Life Is Just Once escrita por Kakau Romanoff


Capítulo 1
Once in a Lifetime


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii meus amores!
Eu acho que nunca postei uma fic de Crepúsculo, mas eu amei tanto escrever essa aqui, principalmente por ser sobre o Garrett e a Kate, porque eu sinto que nós perdemos tanto da história desses dois, que acabou ficando meio que em segundo plano tanto no livro quanto no filme.
Então, espero que vocês gostem!
Boa Leitura!!



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A eternidade pode ser tão efêmera quanto uma simples vida mortal. Tudo depende unicamente das decisões que fazemos ao longo da nossa existência.

Durante todo o milênio que vivera, Kate havia sentido a dor da perda de Sasha e Vasilii, experimentara todos os prazeres humanos e inumanos existentes, e conhecera lugares inimagináveis junto a suas irmãs.

Mas, ela só começara a viver verdadeiramente no momento em que conheceu Garrett.

Era o dia do casamento de Edward e Bella, e a casa dos Cullen nunca estivera tão movimentada antes. As irmãs Denali conversavam educadamente com Esme admirando a decoração impecável do jardim, toda planejada por Alice com delicadeza e sofisticação, enquanto Eleazar e Carmen cumprimentavam Carlisle, aguardando o início da cerimônia.

A Família do Alaska conseguira se adaptar muito bem à dieta vegetariana, embora permanecer entre os humanos nunca tivesse sido um problema real para eles. A questão na verdade era Irina, que continuava incomodada pela presença de Seth  devido a tudo que acontecera com relação a Laurent e aos lobos.  

Não distante de onde se encontravam, Mike e Eric comentavam sobre a beleza das três mulheres de pele pálida e cabelos tão dourados quanto seus olhos. Isso chamou a atenção do vampiro alto que conversava animado com Emmett, que ao ouvi-los riu da ignorância daqueles jovens.

Garrett era seu nome; um nômade americano, de espirito livre, cuja única paixão sempre fora as aventuras e desafios que surgiam no decorrer de todos os seus anos como um imortal.

Seu olhar se desviou para as três mulheres das quais eles falavam, observando curioso e analisando-as discretamente até seus olhos se encontrarem com os da mulher de cabelos lisos, provocando nele um inexplicável interesse e necessidade de falar com ela.

Mais tarde, quando os noivos já haviam terminado seus votos, e Edward encerrado o discurso dele, a música aumentou levando os noivos e alguns outros casais a preencheram a pista de dança.

Inicialmente em dúvida, Garrett se dirigiu até as duas mulheres que tinha visto mais cedo, olhando com superioridade e com um sorriso irônico ao passar por Mike.

Tanya que não deixara de reparar nele as encarando mais cedo, viu quando ele começou a se aproximar, e segurou a mão de Kate, indicando o homem com um aceno quase imperceptível de cabeça, ao que um sorriso malicioso se formava em seu rosto ao conferi-lo por completo.

Garrett abriu um pequeno sorriso ao se aproximar, estendendo sua mão para Kate.

— Será que uma mulher linda como você me daria à honra dessa dança? – perguntou sereno, seus olhos travados nos dela com intensidade.

Retribuindo e mantendo seu olhar, Kate sentiu a mão de Tanya soltar-se da sua quando ela hesitou, mudando-a para suas costas e empurrando-a levemente, num claro incentivo para que ela aceitasse.

Ela não precisava sentir seu cheiro para saber que ele era claramente um vampiro: a barba bem feita, o rosto simétrico com o cabelo preso em um coque frouxo, e o vermelho de seus olhos circundando as lentes claras que usava de forma quase imperceptível. Mas ainda havia algo a mais nele, algo diferente, que de certa forma acabou por atraí-la.

— Por que não?! – respondeu, com um sorriso segurando a mão oferecida por ele. 

O contato com sua pele, tão fria como a dela, fez com que sentisse quase de imediato uma corrente elétrica percorrer seu corpo, muito diferente dos choques produzidos por ela. Era, na verdade, acolhedor e instigante ao mesmo tempo.

Garrett conduziu-a para a pista de dança, ao que a música tornou-se mais lenta, entrelaçando sua mão a dela, e descendo a outra mão livre até sua cintura, provocando outra corrente com o contato de seus dedos com suas costas descobertas. Ela segurou em seu pescoço, roçando as unhas levemente em sua nuca.

Ele se abaixou, deixando seus rostos num mesmo nível, e sussurrou em seu ouvido.

— Eu continuo a me perguntar como alguém como você pode estar desacompanhada.

— Poupe o fôlego com tantos galanteios. – ela sorriu, sentindo sua barba macia em contato com seu rosto, ao que eles ficaram ainda mais próximos.

— Só estou mencionando o fato de que é impossível não ficar um pouco hipnotizado... Como, por exemplo, aqueles jovens bem ali, que não param de babar te encarando. Devem estar morrendo de vontade de estar aqui no meu lugar agora.

— Tentador, não? – ela riu baixinho - Mas não faço mais isso com humanos.

— Não faz mais...? Eu quero entender isso? – ele questionou com um sorriso, voltando a encara-la.

— É uma longa história. – disse, desviando o olhar.

— Nós dois sabemos que eu tenho toda a eternidade para ouvi-la.

Kate pensou por um momento, ponderando se deveria dizer algo de seu passado para ele, por mais que aquilo nunca tenha sido um segredo. Ela acabara de conhecê-lo, mas sentia-se estranhamente confortável perto dele, e ainda, se ele estava ali, significava que Carlisle confiava nele.

Dessa forma, ela logo se decidiu, dizendo em seguida:

— Já ouviu falar sobre a lenda das Succubus?

— Quer dizer as histórias sobre “demônios” femininos que seduziam os homens para depois mata-los? – falou arqueando uma sobrancelha.

— Exato. – ela assentiu.

— O que isso tem a ver com você?

— Podemos dizer apenas que eu e minhas irmãs “inspiramos” essas lendas.

Compreensão passou pelo rosto de Garrett, mas seu único movimento foi sorrir novamente para ela marotamente. 

— Devo me preocupar?

