Eles faziam o percurso de volta para o laboratório no mais completo silêncio. Mae dormia tranquilamente no bebê conforto instalado no banco de trás do veículo. Parecia que o automóvel tinha sonífero, pois bastava entrar no carro e a menina caía no sono quase que imediatamente. Mae era uma criança tranquila. Chorava apenas quando estava com fome, com sono ou sujinha.

    Sara seguia no banco do carona junto a Gil. Estava preocupada. Precisava falar com ele sobre sua preocupação, porém não sabia como abordar a questão. Temia que ele não gostasse de sua interferência, afinal ela não era nada dele, era apenas sua subordinada.

     — Grissom – ela tomou coragem para chamar sua atenção e falar o que lhe afligia.

      — Diga Sara – ele respondeu sem desviar o olhar do trânsito, contudo totalmente ciente da presença dela.

    — O que você pensa em fazer com Mae? – ela indagou temendo a resposta dele – Apesar de ela ser um bebê muito tranquilo, não podemos levá-la conosco todas as vezes aonde quer que formos. Isso não é certo. Também o laboratório não é um ambiente adequado para uma criança.

      — Concordo com você. O que sugere que eu faça? – ele a inqueriu.

    — Você pode contratar uma babá enquanto não encontramos a mãe dela – ela replicou.

   Ele pensou por um momento como se estivesse avaliando e depois respondeu:

     — Você tem razão. Não é justo com a Mae. Contratarei uma babá para os momentos em que eu estiver em serviço. Ela precisa de alguém para cuidar dela e seguir todos os horários. Eu li que a rotina é importante para a criança.

   Sara lançou-lhe um olhar incrédulo como se o que ele havia dito fosse algo fora de comum. Ele percebeu.

  — Por que está me olhando assim? Eu comprei alguns livros sobre crianças e comecei a ler um deles. Precisava me inteirar dos cuidados que preciso tomar com um bebê. Não sou pai.

    — Você gosta dela não é? Você se apegou à Mae.

    — Eu gosto dessa garotinha. Eu tento colocar na minha cabeça que não posso me apegar demais a ela porque ela tem uma mãe, mas é impossível. A verdade é que amo Mae como se ela fosse minha filha. Eu já não consigo imaginar minha vida sem ela. Não quero nem pensar o que será da minha vida quando eu tiver que devolvê-la para a mãe.

    — Ow! E o coração de gelo começa a derreter – ela comentou em tom de brincadeira.

    — Eu tenho sentimentos Sara. Sou cheio deles. Mas às vezes tenho que escondê-los tão bem que até eu me esqueço de onde eles estão.

     — Você devia mostrar esse seu lado para os outros mais vezes. Assim eles saberiam que você é humano e que tem um grande coração.

   Grissom achou melhor mudar de assunto. Estavam pisando em um campo minado. Era perigoso demais o rumo que a conversa estava tomando. Ele teve que se segurar para não falar o que sentia por aquela linda mulher que estava ao seu lado. Ela tinha o sorriso mais encantador que ele já havia visto e até mesmo quando uma ruga de preocupação aparecia em seu adorável rosto não tirava sua beleza. Ele sabia bem onde aquilo podia terminar. Não era certo.

       — Eu não faço ideia de como escolher uma babá para Mae – ele disse acalmando-se.

  — Peça ajuda a Catherine. Ela certamente conhece alguém com credenciais e de confiança, do tempo em que Lindsey era bebê, que possa cuidar de Mae enquanto você trabalha.

    — Você está certa novamente.

    — Eu sempre estou certa – ela respondeu sorrindo.

   Ele estacionou o carro em sua vaga no estacionamento do laboratório.

   — Chegamos – ele anunciou.