Era aniversário de Maeve, e a casa estava cheia de crianças e algumas de suas mães, as mais relutantes ou prestativas. Will entrou na cozinha carregando uma garotinha que tinha se machucado enquanto brincava.

Ele parou num instante de surpresa ao ver Nico acompanhado de meia dúzia de esqueletos decorando cupcakes recém-saídos do forno. Cupcakes roxos com estrelas coloridas, como Maeve tinha dito que queria.

— O que houve? – Nico perguntou, sem exatamente desviar a atenção do trabalho.

— Sarah aqui ralou o joelho – Will colocou a menina numa cadeira e foi pegar um curativo no armário.

— Por que essas pessoas são tão magras? – ela sussurrou para Will, sem, é claro, conseguir enxergar de fato os esqueletos através da névoa.

— Elas... seguem uma dieta especial... muito prejudicial para a saúde – inventou Will. – Pronto! – ele completou com um sorriso ao terminar de cobrir o pequeno machucado.

A garota imediatamente se levantou e saiu correndo sem dizer mais nada, preparada para se ralar mais um pouco brincando ou só ansiosa para se afastar das “pessoas magras”.

Depois que ela saiu, Will se dirigiu a Nico com um suspiro:

— O que diabos você está fazendo?

— Eu precisava otimizar a produção dos cupcakes! – Nico disse, na defensiva.

— Isso não é muito higiênico... – Will observava os esqueletos confeiteiros.

— Eles estão de luvas... Todos são, quer dizer, foram cozinheiros profissionais!

— E para que, em nome de todos os deuses, você está fazendo tantos cupcakes?

Toda a mesa estava preenchida pelos bolinhos em pratos de dois andares. Nico parou um pouco e, aparentemente pela primeira vez, procurou contar quantos havia. Por fim, ele deu de ombros.

— Essa é a última fornada... Não queremos que falte, não é? – E voltou para o que fazia. – Eu vou dar uma lição àquela pedante da Sra. Hills que insinuou que não éramos capazes de fazer uma festa de aniversário!

Will revirou os olhos.

— Quem se importa com a Sra. Hills? É aniversário de Maeve! É o tipo de momento que precisamos aproveitar! Quando ela for adolescente, dificilmente vai querer algum de nós em suas festas... – ele pegou um dos braços do filho de Hades e começou a tentar levá-lo dali.

— Espere só eu... – Nico parou de falar porque tinha começado a vir da sala o som de uma música alta. – O que é isso?

Os dois se dirigiram depressa até lá e encontraram os convidados, crianças e adultos, em torno da fonte da cantoria. Um novo convidado também estava presente, um adolescente de regata e calça jeans estilosa com óculos de sol acima da cabeça, que eles conheciam muito bem.

— Papais! – Maeve correu para eles. – Olhem só o que eu ganhei! Essa boneca consegue tocar e cantar qualquer música que eu pedir! – Era uma linda boneca de porcelana com cabelos que pareciam de ouro e, com certeza, era quem cantava a plenos pulmões (será que ela tinha pulmões?) uma espécie de versão remix de You Are My Sunshine acompanhada pelo som do que parecia um ukulele elétrico.

Will e Nico trocaram um olhar com o adolescente recém-chegado que os cumprimentou com um sorriso e um gesto de positivo enquanto dizia:

— A ideia foi da própria Euterpe!

Will forçou um sorriso para Maeve e disse:

— Que legal, querida! E... como é que fazemos se quisermos que ela pare um pouco?

Maeve não sabia responder, então voltou-se para o rapaz que lhe dera o presente, assim como seus pais.

— Ah, só precisamos esperar a música acabar! – O jovem esclareceu com seu sorriso ensolarado. - Essa é a voz da musa. Seria um insulto pedir para parar antes! – Sem se importar com o olhar de incômodo de Will e Nico, ele se dirigiu a todos: - E então, quem quer dançar?

As crianças e algumas mães se agitaram em concordância. Uma das mulheres se afastou e perguntou aos dois quem era aquele.

— Ele é meu... ahn... sobrinho – disse Will. - Apolo. Ele se chama Apolo.

Will e Nico passaram, então, a observar atônitos a algazarra que tinha se formado na sala de sua casa.

— Podia ser pior – Nico levou uma mão ao ombro de Will. – Podia ser meu pai.