Uma nova História escrita por Adhara Mckinnon Black


Capítulo 16
O guerreiro Caído


Notas iniciais do capítulo

Heeey pessoas! Desculpe a demora.
Genteeee eu queria agradecer a linda Blue Bird por ter me dado ótimas ideias e pela linda e maravilhosa capa *-* ela é linda demais.
O capítulo esta um pouco grande, tudo bem, eu sei, está muuuuito grande, mas não consegui cortar partes dele, se não iria ficar um pouco sem sentido.
Mas vamos lá, espero que gostem, nos vemos lá embaixo
Boa leitura



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Katherine ofegou com o que viu. Não podia ser! Simplesmente não podia.

Lembranças do passado vieram a sua mente com força total, tanto que ela ate segurou a cabeça pela pontada que tivera ali. Seus olhos estavam arregalados em direção ao novo visitante, sua boca estava meio aberta com seus lábios totalmente secos e seu rosto extremamente pálido, o que fez alguns alunos questionarem se ela iria desmaiar.

Todos daquele salão estavam curiosos para saber quem era aquele visitante que deixara a primeiranista bastante desconfortável.

Desconfortável era pouco, ela parecia prestes a entrar em pânico. E acredite, ela estava.

Kathy podia sentir sua magia se descontrolando e querendo sair, mas ela não podia deixar isso acontecer, ela se lembrou da ultima vez que isso aconteceu, e os danos que isso causou. Olhou a sua volta e percebeu que todos, absolutamente todas as pessoas daquele salão, até mesmo os fantasmas, estavam encarando-a. Direcionou novamente seu olhar para o novo convidado, o encapuzado e finalmente para a pessoa que estava mais se divertindo com tudo aquilo: Nicole.

Quando seu olhar encontrou o da garota, ela viu, sentiu o que eles queriam com toda aquela história de leitura. E por Deus, eles iriam conseguir. Sentindo suas pernas tremerem, e ainda tendo a consciência de que todos os olhares estavam em seus movimentos, Kathy se levantou do banco, ainda com o olhar preso ao novo visitante, e foi dando pequenos passos para trás. Quando achou que já estava perto da porta o suficiente se virou para correr, mas antes de atravessá-la, as grandes portas do salão se fecharam, prendendo-a ali.

—Achou que ia fugir de novo Moore? –O novo visitante se pronunciou. Todos podiam sentir o clima tenso que se instalara ali. Dumbledore se levantara e se aproximara do encapuzado querendo saber o que estava acontecendo. Algumas pessoas da Ordem já estavam em alerta, caso precisassem agir, Sirius e Remo também se levantaram, ele sentia algo estranho pela garota, sentiam algo como medo por ela.

Kathy, que ainda estava de costas e de cabeça baixa, com as mãos na porta, se virou para o visitante que se aproximara. Seu olhar, contudo, não parecia mais o doce e gentil da menininha que ajudava a todos, que os faziam sorrir, era extremamente frio e calculista. Mas também, ela não podia se dar ao luxo de se descontrolar, de mostrar o quão apavorada estava.

—Quem disse que eu estou fugindo? – Para sua felicidade, e horror das outras pessoas, sua voz saiu fria como gelo.

—eu disse- o visitante continuou- pelo menos é o que parecia Kathy- pronunciou seu apelido com tanta frieza e sarcasmo que ela sentiu um arrepio subir pela coluna. – Sabe por que estou aqui, não sabe?

—na verdade não- Katherine se fez de desentendida.

—Precisamos conversar Moore, e agora não tem como você fugir.

Segurando a morena pelo braço, o visitante começou a arrastá-la para fora do salão, mas foram interrompidos pelo diretor.

—Esperem! Qual o motivo de quererem levar a senhorita Moore?

—Só vamos conversar com a garota, não se preocupe.

—Me desculpe senhor...

—Becker.

—Ah sim... Senhor Becker- o diretor começou olhando do novo visitante para a garota ao seu lado- Receio estragar seus planos, mas a senhorita Moore é uma aluna da nossa escola, e...

—Não me diga-Nicole interrompeu revirando os olhos com seu próprio sarcasmo.

—...E não posso permitir que tenham essa conversa assim.

—E por que não?

—A senhorita Moore parece bastante desconfortável, e...

—Olha só velhote,- começou deixando muitas pessoas ultrajadas pelo modo que falou com o grande Dumbledore, tirando alguns sonserinos que não ligavam para o diretor- tudo bem que é o diretor dessa escola, mas não tem que se meter em assuntos particulares.

—Quando se trata de um aluno...

—Quando se trata de um aluno deve se preocupar apenas com seu desempenho escolar, e não em suas vidas particulares. Sabemos que não consegue se controlar, e quer estar sempre a um passo a frente, e que essa leitura te deixou um tanto surpreso, por não conseguir prever o que vai acontecer, mas não se meta neste assunto. Acredite, você não vai querer- Nicole interrompeu olhando bem para o diretor, dizendo de forma clara e fria, fazendo muitas pessoas ficarem com medo dela e pela garota que parecia estar indo para a morte. Dando as costas para o diretor, se aproxima do irmão para juntos conduzirem Katherine para fora do salão, mas ainda diz- Se estiver entediado, é só fazer o que sabe de melhor- deu uma paradinha e olhou com maldade do diretor para Harry- Cuidar para que a vida do Potter seja um inferno- e virou dando uma gargalhada e deixando muitas pessoas chocadas para trás.

Katherine estava sendo arrastada pelos dois irmãos para algum lugar que não sabia onde era. Ela tinha que confessar que estava assustada.

—Como vocês me acharam?

—Cala a boca pirralha, daqui a pouco nós conversamos- Nicole se pronunciou, andando atrás da garota pra que ela não tentasse fugir.

—Olha, não é o que vocês pensam, eu posso explicar e...

—Eu mandei você calar- Os olhos frios de Nicole faiscaram em sua direção, então ela seguiu calada, com esperança de poder se explicar.

Quando chegaram ao local, que Kathy identificou como a Torre de Astronomia, os irmãos ficaram de frente a garota.

—Muito bem, respondendo sua pergunta, foi bem complicado. Não pensávamos que você tivesse se livrado daquela noite, então não nos importamos por um tempo. Somente nutríamos um ódio por você, que a propósito, não acabou, ele continua bem aqui- Nicole foi falando e seu rosto foi ficando feroz, trazendo um arrepio na espinha de Kathy. –Mas com o passar do tempo, Jake e eu percebemos que talvez você pudesse ter escapado daquela noite. Então encontramos o Mago, e ele nos disse muitas coisas... Interessantes.

—Mago?

—O encapuzado que trouxe o livro. Ele é o mago. E foi quem nos ajudou a te encontrar Kathy. –Jake disse suavemente, mas cm um toque de maldade, que fez Kathy ter mais medo ainda.

—E o que ele quer de mim? Como ele me achou?

—O que ele quer nós não sabemos, mas a pergunta certa seria: O que nós queremos de você.

—E o que querem?- Perguntou temerosa.

—Queremos o seu fim Moore. O que pensou que seria? Fazermos as pazes?- Nicole foi andando lentamente em direção à Kathy, fazendo-a recuar alguns passos.

—E-eu pensei que...

—Pensou que essa história já estava enterrada? Que nós esquecemos tudo o que aconteceu? –Jake também se aproximara calmo, calculado... Ferino –Você destruiu tudo Moore. Nós viemos recuperar o que é nosso, mas como não tem como, nos contentamos com a sua destruição.

—M-mas e-eu...

—Adeus Katherine- Nicole pronunciou as palavras antes de dar mais um passo a frente, fazendo ao mesmo tempo Kathy recuar. O problema é que conforme os irmãos foram se aproximando e Katherine se afastando, não percebera que era uma armadilha para que ela caísse da torre.

Kathy se desequilibrou e sentiu seu corpo ir para trás e ir caindo... caindo...

Dizem que quando estamos prestes a morrer nossa vida passa como um rápido filme em sua cabeça. Suas memórias voaram para sua infeliz infância. É...Talvez a morte seja uma boa escolha, não tinha nada a perder. Fechou os olhos se preparando para o impacto e assim, quem sabe, receber a paz que tanto procurava chegar.

