Innocence escrita por Thay
Claro que não fazia ideia de onde a praia ficava, então fiquei zanzando, pedindo informação até finalmente chegar.
A música tocava alto, mesmo à distância e as caixas de som pulsavam, pessoas conversavam e outras dançavam, e uma fogueira alta chamava atenção no centro. Me aproximei, observando que o pessoal da ilegalidade sabia se esconder, assim como alguns casais. A jaqueta que eu usava não continha muito bem o frio da brisa gelada, mas a fogueira ajudava. Me surpreendia ela ficar acessa.
— Hey! – um cara com caixa de isopor chamou minha atenção – Segura aí! – ele jogou uma latinha de cerveja.
— Valeu! – consegui segurar e agradeci, abrindo e bebendo logo depois. Dois goles desceram e eu procurei um tronco de árvore jogado no chão pra sentar.
— Gostando da festa? – a voz era familiar e o dono dela sorriu pra mim, sentando-se do meu lado. Tinha olhos verdes e um sorriso provocante, mas além da voz eu reconheci a jaqueta e o cabelo repicado.
— Nenhum arrependimento até agora. – dei de ombros. – Mas a noite é uma criança.
— Arrependimento você teria se não viesse. – ele riu – Meu nome é Trace. – estendeu a mão, sentando-se do meu lado. Apertei.
— Hale. – tomei outro gole da latinha.
— É nova na cidade?
— Sim. Meus pais faliram e eu acabei aqui, fim da história.
— Então era rica?
Dei de ombros.
— Mais ou menos.
— Não temos muitos magnatas por aqui. Na verdade, os únicos em Forks são os Adams. Eles têm grana o suficiente pra mandar na cidade inteira, mas mesmo assim não saem daqui. O filhinho prodígio deles vive exibindo sua esperteza, como se isso fizesse ele melhor do que a gente.
— Isso é inveja por um acaso? – eu disse e ele me encarou, esticando um sorriso de lado.
Trace ficou em silêncio por um momento e eu imaginei que aquela pergunta o fez emergir nos próprios problemas, então não interrompi. Ele vagou o olhar ao redor, até parar no mar, então virou-se para mim.
— Quer tomar banho de mar comigo?
— Tá brincando? Nesse frio?
— Ah, você tá com medo... – afirmou, levantando o queixo, e, como se soubesse minha fraqueza, pronunciou as três palavrinhas – Eu te desafio.
Senti o ego e o orgulho cutucados inflarem dentro do peito, me levantei na mesma hora e comecei a tirar o casaco. Com um sorriso de aprovação, Trace se levantou e se pôs a fazer o mesmo. Levei minhas roupas até a beira do mar e somente de lingerie entrei na água, mergulhando.
No momento em que minha cabeça emergiu eu senti o frio cortante penetrar meu corpo violentamente como mil fagulhas acertando cada nervo existente. Baforadas brancas saíram da minha boca quando gemi e nem me importei mais com Trace acharia, já estava correndo de volta para a areia e me vestindo o mais rápido que conseguia.
— Então, você gosta de desafios? – Trace me puxou pela cintura e me arrancou um beijo, ainda sem camisa, só de calça.
— Tá escrito “pode agarrar” na minha testa? – perguntei com os lábios tremendo. Ele observou e mordeu meu inferior. Ele era mais magro do que eu pensei, mas não me importei, ele beijava bem e eu só queria me divertir um pouco.
— Não, mas você não parece ser o tipo de garota que se importa com isso. – respondeu, ainda segurando minha cintura. Eu sorri, confirmando e ele sorriu junto. – Vem comigo.
Ele me arrastou até uma área afastada da festa na praia, perto de uma caverna, escura. Lá, ele me pôs contra uma rocha que mais parecia uma parede e começou a beijar meu pescoço, logo retirando meu casaco novamente. Não impedi, era o tipo de distração que eu precisava no momento. Devolvi cada pedaço, tirando a camisa dele também, até que um alvoroço nos interrompeu. Olhamos por cima das pedras altas, escondidos, policiais haviam invadido tudo, lanternas, carros, gritos e pessoas correndo por todos os lados. Droga!
— Alguém denunciou... – Trace rangia os dentes – Vem, a gente ainda pode fugir.
E nós tentamos, mas um dos cães da polícia nos viu e ferrou tudo de vez.
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