Innocence escrita por Thay


Capítulo 5
Adoraria quebrar esse seu nariz empinado, moça!




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No almoço do dia seguinte eu só revirava as ervilhas do meu prato com o garfo de plástico, ninguém queria nem sentar comigo no refeitório, presumi que a história da maconha se espalhou. Não me importava.

Sentia tanta falta da minha irmã que doía, ela era o meu exemplo, era quem cuidava de mim e em momentos assim, seria quem me colocaria pra cima, ou tentaria me indicar o caminho certo.

Dallas morreu com a minha idade em um incêndio, no cinema, quando quis se encontrar com o cara por quem estava completamente apaixonada. Tão romântico, os dois morreram juntos. E desde então tudo só piorou em minha família. Só que mesmo ela sendo a preferida da minha mãe, eu também sinto falta. Ela era minha parceira.

Trace não apareceria por alguns dias, ao contrário de mim, ele já tinha 19 anos e teria de pagar por seus atos, a menos que alguém pague a fiança e eu duvido que isso vá acontecer tão cedo.

As duas garotas catequistas do dia anterior me olharam com repugnância. Eu só revirei os olhos, não precisava disso agora. Se não fosse Eddie me escoltando pra todo canto, eu já teria fugido outra vez.

— Senhorita Dale? – a voz da senhora Wesley me despertou de meus pensamentos. Estava no meio da aula de história, o horário quase acabando, mas o tempo se arrastava, me perdi no meio dos rabiscos que fazia com caneta no caderno.

— Sim... Senhora Wesley. – respondi, sentindo os olhares voltando-se para mim.

— Pode me relembrar sobre o que eu estava falando?

Respirei fundo.

— Eu não sei, sinto muito.

Como se esperasse por isso, e até se satisfizesse, a professora deu uma risadinha e se posicionou à frente da turma.

— Senhorita Dale, percebo que o único motivo de estar estudando em uma escola pública hoje é porque não valorizou todas as oportunidades que teve nas instituições particulares. Só o fato de se mostrar completamente displicente em minhas aulas comprova minha teoria. – quem ela pensa que é? – Senhor Adams?

Um garoto que estava encolhido levantou a cabeça. Ele estava sentado a algumas cadeiras atrás de mim, duas fileiras à direita. Era o nerd que se assustou comigo ontem de manhã.

—  Sim, senhora Wesley. – levantou, mas logo abaixou a cabeça.

—  Pode me dizer sobre o que eu estava falando antes de chamar a atenção da senhorita Dale?

— A senhora estava marcando a frequência dos alunos e chamou o nome dela. – os olhos dele se direcionaram aos meus e, estranhamente, um arrepio correu por minha espinha naquele momento – Hale.

— Muito bem. – a professora sorriu satisfeita. O sinal tocou e todos pegaram seus materiais para sair – Muito bem, pessoal, quero apenas que revisem o assunto, páginas 15 e 16.

Eu estava para sair também, mas a professora me chamou. No momento em que olhei pra ela, aquele nerd alto esbarrou em mim, não fiquei com raiva, mas foi como tombar num muro. Ele só me olhou rapidamente e desviou.

— Senhorita Dale, eu não quero que pense mal de mim logo nos primeiros dias, mas é impossível não considerar, com o seu histórico, que teve uma ajudinha todos esses anos para passar.

— Não tive. Os professores simplesmente não queriam mais olhar na minha cara.

— Bem, não é o meu caso, pelo menos por enquanto. Por isso eu quero ajudá-la.

Franzi o cenho.

— Hein?

— Amanhã um dos melhores alunos da escola a esperará na biblioteca para ajudá-la a entender os assuntos os quais tem dificuldade. Ele vai monitorá-la, e quando decidir que já pode prosseguir por conta própria, as aulas vão terminar.

— Nem fodendo.

— Como é?

— Olha, eu me viro, tá bom? Me larga sozinha que eu dou um jeito.

— Desculpe, senhorita, mas é isso ou pediremos pros seus pais manda-la para um internato. Ou qualquer lugar onde possam ficar mais de olho em suas ações.

— Quê?!

— Talvez lá eles consigam com que você arque com suas responsabilidades.

— Não pode fazer isso. – ri sem humor – Tá blefando.

— Estou? Não apareça amanhã e verá como falo sério.

Merda! É claro que ela não podia obrigar meus pais a me mandarem pra outro lugar, mas sabia que podia persuadir muito bem e talvez eles a escutassem...  Eu não podia arriscar. Bufei.

— Tudo bem... – disse e ela sorriu.

— Ótimo. Amanhã, na biblioteca central de Forks às três e meia. Não se atrase.


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