Six Feet Under escrita por Kaya Levesque


Capítulo 7
The farmer's daughter


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bom com vocês, gente? Então, acredito que todo mundo já deve ter visto os episódios da sétima temporada, o que foi que vocês acharam?? Eu amei o segundo, porque adorei a forma como o Reino foi introduzido. Quem mais shippa Carol e Ezekiel? Sobre as mortes, não sou capaz de opinar. Abraham < / 3 Alguém arrisca relacionar os acontecimentos dessa temporada com a fic? Quero ler algumas teorias!
Enfim, boa leitura!



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A vários metros da van, um trio de pessoas desconhecidas acabara de aparecer. A primeira mulher era branca e tinha cabelos castanhos, curtos; suas roupas estavam bastante amarfanhadas, e o suéter cor de vinho havia se rasgado em vários pontos. A segunda era um pouco mais baixa, negra, com cabelos escuros e semblante preocupado; portava uma arma grande e caminhava olhando para baixo. O terceiro membro do grupo era um homem de cabelos muito curtos com a pele no tom de chocolate que carregava uma mochila de aparência pesada nas costas enquanto falava com as outras duas; Daisy via seus lábios se moverem, mas não conseguia decifrar as palavras.

Nenhum dos três parecia ter percebido a van parada em frente aos trilhos, mas olharam para a frente quando Rosita arquejou.

— Ah, meu Deus, é ela! — exclamou, arregalando os olhos. — É a garota da foto, a esposa de Glenn!

Aquilo fez com que os três estranhos os notassem. Eles encararam a van e assumiram posturas defensivas, parecendo esperar algum ataque. Abraham trocou um olhar com Espinosa antes de encará-los novamente.

— Vamos sair — anunciou. — Rosita, venha comigo. Eugene, você fica aqui com Ginger. O sargento sacou sua arma e abriu a porta, sendo seguido de perto pela hispânica, e os dois se encaminharam até estarem mais ou menos a um metro de distância dos estranhos. Daisy pegou seu taco e passou para o banco onde Abraham estivera deitado, observando curiosamente a cena se desenrolar pela porta que o homem deixara aberta.

A russa percebeu que Ford e Espinosa estavam conversando com os desconhecidos. Eles apontaram para o carro, parecendo apresentar os membros restantes do grupo, e Moore viu a mulher de cabelos castanhos levar as duas mãos à boca quando Rosita se pronunciou. A menina assumiu que aquela fosse Maggie pelo modo como ela olhou para o túnel atrás de si, então virou-se para a frente novamente e disse algo com urgência. Todos pareceram extremamente alarmados e começaram a se encaminhar para a van apressadamente.

Rosita tomou a direção enquanto Abraham esperou até que os estranhos estivessem dentro do veículo para entrar. Ele começou a remexer numa das bolsas sem se incomodar a apresentar o trio a Eugene e Daisy, e de lá tirou armas, que pôs-se a distribuir entre os outros.

— Ginger — chamou, estendendo-lhe algo que parecia ser um rifle automático, mas ela não saberia dizer.

— O que está acontecendo? — perguntou Moore, sem pegar a arma. — Vamos voltar?

Ford assentiu positivamente.

— Nosso amigo asiático está com problemas lá dentro — o homem indicou com a cabeça o túnel do qual se aproximavam com rapidez.

— Então vocês são Maggie, Sasha e Bob? — indagou Eugene do banco do carona.

— Viu o que escrevemos no muro? — perguntou o homem, Bob. Ele tinha um sotaque diferente de qualquer um que Daisy já havia escutado.

— Difícil seria não ver — respondeu Porter.

— Aqui, garota — chamou Abraham. — Está carregada. Puxe a alavanca de armar e as balas vão subir; aperte o gatilho para tiro rápido; não dispare se não tiver certeza de que não há seres humanos em sua linha de tiro. Entendeu?

A menina assentiu para confirmar, pegando a arma e tentando achar o gatilho e a alavanca mencionados. A luz do dia sumia à medida que adentravam mais fundo no túnel, dificultando sua tarefa.

— Estamos longe? — perguntou Rosita, tensa.

— Falta pouco — informou a mulher de cabelos negros, que Daisy imaginou ser Sasha.