Mas isso não aconteceu.

Ao abrir os olhos percebeu estar flutuando em frente aos irmãos, e que mais uma pessoa estava ali. O tal mago. Mas se ela estava ali, ela não tinha morrido o que significava que o tal Mago a salvou. Mas por quê?

—Por que você me salvou? –Kathy perguntou direta ao mago, quando estava em segurança no chão da Torre, se afastando daqueles irmãos por segurança.

—Eu não a salvei, você se salvou Moore. Os irmãos Becker sabiam que você não morreria, isso foi um teste.

—Um teste?- A garota perguntou um tanto confusa e desconfiada.

—Sim, um teste.

—Então vocês não me odeiam?-Ela perguntou aos irmãos, um tanto esperançosa, mas sempre com a desconfiança presente.

—Oh não! Eles ainda a odeiam, e acho que não tem como mudar isso criança- O Mago respondeu no lugar- Quero ter uma conversinha com você – E olhou para os irmãos- A sós.

Os dois irmãos, mesmo a contragosto, se retiraram da torre e voltarão ao salão principal, onde encontraram vários alunos fofocando a saída da primeiranista com os dois irmãos loucos, aquele encapuzado estranho, os professores discutindo entre si o que poderia estar acontecendo, um Dumbledore um tanto pensativo, dois marotos preocupados e uma ordem a postos para qualquer movimento estranho.

Quando a dupla entrou no salão, foi como se tivessem jogado um feitiço silenciador. Ninguém ousava se mexer.

—Onde esta a Kathy? –Olívio perguntou o que todos queriam saber.

—A garota esta bem, não se preocupe- o novo visitante pronunciou e continuou seguindo seu caminho.

—Então onde ela esta?- Harry perguntara com desafio.

—A senhorita Moore esta bem e segura. É o que precisam saber. –O rapaz voltou a responder.

—Mas o que... –Hermione começara a formular uma pergunta quando fora interrompida por Nicole.

—Vocês são surdos? A garota esta bem, agora chega de perguntas. –respondeu andando com seu irmão, que deu um pequeno sorriso à Hermione, até a mesa dos professores.

Os dois pararam e ficaram se encarando, o visitante parecendo acalmar a adolescente, mas o que aquelas pessoas não sabiam era que ambos se comunicavam pelo pensamento.

Sim, Nicole estava furiosa por Kathy ter sobrevivido Como aquela garota conseguia escapar da morte tantas vezes? E por que o Mago tinha tanto interesse nela? E por que seu irmão parecia ter tanta calma? Será que ele estava sabendo de alguma coisa e não havia contado para ela? Eram tantas perguntas que sua cabeça estava a mil, ou estaria se ela pudesse sentir alguma coisa.

Já tinha se passado meia hora e o salão os encarava. Alguns comentários aqui ou ali, mas sempre os encarando. E os dois irmãos? Bem, estes permaneciam imóveis, parecendo duas estátuas. Nenhum podia fazer nada sem a autorização do mago.

Depois de mais vinte minutos, o Mago e Katherine entram pela porta atraindo a atenção de todos os presentes. O encapuzado seguira até os irmãos enquanto Kathy foi para perto dos amigos de cabeça erguida, parecendo pensativa.

—Bom, a senhorita Moore e eu tivemos uma conversa e tudo já foi resolvido- o encapuzado começara a falar, olhando para os irmãos na parte final, então prosseguiu- Vocês continuarão com a leitura, e com o passar dela, Jack aqui- mostrou o novo visitante, trará algumas... Surpresas.

—Que tipo de surpresas?- Dumbledore perguntou.

—Algumas muito... Interessantes- Jack respondeu com um sorriso um tanto estranho.

Antes que alguém falasse mais alguma coisa, o encapuzado sumira, deixando os dois irmãos que se entreolharam e olharam para Kathy, que deu um sorrisinho malicioso que somente os dois viram.

Oh não é que ela se livra de todas mesmo? Acho que ela caiu na casa errada. Cobra.

—Tudo bem- Nicole disse de recuperando primeiro- vamos continuar com a leitura. Garoto leia isso logo.

Dino tremeu um pouco mas abriu o livro no capítulo para ler.

—O Guerreiro caído.

— Hagrid?

Harry lutou para levantar-se dos destroços de metal e couro que o cercavam; suas mãos afundaram em centímetros de água lamacenta quando tentou ficar de pé. Não conseguia entender aonde fora Voldemort, e esperava, a qualquer momento, vê-lo descer da escuridão.

Alguma coisa quente e molhada escorria-lhe do queixo e da testa. Ele se arrastou para fora do laguinho e cambaleou até a grande massa escura no chão, que era Hagrid.

— Hagrid? Hagrid, fala comigo...

Mas a massa escura não se mexeu.

—Oh Merlin!- Um quintanista da lufa-lufa exclamou olhando preocupado para o meio gigante, o que fez muita gente se preocupar também, principalmente Harry.

— Quem está aí? É o Potter? Você é Harry Potter?

—Será que são da Ordem? –Molly perguntou preocupada.

Harry não reconheceu a voz do homem. Então uma mulher gritou:

— Eles sofreram um acidente, Ted! Caíram no jardim!

A cabeça de Harry estava rodando.

—Ted? –Tonks perguntou pensativa.

—É o que esta escrito aqui.

— Hagrid – repetiu, abobado, e seus joelhos cederam.

Quando voltou a si, estava deitado de costas no que lhe pareciam almofadas, com uma sensação de queimação nas costelas e no braço direito. Seu dente partido rebrotara. A cicatriz na testa ainda latejava.

— Hagrid?

Harry abriu os olhos e viu que estava deitado em um sofá, em uma sala iluminada e desconhecida. Sua mochila estava no chão a uma pequena distância, molhada e suja de lama.

Um homem louro, barrigudo, observava-o com ansiedade.

— Hagrid está bem, filho – disse o homem. – Minha mulher está cuidando dele agora. Como está se sentindo? Mais alguma coisa quebrada? Consertei suas costelas, seu dente e seu braço.

A propósito, sou Ted, Ted Tonks, o pai de Dora.

—Meus pais! –Tonks respondeu feliz e o pessoal da Ordem suspirou aliviados, tinha dado certo.

Harry se sentou depressa demais: as luzes piscaram diante dos seus olhos e ele se sentiu enjoado e tonto.

— Voldemort...

— Tenha calma – disse Ted Tonks, apoiando a mão no seu ombro e empurrando-o contra as almofadas. – Você acabou de sofrer um acidente sério. Afinal, que aconteceu? Alguma coisa enguiçou na moto? Arthur Weasley exagerou outra vez, ele e suas geringonças de trouxas?

Senhor Weasley tinha corado.

— Não – respondeu Harry, sentindo a cicatriz latejar como uma ferida aberta. – Comensais, montes deles... fomos perseguidos...

— Comensais? – interrompeu-o Ted. – Você quer dizer, Comensais da Morte? Pensei que não soubessem que você ia ser transferido hoje à noite, pensei...

— Eles sabiam.

Ted Tonks olhou para o teto como se pudesse ver o céu lá fora.

— Ora, então sabemos que os nossos feitiços de proteção funcionam, não? Não deveriam poder chegar a novecentos metros deste lugar em qualquer direção.

—Graças aos céus!- Molly suspirou aliviada.

Harry compreendeu, então, por que Voldemort desaparecera; tinha sido no ponto em que a moto cruzou a barreira de feitiços da Ordem. Sua esperança era que continuassem a funcionar: ele imaginou o lorde a novecentos metros de altura, enquanto conversavam, procurando um modo de penetrar o que Harry visualizou como uma imensa bolha transparente.

O garoto pôs as pernas para fora do sofá; precisava ver Hagrid com seus próprios olhos para acreditar que o amigo continuava vivo. Mal se levantara, porém, a porta se abriu e Hagrid se espremeu por ela, o rosto coberto de lama e sangue, mancando um pouco, mas milagrosamente vivo.

— Harry!

Derrubando duas frágeis mesas e uma aspidistra, o gigante cobriu a distância que os separava em dois passos e puxou o garoto para um abraço que quase partiu suas costelas recém-emendadas.