— Eu não penso assim. – sorriu, vendo-o desviar o olhar para seus lábios, antes de se inclinar, apenas centímetros de distância os separando, quando Tanya surgiu ao seu lado de repente, fazendo-os se distanciar rapidamente.

— Kate – ela sussurrou, mesmo sabendo que ele poderia ouvi-la – Não consigo encontrar Irina. Ela simplesmente desapareceu. Precisamos procura-la.

Kate assentiu, voltando-se para Garrett com um olhar pesaroso e ao mesmo tempo preocupado.

— Eu tenho que ir. – falou, soltando suas mãos.

— Espero encontra-la novamente algum dia, Kate. – ele sorriu para ela, deixando-a enfim partir apressadamente com a irmã.

Aquela tinha sido a primeira e única vez que ela o vira.

Garrett.

Esse era o nome do misterioso homem com quem tinha dançado, que de acordo com Edward era um nômade que viajava pelos Estados Unidos. Um amigo antigo de Carlisle.

Kate não poderia saber onde ele estava, mas isso só fizera com que ela não conseguisse mais tira-lo de sua cabeça, e ainda que tentasse esquecer, seus pensamentos teimavam em voltar de forma recorrente para a noite do casamento do primo.

Ela não poderia continuar daquela forma; não com todos os problemas que estavam por vir graças à precipitação de Irina ao ver Renesmee.

Os Denali eram os amigos mais próximos de Forks, e como tais foram os primeiros a chegar depois do pedido dos Cullen. Foi complicado para eles entenderem num primeiro momento, mas não demorou até todos eles estarem encantados pela menina.

Naquela tarde, mais um dos convidados de Carlisle tinha chegado. Tanya e Kate permaneciam na sala enquanto escutavam Edward explicar a situação para o recém-chegado no outro cômodo, que pareceu aceitar com mais facilidade.

Não demorou até ele se juntar aos demais, e Kate poderia jurar que se ainda fosse humana, seu coração teria disparado ao ver o homem alto, com os cabelos presos por uma tira de couro passar pela porta.

Tanya cutucou-a, sorrindo cumplice para a irmã, que analisava a postura do homem que ao percebê-las ali, sorriu verdadeiramente fazendo menção de se aproximar, antes de ser impedido pelos outros nômades que o cumprimentaram com abraços animados.

Kate, sem entender muito bem porque, se sentiu incomodada ao ver outra mulher o abraçando, e inconscientemente liberou uma mínima descarga elétrica que chocou sua irmã ao seu lado.

Tanya olhou para ela sem entender, batendo em seu ombro.

— Desculpe. – Kate sussurrou, rindo, ao que Tanya rolou os olhos e suspirou, voltando a encarar o homem que vinha em sua direção com uma expressão confiante.

— Olá. É realmente muito bom vê-las novamente. – ele cumprimentou-as, embora continuasse sorrindo enquanto encarava Kate - Eu sou Garrett, a propósito. Não tive a oportunidade de me apresentar adequadamente no casamento.

— Tanya Denali. – ela respondeu, com um sorriso curto.

— Kate Denali.

— É realmente um prazer conhecê-las. Oficialmente.

— Digo o mesmo, Garrett. – Kate respondeu sorrindo de volta, ao que Tanya entendeu como uma deixa para deixa-los sozinhos.

— Eu preciso conversar com Carmen. Foi bom vê-lo de novo, Garrett. – falou ela apertando a mão de Kate mais uma vez e piscando para ela antes de se afastar.

— Então seus olhos são realmente dourados. – ele iniciou, sentando-se ao lado dela - Posso dizer por isso, que vocês caçam animais como os Cullens, certo?  

— Sim. Nós caçamos humanos por séculos, mas depois nos acostumamos com a dieta vegetariana.

— E como é?

— Normal, eu acho. – ela riu; o som de sua risada sedosa fazendo-o sorrir junto - O sabor é bem diferente, mas sacia nossa sede. E não tem nada daquilo de te deixar mais fraco, isso é só um mito.

— Eu gostaria de experimentar um dia. Deve ser uma experiência interessante. 

— Eu ficaria feliz em te mostrar como é.

Eles continuaram conversando por algum tempo, Kate explicando a ele sobre a caça que praticava e ele narrando algumas de suas histórias como nômade, a medida que novas testemunhas de Carlisle chegavam.

Alguns dias mais tarde, Garrett a procurava pela casa quando encontrou Tanya.  

— Hey Tanya. Sabe onde Kate está?

— Na verdade não, Garrett. Na última vez que a vi ela estava indo dar uma volta na floresta.

— Ok, obrigado. – ele agradeceu se retirando posteriormente em direção à floresta, tentado encontrar o rastro da mulher.

Depois de correr por alguns minutos, ele finalmente a viu no topo de uma árvore, olhando para o horizonte.

— Posso te fazer companhia? – ele chamou.

— Claro. – ela disse, tomando consciência da presença dele ali, ao que ele escalou o tronco para sentar-se ao seu lado.

— Porque está aqui sozinha, Kate?  - ele questionou após alguns minutos em silêncio.

— Acho que só estou procurando um pouco de paz, longe de toda essa loucura que está acontecendo. Você provavelmente já deve saber sobre...

— Sobre a sua irmã. Sim, eu soube por alto. Mas você não precisa falar sobre isso se não quiser, eu sei que está sendo difícil para você e sua família.

— Obrigada, eu realmente aprecio isso. – ela sorriu para a sua gentileza.

— Então, o que tem de especial nesse lugar? – ele perguntou, finalmente desviando os olhos de seu rosto para a paisagem que se estendia a sua frente. As montanhas cobertas pela neve fina que caia, iluminadas pelo sol que começava a se pôr criavam uma visão de tirar o fôlego.

— Nada específico, para ser sincera. Eu gosto de observar a paisagem, a floresta, as montanhas... Me lembra um pouco de nossa casa, na verdade.

— Alaska, não é? É realmente um lugar lindo.

— Já esteve lá?

— Uma vez. Não poderia ficar por muito tempo, até porque a população já era bem pequena, e comigo lá poderia ser quase reduzida à zero. – ele riu, ao que ela assentiu.

— Por falar nisso, o que me diz sobre eu te mostrar como funciona o meu jeito de caçar agora?

— Você leu meus pensamentos. Eu estava ansioso por isso.

