Pov's Katniss

Dizem que 30 é a idade do sucesso! Bom, agora eu vou descobrir, já que daqui exatos 4 dias e meio, é meu trigésimo aniversário. Mas, hoje minha comemoração é por outro motivo: Hoje é meu aniversário de 1 de casamento. Peeta e eu decidimos comemorar, apesar de ser quinta-feira e nós dois precisarmos trabalhar amanhã. Por esse motivo e pelo fato de que eu não estou realmente afim de um restaurante chique com jantar a luz de velas, concordamos em fazer um piquenique no parque, ao por do sol, nosso horário preferido do dia! Assim que sai do hospital, passei em casa para trocar de roupa e pegar tudo que seria necessário para nosso piquenique. Depois de tudo pronto, me dirigi para o parque à procura do local onde eu e meu marido combinamos de nos encontrar!  É o lugar que Peeta me pediu em casamento, um local mais afastado, perto de um lago e algumas árvores muito bem cuidadas e enormes. Parei sob o salgueiro que ali havia, em frente o lago, e organizei nossa comida. Estava de pé, olhando a água, quando senti braços fortes rodeando minha cintura e um beijo sendo depositado no meu pescoço.

— Morena, seu pai deve ser artista, porque você é uma obra de arte! - O loiro sussurra no meu ouvido, me fazendo gargalhar.

— Sabe que não? Mas meu marido é pintor, talvez ele tenha feito algumas melhorias! - Digo, me virando para ele e devolvendo o abraço.

— Duvido. Você não precisa de melhorias se já é perfeita! Ele é cara de sorte, isso sim! - Ele fala, sorrindo.

— Com certeza! Eu sou o máximo. - Faço uma cara convencida e ele quem ri dessa vez.

— Convencida! - Fala e me beija demoradamente nos lábios.

Nos sentamos para comer e depois de um tempo, ele sentado no chão com as costas apoiada na árvore e eu sentada de lado em seu colo, apreciamos o maravilhoso espetáculo mais lindo da natureza, também chamado de "o por do sol".

— Vou aproveitar esse momento dessa imagem linda, para te dar uma coisa! - Meu marido diz, pegando uma caixa mediana atrás da árvore, que até então eu não tinha visto. - Eu vi isso hoje e pensei que você ia gostar, e como hoje é nosso aniversário, decidi comprar pra te dar agora. - Ele sorri e me entrega a caixa. Abro-a revelando uma lagosta de pelúcia incrivelmente fofa, com uma plaquinha escrito "You're my lobster". Gargalho alto com o presente e beijo seus lábios delicadamente, completamente apaixonada pelo bichinho nas minhas mãos.

— Ai meu Deus, que fofura! Eu amei. Amei mesmo! É tão linda!  Obrigada, darling! - Sorrio sinceramente. É a melhor pelúcia que já ganhei na vida.

— Sabia que você ia gostar! Pela frase e pela referência. - Ele ri.

— Sim! - concordo e rio também. - Bom, eu também tenho uma coisa pra você, na verdade! - Digo e ele parece surpreso, por não esperar isso. Tiro o envelope de dentro da minha bolsa. - Certo, antes de te dar eu quero que saiba que seu presente vai demorar um tempo pra chegar, portanto eu vou te dar apenas o comprovante por enquanto. - Falo e entrego o papel a ele.

— Amor, não precisava disso. Agora vou me sentir mal por ter comprado só um urso de pelúcia, enquanto o seu presente teve até que encomendar! - O loiro faz uma careta e eu reviro os olhos.

— Eu amei o presente! Agora pare de reclamar e fazer comparações, você ainda nem viu o que é! - Respondo e ele ri.

— Ah, mas pra ter que ser por encomenda, não deve ser qualquer coisa né. - Ele insiste.

— Peeta, abre logo esse envelope! - Falo com a voz firme, porém não verdadeiramente nervosa. Ele obedece.

— Isso é... você... eu... - Ele começa a gaguejar e olhar do papel para mim e depois para o papel de novo, sucessivamente.