— Caramba, Harry, como foi que você se safou? Pensei que nós dois estávamos ferrados.

— Eu também. Nem acredito...

Harry se calou: acabava de notar a mulher que entrara na sala depois de Hagrid.

— Você! – gritou ele, enfiando a mão no bolso, mas encontrou-o vazio.

—Por que quer atacar minha mãe?- Tonks perguntou olhando para Harry que dera de ombros.

— Sua varinha está aqui, filho – disse Ted, batendo de leve em seu braço com o objeto. – Caiu bem do seu lado, e eu a recolhi. E essa com quem você está gritando é a minha mulher.

— Ah, me... me desculpe.

Quando a bruxa se adiantou, a semelhança da sra. Tonks com a irmã, Belatriz, se tornou menos acentuada: o castanho dos seus cabelos era suave e claro, e seus olhos maiores e mais bondosos. Contudo, ela pareceu um pouco arrogante ao ouvir a exclamação de Harry.

—Ela odeia que a comparem com Belatriz.

—A Andie é muito melhor que as irmãs- Sirius disse olhando para a prima que estava na mesa da Sonserina, que fez uma careta de nojo para o mesmo.

— Que aconteceu com a nossa filha? – perguntou ela. – Hagrid me contou que vocês foram vítimas de uma emboscada; onde está Ninfadora?

Tonks fizera uma careta ao escutar a mãe pronunciar seu nome, o que causou alguns risos em Remo.

— Não sei – respondeu Harry. – Não sabemos o que aconteceu com mais ninguém.

A bruxa e o marido se entreolharam. Uma mescla de medo e culpa se apoderou de Harry ao ver as expressões em seus rostos; se algum dos outros tivesse morrido, ele seria o culpado, o único culpado. Consentira que executassem o plano, dera-lhes fios de cabelo...

Kathy revirou seus belos olhos.

— A Chave de Portal – lembrou-se ele, subitamente. – Temos que voltar À Toca e descobrir... poderemos, então, mandar avisá-los, ou... ou Tonks virá avisar se...

— Dora ficará bem, Drômeda – tranquilizou-a Ted. – Ela conhece o ofício, já esteve em muitas situações críticas com os aurores. A Chave de Portal é por aqui – acrescentou ele para Harry. – Deve partir em três minutos, se quiserem pegá-la.

— Queremos. – Harry apanhou a mochila, atirou-a sobre os ombros. – Eu...

Olhou, então, para a sra. Tonks, querendo se desculpar pelo medo que lhe infundira e por tudo por que se sentia profundamente responsável, mas não lhe ocorreram palavras que não parecessem vazias e insinceras.

— Direi a Tonks... Dora... para avisar, quando ela... obrigado pelos consertos, obrigado por tudo. Eu... Harry ficou satisfeito de sair da sala e acompanhar Ted Tonks por um pequeno corredor que dava acesso a um quarto. Hagrid acompanhou-os, abaixando-se bem para evitar bater a cabeça na moldura superior da porta.

— Aí está, filho. A Chave de Portal.

O sr. Tonks apontava para uma pequena escova de cabelos com o cabo de prata que se encontrava em cima da penteadeira.

— Obrigado – disse Harry, esticando-se para colocar um dedo no objeto, pronto para partir.

— Espere um instante – disse Hagrid, olhando para os lados. – Harry, cadê Edwiges?

— Ela... ela foi atingida.

A percepção da realidade desabou sobre ele: sentiu-se envergonhado, as lágrimas queimaram seus olhos. A coruja sempre fora sua companheira, sua única e importante ligação com o mundo da magia, sempre que se via obrigado a retornar à casa dos Dursley.

Algumas meninas o olharam com ternura, o que causou certo constrangimento ao moreno.

Hagrid estendeu a enorme mão e deu-lhe uma dolorosa palmada nas costas.

— Não fique assim – disse, rouco. – Não fique assim. Ela teve uma vida boa e longa.

— Hagrid! – exclamou Ted, alertando-o quando a escova se iluminou com uma forte luz azul, e Hagrid só teve tempo para encostar o dedo nela.

Sentindo um puxão por dentro do umbigo como se um anzol invisível o arrastasse para a frente, Harry foi sugado para o vazio, e rodopiou inerte, o dedo preso na Chave de Portal, enquanto ele e Hagrid eram arremessados para longe da casa do sr. Tonks. Segundos depois, os seus pés bateram em solo firme e ele caiu de quatro no quintal d’A Toca. Ouviu gritos.

Atirando para um lado a escova que já não luzia, Harry se ergueu, um pouco tonto, e viu a sra. Weasley e Gina descerem correndo a escada da entrada dos fundos enquanto Hagrid, que também desmontara à chegada, levantava-se com dificuldade do chão.

— Harry? Você é o Harry verdadeiro? Que aconteceu? Onde estão os outros?! – exclamou a sra. Weasley.

— Como assim? Ninguém mais voltou? – ofegou Harry.

Senhora Weasley olhou para o marido e sentiu-se temerosa novamente.

A resposta estava claramente estampada no rosto pálido da sra. Weasley.

— Os Comensais da Morte estavam à nossa espera – contou-lhe Harry. – Fomos cercados no instante em que levantamos voo... eles sabiam que era hoje... não sei o que aconteceu com os outros. Quatro Comensais vieram atrás de nós, só pudemos escapar, então Voldemort nos alcançou...

Ele percebia o tom de auto justificação em sua voz, a súplica para que ela compreendesse por que ele não sabia o que tinha acontecido com os seus filhos, mas...

— Graças aos céus vocês estão bem – disse ela, puxando-o para um abraço que ele não achava merecer.

—Ora, mas que bobagem Harry! É claro que merece, você esta bem! É isso que importa- A senhora deu um sorriso reconfortante ao garoto.

— Você não teria conhaque aí, teria, Molly? – perguntou Hagrid um pouco abalado. – Para fins medicinais?

A sra. Weasley poderia ter conjurado a bebida usando magia, mas quando entrou, apressada, na casa torta, Harry percebeu que ela queria esconder o rosto. Virou, então, para Gina que respondeu imediatamente ao seu mudo pedido de informação.

— Rony e Tonks deviam ter voltado primeiro, mas perderam a hora da Chave de Portal, que chegou sem eles – disse ela, apontando para uma lata de óleo enferrujada ali perto no chão. – E aquela outra – Gina apontou para um velho tênis de escola – era a de papai e Fred, que deviam ser os segundos. Você e Hagrid eram os terceiros e – consultando o relógio – se conseguirem, Jorge e Lupin devem chegar no próximo minuto.

—Harry!- Katherine veio correndo e pulou em cima do garoto o abraçando com toda a força- Céus Harry! Que bom que está bem.

—Estranhei você não ter ido- Harry comentou enquanto se soltava da amiga, que bufou com a pergunta do moreno.

—Eu iria, mas Remo e os gêmeos me passaram a perna e me prenderam aqui, eles não queriam que eu me arriscasse. Sim eu sei- ela revirou os olhos prevendo a pergunta do amigo- Também estou surpresa por eles terem conseguido me trapacear, mas eles fizeram as coisas direitinho.

—Uuuuh parece que nós trapaceamos você Kathy- os gêmeos zoaram a amiga que mostrou a língua para os dois.

Gina, que estava escutando soltara uma risada com a cara da morena.

—eles a doparam e a amarraram a uma cadeira e esconderam sua varinha para ela não tentar fugir. Mamãe a desamarrou agora. –Gina contou e os dois riram da amiga.

Kathy olhava chocada para os três a sua frente. Eles a amarraram! Que absurdo!

A sra. Weasley reapareceu trazendo uma garrafa de conhaque, que entregou a Hagrid. O gigante desarrolhou-a e tomou a bebida de um gole.

— Mamãe! – gritou Gina, apontando para um lugar a vários passos de distância.

Uma luz azul brilhou na escuridão: foi crescendo e se intensificando, Lupin e Jorge apareceram aos rodopios e, em seguida, caíram no chão. Harry percebeu imediatamente que havia alguma coisa errada: Lupin vinha carregando Jorge, que estava inconsciente e tinha o rosto ensanguentado.

