Times Square, Nova York

 Klaus, o Dilacerador, estava caminhando pela Times Square, bem próximo do local em que ocorreu sua luta com Nathan. Ele estava usando boné, que cobria completamente o seu cabelo loiro, e óculos escuro. Muitas pessoas passavam pela rua e, como de costume, a Times Square estava agitada. Klaus parecia procurar por algo.

 — Eu me lembro bem que esse garoto não usava teias, logo, ele deve ter chegado aqui por meio do metrô ou de carro. Pela idade que aparentava ter, ele não dirige e acho difícil que alguém tenha o trazido aqui para bancar uma de herói e enfrentar um risco desses. Então, o Metrô é uma grande possibilidade que vale a pena eu averiguar. Porém, ele muito provavelmente não veio vestido com aquele traje patético no Metrô. Se tivesse, não iria demorar muito pra algum funcionário que trabalha na estação associar a figura dele pelas câmeras de segurança, vestido daquele jeito, em um dia comum, saindo do metrô no mesmo período de tempo em que me enfrentou. Fora que seria muita coincidência considerar que ele estava por perto quando eu ataquei esse local. No entanto, eu não posso levar em consideração com 100% de certeza essa possibilidade. Milhões de pessoas usam o metrô e ele pode não ter sido notado. Entretanto — Klaus direcionou sua visão para a rua que lutou com Nathan. Ele percebeu que havia, obviamente, muitas lojas próximas— Ele saiu desse ponto da rua quando pegou aquele carro. E levando em consideração a minha hipótese que ele não veio vestido daquele jeito, provavelmente se trocou em algum desses estabelecimentos. Mas, é verdade que depois que eu apareci, a maioria das pessoas evacuaram o local e ele pode ter se trocado na própria calçada. No entanto— Klaus sorriu e observou as câmeras de segurança de várias lojas que filmavam a parte da frente dos estabelecimentos— Vale a pena eu tentar

 Klaus entra em um prédio comercial e sobe até o último andar. Ele pega um notebook de sua mochila e começa a configurar algum tipo de software – Com esse programa, já tenho noção de todas as vulnerabilidades dos sistemas de segurança de quase todos os estabelecimentos em um raio de 900 metros. Com a ajuda do meu novo equipamento – Ele pega um aparelho parecido com um Smartphone que emitia algum tipo de sinal – Vai ser mais simples ainda conseguir os arquivos de gravações de todos eles. Só preciso olhar simultaneamente as gravações do dia e hora aproximada que nos enfrentamos – Ele olha para uma pequena anotação que fez – E consigo descobrir sua identidade secreta, caso ele tenha vestido aquele traje em algum estabelecimento próximo ou, até mesmo, em locais próximos. Pra eu não perder tempo, já configurei atalhos e comandos pra me poupar tempo. Com essa imagem dele, que saiu no jornal, posso achar bem rápido ele na gravação, se estiver. – Klaus vasculha todos as gravações com o auxilio de seus programas e conhecimentos avançados e encontra um vídeo de uma câmera de segurança de um estabelecimento em que Nathan, saia vestido com o seu traje de um banheiro. Klaus volta o vídeo pra descobrir quem era a pessoa que entrou no banheiro. Descobrindo isso, ele saberia quem era o “Garoto-Aranha” – Pronto, achei você – Klaus viu o exato momento em que Nathan entrava no banheiro e saia com o seu traje alguns segundos depois. Ele aproxima a imagem e era nítido a identidade de Nathan – Você perdeu, garoto.

Casa dos Parker

 Nathan e MJ estavam sentados no sofá. O garoto tinha algo importante para contar.

 — Então, Nathan, você já não devia estar na escola? – Pergunta MJ.

 — Sim, na verdade, nem sei por onde começar – Ele se levanta e cruza os braços, nitidamente Nathan não estava confortável. Parecia receoso – Eu fui picado por uma aranha no laboratório do tio Peter no dia em que conversamos pela última vez. Aparentemente, as aranhas eram inofensivas, mas...