Mal ela havia terminado de falar, todos tornaram a ouvir o barulho de mordedores, agora misturado a sussurros, e Daisy pôde ver uma luz fraca adiante. A menina soube que se tratava da lanterna que Abraham dera a Glenn e Tara, e teve mais certeza ainda de que estavam perto da dupla quando ouviram gritos:

— Vá embora daqui! — era a voz de Chambler. — Vai!

— O que é isso? — perguntou Maggie, que mais parecia um pilha de nervos. Ela inclinou-se no último banco, tentando ter alguma visão de seu marido para além do trecho de trilhos que os faróis do carro iluminavam.

— Tem alguma coisa errada — comentou Daisy, preocupada.

Suas palavras foram confirmadas pelo estrondo que se seguiu: um tiro. Moore contou mais de cinco antes que a van finalmente começasse a desacelerar. Abraham abriu a porta e saltou antes mesmo que houvessem parado, e Daisy seguiu logo atrás dele, tentando se lembrar das instruções do sargento sobre a arma.

A cena a sua frente estava confusa e barulhenta. Haviam escombros no chão, e olhando para cima, Moore viu que um pedaço do teto havia se desprendido e desabado, prendendo diversos mordedores ali. Glenn e Tara estavam à esquerda, ambos prestes a serem cercados quando Ford berrou:

— Abaixem-se!

Os dois se sobressaltaram, tentando enxergar através da luz dos faróis em seus olhos, mas o asiático obedeceu, indo em direção a Chambler e ficando de costas para o grupo.

Daisy, por sua vez, ficou de pé ao lado de Abraham e puxou a alavanca para depois apertar o gatilho uma vez, cuidadosamente, e apontando a arma para um andarilho no lado contrário ao da dupla. O recuo foi forte e prejudicou sua mira, mas ela se manteve firme ao ver o peito do cadáver se despedaçar, continuando a atirar até acertar sua cabeça. Logo, todos os mortos estavam no chão, e Moore abaixou sua arma, sentindo certa animação.

Com os ouvidos zunindo por causa do barulhos das balas disparadas no túnel e o ombro esquerdo doendo, a russa observou Glenn erguer a cabeça, virando-se para olhar seus salvadores, enquanto Maggie ia em sua direção. A mulher o abraçou com urgência, rindo alto, e Daisy desviou os olhos quando se beijaram, sentindo-se uma intrusa na felicidade do casal.

— Tudo bem quando termina bem — comentou Abraham, apoiando a arma no próprio ombro.

● ● ●

Algumas horas depois, o lugar estava mais ou menos em ordem. Haviam decidido que passariam aquela noite ali, e, enquanto Maggie e Glenn colocavam os cadáveres ao lado do trilho, Tara e Rosita faziam uma ronda para ter certeza de que o resto do túnel estava seguro; Abraham manobrou a van com a ajuda de Bob e Sasha, que o orientaram no escuro, e sobrou para Daisy e Eugene fazerem um fogueira e começarem a racionar os suprimentos que tinham.

Moore estava sentada na parte mais alta dos trilhos com a mochila e o taco apoiados a seu lado, cutucando as chamas com uma barra de ferro torta que encontraram nos escombros quando Ford e os companheiros de Maggie retornaram. O sargento sentou-se numa pedra grande próxima ao fogo, enquanto o casal – Daisy estava bastante certa de que eram isso – se acomodou perto dele. Os olhares da garota e de Bob se cruzaram, e o homem sorriu.

— Não fomos oficialmente apresentados — disse, estendendo-lhe uma lata de ensopado que acabara de tirar da mochila. — Eu sou Bob Stookey, e esta é Sasha Williams.

A ruiva aceitou a lata, sorrindo também; ela estava se sentindo particularmente feliz naquela noite, principalmente agora que tinha certeza que todos formariam um só grupo agora, mas mesmo assim hesitou antes de se apresentar.

— Sou Ginger — disse por fim. Não queria revelar seu nome verdadeiro ainda, e Ginger lhe fazia soar mais forte que Daisy. — Este é Eugene, e vocês conheceram Abraham.

Os dois assentiram para o ruivo, que devolveu o gesto, muito sério, porém sem encará-los, com o olhar fixo em sua arma.