Todos os Weasley olharam para o ruivo, que tinha um rosto assustado.

Harry correu para os dois e segurou as pernas do rapaz. Juntos, ele e Lupin carregaram Jorge para dentro de casa, e da cozinha para a sala de visitas, onde o deitaram no sofá.

Quando a luz do candeeiro iluminou a cabeça dele, Gina prendeu a respiração e o estômago de Harry revirou: Jorge perdera uma das orelhas. O lado de sua cabeça e o pescoço estavam empapados de sangue espantosamente vermelho.

Jorge parecia ter perdido toda a cor em seu rosto e encarava seu irmão igualmente pálido.

Nem bem a sra. Weasley se curvou para o filho, Lupin segurou Harry pelo braço e arrastou-o, sem muita gentileza, de volta à cozinha, onde Hagrid continuava tentando passar o corpanzil pela porta dos fundos.

—o que?- Harry perguntou assustado à Remo. Não pensara que este algum dia, iria machuca-lo.

—Deve estar conferindo se é você mesmo- Kathy respondeu tranquila, o que fez Moody dar um sorriso de aprovação.

— Ei! – exclamou Hagrid indignado. – Solte ele! Solte o braço de Harry!

Lupin não lhe deu atenção.

— Que criatura estava em um canto na primeira vez que Harry Potter visitou o meu escritório em Hogwarts? – perguntou ele, dando uma sacudidela no garoto. – Responda!

— Um... um grindylow em um tanque, não era?

Lupin soltou Harry e recuou de encontro ao armário da cozinha.

— Que foi isso? – rugiu Hagrid.

— Desculpe, Harry, mas eu precisava verificar – disse Lupin tenso. – Fomos traídos.

—Eu disse.

Voldemort sabia que íamos transferir você hoje à noite, e as únicas pessoas que poderiam ter-lhe contado estavam participando diretamente do plano. Você poderia ser um impostor.

— Então, por que não está me testando? – arquejou Hagrid, ainda lutando para passar pela porta.

—Você é meio gigante- Kathy respondeu baixinho revirando os olhos.

— Você é meio gigante – respondeu Lupin, erguendo os olhos para Hagrid. – A Poção Polissuco foi concebida apenas para uso humano.

Mathew olhou surpreso para a garota, mas esta não reparou, não pensava que alguém tinha escutado.

É... Quando eu digo que essa garota é estranha, ninguém acredita.

— Ninguém da Ordem contou a Voldemort que ia ser hoje – disse Harry: achava a ideia medonha demais para atribuí-la a qualquer deles. – Voldemort só me alcançou quase no fim, não sabia qual era o Harry. Se estivesse por dentro do plano, teria sabido desde o início que eu estava com Hagrid.

— Voldemort o alcançou? – perguntou Lupin bruscamente. – Que aconteceu? Como foi que você escapou?

Harry explicou brevemente que os Comensais da Morte que vieram em seu encalço pareceram reconhecer que ele era o verdadeiro. Depois, abandonaram a perseguição e foram avisar Voldemort, que apareceu pouco antes de ele e Hagrid chegarem ao santuário da casa dos pais de Tonks.

— Eles reconheceram você? Mas como? Que foi que você fez?

— Eu... – Harry tentou lembrar-se; a viagem toda parecia-lhe um borrão de pânico e confusão. – Eu vi Lalau Shunpike... sabe o condutor do Nôitibus? E tentei desarmá-lo em vez de... bem, ele não sabe o que faz, não é? Deve estar sob o efeito de uma Maldição Imperius.

Lupin se horrorizou.

— Harry, o tempo de desarmar alguém já acabou! Essa gente está tentando capturar você para matá-lo! Pelo menos estupore, se não está preparado para matar!

— Estávamos à grande altitude! Lalau não estava normal, e se fosse estuporado teria caído e morrido como se eu tivesse usado o Avada Kedavra! O Expelliarmus me salvou de Voldemort dois anos atrás – acrescentou Harry, em tom de desafio. Lupin estava lhe lembrando o desdenhoso Zacarias Smith da Lufa-Lufa, que debochara de Harry por ter querido ensinar a Armada de Dumbledore a desarmar.

Zacarias arregalou os olhos ao ser citado.

—O que é Armada de Dumbledore?- Um Corvinal perguntou.

—Armada de Dumbledore era um tipo de sociedade secreta que Potter montou em seu quinto ano para ensinar os alunos a se defenderem das trevas, já que no mesmo ano Voldemort retornou e o Ministério não acreditou, privando os alunos a saberem se defender.

—E Potter sabia ensinar alguma coisa?- Um quartanista da Sonserina perguntou debochado, o que causou risos em seus colegas de casa.

—Bom, ele passou por mais coisas nos cinco anos que estava aqui do que muitos aurores em toda sua vida. Soube ensinar aos alunos melhor do que alguns professores formados.

Nisso muitas pessoas se viraram admiradas para Harry, que abaixou a cabeça envergonhado.

— É verdade, Harry – disse Lupin, contendo-se a custo. – E um grande número de Comensais da Morte presenciaram o acontecido. Perdoe-me, mas foi uma tática muito insólita para alguém usar sob iminente risco de vida. Repeti-la hoje à noite, diante de Comensais da Morte, que ou presenciaram ou ouviram contar sobre aquela primeira ocasião, foi quase suicídio!

— Então você acha que eu devia ter matado Lalau Shunpike? – indagou Harry enraivecido.

— Claro que não, mas os Comensais, e francamente a maior parte das pessoas, esperariam que você contra-atacasse. Expelliarmus é um feitiço útil, Harry, mas os Comensais da Morte começam a achar que tem a sua assinatura, e insisto que você não deixe isso se confirmar!

Lupin estava fazendo Harry se sentir idiota, contudo, ainda restava no garoto certa vontade de desafiar.

—Igual ao seu pai- Remo dera um sorriso triste e parecia em outro mundo, assim como Sirius.

— Não vou eliminar as pessoas só porque estão no meu caminho. Esse é o ofício de Voldemort.

A resposta de Lupin se perdeu. Tendo finalmente conseguido se espremer pela porta, Hagrid cambaleou até uma cadeira, que desabou sob seu peso. Sem dar atenção aos seus xingamentos e pedidos de desculpas, Harry tornou a se dirigir a Lupin.

— Jorge vai ficar bom?

Toda a frustração de Lupin com relação a Harry pareceu se esgotar ao ouvir a pergunta.

— Acho que sim, embora não haja possibilidade de se recompor a orelha, não quando foi decepada com um feitiço.

Ouviram passos do lado de fora. Lupin precipitou-se para a porta; Harry pulou por cima das pernas de Hagrid e correu para o quintal.

Dois vultos tinham se materializado ali, e ao correr ao seu encontro, Harry percebeu que eram Hermione, agora retomando sua aparência normal, e Kingsley, ambos agarrados a um cabide de casacos, amassado. Hermione atirou-se nos braços de Harry, mas Kingsley não demonstrou prazer algum ao vê-los. Por cima do ombro de Hermione, Harry o viu erguer a varinha e apontá-la para o peito de Lupin.

— Quais foram as últimas palavras de Alvo Dumbledore para nós dois?

— “Harry é a melhor esperança que temos. Confie nele” – respondeu Lupin calmamente.

Kingsley apontou a varinha para Harry, mas Lupin disse:

— É ele mesmo, já verifiquei.

— Tudo bem, tudo bem! – concluiu Kingsley, guardando a varinha sob a capa. – Mas alguém nos traiu! Eles sabiam, sabiam que era hoje à noite!

— É o que parece – replicou Lupin –, mas aparentemente não sabiam que haveria sete Harrys.

—Como Snape sabia desse plano? –Kathy perguntou curiosa.

Nicole fechou a cara para a garota, e respondeu: -Até o final do livro você fica sabendo.

— Grande consolo! – rosnou Kingsley. – Quem mais voltou?

— Só Harry, Hagrid, Jorge e eu.

Hermione abafou um gemido com a mão.

—Preocupada?-Kathy deu um sorriso malicioso para a amiga que ficou vermelha e a ignorou.