— Venha. – ela chamou, saltando graciosamente de volta ao solo, e logo ele estava ao seu lado. A Denali o conduziu até uma área da floresta mais afastada, onde não correriam riscos – Respire fundo, e me diga o que você sente.

Garrett arqueou uma sobrancelha a encarando, mas fez assim como ela instruiu.

— São... Cervos? – arriscou, fazendo uma careta.

— Sim. Um bando, a mais ou menos um quilometro daqui. Vamos. – eles correram, rastreando os animais e atacando sem demora.

Kate abateu um macho grande com agilidade, enquanto Garrett pegou outro um pouco menor, caindo no chão com ele antes de se alimentar. Depois, repetiram o processo com outro cervo e um puma, só então Garrett ficando satisfeito, ao que eles se colocaram a caminhar de volta para casa.

— E então? Vai me dizer o que achou?

— Acho que vou precisar arrumar roupas novas. – ele riu, analisando a própria situação. Suas botas estavam sujas de lama, e suas calças levemente rasgadas, enquanto que Kate permanecia impecável – Só para constar, eu não sou tão porco assim quando me alimento. 

— Não se preocupe. Leva um tempo até você se acostumar. – ela sorriu – Mas e o gosto?

— O do puma era consideravelmente melhor.

— O sangue de carnívoros normalmente é mais parecido com o dos humanos, por isso é mais agradável ao nosso paladar. – ela explicou assentindo.

— Eu gostei Kate, de verdade. Caçar animais significa não tirar a vida de uma pessoa. E isso com certeza fez eu me sentir melhor. – ele sorriu de lado para ela.

Eles se encararam por algum tempo, até ela quebrar a tensão que se formara:

— Vamos voltar, Tanya pode estar preocupada.

— Corrida até a casa? – ele propôs os olhos vermelhos brilhando em excitação.

— Você vai perder nômade. – ela aceitou, correndo em uma velocidade inimaginável, antes que ele começasse a segui-la.

Com alguns segundos de vantagem, Kate chegou à frente, Garrett surgindo logo depois dela, encontrando alguns dos demais vampiros reunidos no jardim dos Cullen enquanto Bella treinava com Zafrina. 

Quando Eleazar levantou a hipótese de Bella ser um escudo, e que eventualmente ela poderia se tornar capaz de expandi-lo como Kate tinha feito, a esperança aumentou entre eles; aquilo significava uma chance para que fossem ouvidos pelos Volturi.

No decorrer dos dias, Kate e Garrett a ajudavam, tanto com seu dom quanto com suas habilidades em luta, fazendo progresso perceptivelmente, e quando a noite caia, eles normalmente se sentariam em um canto mais afastado e conversariam até amanhecer.  

Em uma determinado tarde, Kate ensinava-a junto com Zafrina e Edward, Garrett um pouco afastado junto a Carmen e Tanya, apenas observando as duas trabalharem com certo fascínio, até Bella pedir uma pausa.

— Kate – ele a chamou, incapaz de se conter.

— Garrett, eu não faria isso. – Edward avisou, rindo.

— Dizem que você pode colocar um vampiro de costas. – continuou, ignorando o alerta, e se aproximando mais da loira.

— Sim - Kate o encarou com um pequeno sorriso provocativo, estendendo a palma da mão para ele – Curioso?

— Não sei. É algo que eu nunca vi. – ele sorriu – Parece um pouco exagerado.

— Talvez. – sorriu também, sabendo que ele não resistiria ao desafio – Ou talvez só funcione nos fracos. Você por outro lado, parece ser forte o suficiente. Talvez consiga resistir ao meu dom. – ela balançou os dedos, em um convite claro para que ele tentasse.

Ele sorriu confiante, incapaz de negar um desafio como aquele, estendendo o indicador para toca-la. No momento do contato, todo o corpo dele estremeceu, e o choque o fez cair de joelhos. Seus olhos voltaram a se abrir quando a corrente parou, e ele encarou Kate novamente com um largo sorriso em seu rosto.

Uau.

— Gostou disso?

— Eu não sou tão louco, Kate. – ele riu, segurando a mão oferecida por ela para se levantar – Mas isso foi... Uau!

— É o que dizem. – ela sorriu, notando Tanya os observando.

— Você é uma mulher incrível. – ele sussurrou, piscando em seguida, e se afastando quando ouviram novas testemunhas chegando.

A chegada dos Romenos fez Kate perceber o quanto o julgamento dos Volturi estava próximo, e a cada momento ela questionava ainda mais o que aconteceria dali em diante.

Garrett por outro lado, estava louco imaginando as milhões de possibilidades de como tudo aquilo poderia acabar. Mas se ele iria morrer, tudo o que queria era poder ficar mais tempo junto com Kate, e isso o surpreendeu mais do que qualquer outra coisa, afinal, a liberdade sempre fora a única coisa que ele se importara.

— E então... O que está rolando entre você e o nômade?! – perguntou Tanya, sorrindo maliciosa e sentando-se ao lado de Kate, que lia um livro calmamente no sofá da sala.

— Não tem nada rolando. - ela falou, sem tirar os olhos de suas páginas.

— Ah, qual é Kate. – ela riu, cutucando-a e ficando sem resposta – Kate. Kate?! Katrina! – ela chamou de novo, tomando o livro de suas mãos – Não me ignore.

— O que você quer que eu diga? – bufou - Não tem nada acontecendo, Tanya.

— Não minta para sua irmã, Kate. Eu te conheço. Até um cego poderia ver que nos últimos dias ele tem praticamente orbitado em torno de você.

— Ele é só... Garrett é só um conhecido. Um amigo.

— Ah, que bom então. Um pedaço de mau caminho como aquele dando sopa por ai, eu vou adorar “conhece-lo” melhor também. – ela provocou.

— Não ouse, Tanya. – rosnou Kate.

— Oh, então tem alguma coisa entre vocês, não tem maninha?! – ela riu vencedora, fazendo Kate suspirar novamente – Olha, eu vou parar de te encher quando me contar. Eu vivo ao seu lado por mais de um milênio, Kate. Você nunca escondeu esse tipo de coisa de mim. Na verdade, alguns séculos atrás você já teria aproveitado a oportunidade e despachado ele em seguida.

