Nico tinha sérias suspeitas de que Zeus estava tentando sabotá-lo com aquela tempestade totalmente inesperada.  Ele e Will estavam agora apertados numa velha e inútil cabine telefônica, naquela cidadezinha a poucos quilômetros do acampamento.

— Eu posso só nos levar de volta pelas sombras – Nico disse, afastando dos olhos os cabelos molhados.

— Você ainda não pode fazer isso. Restrição médica, lembra?

Nico bufou e cruzou os braços, recostando-se na parede.

— Ótimo. Vamos só aproveitar o frio aqui, então.

Will olhou à volta, do telefone quebrado para o exterior quase indistinguível por causa da chuva, e suspirou.

— Desculpe – ele disse.

— Você não tem culpa pela chuva.

— Eu só queria que tudo tivesse corrido bem... – disse Will, parecendo lamentar de verdade.

Os olhos azuis estavam muito próximos... As borboletas esqueleto no estômago de Nico voavam loucamente e ele não conseguia dizer nada.

Com Will tão perto, Nico quase se arrependeu por ter zombado e dispensado os conselhos sobre encontros que Jason tinha tentado dar.

Mesmo sentindo que estava corando, assim como Will, ele sustentou o olhar do filho Apolo até que uma estrondosa trovoada fez tremer o chão, sobressaltando os dois, que desviaram o olhar, sem jeito. Seguiu-se um silêncio desconfortável em que Nico ficou maldizendo o rei dos deuses e seus poderes celestes mentalmente. Fosse ou não de propósito, ele estava cansado de imortais atrapalhando sua vida. Então ele se decidiu, respirando fundo.

— Will – falou.

Will voltou os olhos de novo para ele e foi puxado para mais perto. Nico captou sua expressão surpresa com o gesto brusco, mas jurava que podia senti-lo sorrindo quando o beijou.