—O que ele está fazendo aqui?!-O homem engravatado e bem arrumado se dirigia até a piscina com um olhar furioso.

—Ele só venho me fazer uma visitinha...Relaxa.-Magali permanecia tranquila enquanto respondia.

—”Visitinha”?-O mesmo encarou desconfiado Cascão junto a Magali na piscina.

—Pare de ser ciumento tá bom? Nós dois não temos nenhum compromisso...por isso não te devo satisfações.

—Não me deve satisfações?Eu sou seu amigo...eu tenho o direito de saber o porquê desse idiota estar na sua casa!

—Calma Cebola!Eu só vim aqui conversar com ela!-Cascão interviu na discussão, estranhando o comportamento do amigo.

—Conversar sobre o que ein?Aposto que venho se vitimizar depois da audiência que tivemos…-Cebola resmungou revirando os olhos.

—Já chega de baixaria aqui na minha casa!-Magali saiu da piscina, esbravejando e fora na direção de Cebola.-E você?Venho aqui fazer o que?Rastrear o Cascão por acaso?

—Na verdade vim te buscar…

—Você vai ter que ter um bom motivo para me tirar do meu dia de folga.

—É sobre um tal experimento…-No mesmo instante escutou aquilo,Magali encarou Cascão e depois voltou a olhar para Cebola,com um olhar desconfiado.-Que tipo de brincadeira de mal gosto é essa?É alguma pegadinha?

—Eu jamais brincaria com isso Magali.-Cebola respondeu seriamente.

—Se não é uma brincadeira... então não sei o que é.Não é a primeira vez que você me vem com esse papo de experimento,na inauguração do Grand Hotel você disse a mesma coisa e agora o Cascão me vem com essa história também…-A mulher bufou enquanto reclamava.

—Eu não estive no Grand Hotel na noite de inauguração, Magali.

—E quem estava lá então?Seu clone? Porque era idêntico a você.

—É exatamente sobre isso que eu vim falar com você.-Cebola conduziu Magali para dentro da moradia e bem longe do restante das pessoas.-Lembra quando você acordou no meu carro aquele dia e eu te contei que tínhamos acabado de voltar do consultório do Doutor Licurgo?

—... Vagamente…

—Você se recorda do porquê foi lá?

—Não,na verdade eu nem sei como eu parei no seu carro naquele dia…-Magali coçava a cabeça enquanto tentava buscar na sua mente alguma lembrança.

—Parece que você realmente está nesse experimento…-Cebola balbuciou com um tom preocupado em sua voz,ele ainda tinha esperanças de que fosse um problema de dupla personalidade,mas pelo que tudo aparentava assim como poderia existir dois Cebolas, também poderiam existir duas Magalis.

—É sério isso?-Magali perguntou em um tom de deboche.- Você venho até a minha casa acabar com a minha diversão, só pra dizer uma asneira dessa?!Por acaso você tem alguma prova de que eu estou nesse tal experimento?

—Tenho sim.

—Então me mostre!

—Não está comigo,e sim com o Licurgo…

—Vamos até lá então,eu quero ver esse “doutorzinho”me provar um absurdo desses!!-Magali subiu as escadas correndo enquanto Cebola a observava.

—Pra onde está indo?

—Eu vou tirar esse biquíni e colocar uma roupa descente…

—Pra quê? Não precisa se arrumar toda só pra ir no consultório do doutor Licurgo.

—Ah então você quer que eu saia assim de casa, só com um biquininho e nada mais?!

—Eu posso te emprestar o meu blazer se quiser.-Cebola dera uma piscadela para a amiga,que logo percebeu as segundas intenções.

—Não​ é Maria,mas é cheio de graça né?Prefiro colocar um vestido do que me contentar somente com um blazer….Já volto.-Magali subiu as escadas apressadamente, enquanto Cebola a esperava no saguão.

—O que houve?-Cascão adentrou no local cheio de expectativas.-Ouvi você falar sobre o experimento, não precisa mais fingir cara... Estamos entre amigos aqui,certo?

—Não se intrometa aonde não é chamado,isso é um assunto que interessa só a mim e a Magali.-Cebola respondeu seriamente.- Porque não vai falar com os seus advogados ein?

—Cara...Porque não para de fazer esse seu teatrinho bobo? Nós somos amigos...você tem que confiar em mim pra contar o que está acontecendo, só assim eu vou poder te ajudar.

—Eu não pedi a sua ajuda em nenhum momento.-Cebola parecia ter cuspido aquelas palavras,tamanho o desgosto que as pronunciava.