— Que aconteceu com você? – Lupin perguntou a Kingsley.

— Fui seguido por cinco, feri dois, talvez tenha matado um – enumerou o auror. – E vimos Você-Sabe-Quem, ele se juntou aos Comensais mais ou menos no meio da perseguição, mas desapareceu em seguida. Remo, ele é capaz de...

— Voar – completou Harry. – Eu o vi também, veio atrás de mim e Hagrid.

— Então foi por isso que sumiu: para seguir você! – concluiu Kingsley. – Não consegui entender por que tinha desistido. Mas o que o levou a mudar de alvo?

— Harry foi bondoso demais com Lalau Shunpike – disse Lupin.

— Lalau? – repetiu Hermione. – Pensei que ele estava em Azkaban, não?

Kingsley deu uma risada sem graça.

— Obviamente, Hermione, houve uma fuga em massa que o Ministério abafou. O capuz de Travers caiu quando eu o amaldiçoei, ele deveria estar preso também. Mas que aconteceu com você, Remo? Onde está Jorge?

— Perdeu uma orelha – informou-o Lupin.

— Perdeu uma...? – repetiu Hermione com a voz esganiçada.

— Obra de Snape – disse Lupin.

— Snape? – gritou Harry. – Você não disse...

Todos os olhares ferozes dos Weasley foram direcionados ao professor de poções, que ignorou.

Kathy só conseguia pensar que se Snape quisesse realmente matar, ele teria usado outra maldição, como a maldição d amorte, e não aquela.

— Ele perdeu o capuz durante a perseguição. O Sectumsempra sempre foi uma especialidade de Snape. Eu gostaria de poder dizer que lhe paguei na mesma moeda, mas pude apenas manter Jorge montado na vassoura depois que foi ferido, estava perdendo muito sangue.

O silêncio se abateu sobre os quatro ao erguerem os olhos para o céu. Não havia sinal de movimento; as estrelas retribuíram seu olhar, sem piscar, indiferentes, sem sombra de amigos em voo. Onde estava Rony? Onde estavam Fred e o sr. Weasley? Onde estavam Gui, Fleur, Tonks, Olho-Tonto e Mundungo?

— Harry, me ajuda aqui! – chamou Hagrid, rouco, da porta na qual tornara a se entalar. Feliz de ter o que fazer, Harry empurrou-o e depois atravessou a cozinha para voltar à sala de visitas, onde a sra.Weasley e Gina ainda cuidavam de Jorge. A sra. Weasley estancara a hemorragia e, à luz do candeeiro, Harry viu um buraco aberto onde antes havia uma orelha.

— Como está ele?

A sra. Weasley se virou para responder:

— Não posso recompor uma orelha que foi decepada por Artes das Trevas. Mas poderia ter sido muito pior... ele está vivo.

— Graças a Deus – disse Harry.

— Ouvi a voz de mais alguém no quintal? – perguntou Gina.

— Hermione e Kingsley.

— Felizmente – sussurrou Gina. Os dois se entreolharam; Harry teve vontade de abraçá-la, não largá-la mais; nem se importava que a sra. Weasley estivesse presente, mas, antes que pudesse dar vazão a esse impulso, ouviram um grande estrondo na cozinha.

Sirius dera um sorriso à Remo, que entendera e sorrira de volta nostálgico.

— Vou provar quem sou Kingsley, depois que vir o meu filho, agora saia da frente se sabe o que é bom para você!

Harry nunca ouvira o sr. Weasley gritar assim. O bruxo irrompeu na sala, a careca brilhando de suor, os óculos tortos, Fred em seus calcanhares, os dois pálidos e ilesos.

— Arthur! – soluçou a sra. Weasley. – Graças aos céus!

— Como é que ele está?

O sr. Weasley ajoelhou-se ao lado de Jorge. Pela primeira vez desde que Harry o conhecia, Fred parecia não saber o que dizer. De pé, atrás do sofá, olhava boquiaberto para o ferimento do irmão gêmeo como se não conseguisse acreditar no que via.

Despertado talvez pelo barulho da chegada de Fred e do pai, Jorge se mexeu.

— Como está se sentindo, Jorginho? – sussurrou a sra. Weasley.

O rapaz levou os dedos ao lado da cabeça.

— Mouco – murmurou.

— Que é que ele tem? – perguntou Fred lugubremente, com um ar aterrorizado. – A perda afetou o cérebro dele?

— Mouco – repetiu Jorge, abrindo os olhos e erguendo-os para o irmão. – Entende... Surdo e oco, Fred, sacou?

Fred, que estava extremamente pálido, dera um soco no irmão que começara a rir.

A sra. Weasley soluçou mais forte que nunca. A cor inundou o rosto pálido de Fred.

— Patético – respondeu Fred ao irmão. – Patético! Com um mundo de piadas sobre ouvidos para escolher, você me sai com “mouco”?

— Ah, bem – disse Jorge, sorrindo para a mãe debulhada em lágrimas. – Agora você vai poder distinguir quem é quem, mamãe.

Ele olhou para os lados.

— Oi Harry... você é o Harry, certo?

— Sou – respondeu Harry, aproximando-se do sofá.

— Bom, pelo menos você voltou inteiro – comentou Jorge. – Por que Rony e Gui não estão rodeando o meu leito de enfermo?

— Ainda não voltaram, Jorge – disse a sra. Weasley. O sorriso de Jorge desapareceu. Harry olhou para Gina e fez sinal para que o acompanhasse ao quintal. Ao passarem pela cozinha, a garota comentou em voz baixa:

— Rony e Tonks já deviam ter voltado. A viagem não era demorada; a casa de tia Muriel não é tão longe daqui.

Harry não respondeu. Desde que chegara À Toca tinha procurado afastar o medo, mas agora o sentimento o envolveu, pareceu deslizar por sua pele, vibrar em seu peito, obstruir sua garganta. Quando desceram os degraus para o quintal escuro, Gina segurou sua mão.

Kingsley estava dando grandes passadas para lá e para cá, olhando para o céu cada vez que completava uma volta. Harry se lembrou do tio Válter fazendo o mesmo na sala de estar, há milhões de anos. Hagrid, Hermione e Lupin se achavam parados, ombro a ombro, contemplando o céu em silêncio. Nenhum deles se virou quando Harry e Gina se uniram à sua muda vigília.

Os minutos se prolongaram como se fossem anos. O mais leve sopro de vento os sobressaltava e os fazia virar para o arbusto ou árvore que farfalhava, na esperança de que algum membro da Ordem, ainda ausente, saltasse ileso da folhagem...

Então uma vassoura se materializou diretamente sobre eles, e, como um raio, foi em direção ao chão...

— São eles! – gritou Hermione.

—Aposto que são Rony e Tonks- Kathy disse sorrindo misteriosa.

—Por que acha que são eles? –Lilá perguntou curiosa, recebendo apensas um sorriso da outra.

Tonks fez uma longa derrapagem que levantou terra e pedras para todo lado.

—Como sabia?- Lilá perguntou surpresa.

—Intuição- Kathy respondeu com um casto sorriso.

— Remo! – gritou ela ao descer entorpecida da vassoura para os braços de Lupin. O rosto do marido estava sério e pálido: parecia incapaz de falar. Rony desmontou tonto e saiu aos tropeços ao encontro de Harry e Hermione.

—Que gracinha- Kathy disse sorrindo maliciosa para os dois, sendo apoiada por Sirius, o que deixou ambos muito corados.

— Você está bem – murmurou ele, antes de Hermione se precipitar para ele e abraçá-lo com força.

— Pensei... pensei...

— Tô inteiro – disse Rony, dando-lhe palmadinhas nas costas. – Tô inteiro.

— Rony foi o máximo – comentou Tonks calorosamente, soltando Lupin. – Fantástico.

Os gêmeos deram um sorriso malicioso para o irmão e a castanha, o que deixou os dois bastante envergonhados também.

Estuporou um dos Comensais da Morte direto na cabeça, e olha que quando se está mirando um alvo móvel montado em uma vassoura...

— Você fez isso? – perguntou Hermione, olhando para Rony ainda com os braços em seu pescoço.

— Sempre o tom de surpresa – disse o garoto se desvencilhando, rabugento. – Somos os últimos a chegar?