 — Mas o que? — MJ se aproxima de Nathan, como se já soubesse o rumo que essa conversa teria

 — Elas não eram. Pelo menos a que me picou. Eu manifestei diversas habilidades, as mesmas que a do Peter. O “Garoto-Aranha” como estão chamando na TV, sou eu – Ele coloca ambas as mãos no rosto e suspira.

 MJ permanece em silêncio por um tempo, ela não esperava que Nathan fosse adquirir as mesmas super habilidades do seu marido. Ela se levanta lentamente e caminha na direção oposta a de Nathan.

 — A Melissa já sabe?

 — Não, eu ainda não contei.

 — Então não conte. Nathan – MJ o encara – Você nem deveria estar fazendo isso, é perigoso demais.

 Nathan fica sem ter uma resposta

 — Peter fazia o que fazia porque ele possuía uma grande necessidade de não desperdiçar suas habilidades e usá-las para tornar o mundo um lugar melhor. Mas, a verdade é que ele sofria muito com isso. Era quase como um castigo que ele nunca conseguia se livrar. Era uma responsabilidade enorme. Você tem 14 anos, é normal que se anime com essas habilidades mas não se engane. Você pode acabar morto. E eu não quero isso.

 Nathan fica cabisbaixo. Ele estava começando a entender que ser o Homem-Aranha não era algo tão simples e divertido assim. Era uma responsabilidade enorme.

 — Eu estou te entendendo, tia. Sendo sincero, no início, eu fiquei bem assustado de que algo poderia acontecer comigo. Depois, quando despertei as habilidades, eu me empolguei e quis agir como um Super-herói. Uma maneira boba que eu usei para achar meu próprio caminho. No entanto, eu estive de frente com a morte quando lutei com aquele cara com armadura. Eu quase morri. O sentido de Aranha está me deixando louco, ainda não me acostumei com ele e sucessiva vezes eu venho tendo problemas de cansaço. Eu não sei o que faço.

 — Se acalme, Nathan – MJ coloca a mão em seu ombro – Peter desenvolveu uma substância para anular as super habilidades. Você não precisa continuar com isso e nem deve.

 Nathan iria responder mas ao olhar o relógio na parede ele percebeu que já estava muito atrasado— Tia, eu preciso ir se não vou me atrasar demais pra escola. Eu passo aqui mais tarde tudo bem? – Avisou Nathan enquanto corria em direção a porta. MJ sorriu e confirmou com a cabeça.

 Midtown High School

 Risadinhas e gritos preenchiam todo o refeitório. Estava na hora do almoço. Melissa e Kelvin estavam sentados na mesma mesa. O garoto percebia que Melissa não estava comendo direito.

— Mê, o que foi? É o Nathan, não é?

 Melissa não responde inicialmente e continua apenas mexendo na comida sem muito ânimo – É, ele está bem estranho ultimamente. Não respondeu minha mensagem.

 Kelvin ajeita seus óculos e tenta animar a amiga – Não fica pensando tanto nisso. Olha pra mim, Nathan também é meu amigo e eu estou tranquilo. Claro que estou preocupado mas eu sei que ele age assim as vezes. Tenha paciência. Ele está passando por muita coisa, logo você vai... – Quando ia completar a frase, Kelvin percebeu que havia falado demais. A única coisa que ele enxergava naquele momento era a expressão no rosto de Melissa como se ela estivesse esperando ele terminar a frase

 — Passando pelo o que? – Ela pergunta

 — ann... – Kelvin olha para os lados – Não é nada, esquece isso.

 — Kelvin – Melissa se levanta – Se está me escondendo algo, é melhor falar logo.

 — Eu eu... – Sabendo que tinha entrado em uma situação dificílima, Kelvin não sabia o que fazer. Pra sua sorte, o telefone de Melissa vibrou. Ela pega para descobrir do que se ratava e era uma mensagem

 — É o N-nathan – Kelvin também fica surpreso

— O que está dizendo aí?