— É... Bom, não foi exatamente uma encomenda planejada, mas achei que você gostaria mesmo assim. - Sorrio quando ele larga o papel de lado e me puxa para mais perto, me beijando verdadeira e apaixonadamente, pela primeira vez desde que chegamos aqui. Quando o ar se faz necessário, nos separamos e ele abre um sorriso maior do que seu próprio rosto.

— Você me faz o homem mais feliz do mundo a cada segundo da sua existência, sabia? - Peeta diz ainda com aquele sorriso maravilhoso que me derrete toda.

— Parabéns, papai! - Digo também sorrindo imensamente, antes de voltarmos a nos beijar...

                     ***

Gravidez é uma coisa engraçada, né? A gente começa a ficar com o emocional mais descontrolado do que em TPM, tem algumas vontades loucas, suas roupas deixam de te servir e tudo graças a um mine ser dentro de você! Isso é loucura! E o mais engraçado, mesmo perante tantas mudanças que deixam algumas mulheres loucas da vida, você simplesmente ama incondicionalmente aquela criaturinha que você ainda nem conheceu, tanto a ponto de dar sua vida por ela! Mas calma aí, não pensem que eu sou uma dessas mulheres complexadas, que odeiam a gestação e fazem todo tipo de promessa pra ter o mesmo corpo de volta e nunca mais engravidar. Na verdade, eu estou amando tudo isso! Nem sei mais como cabe tanta felicidade em mim! Peeta diz que apesar de descontrole emocional de vem em quando, eu não sou o tipo "grávida insuportável". Ele contou que teve uma tia que quando estava grávida, ninguém suportava ficar perto dela. Ela era completamente louca! Nem o marido dela aguentava as crises emocionais dela, os "desejos" de grávida, que de acordo com a família era tudo mentira. Algumas gestantes são exageradas demais! Eu, como grávida e principalmente como médica, sei que é óbvio que deve-se ter sim vários cuidados nesse período, mas pera lá, gravidez não é doença pra tanto drama. Outra coisa que me vem em mente toda vez que me olho no espelho é sobre essas pessoas loucas que matam ou abandonam bebês! Céus, como alguém pode ter coragem de fazer mal a um bebê? São tão pequenininhos, indefesos, tão inocentes. Eu definitivamente não entendo. A melhor sensação do mundo e por a mão sobre meu ventre e sentir ele/ela se movimentar lá dentro. Agora, com meus 5 meses de gestação, acontece com frequência. Principalmente a noite, quando eu acaricio minha barriga todos os dias antes de dormir, as vezes canto alguma música pra ele! Haymitch diz que eu sou doida por ficar cantando para minha barriga, mas ele não sabe de nada. Os bebês nos escutam aqui. É um dos motivos inclusive que os fazem reconhecer a mãe quando nascem, a voz! Peeta também conversa com ele. É engraçado que, sempre que ele toca minha barriga e fala algo como "Hey neném, o papai está aqui!" ou qualquer coisa do tipo, o bebê chuta exatamente no local onde está a mão do meu marido. A primeira vez que isso aconteceu, o loiro ficou super empolgado e emocionado. Uma graça!

— Como está você e nosso bebê, querida? - Evelyn que veio passar o feriado prolongado conosco, senta-se ao meu lado no balcão da cozinha onde eu estava, me despertando dos meus pensamentos aleatórios.

— Estamos bem! - Sorrio para a mulher que começa acariciar minha barriga já grande.

— Sabe de uma coisa, Katniss, acho que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha família. - Ela diz sorrindo, ainda com as mãos no meu ventre.

— Ah, imagina! Porque a senhora diz isso? - Pergunto um tanto sem graça pela declaração e ao mesmo tempo imensamente feliz por ouvir isso.

— Olhe só pra eles! - Ela começa, indicando Peeta e Richard conversando animadamente na sala, onde nós conseguimos enxergar do local que estávamos. - Nunca que eu havia pensado que veria uma cena dessa! Peeta e Richard sempre tiveram um relacionamento difícil por causa das escolhas do meu filho, você sabe. Mas olhe agora, eles conversando, rindo, sendo pai e filho de verdade, sem discussão, briga, cara feia. Você não faz ideia de como isso me deixa feliz e me faz bem. O quanto sou grata a você por isso! - A loira termina, desviando o olhar dos dois homens para me encarar com um belo sorriso aberto, igual ao do filho.