— Esse é o problema, Tanya. – disse ela, levantando-se e sendo acompanhada pela mulher de cabelos cacheados – Você sabe que não agimos mais daquele jeito. E com Garrett... – ela respirou – É como se eu não quisesse deixa-lo nunca mais. E eu nunca tinha me sentido assim.

Tanya abriu um largo sorriso, segurando as mãos da irmã entre as suas.  

— Talvez você finalmente tenha encontrado o parceiro certo Kate. E sei o que está passando pela sua cabeça. Não importa o que estamos vivendo agora, com os Volturi, Irina e tudo mais. Independentemente do que vai acontecer, você tem que aceitar quando algo assim acontece. Entende?

Kate assentiu, sorrindo de volta para ela e a abraçando.

— Obrigada Tanya.

— De nada – ela riu, soltando-a depressa logo depois – Agora me solta, que seu amigo está vindo – e assim saiu, logo antes de Garrett surgir a sua frente.

— Interrompi alguma coisa? – ele sorriu, um pouco sem jeito.

— Não, estávamos só conversando. – ela respondeu e ele assentiu.

— Pronta para ir?

— Claro, vamos lá.

Eles saíram para caçar juntos pela terceira vez, e surpreendentemente Garrett já estava pegando a prática para derrubar os animais sem se sujar muito.

— Nada mal, não é? – brincou ele quando se levantou, encarando-a com um sorriso desconcertante. Ela permaneceu em silêncio por algum tempo, apenas olhando para ele com uma expressão indecifrável. – Kate, o que foi?! - perguntou levemente preocupado.

— Seus olhos... – ela sussurrou - Não estão mais vermelhos.

— É... Eu não tenho bebido sangue humano desde aquele dia.

— Então quer dizer que está se acostumando a ser um vegetariano?

— Pode-se dizer que sim. Você me fez perceber Kate, que existem maneiras melhores de viver. E é isso que vou tentar fazer. Encontrar um clã, uma família para que eu possa finalmente me estabilizar. – falou calmo, se aproximando dela.

— Tem certeza que pode fazer isso depois de tanto tempo sendo um nômade, de ser livre e independente, depois de experimentar o sabor de viver tantas aventuras por aí?

— Isso tudo só faz com que eu queira ainda mais mudar. Estou cansado de viver sozinho, Kate.

— E porque mudou de ideia só agora? – ela perguntou em um resquício de voz, sentindo-o tão perto quanto poderia, levando a mão ao rosto dela e acariciando sua bochecha.

— Porque eu encontrei o caminho certo para mim... E, principalmente, uma boa razão para segui-lo. – então ele se inclinou, sem desviar o olhar do dela, e selou seus lábios suavemente, ao que ela prontamente correspondeu, levando as mãos ao cabelo e pescoço dele, incentivando-o a aprofundar o beijo.

— Porque demoramos tanto para fazer isso mesmo? – ela murmurou em seus lábios, depois do que pareceu uma eternidade.

— Eu não sei – ele riu, segurando-a quando ela pulou em seu colo enrolando as pernas em volta de sua cintura, e a encostando na árvore mais próxima, para capturar seus lábios mais uma vez.

Eles permaneceram lá, sentindo o contato entre eles que não demorou a se tornar mais urgente, mas ainda assim carinhoso e apaixonado, por um longo tempo, e só se separaram quando a noite caiu.

— Acho que nós temos que voltar. – disse Garrett, dando-lhe um selinho, e seguindo para seu pescoço.

— Sério? – ela riu.

— Infelizmente. Sua família vai pensar que eu sequestrei você só pra mim. – falou rouco, beijando-a de novo.

Ela desceu suas mãos pelos braços dele, descansando-as em seu peito.

— Então vamos.  

Os dois retornaram a casa de mãos dadas, se afastando apenas quando entraram na sala que tinha um clima tenso, encontrando todos reunidos e murmurando entre si, sérios.

Kate lançou um olhar significativo para Garrett, seguindo para se juntar a sua família querendo informações sobre o que quer que tivesse acontecido na ausência deles.

Tanya contou-lhe sobre a partida de Alistair dada a possibilidade de uma batalha contra os Volturi, e que Amun queria deixa-los também, mas, no entanto Benjamin sabia o que era certo, e permanecera resoluto em sua decisão de ajudar os Cullen.

Carlisle argumentava com o Egípcio, de que nunca pediria para nenhum deles morrer, e que não havia intenção alguma de fazê-los lutar contra os Volturi.

Nesse ponto, os Romenos interviram, expondo que o real objetivo dos Volturi ia muito além de julga-los com relação à Renesmee. Todo o teatro deles escondia o real propósito deles: se tornarem mais fortes e obter novas aquisições para sua guarda.

Eles colocaram Bella, Benjamin, Kate e Zafrina como possíveis alvos do interesse dos italianos devido a seus dons, e apenas aquela possibilidade fez Garrett estremecer. Dessa forma, não demorou muito até Tia se pronunciar.

— Lutaremos – ela disse solene – Acreditamos que os Volturi abusarão de sua autoridade. Não pertenceremos a eles – terminou seu olhar pousando demoradamente em Benjamin, que sorriu.

— Ao que parece, sou mercadoria disputada. Terei que conquistar o direito à liberdade. – ele falou, encarando os romenos.

— Essa não será a primeira vez que luto contra as regras de um rei. – afirmou Garrett, encarando Kate profundamente, tendo a certeza que faria de tudo para protegê-la.

— Ficamos com Carlisle – Tanya disse em nome de todo o Clã Denali, soltando as mãos da irmã ao se colocarem de pé – E lutaremos com ele.

— As matilhas também lutarão. – disse Jacob, com um sorriso malicioso – Nós nunca tivemos medo de vampiros.  

Logo, a maioria tinha se posicionado enquanto alguns ainda permaneciam em dúvida sobre o que fariam, mas nenhum deles fez menção de abandonar os Cullen. Depois, quase todos saíram para caçar, pelo que poderia ser uma das últimas vezes antes da neve se prender ao solo.

Nos dias que se seguiram, eles partiram para a mesma clareira onde haviam lutado contra os recém-criados meses antes, procurando ficar o mais afastado possível da cidade, no intuito de se prepararem e aguardarem.