—Ainda faltam Gui e Fleur, e olho-tonto e Mundungo- Arthur disse pensativo.

— Não – disse Gina –, ainda estamos esperando Gui e Fleur e Olho-Tonto e Mundungo. Vou avisar mamãe e papai de que você está bem, Rony...

Ela correu para dentro de casa.

— Então, qual foi a razão do atraso? Que aconteceu? – Lupin perguntou a Tonks quase zangado.

— Belatriz – respondeu ela. – Me quer tanto quanto quer o Harry, Remo, fez tudo para me matar. Eu gostaria de tê-la acertado, fiquei devendo. Mas, definitivamente, ferimos Rodolfo... então chegamos à casa da tia de Rony, Muriel, onde perdemos a nossa Chave de Portal, e ela ficou nos paparicando...

Rony fizera uma careta.

Um músculo tremia no queixo de Lupin. Ele assentiu, mas parecia incapaz de dizer qualquer outra coisa.

—Preocupação- Kathy comentou apenas para Remo, que fingiu não escutar.

— E que aconteceu com vocês? – perguntou Tonks, virando-se para Harry, Hermione e Kingsley.

Eles contaram o que acontecera em suas jornadas, mas todo o tempo a ausência continuada de Gui, Fleur, Olho-Tonto e Mundungo parecia recobrilos como gelo, a frialdade a cada momento mais difícil de ignorar.

—Não é fácil ignorar uma coisa dessas- Jake comentou olhando para Katherine, que desviou o olhar.

— Vou ter que voltar à residência do primeiro-ministro. Já deveria ter chegado lá há uma hora – disse Kingsley por fim, após esquadrinhar o céu uma última vez. – Avisem quando eles chegarem.

Lupin assentiu. Com um aceno para os demais, Kingsley se afastou no escuro em direção ao portão. Harry pensou ter ouvido um levíssimo estalido quando Kingsley desaparatou pouco além do perímetro d’A Toca.

O sr. e a sra. Weasley desceram correndo os degraus dos fundos, seguidos por Gina, e abraçaram Rony antes de falarem com Lupin e Tonks.

— Obrigada – disse a sra. Weasley –, pelos nossos filhos.

— Não seja boba, Molly – protestou Tonks na mesma hora.

— Como está Jorge? – perguntou Lupin.

— Que aconteceu com ele? – esganiçou-se Rony.

— Perdeu...

O final da frase da sra. Weasley, porém, foi abafado por uma gritaria geral: um testrálio acabara de surgir no céu e aterrissar a pouca distância do grupo. Gui e Fleur desceram do animal, descabelados pelo vento, mas ilesos.

— Gui! Graças a Deus, graças a Deus...

A sra. Weasley se adiantou para o casal, mas o abraço que Gui lhe concedeu foi superficial.

Olhando diretamente para o pai, comunicou:

— Olho-Tonto morreu.

Silêncio no salão. Todo mundo observava o auror, sendo que este estava um pouco surpreso, mesmo não demonstrando.

Ninguém falou, ninguém se mexeu. Harry sentiu que alguma coisa dentro dele estava caindo, atravessando a terra, deixando-o para sempre.

— Vimos acontecer – continuou Gui; Fleur confirmou com a cabeça, lágrimas brilhantes escorrendo por suas faces à claridade da janela da cozinha. – Foi logo depois que rompemos o cerco: Olho-Tonto e Dunga estavam perto de nós, rumando também para o norte. Voldemort, que é capaz de voar, partiu direto para cima deles. Dunga entrou em pânico, ouvi-o gritar, Olho-Tonto tentou fazê-lo parar, mas ele desaparatou. A maldição de Voldemort atingiu Olho- Tonto em cheio no rosto, ele caiu da vassoura e... nada pudemos fazer, nada, havia meia dúzia deles nos perseguindo...

A voz de Gui quebrou.

Kathy se apoiara ao batente da porta. Ela não parecia acreditar, mas era a que mais parecia entender aquilo.

— Claro que você não poderia ter feito nada – disse Lupin.

—É... Realmente não poderia. –Kathy comentou trazendo a atenção para ela- Em uma guerra ocorrem perdas dos dois lados, mortes, ferimentos, ninguém sai ileso. É claro que queremos que aqueles que amamos fiquem bem, seguros, e é extremamente doloroso a ideia de perda, mas antes de participar de uma guerra, devemos ter a consciência de que corremos riscos, e pelo que eu percebi sobre Olho-Tonto, ele não se importaria em dar a vida, contanto que o plano desse certo, e bem... Deu.- Concluiu olhando para Harry e para Alastor, que a encarava com os dois olhos.

Depois de suas palavras o salão ficara em silêncio absorvendo as palavras da garota, e só foi interrompida por Olho-Tonto, que se manifestara pela primeira vez depois de saber sobre sua morte.

—É, a garota esta certa. Mais pessoas deviam ter essa linha de pensamento, principalmente aurores em treinamento- resmungou girando seu olho.

Todos pararam, se entreolhando. Harry não conseguia absorver. Olho-Tonto morto; não podia ser... Olho-Tonto, tão resistente, tão corajoso, um perfeito sobrevivente...

Por fim, as pessoas começaram a compreender, embora ninguém falasse, que não havia mais razão para continuar aguardando no quintal e, em silêncio, eles acompanharam o sr. e a sra. Weasley de volta à casa e à sala de visitas, onde Fred e Jorge riam juntos.

— Que aconteceu? – perguntou Fred, vendo os rostos das pessoas à medida que entravam. – Que aconteceu? Quem...?

— Olho-Tonto – disse o sr. Weasley. – Morto.

As risadas dos gêmeos se transformaram em caretas de sobressalto. Ninguém parecia saber o que fazer. Tonks chorava silenciosamente, levando o lenço ao rosto: Harry sabia que ela fora muito chegada a Olho-Tonto, sua aluna favorita e protegida no Ministério da Magia.

Hagrid, que se sentara no chão, a um canto mais espaçoso, enxugava os olhos com um lenço do tamanho de uma toalha de mesa.

Gui foi ao aparador e apanhou uma garrafa de uísque de fogo e alguns copos.

— Peguem – disse ele e, com um aceno da varinha, lançou no ar doze copos cheios, um para cada pessoa, mantendo o décimo terceiro no ar. – A Olho-Tonto.

— A Olho-Tonto – disseram todos, e beberam.

— A Olho-Tonto – secundou Hagrid, atrasado com um soluço.

O uísque de fogo queimou a garganta de Harry: deu a impressão de instilar sentimento, dissipar a insensibilidade e a sensação de irrealidade, despertar nele algo semelhante à coragem.

— Então Mundungo desapareceu? – disse Lupin, que bebera todo o uísque de um gole.

—Você bebendo?- Sirius perguntara surpreso ao amigo.

—Os tempos mudaram Sirius.

Houve uma mudança instantânea na atmosfera. Todos pareceram se tencionar e observar Lupin, dando a Harry a impressão de que desejavam que ele continuasse a falar e, ao mesmo tempo, receavam o que poderiam ouvir.

— Sei o que está pensando – disse Gui –, e me ocorreu o mesmo pensamento quando estava voltando para cá, porque eles pareciam estar nos esperando, não é? Mas Mundungo não poderia ter nos traído. Eles não sabiam que haveria sete Harrys, isto os confundiu no instante em que aparecemos, e, caso tenham esquecido, foi Mundungo que sugeriu esse pequeno ardil.

Por que omitiria esse ponto essencial para os Comensais? Acho que Dunga entrou em pânico, foi só. Primeiro não queria ir, mas Olho-Tonto o obrigou, e Você-Sabe-Quem investiu direto contra os dois: isto é suficiente para fazer qualquer um entrar em pânico.

— Você-Sabe-Quem agiu exatamente como Olho-Tonto previu – disse Tonks, fungando. – Olho-Tonto disse que ele calcularia que o verdadeiro Harry estaria com os aurores mais fortes e capazes. Perseguiu, primeiro, Olho-Tonto, e, quando Mundungo os denunciou, virou-se para Kingsley...

