The Only Thing Worth Fighting For escrita por isa


Capítulo 1
World in flames


Notas iniciais do capítulo

Olá! Essa é a segunda songfic do desafio que fiz com a Abbie :) naturalmente tinha que ser Draco e Astoria por conta da minha obsessão infinita. É bem pequena e poderia ter ficado melhor se eu não tivesse ficado tão triste escrevendo, haha. Então... Sei lá. Espero que seja uma leitura razoável. ♥
A letra e a tradução da musica podem ser consultadas aqui: https://www.letras.mus.br/lera-lynn/the-only-thing-worth-fighting-for/



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I loved her not for the way she danced with my angels, but for the way the sound of her name could silence my demons.

— Christopher Poindexter

 

 

Waking up is harder than it seems wandering through these empty rooms of dusty books and quiet dreams.

Já fazia algum tempo agora, mas nas noites em que a saudade o devorava de dentro para fora, ele ainda cambaleava entorpecido de dor pelos corredores lúgubres da casa gigante e desbotada.

Os passos vinham abafados. A respiração quase suspensa. As pontas dos dedos passeavam pelas paredes sem nenhuma razão específica. Draco tentava se concentrar nos ruídos produzidos pelos próprios movimentos, caso contrário seria alvo fácil do desespero que se instalara em suas entranhas. Ele estava ciente que bastava apenas se distrair um pouco para ser capaz de ouvir o eco da risada leve dela, sugerindo a falsa impressão de que ela estava a um cômodo de distância e não além do comprimento intransponível que separava a vida da morte.

Pictures on the mantle, speak your name. Softly like forgotten tunes, just outside the sound of pain.

Draco estava chafurdando novamente naquele lodo paradoxal de autocomiseração e culpa e não havia nada que pudesse fazer a respeito. Sem querer, sem perceber, abriu a porta do antigo escritório de Astoria, onde a ausência pulsava com a mesma força de seu coração no dia em que se casara com ela. Da mesa de mogno branco até os janelões que davam para o jardim leste, tudo no ambiente invocava a imagem da garota que falava palavrões como um duende recém-assaltado, da esposa que o lia e o peitava em silêncio, da mãe levemente obsessiva de Scorpius que insistia em escrever uma carta ao dia para o herdeiro durante o primeiro ano do garoto em Hogwarts.

Greengrass, ele murmurou, quase como um desejo e ela subitamente lhe apareceu com as botas gastas e o sorriso ferino, vestimentas oficiais da menina que fora aos dezenove anos de idade, antes de pegar para si o sobrenome sujo de Draco. A imagem o atingiu como um soco e ele precisou se sentar por um instante, os olhos agora fixos na espessa cortina carmim que cobria uma moldura saliente. Havia uma razão para estar assim e ele havia conseguido respeitar a regra que ele mesmo se impusera por seis deprimentes meses, até agora. Até evocá-la.

Weren't we like a pair of thieves? With tumbled locks and broken codes. You can not take that from me. My small reprieves. Your heart of gold. Weren't we like a battlefield? Locked inside a holy war… You're lovin' my due diligence.
The only thing worth fighting for.

— O que estamos fazendo?

— Realizando o desejo do meu coração.

— O desejo do seu coração é ter a pele coberta por insetos? – Draco inquiriu com o cenho franzido. Eles estavam deitados na grama extensa de um quadrante da propriedade Malfoy, cada corpo estirado na direção oposta a do outro, mas as cabeças rentes e bochechas coladas.

— Por hora. – Astoria respondeu, descansando as mãos em cima da barriga. O sol ameno e o céu azul a deixavam quente e preguiçosa. A língua enrolava no céu da boca. Ela tinha um sorriso bobo no rosto.

Draco a olhou de esguelha. A proximidade fazia com que ele pudesse observar bem a iris do olho esquerdo dela. A fusão indecisa de azul e verde. A comoção que isso causava em seu peito... De repente, ele soube: Astoria seria mágica mesmo se não fosse bruxa.

— O que estamos fazendo? – Repetiu a pergunta, agora com o tom sério exigido pela revelação interna. Astoria voltou o rosto inteiro para ele. Sabia, mesmo sem explicação, que agora ele falava especificamente sobre a intimidade assustadora que haviam desenvolvido nos últimos tempos.

— Não sei. Porque nós deveríamos saber, Draco?

Ele a encarou.

No principio, havia o sexo.

Agora havia um milhão de itens envolvidos e segredos compartilhados.

Draco mal sabia lidar consigo mesmo, como diabos poderia lidar com todas aquelas informações silenciosas e confusas?E, principalmente, como poderia lidar com iris como aquelas?

And now you've seen my world in flames. My shadow songs. My deep regret.

Aquele fora o momento em que descobrira que a amava, embora só fosse ter consciência disso meses depois. Todas as suas inquietações juvenis pareciam estúpidas agora. Seus olhos turvos de tempestade pareciam comprovar o que a sensação lhe sussurrava. Com pesar, ele se levantou e puxou os fios da cortina. Uma nuvem de poeira precipitou-se em sua direção, o que o fez tossir como um tuberculoso.

Uma vez recuperado, ele ergueu o rosto e saudou o motivo de sua tristeza e felicidade pintado em óleo. O semblante de Astoria parecia ainda mais desolado do que o dele. Eles se encararam por longos minutos. Pessoa e quadro. Matéria e tinta. Lentamente, Astoria fez o que ele sabia que ela faria: balançou a cabeça de um lado para o outro, em negativa.

E Draco chorou, porque mesmo no menor dos vestígios, ela estava certa.

…My small reprieves. Your heart of gold.

Mas antes de seguir o conselho intrínseco naquele “não”, Draco levou seu tempo. E isso pode ter significado minutos ou horas, ele nunca saberia responder. Ele a olhou e chorou até se sentir entorpecido. Então respirou fundo. Aquela era a primeira, mas não a ultima vez em que se veria nessa situação ao longo de sua vida.

Porque apesar da morte prematura, Astoria seria para sempre a única pessoa capaz de calar seus demônios internos e iluminar os seus recantos escuros.

The only thing worth fighting for.

E a única coisa pela qual ainda valia a pena lutar era pela permanência dessa marca de dignidade que ela colocara dentro dele, bem como as coisas que o amor dos dois havia surpreendentemente construído no tempo em que haviam convivido juntos.

 

 


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