 — Ele avisou que está chegando.

 — Sendo assim, vamos pra frente do colégio esperar por ele. Ainda temos bastante tempo de almoço.

 — É, vamos.

                                        […]

 Klaus estava pelas proximidades do colégio Midtown. Ainda de óculos escuros e boné, ele tentava ficar próximo de um carro pra não se destacar em meio a quantidade de jovens estudantes perambulando. Ele olhava de um lado para o outro e nota a chegada de Nathan. Do outro lado, Melissa e Kelvin vinham na direção do amigo – Então esses são seus amigos. – Klaus ligava algum tipo de dispositivo. Ele percebe que Nathan e seus amigos estavam parados e conversando a alguns metros dele, encostado em um outro carro. Ele caminha, com as mãos no bolso, e ao se aproximar deles, Klaus joga um pequeno dispositivo atrás do carro e continua andando, sem que ninguém percebesse.

 — Oi, pessoal. Como vocês estão? – Nathan perguntou sobre seus amigos mas sua atenção estava voltada para Melissa. Ela olhava para baixo com os braços cruzados.

 — Hey... – Nathan se aproxima dela e a abraça, com ela ainda de braços cruzados – Eu estava com saudades – Melissa começou a derramar algumas lágrimas

 — Você nem respondeu minha mensagem. Já perdi meu pai e, não consigo me acostumar com você se afastando – Ainda abraçados, Nathan lembrou que foi a própria Melissa que não quis falar com ele no dia anterior. No entanto, ele lembrou que Melissa está emocionalmente instável por conta da perda de seu pai e que ele mesmo havia vacilado com ela.

 — Desculpa. Eu não vou mais me afastar de você – Nathan falava com os olhos abertos enquanto abraçava Melissa, que chorava um pouco, de braços cruzados enquanto era abraçada. Kelvin sorria, estava feliz que os seus dois melhores amigos pareciam começar a se entender. Subitamente, o sentido de Aranha de Nathan o avisa de algum perigo e ele levanta a cabeça rapidamente. Ele ouvia uma espécie de som de algo que parecia com uma bomba-relógio. Quando chegou no ápice do som, ele segura Kelvin pela camisa, o arremessa para longe, agarra Melissa e pula. A bomba jogada por Klaus explodiu e foi bem maior por conta do carro. A explosão jogou Nathan longe e o faz derrubar Melissa, sem querer, que bate a cabeça no chão e começa a sangrar instantaneamente.

 Alguns alunos que estavam na lateral do carro foram pegos na explosão. No entanto, a maioria estava afastada da rua da escola. Todos esses alunos correram para tentar descobrir o que tinha acontecido. Kelvin, não foi atingido graças a Nathan. Quando ele se levanta e percebe o que havia acontecido, se desespera principalmente com o estado de Melissa. Nathan estava caído, um pouco machucado e bastante zonzo. Os seus sentidos estavam bagunçados e ele enxergava todo mundo correndo em câmera lenta. Sua audição estava prejudicada e ele mal conseguia ouvir os gritos dos alunos e professores que começaram a chegar no local. Ainda caído, quando viu o estado de Melissa, caída, desacordada e sangrando, Nathan tentava gritar mas a sua voz não saía e ele não tinha forças para se levantar. Desesperado e em um último esforço, ele vira seu pescoço e avista um homem de boné e óculos o olhando de longe sorrindo. Era Klaus. Nathan não fazia a mínima ideia de quem era e desmaia

 — Melissa...

Em algum local desconhecido

 Vestindo um uniforme preto com listras vermelhas do Aranha, um homem subia pelas paredes e olhava pela janela de um lugar que parecia ser um esconderijo. Era Miles Morales. Ele tentava enxergar dentro do local, que estava um pouco escuro e se assusta ao notar alguém

 — Peter??