— Eugene é um cientista — informou, recebendo olhares surpresos de Stookey e Williams, e Daisy soube exatamente onde Ford pretendia chegar com isso quando o sargento ergueu os olhos das próprias mãos. — Ele sabe o que causou o surto. Mais importante: sabe como curar a infecção. Rosita, Ginger e eu estamos tentando levá-lo a Washington D.C., mas para isso precisamos de pessoas, e vocês se mostraram competentes; o que acham?

Porém, ao invés de responderem, Sasha e Bob permaneceram em silêncio, ambos parecendo chocados. Daisy desviou os olhos dos dois, desconfortável, ocupando-se em abrir a lata com alguma dificuldade e então entortando a tampa para que pudesse servir de colher.

Quando os quatro membros restantes do grupo se juntaram a eles, Rosita e Tara andando lado a lado e Glenn e Maggie de mãos dadas, Williams pôs-se de pé, recebendo um olhar desconfiado do asiático.

— O que foi? — perguntou ele. A mulher apontou para Abraham.

Ele acabou de dizer — e então seu dedo tornou-se para Eugene — que ele sabe o que causou o surto.

Glenn e Maggie se entreolharam, a mulher parecendo incrédula, e o rapaz assentiu, soltando a mão de sua esposa.

— É — confirmou. — Ele sabe. Deixe-me adivinhar, Abraham pediu para irem até Washington também?

— Estou muito feliz que os dois se reencontraram — pronunciou-se Ford. — Deveriam passar o resto da noite festejando. Porque amanhã não absolutamente motivo algum para que nós não nos espremamos naquela van e sigamos em direção à capital.

— Ele está certo — concordou Tara, olhando para Glenn. — Eu vou também.

Daisy sorriu para Chambler, contente. A viagem certamente lhe pesaria menos com Tara a seu lado.

— Não, ele está errado — contrariou Eugene, para a supresa de Moore. — Estamos a 55% do caminho de Houston até Washington. Até agora, tivemos um veículo militar como transporte e perdemos oito pessoas.

— Aquilo não foi nossa... — começou Rosita, sendo interrompida por Abraham.

— Eles estão mortos — disse. — Continue.

— Não imagino que teremos mais sorte com aquela perua que pegamos — obedeceu Porter. — Terminus fica a um dia de caminhada, quem sabe o que eles podem ter lá.

— Olhe Abraham, mal não pode fazer — disse Rosita. Daisy assentiu, concordando com a hispânica. — Podemos conseguir mais suprimentos.

— Eles podem até nos ceder um carro decente e combustível — ponderou Moore, sustentando o raciocínio da hispânica e pondo-se de pé. — Talvez possamos ficar por alguns dias para refazer nossa trilha e descansar, assim voltaremos prontos para chegar a Washington.

— E podemos recrutar alguns deles para virem conosco — completou Espinosa.

— Eu vou com vocês até lá — prometeu Sasha em sua voz grossa. — Mas depois, preciso ver o Terminus. Meu irmão pode ter sobrevivido... eu preciso saber.

— Eu também — disse Bob. — As duas coisas.

Abraham assentiu, pondo-se de pé e olhando para Eugene.

— Se ele me diz que estou errado, eu escuto — garantiu. — Amanhã, iremos até o fim da linha; depois, Washington.

Todos assentiram, concordando com o plano, e houve um momento de silêncio antes que Abraham se pusesse de pé e rumasse até a van, deitando-se no mesmo banco no qual dormira durante a tarde; ele pegaria o penúltimo turno, junto de Sasha. Eugene deitou-se em cima de uma das mochilas, encarando o teto, enquanto os outros se aconchegaram perto do fogo. Glenn e Maggie pegaram o lugar onde Ford estivera, e Tara e Rosita ficaram ao lado de Daisy.

Por vários minutos, eles apenas comeram em silêncio. O ensopado estava frio e tinha um gosto ligeiramente metálico, mas Moore o dividiu com Chambler mesmo assim, e as duas o atacaram sem dó. Após algum tempo, porém, Daisy quebrou o silêncio.

— Eu posso pegar um turno, se alguém quiser descansar mais — ofereceu-se; embora estivesse realmente cansada, era a mais nova ali, e portanto se recuperaria com mais rapidez que os outros.