— Oh, eu fico muito feliz com essa situação também! Eu sei sobre o problema que havia entre eles. Mas, o que exatamente eu tenho a ver com isso? Digo, eu não fiz nada! - Franzo as sobrancelhas em confusão e ela ri.

— Fez mais do que imagina, menina! Peeta me contou que você sempre o aconselhava sobre o relacionamento com o pai, e o repreendia por não tentar resolver. Bem, ele te ouviu e passou a tentar melhorar! O que despertou a admiração de Richard, junto com minha falação sobre ele também colaborar para isso. E agora eles estão ótimos! Nem parece que durante anos, mal se falavam. - Minha sogra explica e eu sorrio, realmente contente por tal revelação. - Eu não fazia ideia que minhas conversas com Peeta sobre família havia influenciado isso! Mas é ótimo saber. Obrigada, Evelyn! - Agradeço sinceramente e ela sorri novamente. Era realmente gratificante ouvir algo assim. Provavelmente o unico ponto alto do meu dia. Peeta e eu já conversamos inúmeras vezes sobre família, principalmente após alguma briga dele com o pai, e eu sempre dizia minha opinião a respeito. Deixando claro o quanto eu sou absolutamente contra desistendimentos familiares, já que eu mais do que ninguém sei o quanto é insuportável a dor da perda dessas pessoas. Então sempre o aconselhei sobre isso, sobre tentar melhorar a relação dele com o pai e tudo mais. E finalmente deu certo! Richard não implica mais com o fato de Peeta ser pintor, na verdade até já encomendou vários quadros na galeria de Haymitch, e de acordo com Evelyn, cada pessoa que os visita o homem conta que os magníficos quadros foram pintados pelo próprio filho dele, se gabando. Agora os dois se dão super bem. Eu só não fazia ideia que parte disso, era graças aos meus momentos de conselhos a meu marido. Voltei a olhar para minha sogra, saindo de meus pensamentos e sorri para a mulher, verdadeiramente feliz pela primeira vez naquele dia.

— Ah, e tem mais! Você já percebeu que meu marido apesar de ser um bom homem, não é lá muito amoroso. Mas, eu acho que nunca o vi tão feliz e sorridente desde que soube que seria avô! É sério, quando vocês nos deram a notícia, ele até chorou de emoção, mais tarde depois que vieram embora. Ele anda imensamente feliz desde então! Só fala no bebê, e nas coisas que vamos comprar pra ele. Até mandou reformar um dos quartos de hóspedes lá de casa só para nosso neto ou neta, pra quando vocês forem nos visitar! Já é um avô coruja, e eu acho uma graça! - Ela conta. Era engraçado pensar nessa situação, meu sogro, aquele homem sistemático e da cara fechada todo  "babão" por causa do meu bebê. É estranhamente fofo.

— Eu nunca imaginei que ele fosse ficar tão feliz assim! Que ótimo. - Comento ainda rindo da situação e ela me acompanha.

— Pra você ver! Netos derrete o coração até os mais durões. - Evelyn brinca e ambas rimos novamente...

                    ***

Pov's Peeta

Já eram 20:00. Meus pais haviam acabado de sair para jantarem fora, e Katniss estava sumida desde que eles começaram a se arrumar. Notei que minha esposa estava meio distante hoje, parecia triste e pensativa. Só a vi sorrir quando falava com minha mãe mais cedo, o que é absurdamente estranho já que Katniss costuma estar sempre sorridente! Subi as escadas a procura dela, e a encontrei no nosso quarto. A morena estava sentada na nossa cama, com as pernas cruzadas em "borboleta" com um papel na mão e uma caixa azul ao lado. Ela encarava um ponto fixo no chão, parecendo absorta ao mundo, e nem notou minha presença até eu me aproximar e sentar ao seu lado. Toquei em seu belo rosto, virando-o na minha direção, e ela levantou levemente o olhar, para me encarar. Atitude que fez meu coração se partir todo por constatar o que eu já sabia: Ela não estava bem! E hoje era um dia ruim. Voltei a olhar seu lindo rosto, passando os olhos por cada centímetro dele, até voltar a seus olhos cinzas, agora vermelhos, que indicavam que ela havia chorado! Ela não fala nada, apenas me abraça, acomodando seu corpo junto ao meu e volta a chorar em silêncio! Olho para o papel em suas mãos e identifico um desenho e caligrafia infantil nele. O desenho era de uma família, aparentemente em um parque! O homem, uma mulher e uma garotinha. Na parte escrita estava "Melhor família do mundo! Eu amo vocês." E a parte de baixo do desenho a assinatura "Katniss Everdeen". Era um desenho dela! Era a família dela! A caixa ao seu lado era as fotos deles! Hoje era o "aniversário" da tragédia que os matou.

