Ela limpou as mãos no avental o tirando logo em seguida, passou apressadamente pelo porta do quarto onde um Rony dormia pesadamente enquanto a campainha tocava insistente, ela achara a princípio que fosse Kyla trazendo algumas frutas que ela teria ido comprar no mercado pela manhã, mas era muito cedo para isso.

Abriu a porta cautelosa e seus olhos caíram sobre as madeixas ruivas que ela conhecia muito bem, Hermione permaneceu em choque por alguns segundos.

— Mãe... ? – Rose perguntou franzindo o cenho vendo os olhos da mulher se encherem de lágrimas

Hermione piscou deixando as lágrimas descerem pelo seu rosto, precisou de alguns segundos para saber se estava vendo isso mesmo ou se era apenas uma visão, se estava sonhando como todas as noites.

Rose sem muitas delongas envolveu a mãe em um abraço que a mesma retribuiu a apertando, Hermione a segurou em seus braços como se a menina pudesse cair e quebrar, ou derreter por entre seus dedos, ou simplesmente desaparecer, segurou-a para nunca mais soltar e ali naquele momento jurou para si mesma que não deixaria que nada nunca mais acontecesse com a sua menina.

— Onde você estava? – A voz de Hermione saiu em um fio enquanto acariciava o cabelo da menina

— É uma longa história da qual você precisa saber – Rose murmurou com os olhos fechados repousando a cabeça no ombro da mulher

— Teremos todo o tempo do mundo agora – Hermione respondeu a afastando e beijando sua testa carinhosamente

— Ou não... – Rose falou comprimindo os lábios.

A morena franziu o cenho sem entender.

— Temos muito o que conversar – A ruiva sorriu de canto e antes que pudesse falar qualquer coisa se calou assim que por cima do ombro da sua mãe vira Rony de pijama coçando os olhos para tentar enxergar o que estava na porta.

Rose calmamente afastou a mãe depositando um beijo na sua testa e logo correu em direção ao pai, com o choque do pequeno corpo consigo e porque acabara de acordar o ruivo demorou para entender o que estava acontecendo ali, abraçou a menina de volta depois de alguns segundos, aquilo não parecia nada real.

— Rosie? É você mesmo? – Ele a afastou e segurou o seu rosto com as duas mãos para a encarar melhor.

Rose não precisou responder, ele conhecia bem os traços da sua menina, as sardas, o cabelo flamejante e os olhos que refletiam nos dele, sua marca registrada, era difícil esquecer aquele olhar afiado da sua pequena.

— Meu Deus! – Ele sussurrou a puxando de volta para o abraço.

Rose sentiu o mesmo sentimento de sua mãe emanando através do pai, eles estavam muito preocupados com ela, não a deixariam sair de perto dessa vez, porém Rose teria mais a conversar com eles, contar finalmente das suas decisões e do que ela iria fazer dali pra frente, ela só precisava muito dos seus pais, de seu apoio, ver os dois ali aquecera seu coração mais do que sua própria chama.

[...]

Os choques pela mesa eram engraçados de se observar ao olhar de Lucy e Lily, eles tinham despejado tudo de uma vez, assustando os parentes que estavam confusos, podiam até pensar que era loucura daqueles jovens e que eles tinham planejado inventar uma história para enganar os mais velhos, mas até mesmo Victoire concordou, mostrando o pescoço do filho pequeno.

Eles estavam em um silêncio terrível lendo o convite de casamento de Lucy, que organizou na última semana com uma Rose afobada, preparando também a coroação digna do novo rei, apesar de que Rowan não ligava para essas burocracias, ele mesmo tinha pedido para fazerem uma coroa de ramos e galhos.

Felizmente ele permitiu que toda a família viesse para o seu mundo, pelos portais, para a festividade.

Partia o coração dos pais de Lucy ao dizer que não viveria mais naquele mundo, Percy totalmente cético custou a acreditar, Molly e Audrey choraram como bebês, agarrando a menina e fungando sem parar, Lucy contara que também estava chocada, nem ela mesma acreditava naquela loucura, nunca imaginou aquilo, aquilo nunca passaria pela sua cabeça.

Do outro lado Rose estava sentada de frente para a mãe explicando que tinha encontrado seu lugar, vendo a mãe sentada ao lado do pai Rose não fez muitas perguntas, imaginava que as coisas tinham se resolvido, ainda mais ao ver Kyla trazer uns doces da cozinha para Hermione e sentar próxima a Hugo.

Fez questão de dizer que voltaria para o casamento de Hugo, sem dúvidas, também que eles sempre podiam ir visita-la dessa vez, ela estava mais perto agora.

Harry e Gina a principio se mostraram relutantes com a ideia de ter seus dois filhos tão distantes assim, além do choque pela história, estavam anestesiados. Porém logo foram convencidos ao conhecer Aurora, entenderam porque Alvo escolheria ficar com ela sem pensar duas vezes, Aurora era estonteante, de uma beleza exótica, realmente não parecia humana.

— Tem certeza disso? – Gina perguntara mais uma vez, Lily apertou o ombro da mãe a confortando

— Você vai ver porque querem tanto ficar lá, mamãe – Lily confirmou rindo anasalado

— E sempre pode ir nos visitar, não vai nem precisar sair de casa pra isso – James sorriu apontando para o pequeno sobrinho com as raízes despontadas.