—Mesmo que não tenha pedido,eu vou te ajudar tá legal? Não só te ajudar,como ajudar a Magali e toda a família dela que está desesperada atrás dela e….

—Espera um pouco…-Cebola mudou totalmente a sua postura ao juntar as peças do quebra-cabeça​.-Você também está no experimento?!

—Mais ou menos…

—Por isso que está me tratando dessa forma tão cordial? Não pode ser….-Cebola estava incrédulo com o que acabara de confirmar, já não bastasse Magali,mas Cascão também estava naquela tal experiência.

—Não sei porque tá tão espantado careca...a gente sempre foi parça nas ideia,eu é quem tô espantado com você todo formal e cheio do fru-fru com esse terninho hahahahaha Parece aqueles homens ricos,cheios da grana hahahahaha!-Cascão não parava de rir por um instante,ainda sem saber o que realmente estava se passando por ali.

—De qual Cebola você está falando?

—De você é óbvio né?HAHAHAHAHHAHAHA

—...Acho que vou ter que te atualizar,faz muito tempo que não somos “parça” e muito menos que você se refere a mim com esse apelido,digamos assim... ridículo.

—Para de falar besteira cara...tá agindo como se tivesse vinte e poucos anos.

—Mas eu tenho “vinte e poucos anos”,pra ser mais específico...27.-Naquele instante Cascão paralisou com aquela resposta,no começo ele achava que aquilo tudo era uma grande piada ou brincadeira... Porém a medida em que foi conversado com o seu suposto amigo,foi percebendo que não era o Cebola que ele conhecia e sim outra pessoa.

—Perai... VOCÊ NÃO É VOCÊ!DEVOLVE O MEU AMIGO!!!-Cascão saltou encima de Cebola,tentando arrancar a suposto disfarce.-SEU IMPOSTOR!!!! CADÊ O CEBOLA DE VERDADE?!!AONDE ELE TÁ?!!!

—Me solta!!-Cebola tentava se desvencilhar daquele homem que puxava o seu cabelo na tentativa de encontrar uma “peruca”.-O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!!-O mesmo exclamou quando viu Cascão pegar um dos vasos de flor do cômodo e se preparar para arremessa-lo no próprio Cebola.

—TUDO PELOS MEUS AMIGOS!! VOCÊ VAI PAGAR PELO QUE FEZ!!!SEU MONSTRO SEM CORAÇÃO!!!-Cascão jogou o vaso em Cebola,mas o alvo desviou rapidamente.

—Eu sou o Cebola!!

—SÓ SE FOR DO PARAGUAI!!!-Cascão pegou um outro jarro e o arremessou,errando mais uma vez o alvo.

—EI!!O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!!-Derrepente Magali desceu as escadas correndo,ao ouvir o barulho de objetos sendo quebrados na sua casa.

—Ele enlouqueceu de vez!!-Cebola apontou para Cascão,que por sua vez estava escolhendo mais um objeto para jogar.

—Larga já o meu vaso preferido!!!-Magali fora na direção de Cascão,tirando o objeto das suas mãos.-O que deu em você ein?!

—ELE SEQUESTROU O CEBOLA E TOMOU O LUGAR DELE, VOCÊ NÃO PERCEBEU?!!

Magali não respondeu nada e apenas suspirou ao revirar os olhos,a mesma puxou Cascão pelo braço e Cebola pelo outro conduzindo-os até a saída da mansão.

—Se vão ficar brigando é melhor brigarem aqui fora!Porque eu não quero barraco dentro da minha casa!

—Calma Magali...ainda podemos resolver isso.-Cebola tentou acalmar a amiga de qualquer jeito.-Vamos encontrar o Doutor Licurgo de uma vez,tenho certeza que ele vai dar a explicação que nós três precisamos agora.

Magali suspirou impaciente e concordou positivamente com a cabeça(ela queria acabar de uma vez por todas com aquela história).

—Ótimo!-Cebola comemorou internamente, enquanto ligava o carro com a chave.-A carro está bem ali... já podem entrar.-Logo depois que deu as coordenadas,Magali foi apressadamente para o veículo enquanto Cascão ia atrás,sem parar de encarar Cebola com aquela cara de “ A nossa conversa ainda não acabou” ou “te pego na saída”.

Depois que todos adentraram no carro,Cebola ligou o veículo por completo e pisou forte no acelerador indo em direção ao consultório,sedento por mais respostas em relação ao tal experimento.