— 18 anos! - Ela diz, recolocando o desenho na caixa, enquanto se solta de mim. - 18 anos que eles se foram. É tanto tempo, não é? Por que ainda dói tanto? - Minha esposa parece perguntar mais para si mesma do que para mim, encarando suas próprias mãos.

— Porque você os amava. Os ama! Porque são sua família. - Respondo, mesmo sabendo que ela não precisa de uma resposta, e acaricio seu rosto.

— Obrigada! - Katniss fala de repente, após alguns segundos de silêncio.

— Pelo o quê? - Indago, confuso. Ela levanta o rosto em minha direção e me observa com seus belos olhos cinzas por instantes. Então abre um mínimo sorriso.

— Por você existir! Por ter me encontrado. Por não ter desistido de mim. Por me amar. Por me dar uma vida boa e feliz, apesar de tudo que eu já passei! Talvez eu nunca tenha deixado isso muito claro, e eu realmente preciso que você saiba o quanto sou grata por tudo. Eu não sei o que faria sem você na minha vida, Peeta! Talvez eu já tivesse desistido. Mas você me salvou. Você me salva todos os dias quando sorri, ou me beija e diz que me ama! - Ela declara tudo de uma só vez. Tenho vontade de beija-la. Arrancar a roupa dela e fazê-la minha agora mesmo. Porém, sei que a situação não me permite isso, tão rudemente assim. Então apenas a puxo para perto, abraçando-a e beijo o topo de sua cabeça.

— Você é a coisa mais importante que eu tenho na vida! Você é maravilhosa, e não importa o quanto eu faça por você, sempre farei mais e mais, até onde eu puder. Porque você é minha vida! Minha querida! Minha morena! Minha flor de primavera! E eu te amo. E a única coisa que eu espero em troca disso, é o seu sorriso. - Digo, ainda abraçado a ela. Ela se afasta minimamente, apenas para olhar em meus olhos e acaricia meu rosto com seus dedos finos, antes de selar nossos lábios em um beijo casto.

— Eu te amo! - Katniss fala, quando nos separamos.

— Eu sei que hoje é um dia ruim, mas por favor, eu preciso que você sorria! - Peço e então ela abre um sorriso lindo, espontaneamente. - Isso! Assim é melhor. - Sorrio também e a beijo mais uma vez. Fico ali, por mais vários minutos apenas abraçado a ela, deixando que ela sinta sua dor, já que eu não posso fazer nada para tirá-la. Mais tarde, quando minha esposa acaba pegando no sono, recolho as fotos espalhadas pela cama e guardo a caixa em seu lugar habitual. Volto até a cama e acabo me perdendo em pensamentos enquanto observo a morena dormir serenamente. Minha mente viaja há alguns anos atrás quando a vi pela primeira vez na galeria do Haymitch e em como minha vida mudou completamente desde então. Como a vida dela mudou também, e que apesar de todo o passado assombroso que Katniss viveu, e toda minha história antes dela, eu não poderia estar mais feliz e imaginar uma vida melhor. Sempre ficamos bem, independente do que passou. Sempre estivemos juntos em cada dia bom ou ruim. "Sempre!". É a nossa promessa.

Me deito ao seu lado, abraçando-a pela cintura e repouso minha mãe em seu ventre.

— Boa noite, bebê! O papai te ama. - Sussurro para não acordar minha esposa, e posso sentir um chute exatamente no local onde repousava minha mão, como de costume. Sorrio. A vida é boa e independente dos dias ruins, tudo fica bem. Sempre.