— E prometemos não fazer nada de errado – Rose disse se aproximando dos Potter e sentando próxima a James

— Prometem? – Harry ergueu a sobrancelha

— Claro, pai – Alvo assentiu

— Eu vou sentir tantas saudades – Gina murmurou desatando a chorar

E assim voltou o clima de lágrimas e abraços.

***

Dominique se pegou pensando no que faria dali pra frente enquanto desenhava alguns modelos de roupa no seu escritório, faziam algumas horas que os outros tinham saído da Toca para resolver algumas coisas antes de voltarem para Hirena, Lily entrou trazendo tecidos e depositando em cima da mesa da loira.

— Está tudo aqui, Nick – Lily suspirou aliviada

— Lily? – Dominique chamou em um tom de voz, hesitando

— O que houve?

— Eu acho que preciso ir, Lily – Ela falou rápido prendendo a respiração em seguida

A prima a encarou, analisando as palavras

— Ir pra onde, Domi?

— Hirena

Suas palavras eram curtas e amedrontadas.

Lily pendeu por algum tempo, estava todo mundo indo embora agora? Era o lar da sua família de sangue, o que fazia todo sentido, era como se sua natureza lhe chamasse de volta, mas Lily jamais cogitaria ir para um lugar daqueles, sem tecnologia e coisas do gênero, ficaria estagnada no tempo, então não por enquanto, bastava ficar com Scorpius ali.

Foi perceptível a vontade de Dominique falar alguma coisa na casa da avó, ela queria dizer que queria ir também, com os primos, mas o que chamara tanto a atenção da loira por lá?

A resposta ecoou pela cabeça de Lily e ela riu, fazendo a prima a olhar confusa

— O que foi?

— Você precisa ir pra lá, Domi – Lily respondeu se aproximando

Pegou nas mãos da prima e olhou no fundo dos seus olhos

— Você precisa ser feliz como eles, de preferencia com uma casa que ninguém venha explodir

As duas riram

— Tem certeza disso?

— Quem tem que ter certeza é você

Dominique mordeu o lábio inferior, perdurando na ideia

— Você tem razão, Lils, eu preciso ser feliz mesmo – Concluiu se levantando da mesa

Dominique precisava se apressar, estava indo para sua nova casa.

[...]

Lucy corria pelo corredor com uma túnica em mãos, levando para o salão principal, todos passavam pela mesma sorrindo e cumprimento, alguns até já faziam reverencias, o que Lucy odiava que fizessem, não queria ser superior a ninguém.

Seus olhos repousaram na grande arvore no meio do salão, com um trono a sua frente e várias crianças ao redor, espalhando as flores pelo salão, ela se aproximou e deixou a túnica ao lado do trono, logo mais o Principe estaria sentado ali, pronto para virar rei.

Riu consigo mesma quando viu pelo canto do olho o motivo da sua correria vindo vagarosamente em sua direção.

— Eu confesso que achei que Rose e James fossem embora depois de quase morrerem – Rowan comentou parando do lado da menina

— Você sabe como é, eles se “apaixonaram” por esse lugar – Lucy fez aspas com as mãos e o Principe riu

— Se todos os Weasley forem encantadores assim, eu mal posso esperar para conhece-los

— Eles são malucos, na verdade, por isso vieram para cá – Lucy assentiu arregalando os olhos

Rowan sorriu abertamente achando engraçado

— Nós também somos malucos, assumir um reino quase falido...

— Pode ficar tranquilo, Rowan, nós vamos povoar o reino – Lucy disse em tom brincalhão atraindo o olhar curioso do menino

— O que disse, querida?

Ela automaticamente corou ao notar o que ele tinha entendido

— Quis dizer o povo e...

— Relaxa, Lucy – Ele riu, a menina suspirou aliviada – O povo e nós dois também

Lucy corou violentamente, virando um pimentão, foi salva apenas por Alvo entrando na sala batendo palma para dispersar as crianças

— Vão pra casa se aprontar – Alvo exclamou para todos ouvirem – está quase na hora dessa meia coroação

Lucy lançou um olhar atravessado para o primo que sorriu amarelo dando de ombros

— O que? Rowan nem deixou que fizéssemos um discurso de agradecimento

— Agradecer pelo que? Por ter destronado o cara que fingiu ser meu pai esse tempo todo?

Rowan sibilou e se arrependeu em seguida percebendo o clima tenso que se instalou no salão enquanto as crianças saiam de fininho.

— Falando nisso, já descobriu isso daí? – Alvo disse tentando quebrar o gelo

— Não, nem quero saber, de qualquer forma – Rowan deu de ombros franzindo o nariz – Eu vou construir minha família agora – Sorriu timidamente para Lucy que sorriu de volta

Alvo riu com os dois encabulados na sala e soltou os braços ao redor do corpo

— Acho bom também irem trocar esses farrapos velhos – O moreno expressou saindo do salão para não atrapalhar os dois – Vá se aprontar, Vossa Alteza, a hora está passando.

Os três riram enquanto Alvo dispersava para um lado e os outros dois saiam de fininho escada acima.