Querida Lucy,

Hoje eu acordei com Gray gritando em meus ouvidos e uma Juvia levemente corada ao seu lado. Ele me arrastou — literalmente — até a floresta e me largou em um lugar qualquer. Happy apareceu, meio sonolento, alguns minutos depois.

Aquele idiota do Gray ficou gritando que já passava da hora de me levantar da cama e tomar uma atitude. Que, se eu continuasse como o covarde que estou agora, você não teria motivos para voltar.

Quase morri afogado de tanta água que Juvia jogou em mim. Chegou a ser irritante!

Por fim, Gray começou (pra variar) a tirar suas roupas e acabei voltando pra casa. No caminho, pude ouvi-lo gritando que só não me dava uma surra porque não gostava de bater em gente fraca.

Hey, Lucy, você concorda com o Gray?

Acha mesmo que sou um fracote por ficar aqui, lhe escrevendo estas cartas?

Por falar em cartas, Erza também apareceu por aqui.

Para minha surpresa, ela trazia um envelope em mãos e estava com as bochechas meio vermelhas.

Erza disse que achou minha iniciativa de lhe escrever cartas algo muito bonito e fofo. Assim como você. Disse que era uma atitude digna de amigos verdadeiros e que resolveu lhe escrever uma pequena carta também.

Pediu que eu a colocasse junto com as minhas e, então, começou a chorar.

Erza chorou de uma forma como eu nunca havia visto antes. Ela soluçou e gaguejou quando tentou resmungar alguma coisa.

Erza não só chorou como disse que não conseguia entender o porquê de você ter ido embora. De ter nos deixado. E que sentia sua falta, Lucy.

Eu pedi que ela fosse embora. No começo, ela me olhou meio surpresa, depois deu um sorriso fraco e disse que respeitava sua decisão de ter nos deixado tanto quanto respeitava a minha de “não interagir” com as pessoas.  Disse, também, que não ia mais deixar o Gray vir me incomodar.

Não me lembro de vê-la saindo, mas ainda consigo escutar o som da porta batendo, abafando o choro dela, como se fosse uma lembrança constante de que existe a chance de você não voltar.

Mas, isso tudo é bobagem né, Lucy?

Porque, por favor, me prometa que você vai voltar.

Olhe só o estrago que você causou em todos! Até mesmo a Erza, sempre tão forte, desmoronou.

Olhe o estrago que você causou em mim, Lucy.

Faz trinta e cinco dias que você foi embora e, desde então, eu nunca mais voltei a sorrir.

Você consegue entender a falta que faz?

Consegue entender que precisamos de você? Principalmente Happy e eu?

Hey, Lucy, quando você vai fazer algum escândalo, que saia em jornais e revistas, que nos permita ter notícias de você? Que nos permita saber que você está bem e, principalmente, sua localização?

Em certas manhãs a dor é mais forte. Faz meu coração pesar em agonia e eu fico aqui me perguntando se tenho alguma culpa nisto tudo.

Hey, Lucy, você não foi embora por estar cansada de mim e Happy, né?

Por favor, diga que não.

Porque, não importa qual tenha sido o verdadeiro motivo, eu não suportaria saber que foi por conta de algo que fiz.

Por isso, peço desculpas por todas as minhas ações erradas.

Hey, Lucy, estou ficando cansado de lhe escrever sem nunca poder ter respostas.

Eu gostaria muito de poder lhe enviar essas cartas.

Gostaria de poder receber notícias suas. Qualquer coisa. Mesmo que algo mínimo.

Quero tanto isso que a única coisa que supera é meu desejo de lhe ter aqui, em meus braços.

Hey, Lucy, não pense que quando você voltar eu lhe darei chances para fugir novamente algum dia.

Vou ficar de olho em você 24 horas por dia, sem descanso.

Nunca mais vou deixar minha Luce ir embora.

Entendeu bem, Luigi... Quer dizer, Lucy!?

Ah, aquele seu cobertor cor-de-rosa ainda está aqui. Fico enrolado nele todas as manhãs.

No entanto, o cheiro de morangos que você dizia gostar tanto, está sumindo.

Happy me perguntou se isso significava que você também estava sumindo, para sempre.

Dessa vez eu não fui capaz de respondê-lo.  Porque, às vezes, eu também tenho essa sensação.

Você não vai desaparecer pra sempre, não?

Você vai voltar, assim como o cheiro de morangos.

Com amor,

Natsu.

P.S: quando você voltar vamos passar todas as manhãs de inverno enrolados nesse cobertor, enquanto você promete baixinho para mim que nunca mais irá embora.

Então, o cheiro de morangos que você tanto gosta, vai ficar impregnado em mim também.