeira vez que nos beijávamos tão confortáveis. Acho que isso acabou influenciando no que veio a seguir.

Suas mãos percorreram meu corpo, caminhando do pescoço para a cintura, e da cintura para a minha bunda. Enquanto isso, eu já tinha entrelaçado meus braços ao redor dos seus ombros, sentindo seus músculos sob meus dedos finos. Ele era gostoso demais.

A cada minuto, sentia um calor se acender dentro de mim.

Rob virou um pouco a cabeça, começando a beijar meu pescoço - o que me fez arrepiar de cima a baixo.

— Como consegue ser tão cheirosa?

— É que eu tomo muitos banhos - respondi aos risos, e ele riu também.

— Cheirosa e engraçadinha - suas mãos deixaram meu bumbum descansar um pouco e traçaram uma nova rota. Seus dedos estavam perfeitamente posicionados entre minhas pernas - Posso?

Não consegui dar uma resposta audível. Tudo o que me restou foi murmurar um "sim" e ele começou a me tocar de um jeito suave, ainda sobre minha roupa.

Eu já tinha assistido a muitos filmes, inclusive adultos. Também já tinha conversado sobre sexo com outras pessoas. Rob e eu tínhamos dado uns amassos e tanto nas últimas semanas. Mas aquilo, bom... aquilo era totalmente novo pra mim. Sentir seus dedos tocando minha parte mais íntima, enquanto ele tomava minha boca sem me dar tempo para respirar.

Meu Deus. Seria mesmo realidade? Ou eu estava delirando?

— Você é tão gostosa que eu quero chorar - falou pressionando suas mãos com um pouco mais de força. E então, parecendo não aguentar mais, segurou o cós do meu pijama esperando meu consentimento.

É claro que eu deixei. Acho que eu teria permitido qualquer coisa naquele momento.

Eu só queria Robert Müller. Cada. Vez. Mais.

E então ele abaixou meu moletom e me tocou pra valer. Seus dedos eram ágeis, e ao mesmo tempo lentos e gostosos de sentir.

Minhas pernas estavam trêmulas e eu achei que fosse derreter ali mesmo. Nunca tinha sentido nada como aquilo na vida. E era maravilhoso, embora eu estivesse com o coração acelerado e com um pouco de medo dos próximos passos.

— Nunca fiz isso antes - admiti baixinho, tentando controlar minha respiração ofegante.

— Não precisamos ter pressa. Só estamos curtindo, ok? - foi o que ele me respondeu, tentando me deixar mais calma - Não vou fazer nada do que não queira, Sophie.

Aquilo, de algum modo, me deixou mais tranquila. Assenti com a cabeça, dei um sorriso tímido e continuamos nos beijando e nos tocando, trocando carinhos e outras malícias até o sono chegar. E foi tão bom. Rob era lindo, tentador, e parecia saber exatamente o que estava fazendo.

A vida é mesmo repleta de ironias.

Quem poderia imaginar que, há algumas semanas, eu costumava odiá-lo pelo simples fato de ele ser quem era. E agora, ali estava eu, completamente rendida pelo Müller.

Pelo simples fato de ser quem era.

Despertei assim que o sol começou a invadir o quarto. Rob ainda estava apagado, deitado de bruços com a cabeça virada para mim - e aquela era uma das visões mais lindas que eu já tivera na vida. Bonito demais pra ser de verdade, foi o que pensei e ri baixinho para mim mesma.

Levantei devagar e me espreguicei, lembrando da noite passada. Aqueles momentos juntinhos tinham me feito tão feliz, que esqueci completamente da minha mãe e da nossa discussão antes de "fugir" de casa. Contudo, não podia continuar adiando as coisas, ou correndo da minha própria vida. Precisava falar com ela e me desculpar pelo que tinha feito.

Ainda que ela ficasse brava pelas minhas escolhas pessoais e profissionais, eu não podia simplesmente agir como se ela me odiasse.

No fundo, eu sabia que não odiava. Era tudo culpa do calor do momento, e Janice sabia muito bem como ser teimosa e irritante quando queria. De todo modo, isso não diminuía o que eu sentia pela minha mãe - e acredito que ela sentia o mesmo por mim.

Ou talvez fosse só meu otimismo gritando aos meus ouvidos.

Como ainda era muito cedo, não queria incomodar ninguém. Então, quando a vontade de ir ao banheiro falou mais alto, eu me levantei o mais devagar que consegui e, sutilmente, fui caminhando até a porta do quarto de Rob. Contudo, no meio do caminho ouvi seu celular vibrar e começar a tocar na sua escrivaninha.