— Não precisa — disse Glenn. Ela balançou a cabeça.

— Eu quero — insistiu, embora não quisesse; procurava somente ser útil. Maggie deu uma risadinha e Moore franziu a testa para ela. — O quê? — perguntou.

— Nada — garantiu a mulher. — É só que... você me lembra de alguém que conheci.

Daisy inclinou a cabeça, interessada.

— E quem é essa pessoa extremamente esperta e atraente? — brincou.

A esposa de Glenn riu de verdade dessa vez, e foi acompanhada pelos outros; até mesmo Rosita deu um pequeno sorriso.

— Verdade, quem é? — indagou o asiático, olhando a companheira com curiosidade.

— Carl — explicou Maggie. — Querendo ajudar a todo custo, você sabe.

Daisy assentiu, franzindo as sobrancelhas e fingindo ponderar.

— E ele é legal assim como eu?

— É — prometeu Glenn, depois de mais algumas risadas. — Mas acho que você é mais engraçada.

A garota piscou para ele, e acabou rindo um pouco também.

Passados alguns minutos, Rosita, que pegaria o primeiro turno, saiu para se sentar perto da van com a arma em mãos, parecendo atenta a qualquer som. Pouco depois, Tara foi se juntar a ela, mancando por causa do ferimento em seu pé, que estivera preso sob uma pedra nos escombros, enquanto Glenn e Maggie se recolheram num canto, deitados juntos.

Daisy lançou um pequeno sorriso a Sasha e Bob antes de seguir para o lado oposto do casal, abrindo a bolsa para tirar seu toldo de plástico que fora dobrado diversas vezes e estendê-lo no chão. Ela se deitou, usando a mochila como travesseiro, e cobriu toda a parte de cima do corpo com o casaco, virando-se de costas para a fogueira e mantendo o taco a seu lado. O cascalho no chão incomodou um pouco, mas aquilo não importou mais depois de alguns minutos, quando a garota adormeceu.

Parecia que haviam se passado apenas instantes quando Sasha sacudiu o ombro de Moore delicadamente. A russa, que dormira abraçada a seu bastão, afastou o casaco pesado do rosto e encarou a mulher à sua frente, os olhos apertados de sono.

— O último turno — explicou Williams.

Daisy assentiu, compreendendo, e se sentou com dificuldade para amarrar o casaco na cintura. Enquanto Sasha ia se deitar perto de Bob, a garota esfregou os olhos algumas vezes e se levantou, tornando a dobrar o toldo e guardando-o em sua mochila. Ela seguiu em direção à van, já colocando seus pertences dentro e sentou-se no primeiro banco, mantendo a porta de correr aberta. A ruiva abriu a bolsa, pescando algumas das folhas de menta que achara no tempo em que estiveram seguindo os trilhos, e pôs-se a mascar uma enquanto observava seus companheiros.

Perto da fogueira, cujos únicos sinais de que já existira eram alguns tocos de madeira carbonizados, Williams já parecia estar apagada junto a Stookey; Abraham havia se deitado em cima de sua mochila, roncando de braços cruzados, e Eugene se estirara ali perto, onde respirava pesadamente com a cara grudada no cascalho. Tara dormia no último banco da perua, portanto tudo que Daisy podia ver eram suas pernas, e Rosita ressonava despreocupadamente no banco do carona reclinado; Glenn e Maggie estavam deitados lado a lado, mas o asiático era o único de olhos fechados.

A mulher notou que Moore os olhava e lhe lançou um sorriso caloroso. Ela se sentou cuidadosamente para não sobressaltar o marido, e então pôs-se de pé, saindo de onde estava e seguindo em direção à van, onde Daisy lhe abriu um espaço no banco.

— Oi — cumprimentou.

— Oi — respondeu a menina. Ambas ficaram em silêncio por mais vários minutos até que a russa percebeu que o olhar de Maggie seguia até Glenn. Ela não parecia se cansar de admirá-lo, e Moore sorriu levemente para a morena.

— Fico feliz que se encontraram — disse com sinceridade. — Vocês formam um belo casal.

A esposa do rapaz sorriu.

— Obrigada.