— É, tude stá muite bem – retrucou Fleur –, mes inde nam exxplique come sabiem qu’ íamos trransferrir Arry hoje à noite. Alguém foi descuidade. Alguém deixou scapar a date prra um strranhe. É a unique explicaçon prra eles conhecerrem a data mas nam o plane tode.

—Credo, o que foi isso? –Rony perguntara fazendo careta. –Escreveram o livro errado?

Draco, que escutava a história calado, revirara os olhos. “Tinha que ser o pobretão”.

—Não Rony, o idioma está em francês- Kathy respondeu.

—Você sabe falar francês? –Parvati perguntara interessada.

—Um pouco.

Ela olhou séria para todos, os filetes de lágrimas ainda visíveis em seu belo rosto, desafiando silenciosamente que alguém a contradissesse. Ninguém o fez. O único som a romper o silêncio foi a tosse de Hagrid, abafada por seu lenço. Harry olhou para o gigante, que acabara de arriscar a vida para salvá-lo – Hagrid a quem ele amava, em quem confiava, que no passado tinha caído em uma esparrela e dado a Voldemort uma informação crítica em troca de um ovo de dragão...

— Não – disse Harry em voz alta, e todos olharam para ele surpresos: o uísque de fogo aparentemente amplificara sua voz. – Quero dizer... se alguém errou – continuou Harry – e deixou escapar alguma coisa, sei que não errou por mal. Não é culpa dele – repetiu outra vez, um pouco mais alto do que teria normalmente falado. – Temos que confiar uns nos outros. Eu confio em todos vocês, acho que nenhum dos presentes nesta sala me venderia a Voldemort.

—Claro que não! –Remo e Sirius disseram juntos, e logo depois se encarando, como se lembrassem de algo que os machucasse.

Às suas palavras, seguiu-se mais silêncio. Todos olhavam para ele; Harry sentiu-se um pouco mais acalorado e bebeu um pouco mais de uísque de fogo para se ocupar. Ao beber, pensou em Olho-Tonto. O auror sempre ironizara a disposição de Dumbledore para confiar nas pessoas.

— Muito bem falado, Harry – disse Fred, inesperadamente.

— É, apoiado, apoiado – emendou Jorge, com um meio relance para Fred, cujo canto da boca tremeu. Lupin tinha uma estranha expressão no rosto quando olhou para Harry: beirava a piedade.

—Acha que estou sendo bobo? –Harry perguntara virando-se para Remo, que surpreso, negou.

—Acho que você é igualzinho ao seu pai.

—Tiago faria a mesma coisa Harry- Sirius respondeu colocando suas mãos no ombro do afilhado.

— Você acha que sou tolo? – perguntou-lhe Harry.

— Não, acho que você é igual ao Tiago – respondeu Lupin –, que teria considerado a maior desonra desconfiar dos amigos.

Harry sabia a que Lupin estava se referindo: que seu pai fora traído pelo amigo Pedro Pettigrew. Sentiu-se irracionalmente irritado. Queria discutir, mas Lupin lhe deu as costas, descansou o copo em uma mesinha lateral e se dirigiu a Gui.

— Temos trabalho a fazer. Posso perguntar a Kingsley se...

— Não – Gui o interrompeu. – Eu farei, eu irei.

— Aonde estão indo? – perguntaram Tonks e Fleur ao mesmo tempo.

— O corpo de Olho-Tonto – explicou Lupin. – Precisamos resgatá-lo.

— Não podem... – começou a sra. Weasley, lançando um olhar suplicante a Gui.

— Esperar? – perguntou Gui. – Não, a não ser que a senhora prefira que os Comensais da Morte o levem.

Todos se calaram. Lupin e Gui se despediram e saíram.

Os que tinham ficado agora se sentaram, todos exceto Harry, que continuou de pé. A repentinidade e completude da morte dominava a atmosfera da sala como uma presença.

— Eu tenho que ir também – anunciou Harry.

Dez pares de olhos assustados o olharam.

—Larga de ser tapado- Kathy revirou os olhos.

— Não seja tolo, Harry – disse a sra. Weasley. – Que está dizendo?

— Não posso ficar aqui.

Ele esfregou a testa: voltara a formigar; não doía assim havia mais de um ano.

— Todos vocês correm perigo enquanto eu estiver aqui. Não quero...

—Dramático- Kathy revirava os olhos para o amigo que também revirava os seus para a implicância da morena.

— Mas não seja tolo! – protestou a sra. Weasley. – A razão do que fizemos hoje à noite foi trazê-lo para cá em segurança e, graças aos céus, conseguimos. Fleur concordou em casar aqui, em vez de na França, já providenciamos tudo para que possamos ficar juntos e cuidar de você...

Ela não compreendia; estava fazendo Harry se sentir pior e não melhor.

— Se Voldemort descobrir que estou aqui...

— Mas por que descobriria? – perguntou a sra. Weasley.

— Há outros doze lugares onde você poderia estar agora, Harry – lembrou o sr. Weasley. – Ele não tem como saber para qual das casas protegidas você foi.

— Não é comigo que estou preocupado! – contrapôs o garoto.

— Nós sabemos – replicou o sr. Weasley em voz calma. – Mas, se você for embora, teremos a sensação de que os nossos esforços desta noite foram inúteis.

— Você não vai a lugar nenhum – rosnou Hagrid. – Caramba, Harry, depois de tudo que passamos para trazer você para cá?

— É, e a minha orelha sangrenta? – acrescentou Jorge, erguendo-se nas almofadas.

— Sei que...

— Olho-Tonto não iria querer isso...

— EU SEI! – berrou Harry.

—Iiiih... Estressou- Katherine continuava a cutucar o amigo.

Ele se sentiu pressionado e chantageado: será que pensavam que ignorava o que tinham feito por ele, não compreendiam que essa era exatamente a razão por que queria partir, antes que sofressem mais por sua causa? Houve um longo silêncio de constrangimento, em que sua cicatriz continuou a formigar e a latejar, e que foi, por fim, rompido pela sra. Weasley.

— Onde está Edwiges, Harry? – perguntou ela, querendo agradá-lo. – Podemos colocá-la com Pichitinho e lhe dar alguma coisa para comer.

As entranhas dele se contraíram como um punho. Não podia contar a verdade. Bebeu o resto do uísque de fogo para evitar responder.

—Acho que não ajudou muito- Lilá comentou.

Tinha a consciência do olhar de Katherine em cima de si, ela o entendia, sabia que sim, mas não queria entender o que estava se passando agora. Não tinha consciência do peso que encontraria se olhasse os olhos azuis da amiga, já que esta sempre parecia mostrar as coisas à ele.

— Espere até espalharem que você conseguiu novamente, Harry – disse Hagrid. – Escapou dele, o repeliu quando estava em cima de você!

— Não fui eu – negou Harry categoricamente. – Foi a minha varinha. Minha varinha agiu sozinha.

Passados alguns momentos, Hermione argumentou gentilmente:

— Mas isso é impossível, Harry. Você quer dizer que usou a magia sem querer; reagiu instintivamente.

—Isso é bem estranho –Hermione comentou pensativa.

—A leitura explicará- foi a resposta que Nicole dera.

— Não – respondeu Harry. – A moto estava caindo, eu não saberia dizer onde estava Voldemort, mas a minha varinha rodou a minha mão, localizou-o e disparou um feitiço, e não foi um feitiço que eu conhecesse. Nunca fiz aparecer labaredas douradas antes.

— Muitas vezes – disse o sr. Weasley –, quando o bruxo está em uma situação crítica, é possível ele produzir feitiços com que nunca sonhou. Isso acontece muitas vezes com as crianças, antes de terem estudado...

—Isso é verdade- Nicole comentou com um sorriso macabro, olhando em direção à Katherine, que parecia se lembrar de algo há muito tempo.

— Não foi assim – retrucou Harry com os dentes cerrados. Sua cicatriz estava queimando: ele sentia raiva e frustração; odiava a ideia de que o imaginassem dotado de um poder equiparável ao de Voldemort.

Todos se calaram. Harry sabia que não estavam acreditando nele. Agora, porém, lhe ocorria que nunca ouvira falar de uma varinha que fizesse gestos de magia por conta própria.