Aquele era o momento de permanecer com quem amavam, de aproveitarem o que poderia ser seus últimos momentos juntos, de ficarem prontos para quaisquer possíveis resultados. E foi exatamente o que Kate fez.

Ela passara a tarde com Tanya, Carmen, Eleazar, Garrett e todos os outros clãs, poucas horas os separando da chegada dos Volturi, enquanto organizavam suas posições na clareira. Quando a noite caia, Garrett se aproximou dela, colocando a mão suavemente em sua cintura, sussurrando em seu ouvido:

— Quer dar uma volta comigo? – ele pediu, sorrindo. Kate hesitou, em conflito com relação a sua família, mas Tanya interviu antes que ela pudesse replicar.

— Vai logo Kate. Estaremos bem aqui quando voltar.

A loira olhou para a irmã, com um sorriso discreto no canto dos lábios, agradecendo silenciosamente a ela, e seguindo com Garrett que sorriu para Tanya também, antes de se retirarem. 

Ele a conduziu até a mesma árvore onde tinham conversado, sentando-se em um galho alto e encostando as costas no tronco, permitindo que Kate se sentasse em seu colo com as pernas ao seu redor.

A lua cheia iluminava a floresta, seu brilho refletido nos olhos dos dois, fazendo Garrett suspirar e levar sua mão ao rosto dela, observando cada traço dela.

— Eu não quero dizer adeus, Garrett. – antecipou Kate, já suspeitando o que ele estava segurando para lhe dizer, se inclinando e encostando sua testa na dele.

— E nem eu, Kate. – respondeu, capturando os lábios dela devagar, gravando cada sensação que sentia naquele momento.

— Então porque estamos aqui? – disse, se afastando a contragosto de ambos.

— Porque eu preciso te dizer o quanto estou feliz por ter te conhecido. O quanto fui mais feliz nas últimas semanas do que em todos os meus séculos de existência.

— Garrett... Você fala como se nunca mais ficaremos juntos, como se realmente fosse o fim.

— Infelizmente nós precisamos ser realistas, Kate. Lembra-se do que Vladimir e Stefan falaram? Você, Bella, Zafrina e Benjamin são alvos em potencial de Aro para se juntar a guarda. Se as coisas não acabarem como planejamos amanhã...

— Nem mesmo levante a possibilidade de eu me juntar a eles.

— Você pode sobreviver Kate. Isso é o que realmente importa. 

— Eu prefiro morrer junto a minha família, Garrett. Os Volturi destruíram tudo o que era importante para mim e minhas irmãs. Eu morrerei lutando contra eles.

— Mas Kate...

— Garrett – ela balançou a cabeça – Por favor. Não vamos mais falar sobre isso.

— Eu odeio isso tanto quanto você, mas eu não sei o que pode acontecer amanhã com nenhum de nós, e eu não quero nem mesmo pensar em...

— Então não pense. Concentre-se em mim, ok? – ela pediu, segurando o rosto dele com ambas as mãos, fazendo ele a encarar – Concentre-se apenas nesse momento agora, e em mais nada.

— Porque eu não te conheci antes, hein? – ele sorriu.

— Cale a boca, Garrett – ela riu, beijando-o pelo que pareceu um longo tempo.

— Esse é um bom jeito de me fazer calar a boca. – ele riu também, ao se separarem, beijando seu pescoço quando ela o abraçou.

Kate suspirou levemente, sentindo um arrepio percorrer todo seu corpo conforme a barba macia dele roçava em seu ombro.

— Temos que voltar. – ele disse, surpreendendo-a – Por mais que queira ficar aqui a noite toda, sua família precisa de você. Temos que ficar todos juntos agora.

Ela assentiu colando seus lábios aos dele, rindo do quão cavaleiro ele ainda conseguia ser, e acompanhando-o de voltar à clareira.

— Eles podem ser sua família também sabe. Se você quiser. – ela quebrou o silêncio confortável enquanto caminhavam, acariciando a mão dele com o polegar.

— Eu me sinto lisonjeado.

— Não estou insinuando, ou tentado te forçar a fazer qualquer coisa, mas se sobrevivermos a isso, você vai...

— Se vou para o Alaska com você? – ele completou o pensamento dela com um meio sorriso brincalhão.

— Ou alguma coisa assim.

— Eu tenho sido nômade por toda a minha vida, e tenho pensado muito nisso recentemente, mas não acho que seja a hora de decidirmos nada.

— Então...

— Então, o que eu quero dizer, é que deveríamos esperar e ver o resultado de tudo isso que estamos fazendo, tudo pelo que vamos lutar amanhã, e então determinar nosso futuro. Tudo bem assim?

Era difícil para ele se adaptar, se acostumar a permanecer em apenas um lugar depois de tantos séculos, e ela poderia entendê-lo completamente. Além de que não o pressionaria a decidir nada dada a situação deles.

— Perfeitamente. – ela sorriu de volta, antes de ouvirem ao longe a voz de Jacob quando ele e Benjamin acendiam uma fogueira, falando sobre contar histórias de guerra.

Garrett lançou um olhar significativo para Kate, piscando para ela antes de correr até onde os demais estavam. Ele chegou primeiro, sentando-se confortavelmente no tronco próximo a fogueira e falando para Jacob:

— Cite qualquer batalha americana. Eu estava lá.

O moreno o encarou rindo, pensando por um momento.

— Little Big Horn.

Garrett riu, cerrando os olhos, relembrando a batalha claramente como uma lembrança recente.

— Fiquei muito perto de morder o Custer, mas os índios o pegaram primeiro.

Kate finalmente os alcançou, correndo e sentando-se na perna de Garrett, para se juntar a conversa:

— O ataque de Oleg à Constantinopla. – ela sorriu, sentindo a mão de Garrett acariciar levemente seu braço – Ele não venceu essa sozinho.

— Não se fala em batalhas sem falar da Guerra dos 11 Anos. - Liam comentou, aproximando-se junto com Siobhan e Maggie. - Ninguém se rebela como os Irlandeses.

— Mas vocês perderam a Guerra dos 11 Anos. – contrapôs Garrett, com uma sobrancelha arqueada.