— Que droga! Vai acabar acordando ele - foi o que murmurei e, imediatamente, dei meia volta seguindo na direção do celular. Minha missão era apenas colocá-lo no silencioso, e era o que eu pretendia fazer.

Mas fui impedida por saber ler.

Não tinha ninguém ligando para Rob. Na realidade, eram sucessivas mensagens de Joshua - aquele seu amigo que, por algum motivo muito estranho, tinha me ajudado no refeitório no dia anterior.

 

e aí, cara!

Dylan está louco atrás de mim, querendo saber se já comeu a Dallas e cumpriu o desafio 

se vira e faz ele me deixar em paz!

não vou ficar escondendo o jogo pra sempre >:(

 

Meu cérebro demorou um pouco para assimilar o que eu acabara de ler.

De que tipo de desafio eles estavam falando, afinal? Quero dizer, o que Dylan e Joshua tinham a ver com o fato de Rob ter ou não ficado comigo pra valer?

Eu tinha sido parte de um desafio? Era disso que eles estavam falando?

Senti meu coração bater cada vez mais rápido e forte, a ponto de ficar sem ar. Minhas pernas tremularam, e eu achei que fosse cair ali mesmo. Sentindo um nó na garganta, olhei na direção de Rob, que ainda dormia sereno, e só conseguia pensar que ele tinha mesmo me enganado. Eu tinha sido apenas parte de um desafio ridículo, envolvendo seus amigos malditos.

Quão burra eu fui de acreditar naquela conversa de que ele me amava?

Quão patética eu fui por amá-lo de volta?

Estava despedaçada, e não queria nenhuma explicação da parte dele. Só queria sumir. E justamente com esse pensamento na cabeça é que troquei de roupa, abri a porta do seu quarto e fui embora. Por sorte, não esbarrei com sua mãe no caminho, logo não tive que dar satisfação a ninguém - mas sendo honesta, nem sei se conseguiria.

Sentei ao volante do meu carro, deixando as lágrimas virem com tudo.

Tudo o que tínhamos passado começou a me atingir com força, e ao ligar os pontos e perceber que a verdade sempre esteve escancarada na minha frente, eu senti uma dor enorme no meu peito.

Nosso namoro não passara de um desafio. Não tinha sido real.

Nada tinha sido real.

Como eu pude pensar que eu, a nerd mais perturbada do colégio, poderia ter conquistado alguém como Robert Müller? Como pude ser tão cega?

Virei a chave e dei partida. Meus olhos estavam molhados, a visão turva. Minha cabeça parecia a ponto de explodir. Dirigir seria um desafio e tanto no estado em que eu me encontrava, mas precisava ir pra casa. Precisava me esconder de tudo e de todos.

E aí lembrei da minha mãe de novo, e do quanto ela se sentiria invencível ao saber que eu tinha sido enganada por aquele garoto. Parei num semáforo, pensando se minha casa seria o melhor lugar naquele momento, mas não havia outro.

Por sorte, pelo menos a minha virgindade ainda estava intacta. Não que isso importe muito hoje em dia. Mas por que eu me sentia tão invadida mesmo assim? Por que eu sentia como se o plano dele tivesse funcionado? Talvez fosse porque eu tinha cogitado mesmo fazer dele o primeiro.

No meu coração, naquele instante, ele era o primeiro - e eu me sentia terrivelmente culpada por isso.

— Quanta besteira, Sophie - reclamei comigo mesma, tentando controlar o choro que não parava de vir.

Levei a mão ao rosto, secando como fosse possível, e acelerei assim que o sinal ficou verde.

Ouvi a buzina gritar no meu ouvido, mas não era a minha. Fiquei confusa, mas não tive muito tempo para pensar. Em seguida, um forte impacto. E então, nada.

 Tudo simplesmente apagou.


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Notas finais do capítulo

e aí, gostaram? não se esqueçam de comentar!

antes de ir, quero aproveitar para AGRADECER MUITO às leitoras que comentaram e me mandaram mensagens, mesmo depois de taaanntoooo tempo, pedindo que eu continuasse a escrever.

vocês foram essenciais para eu estar aqui hoje, postando esse capítulo.

(revisei muito rápido e poucas vezes, então me perdoem qualquer erro. estarei revisando ele ao longo dos próximos dias e, em caso de ter algum probleminha, irei corrigir!)

no mais, é isso. muito obrigada mais uma vez.

volto logo. dessa vez é sério!



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