—A varinha pode seguir ordens do Bruxo, mas não agir sozinha- Dumbledore explicou.

—Talvez seja magia intuitiva- Kathy comentou pensativa.

—como assim? –Harry perguntara, sendo ignorado.

—Talvez Harry tenha uma ligação com a varinha, diferente da que nós temos. –Ela continuava teorizando suas ideias não dando atenção aos outros.

—Como...

—Bom, faz sentido. Voldemort- as pessoas tremeram com o nome, mas ela não dera importância para aquilo. –tentou matar Harry quando era bebê, e o que sabemos que resultou nessa cicatriz. Mas como podemos ver neste livro, ele retornou, e Harry sente dor na cicatriz quando Ele está perto. Isso não é normal. Não teve mais ninguém que sobreviveu a morte...

— Na verdade...- Nicole começou a falar, olhando para Kathy.

—...Ninguém sobreviveu à maldição da morte- Moore consertou sua frase- Então pode sim os dois terem alguma ligação.

Dumbledore estava surpreso com a garota. Ela resolvera metade do enigma em apenas alguns minutos. Tinha algo diferente nela.

—Não viaja garota, os deixem terminarem a leitura- Uma Sonserina do sexto ano comentou, fazendo alguns de seus companheiros rirem, até mesmo alguns setimanistas da Corvinal.

—Na verdade ela esta certa- Jake começou, calando o salão. –Você é bem inteligente, deveria ter ido para a Corvinal.

—O chapéu considerou a ideia de me pôr lá, mas achou melhor a grifinória- Kathy respondeu, como se o desafiasse.

Sua cicatriz queimava barbaramente: só havia uma coisa que podia fazer para não gemer alto. Murmurando que ia tomar ar fresco, pousou o copo na mesa e saiu da sala.

Ao atravessar o quintal escuro, o grande testrálio ossudo ergueu a cabeça, moveu as enormes asas de morcego, depois continuou a pastar. Harry parou diante do portão que abria para o jardim e se pôs a contemplar as plantas excessivamente crescidas, esfregando a testa latejante e pensando em Dumbledore.

Dumbledore teria acreditado, disso ele tinha certeza. Dumbledore teria sabido como e por que sua varinha agira sem que a comandasse, porque Dumbledore sempre tinha as respostas; conhecia tudo sobre varinhas, explicara a Harry a estranha ligação que existia entre a sua varinha e a de Voldemort...

—Há falei! –Kathy pulou da cadeira- sua varinha tem uma ligação com a de Voldemort.

—Quando fui comprar a minha varinha, Olivaras disse que a irmã dela causou a minha cicatriz. –Harry contou.

—Oh meu Deus Harry! Faz todo sentido, você não vê? – Katherine estava de pé, andando de um lado para o outro, com suas ideias trabalhando a todo vapor, e com todos os olhares nela.

—Faz? Porque pra mim não faz sentido algum – Rony comentou com Harry, que dera de ombros.

— É claro que faz Rony! Se elas são irmãs, uma não pode ferir a outra, ou seja, Voldemort não pode matar o Harry enquanto estiver usando a varinha do mesmo núcleo que a do porco-espinho! –Katherine explicou com as mãos na cabeça como se tivesse resolvido um caso, e bem, ela resolveu.

As pessoas do salão a encaravam chocadas, principalmente Dumbledore. Aquela garota realmente era bastante... Diferente.

—Essa garota é louca -uma quintanista da Corvinal zombou para os colegas da mesa, que deram uma risadinha. 

—Continue Dino- Nicole pediu quando Moore tinha se sentado novamente.

Mas Dumbledore, tal como Olho-Tonto, como Sirius, como seus pais, como sua pobre coruja, todos tinham partido para um lugar em que Harry não poderia mais falar com eles. Sentiu, então, uma ardência na garganta que não tinha qualquer relação com o uísque de fogo.

E, sem saber como, a dor em sua cicatriz atingiu o auge. Ao apertar a testa e fechar os olhos, uma voz gritou em sua cabeça.

—Gritou na cabeça? –Sirius perguntou preocupado.

— Você me disse que o problema se resolveria usando a varinha de outro bruxo!

E em sua mente irrompeu a visão de um velho emaciado, coberto de trapos sobre um piso de pedra, gritando, um grito longo e terrível, um grito de insuportável agonia...

— Não! Não! Eu lhe suplico, eu lhe suplico...

— Você mentiu para Lorde Voldemort, Olivaras!

— Não menti... Juro que não...

— Você quis ajudar Potter, ajudá-lo a escapar de mim!

— Juro que não... Acreditei que uma varinha diferente funcionaria...

— Explique então o que aconteceu. A varinha de Lúcio foi destruída!

— Não consigo entender... a ligação... existe apenas... entre as duas varinhas...

— Mentiras!

— Por favor... eu lhe suplico...

E Harry viu a mão branca erguer a varinha e sentiu a raiva maligna de Voldemort, viu o frágil velho no chão se contorcer de agonia...

Algumas pessoas estavam assustadas. O que havia sido aquilo?

Dumbledore estava pensativo. Será?

— Harry?

A visão terminou tão depressa quanto surgira: Harry ficou tremendo no escuro, agarrado ao portão do jardim, o coração disparado, a cicatriz coçando. Decorreram vários segundos até ele perceber que Rony e Hermione estavam ao seu lado.

— Harry, volte para dentro de casa – sussurrou Hermione. – Você não está pensando em ir embora mesmo, está?

— É, você tem que ficar, cara – disse Rony, batendo em suas costas.

— Você está passando bem? – perguntou Hermione, agora suficientemente perto para ver o rosto de Harry. – Está com uma cara horrível!

— Bem – respondeu Harry, trêmulo –, provavelmente estou com uma cara melhor do que Olivaras...

Quando ele terminou de contar o que vira, Rony demonstrava espanto, mas Hermione estava aterrorizada.

— Isso devia ter acabado! A sua cicatriz... não devia mais fazer isso! Você não pode deixar essa ligação reabrir: Dumbledore queria que você fechasse a mente!

—Fechar a mente?- Katherine perguntou olhando de relance para Jake.

—Sim, é o que esta escrito aqui.

—Parece que Harry tem uma ligação mental com você-sabe-quem- Kathy comentou olhando para Harry, que empalideceu, e para Sirius, que parecia muito preocupado.

Ao ver que o amigo não respondia, ela o agarrou pelo braço.

— Harry, ele está dominando o Ministério, os jornais e metade do mundo bruxo! Não deixe que ele se infiltre também em sua mente!

—Acabou- Dino fechou o livro.

—Precisamos explicar uma coisa a vocês antes. –Jake começou- O próximo capítulo vai ser resumido, nós que iremos resumi-lo para vocês. Mas não agora porque temos que resolver algumas coisas.

—Katherine, acho que você tem que conversar conosco, não? –Nicole a chamou.

Kathy respirou fundo e foi em direção aos irmãos, enquanto o resto dos alunos se dispersavam pelo castelo.

—E então?- Jake foi o primeiro a se manifestar- o Mago conversou com você suponho?- questionou recebendo um aceno afirmativo da garota.

—E o que você decidiu?- Nicole perguntou com um brilho sinistro nos olhos.

—Eu quero consertar tudo. –Kathy a olhou bem nos olhos, o que desestabilizou Nicole por dois segundos, que esperava outra resposta- Eu aceito.

Os dois irmãos se entreolharam e deram um sorriso macabro à morena a sua frente. Que os jogos comecem.

É Moore, parece que a festa terminou cedo pra você, as máscaras já estão caindo e nem são meia noite. É Cinderela, pelo visto sua carruagem virou abóbora, mas neste caso, não vai ter ninguém para achar seu sapatinho. Só é curioso o fato de você sempre conseguir escapar, mas tenho uma má notícia fofa, você acaba de assinar sua sentença de morte. Tenha uma boa vida, ou  pelo menos o que restar de bom dela.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Gente eu preciso indicar uma fic. Vocês precisam ler essa fanfic! Ela é maravilhosa, é um universo alternativo, mas mostra muito sobre o poder da amizade.
https://fanfiction.com.br/historia/704346/Tecno/