— Sim, mas foi uma rebelião e tanto. - Garrett riu, aprovando o sentimento do Irlandês.

Não demorou até todos os vampiros estarem agrupados ao redor do fogo que crepitava no centro deles, enquanto a neve continuava a cair incessantemente, ouvindo Vladimir e Stefan falando sobre seu reinado e o golpe dos Volturi para tira-los do poder.

Garrett não deixou de notar que Kate não tinha saído de seu colo, e ele sorriu com isso, sentindo as mãos dela em sua perna, enquanto ele contornava sua cintura com o braço. Não havia razões para esconder o que estava acontecendo entre os dois, e o nômade ficou feliz que ela estava confortável em estar com ele dessa forma.

Neste instante ele percebeu o olhar faminto do próprio Stefan para Kate, e sem pensar duas vezes apertou-a mais perto dele.

— O que foi? – ela perguntou delicada, virando levemente a cabeça para ele.

— Concorrência. – ele sibilou, fuzilando Stefan com o olhar, fazendo-a rir, e passar as mãos pelo ombro dele, repousando-as em seu peito.

— Não tem que se preocupar com isso. – ela sussurrou em seu ouvido, beijando o pescoço dele, fazendo sorrir descaradamente, ainda encarando o romeno.

Horas mais tarde, eles estavam posicionados no meio do campo aberto, cada Clã reunido, com os Cullen na frente, quando as figuras encapuzadas surgiram do outro lado de entre as árvores, suas capas deslizando pela neve como espectros enquanto se aproximavam lentamente. Os lobos juntaram-se a eles, colocando-se em posição também.

— Os capas vermelha estão vindo, os capas vermelha estão vindo – murmurou Garrett, se aproximando de Kate.

Toda a guarda, as esposas e as testemunhas de Aro estavam ali, somando em números que os deixavam em uma forte desvantagem. Dentre eles, estava Irina, destacando-se dos demais.

Tudo acontecia devagar, e a tensão entre os dois lados era quase palpável. Aro permitiu que Carlisle e Edward falassem, conhecendo Renesmee brevemente, e constatando por si mesmo que ela não era uma criança imortal.

Tanya segurava fortemente a mão de Kate, quando Caius chamou Irina comuma expressão de desgosto e escárnio no rosto. Ele a questionou sobre sua denúncia, instigando-a a ficar contra os Cullen, usando o que acontecera com Laurent, mas Irina manteve-se firme, e assumiu que havia errado ao denunciar os Cullen:

— Não tenho queixas contra os Cullen. Vocês vieram para destruir uma criança imortal, mas ela não existe. Eu assumo total responsabilidade pelo meu erro. Os Cullen são inocentes, não há motivos para ficarem aqui. – ela disse aos Volturi e as testemunhas, voltando-se para suas irmãs e sussurrando para elas – Sinto muito.

Quando ela terminou, ninguém teve tempo para processar o que aconteceu a seguir, antes que estivesse terminado: os soldados da guarda cercaram Irina, e Caius incendiou o corpo dela, rindo friamente enquanto ela era consumida pelas chamas.

— Agora ela assumiu a responsabilidade de seus erros. – ele disse, encarando Tanya e Kate paralisadas.

 Caius queria destruir os Cullen a todo custo, e quando viu que não o faria por uma criança imortal ele instigou as Denali, sabendo que elas não hesitariam em ataca-lo.

— Segurem-nas! – gritou Edward, ele e Carlisle avançando para segurar Tanya que se atirou contra os Volturi, cega de ódio pela perda da irmã.

— Tanya não! – Carlisle tentou controla-la.

Kate também avançou, mas ela foi mais difícil de conter. Gritando como Tanya, ela avançou para matar Caius; Rosalie tentou prende-la com uma gravata e Kate liberou uma corrente forte o suficiente para derruba-la no chão. Emmett tentou em seguida, agarrando-a pelo braço e derrubando-a, porém também foi eletrocutado por ela, cedendo facilmente.

A Denali voltou a se por de pé, mas Garrett correu e se atirou sobre ela, jogando os dois no chão novamente. Ele passou os braços ao redor dela, segurando com força, quando ela começou a aplicar-lhe sua corrente elétrica, fazendo o gritar de dor enquanto seus olhos rolavam nas órbitas.

A dor da corrente de Kate era excruciante, mas por mais que seu corpo quisesse ceder, ele manteve-se firme. Garrett não desistiria, ele não a soltaria. Ele sabia que se a deixasse atacar, ela morreria, e ele não poderia suportar a ideia de perdê-la. Aquela seria uma dor muito pior do que qualquer uma que os choques mortais de Kate poderiam lhe proporcionar.

— Zafrina, cegue-as. – pediu Edward.

Os olhos de Tanya e Kate ficaram vagos, e ambas pararam de lutar, quando a amazona usou seu dom sob elas.

— Devolva minha visão. – grunhiu Tanya.

— É isso que ele quer Tanya. Vocês não podem atacar agora. – dizia Edward, enquanto Bella envolvia Garrett em seu escudo, devolvendo a ele o controle de si mesmo, para continuar segurando Kate na neve.

— Se eu te deixar levantar, você vai me derrubar outra vez Katie? – o nômade sussurrou para ela, apertando-a um pouco mais contra ele.

— Me solta Garrett! – ela rosnou, se debatendo.

— Kate, Tanya, pensem no que estão fazendo. – sussurrou Carlisle - Se atacarem agora, todos nós vamos morrer. Irina não iria querer isso. Vingança não vai nos ajudar agora.

Os ombros de Tanya caíram com a dor, e ela buscou apoio em Carlisle, e Kate finalmente ficou imóvel, agarrando-se a Garrett que tentava reconforta-la.

— Ela... Ela...

— Eu sei, eu sei... Eu tô aqui. Eu sei que dói agora, mas você não pode fazer mais nada. Não podemos atacar. Acredite em mim, eu não hesitaria em fazer Caius em pedaços com minhas próprias mãos. Mas eu não posso deixar você se matar assim. Eu não vou perder você, Kate.

As duas retomaram sua visão, finalmente mais controladas; Kate assentiu encarando-o, sentindo os braços dele ao seu redor o tempo todo. Todos os outros voltaram a ficar em guarda, enquanto Aro e Caius assistiam a cena, atônitos.