— É uma coisa rara de se achar, não é? — perguntou a menina, agora pensando em seus pais. Era verdade que quem quer que olhasse para Lana Volkina e Jason Moore veria duas pessoas que se amavam plenamente, mas Daisy não podia dizer que já cruzara com muitos casais assim. — Quero dizer, mesmo antes de tudo.

Maggie deu de ombros.

— Suponho que seja uma questão de procurar no lugar certo — ponderou. Moore assentiu.

— Vocês são sortudos — disse.

— Acho que sim — concordou a mulher.

As duas tornaram a se calar, ficando em silêncio por vários minutos, e Daisy começou a remexer em seu revólver, travando-o e destravando-o, para depois desmontá-lo e limpá-lo como sua mãe lhe ensinara. Ela estava encaixando as peças de volta quando Maggie perguntou:

— Onde aprendeu a fazer isso?

E, embora fosse uma pergunta simples, Moore novamente hesitou antes de responder.

— Aprendi com minha mãe.

— Não é Rosita, é? — indagou a mulher.

— Jesus Cristo, não! — negou Daisy, rindo baixo para não acordar Chambler ou Espinosa. — Não, ela morreu.

— Sinto muito — disse Maggie, soando sincera.

— É — concordou a garota, o riso morrendo. — A sua família morreu também?

Maggie baixou os olhos, mas assentiu de leve.

— Não completamente — disse, inclinando um ombro. — Ainda tenho Glenn.

Moore tornou a sorrir, mesmo que curtamente, e então outra coisa lhe ocorreu.

— O que você acha? — perguntou à mulher. — Do Terminus?

A morena hesitou.

— Não sei ainda — disse. — Fico me lembrando do que Sasha disse... pode ser que alguém do nosso antigo grupo esteja lá. E seríamos de grande ajuda, caso nos aceitem, porque nós quatro costumávamos viver numa prisão; tínhamos uma boa base lá, e muitas pessoas.

A menina assentiu. Ela tentou não pensar em sua própria base, a escola nos arredores de Tallulah Falls, onde vivera por quase um ano antes que tudo caísse aos pedaços.

— Eu não vou ficar lá — disse. — No Terminus. Vou com eles até a capital.

— Por quê? — indagou Maggie.

Daisy encolheu os ombros.

— Eu devo isso a eles — explicou. — É minha missão; todos nós temos missões a cumprir.

Aquele não era o único motivo. Daisy tinha medo de viver tudo aquilo de novo, de ver um lugar e tudo que ele simbolizava acabar, como acontecera quando perdera os pais – e diversas outras pessoas que considerava parte de sua família.

Maggie a encarou por alguns instantes e a menina teve certeza de que viu alguma melancolia em seu olhar. No entanto, poucos instantes depois, sua expressão mudou e ela tirou algo do bolso.

— Já que estamos falando sobre isso — disse, estendendo à garota o objeto que ela não pôde distinguir no escuro. — Essas pessoas podem querer confiscar nossas armas. Não estou dizendo que estariam erradas caso o fizessem, mas acho que é bom se precaver.

Daisy pegou o pequeno cilindro, franzindo as sobrancelhas em confusão.

— É um canivete — esclareceu Maggie. — Eu suponho que ninguém pensaria em te revistar, porque você deve ter uns oito anos de idade.

Moore encarou a mulher a seu lado, indignada.

— Eu tenho treze — protestou. — Ou quase isso.

A esposa de Glenn riu e Daisy experimentou abrir o canivete, obtendo sucesso na segunda tentativa. Ela então o escondeu dentro do sapato de modo que não a incomodasse ao caminhar, e deixou-se descansar no banco, cruzando os braços e encarando o teto do carro. Àquela altura, a garota não sabia o que a esperava para além daquele túnel escuro, mas torcia para que fosse melhor que a escola; melhor do que antes.


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Notas finais do capítulo

Pra quem não viu, no título ("A filha do fazendeiro", em português) tem um pequeno spoiler. Esse capítulo foi bem leve, meio que pra preparar vocês pra o que vai rolar mais tarde, o que vocês acharam? Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de comentar! A fic está com 56 leitores, mas vi pouquíssimos se pronunciando até agora < / 3 Quero conhecer vocês, gente!
Beijinhos e até o próximo capítulo! ♥