Aro sabia o que Kate podia fazer, conhecia a força e poder dela das memórias de Edward, e ainda assim o nômade havia conseguido contê-la.  

Com todos de volta a sua posição, Aro continuou falando, ele e Caius tentando encontrar motivos a todo tempo para mata-los, um desculpa boa o suficiente para justificar seus atos.

Ele questionou Amun, que testemunhou comprovando o crescimento de Renesmee e partindo logo em seguida, mas Benjamin permaneceu imóvel junto com Tia. Depois, o ancião pressionou Siobhan, manipulando a situação para tentar fazer suas testemunhas ficarem contra os Cullen.

Garrett se libertou de Kate, avançando um pouco, e ignorando quando agora ela tentava alerta-lo.

— Somente o conhecido, é seguro. Só o conhecido é tolerável. – continuou Aro, em seu longo discurso, fazendo Caius sorrir amplamente.

— Está se estendo muito, Aro. – interpôs Carlisle.

— Paz, meu amigo – Aro sorriu em uma gentileza e suavidade falsas – Não podemos nos precipitar. Precisamos analisar esta questão de todos os aspectos.

— Neste caso, posso propor um aspecto a ser considerado? – falou Garrett, em uma voz controlada, dando um passo a frente.

— Nômade. – disse Aro, concedendo a ele a fala.

Garrett focalizou as testemunhas dos Volturi, falando diretamente a elas.

— Vim aqui a pedido de Carlisle, assim como os outros, para testemunhar. Isso, certamente, não é mais necessário, com relação criança. Todos podem ver o que ela é. Mas esses anciãos não vieram para fazer justiça. Tínhamos essa desconfiança, e agora isso foi provado. Eles vieram equivocados, mas com uma desculpa válida para seus atos. Vocês os veem agora procurar desculpas frágeis para continuar sua verdadeira missão, lutando para encontrar uma justificativa para seu verdadeiro propósito... Destruir esta família aqui. - Ele apontou na direção de Carlisle e Tanya, seu olhar cruzando com o de Kate de relance.

“Os Volturi vieram eliminar o que veem como uma concorrência. Talvez, como eu costumava fazer, vocês olhem para os olhos dourados deste clã e se surpreendam. É difícil entendê-los, é verdade. Mas os anciãos olham e veem algo além de sua estranha opção. Eles veem poder.”

“Testemunhei os laços que unem esta família – e digo família, não clã. Esta gente estranha de olhos dourados, assim como os meus próprios estão agora, nega sua própria natureza. Mas será que em troca não encontraram algo que vale mais do que a mera satisfação do desejo? Estive com eles por pouco tempo, e me parece que intrínseco a este forte laço familiar é o caráter pacífico dessa vida de sacrifício. Não há agressividade, como nos grandes clãs do sul, que cresceram e diminuíram tão rapidamente em suas rixas desvairadas. Não há a intenção de domínio. E Aro sabe disso melhor que eu.”

Todos observavam enquanto Garrett crescia em seu discurso, ganhando as testemunhas, aguardando uma reação de Aro que se resumiu a manter uma expressão divertida, olhando para Garrett como se ele fosse uma criança pequena.

— Quando nos disse o que estava por vir, Carlisle garantiu que não nos chamou aqui para lutar. Estas testemunhas concordaram em vir para reduzir o avanço dos Volturi com sua presença, de modo que Carlisle tivesse a oportunidade de apresentar seus argumentos.

“Mas nos perguntávamos se ter a verdade a seu lado seria o suficiente para Carlisle impedir a assim chamada justiça. Os Volturi estão aqui para proteger a segurança de nosso segredo ou para proteger seu próprio poder? Vieram destruir uma criação ilegal ou um modo de vida? Eles ficariam satisfeitos quando o perigo se revelasse nada mais do que um mal-entendido ou levariam a questão adiante, sem a desculpa da justiça? Nós ouvimos as respostas a todas essas perguntas nas palavras enganadoras de Aro e a vemos agora no sorriso ávido de Caius.”

“Assim, agora há mais questões a que vocês devem responder. Vocês são livres para escolher seu caminho ou os Volturi decidirão como vocês vão viver?”

— Eu vim testemunhar. Fico para lutar. Os Volturi não se importam com a morte da criança. O que eles buscam é a morte de nosso livre-arbítrio.

Ele se virou, então, para encarar os anciãos.

— Então não vamos mais ouvir racionalizações mentirosas. Sejam francos em seus propósitos, como somos nos nossos. Defenderemos nossa liberdade. Vocês a atacarão ou não. Decidam agora e deixem que essas testemunhas vejam a verdadeira questão em debate aqui.

Mais uma vez ele olhou para as testemunhas dos Volturi, os olhos sondando cada rosto. O poder de suas palavras estava evidente na expressão deles.

— Talvez queiram considerar se juntar a nós. Se pensam que os Volturi os deixarão viver para contar esta história, estão enganados. Seremos todos destruídos - ele deu de ombros - ou talvez não. Talvez, finalmente, os Volturi tenham encontrado adversários à altura. Mas eu lhes garanto: se cairmos, vocês cairão.

Ele terminou seu discurso acalorado recuando para o lado de Kate, segurando a mão dela levemente, preparado para o ataque. Aro sorriu sarcástico.

— Belo discurso, meu amigo revolucionário.

— Revolucionário? - ele grunhiu, mantendo a postura de ataque - Contra quem estou me rebelando? Você é meu rei? Quer que o chame de mestre também?

— Acalme-se, nômade. Só me referi à época em que você foi criado. Mas agora, se todos os pontos foram expostos – ele continuou, juntando-se novamente aos seus irmãos – Deliberemos.

— Deliberemos. – repetiram Marcus e Caius.

Os três deram-se as mãos, juntando-se em um triângulo.

Garrett viu Bella colocar Renesmee nas costas de Jacob, quando ela e Edward despediam-se da filha. Todos os demais mantinham sua atenção nos anciãos.

— Não há esperanças, então? – Carlisle questionou baixo, em aceitação.

Então era isso. Aquele era o momento que Garrett, Kate e todos os outros tinham temido.

O resultado de uma batalha contra os Volturi era completamente incerto, e tudo o que poderiam fazer era se preparar para o pior, mas ele ainda via esperança ainda que tudo parecesse ter acabado.

Garrett segurou a mão de Kate mais firme, olhando para ela com ternura.

— Se sobrevivermos a isso – ele sussurrou – Eu a seguirei aonde for, mulher.

Ela apertou a mão dele de volta, com um pequeno sorriso e balançando a cabeça respondeu:

— E agora que ele fala. – murmurou ela rolando os olhos, encarando Tanya e segurando sua mão firme brevemente, e assentindo confiante com um sorriso para Carmen e Eleazar.

Todos os Clãs se despediam, expressando o amor que havia entre eles e a dor da probabilidade de perderem uns aos outros. Alguns minutos se passaram até que os três se voltassem novamente para nós, mas quando eles dariam o veredicto Alice apareceu, com uma nova chance renovando todas as esperanças mais uma vez.

Eles ouviram com atenção a história de Nahuel, e mesmo depois dos Volturi terem partido, eles permaneceram estagnados.

— Eles foram embora mesmo gente. Não vão voltar. – falou Alice, sorrindo, sendo cercada por sua família ao que a comemoração começou.

Garrett não pensou duas vezes antes de agarrar Kate mais uma vez e gira-la no ar, fazendo-a sorrir. Ela o abraçou forte mais uma vez ao voltar ao chão, e ouviu-o sussurrar em seu pescoço.

— Eu amo você, Katrina Denali.

— Eu também te amo, Garrett.

Ele teria continuado comemorando por toda a sua vida, mas seu sorriso se desmanchou ao ver a tristeza mesclada nos olhos de Kate, xingando-se internamente por sua reação exagerada sem se lembrar do que acontecera a Irina.

— Hey, eu sinto muito. – ele tentou se redimir, apenas passando os braços ao redor dela novamente, e trazendo-a para junto de si.

Tanya se aproximou, abraçando-a demoradamente e aceitando o abraço de Garrett também, enquanto Kate era confortada por Carmen e Eleazar.

— Sinto muito Tanya. – ele disse, sincero.

— Eu também Garrett. – ela respondeu, sorrindo fraco – Obrigada por ter segurado minha irmã daquele jeito. Eu nunca tinha visto alguém resistir tanto tempo ao poder de Kate naquela potência.

— Eu tinha boas razões para me manter firme, Tanya. – ele sorriu, vendo Kate se aproximar e abraça-la novamente pela cintura.

Os cinco se encararam, sabendo a dor que cada um sentia, mas também o alivio em seus olhos por tudo ter acabado.

— E então, como vai ser agora? – perguntou Tanya.

— Eu acho que já é hora de irmos para casa. – falou Eleazar, olhando para Garrett antes de completar - Todos nós.

Todos voltaram à casa dos Cullen para se despedirem antes de voltarem para casa. Tanya, Carmen e Eleazar foram a frente, deixando Garrett e Kate um pouco para trás, enquanto os dois andavam tranquilamente pela floresta.

— Desculpe ter atingido você daquele jeito – Kate falou, meio sem jeito – Não queria te machucar, mas eu sentia que tinha que atacar. Eu precisava matar o Caius.

— Não se preocupe com isso. – ele sorriu – Eu mal posso imaginar a dor que você sentiu, e acredite, eu teria adorado te ajudar a mata-lo. Mas aquela não era a hora certa para nós vingarmos sua irmã. Você teria morrido, e eu simplesmente não poderia deixar isso acontecer.

— Como conseguiu aguentar tanto tempo?

— Eu não faço ideia. – ele balançou a cabeça, rindo – De verdade, por um momento achei que você iria me matar. Mas então eu percebi que eu não podia soltar. E só pensei em você, e deixei que a dor ficasse em segundo plano.

— Esse é seu jeito de dizer que me ama?! – ela sorriu, parando-o e puxando ele para mais perto.

— Talvez - ele riu, beijando-a devagar e mordendo seu lábio inferior.

— Você. Adora. Me. Torturar. Nômade. – ela falou, pontuando suas palavras com selinhos demorados.

— Ex-nômade. Você não vai se livrar de mim tão cedo, Katie.

— Ainda bem... – ela o abraçou, deixando-se perder mais uma vez com os lábios dele colados aos seus, quando Alice apareceu de repente fazendo-os se separar.

— Desculpe, eu não queria interromper – ela sorriu – Tanya está procurando por você para voltarem para casa.

— Ah, claro. Obrigada Alice. – Kate falou com um sorriso, e os três correram para se juntar aos outros.

Os vampiros estavam aglomerados no lado de fora, despedindo-se uns dos outros.

— Parece que alguém finalmente pôs uma coleira em você, hein Garrett?! – implicou Emmett, quando ele se aproximou da casa dos Cullen segurando a mão de Kate.

— Olha quem fala Ursinho. – devolveu ele, batendo no ombro de Emmett, que apenas riu, abraçando Rosalie ao seu lado.

 Carlisle também se aproximou, apertando sua mão em agradecimento.  

— Garrett, aquele discurso foi incrível, você conseguiu abalar a confiança de todas as testemunhas do Aro. Obrigado, meu amigo.

— Imagina Carlisle, era o mínimo que eu poderia fazer por vocês.

— Kate – disse Esme abraçando e agradecendo a loira também – Sentimos muito por Irina.

— Obrigada Esme.

— Vamos indo?! – perguntou Eleazar, se aproximando com Carmen e Tanya.

Os Denali se despediram, incluindo Garrett, com a promessa de que voltariam em breve para visitar Renesmee.

Kate e Garrett, não haviam tido um inicio muito tradicional, mas nada disso mudaria o quanto eles precisavam um do outro; o quanto amavam um ao outro. Nenhum dos dois iria desistir ou recuar de um sentimento que poderia acontecer apenas uma vez na vida.

Eles estariam bem enquanto estivessem juntos, fosse por um segundo ou por toda a eternidade. E nada poderia mudar isso.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Sim? Não?
Poooor favorzinho, não esqueçam de deixar seus comentários com a opinião de vocês! É muito importante para mim e vai me deixar muito muito muito feliz mesmo!
Obrigada por lerem!
Bjinhooooos!