Miss Atomic Bomb escrita por Pirate Queen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, querido leitor. Essa é a minha primeira fanfic, então espero que goste da leitura ;)



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               Se qualquer um que conhecesse Monkey D. Luffy escutasse o que vou contar, com certeza não acreditaria. Porque aquele garoto definitivamente não era nenhum romântico. Na verdade, é capaz que ele seja o adolescente mais esquisito de todos. 

       Quando alguém te sugere a palavra "adolescente" é capaz que as primeiras ideias que venham na sua mente estejam relacionadas a "hormônios", "festas", "bebidas" e coisas desse gênero. Se usarmos essas ideias meio bregas como critérios para categorizar seres humanos, digamos que Luffy poderia ser considerado uma criança. 

         O rapaz era extremamente brincalhão e sua inocência talvez beirasse um nível infantil. Obviamente seus amigos mais próximos usavam esses adjetivos para zombar dele as vezes. Mas outra característica de Luffy era uma tranquilidade paranormal, de forma que brincadeiras amigáveis de seus colegas geralmente terminavam em gargalhadas sinceras de sua parte. 

         Costumava passar seu tempo livre entre amigos, caminhando pela cidade. Sempre sem destino, acabavam pela praia. Afinal, era daquilo que ele gostava: a calmaria do oceano, cheiro de maresia e memórias de infância. Claramente era aquele o lugar que pertencia.

         De forma alguma estava em seu habitat natural naquela noite. 

         O som ressoava perturbadoramente alto no recinto de paredes desgastadas. Não que ele não gostasse de música, apenas não compreendia como aqueles ruídos eletrônicos, que sequer eram produzidos por instrumentos de verdade, podiam ter fins musicais.

        É claro que o espaço não diminuía o desconforto de Luffy.

         Na verdade, tudo ali parecia ter sido projetado apenas para intensificar sentimentos de claustrofobia. O lugar não possuía quaisquer janelas e o ar condicionado não dava nenhuma vazão, se é que existia algum ar condicionado. O garoto de forma alguma era um aluno exemplar, mas tinha certeza que a física aplicava um conceito simples de "dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo". Aquela boate precisava ser estudada, porque o número de pessoas ali dentro parecia fisicamente impossível.

         Ainda se perguntava como tinha caído naquela cilada. Sanji e Zoro haviam alegado que era uma festa pequena de um pessoal da escola. Seus dois melhores amigos estavam animadíssimos para a ocasião.

         Animados demais. Luffy devia ter desconfiado.

         A dupla citada costumava brigar muito entre si, mas quando tinham um objetivo em comum, conseguiam juntar suas mentes para a formação de planos maléficos. Eles gostavam de aprontar em festas e seus pais sabiam disso. Porém sabiam também que Luffy costumava não se meter nesses eventos. Portanto, o pobre garoto era um passe-livre. Sanji e Zoro apenas precisavam comentar com seus responsáveis que Luffy estaria presente que eles eliminavam suas desconfianças e davam consentimento. E foi exatamente o que aconteceu.

         Naquele momento ele se encontrava sozinho. Era o que normalmente acontecia: seus amigos tentavam convencê-lo de beber algo, mas ele recusaria e diria para eles não se preocuparem e se divertirem sem ele. Após alguns minutos de insistência eles desistiriam e desapareceriam naquele mar de desconhecidos. Não sabia para onde cada um deles tinha ido, mas os conhecia o suficiente para deduzir.

         Zoro não gostava nem um pouco de dançar e também não ligava para a música, ia apenas para encher a cara. Era o tipo de bêbado que ficava mais relaxado e acabava sempre rindo com um estranho qualquer. Sanji não conseguia sobreviver sem paquerar alguma garota e, por mais que não gostassem de admitir, ele era bom nisso. Costumava ficar pela pista de dança, onde a maioria das meninas se encontrava.

         Luffy endireitou os ombros e se acomodou melhor na banqueta alta do bar. Observou o copo intocado que Sanji havia deixado para ele. Provou um gole do líquido âmbar e seu corpo estremeceu, seu rosto se contorcendo em uma careta quando o gosto amargo tomou seu paladar.

         - Blérgh! -falou, afastando o copo com a mão. Se virou, determinado a ir embora, quando algo chamou a sua atenção.

         Ele estava habituado a observar as pessoas dançarem de forma entediante, como uma massa de seres sem originalidade. Mas naquele mar de corpos dançantes, uma firgura se destacava. Ela parecia completamente imersa no que fazia, como se  tivesse se desligado das dezenas de pessoas que se movimentavam ao seu redor. Luffy apenas a enxergava, como se eles estivessem em um lugar vazio. Seus movimentos eram quase hipnóticos sobre as luzes estroboscópicas. Ele a observou por vários minutos, sem nem perceber, com olhos brilhantes e curiosos, como uma criança que assiste ao seu desenho preferido.

         Quando a música chegou ao fim, a pessoa continuou de olhos fechados por vários segundos, até abri-los subitamente, como se saindo de um transe. Luffy piscou algumas vezes e, percebendo que a encarava fixamente, desviou o olhar em um instante. Mas não rápido o suficiente para que ela não percebesse.

         Ele girou no banco, voltando-se novamente para o bar, pousando seu olhar nas gotas que escorriam pelo seu copo de vidro. Girou o canudo no maldito líquido âmbar, quando a banqueta ao seu lado foi tomada. Admirou-se quando percebeu que era a moça que havia observado na pista de dança que encontrava sentada ao seu lado.

         Luffy não costumava prestar muita atenção nesses detalhes, mas ela era de fato bonita. Sua pele era clara e seu rosto emoldurado por ondas ruivas exuberantes. As curvas de seu corpo acentuadas pelo jeans azul justo e sua regata preta. Ela curvou-se por cima do balcão, apoiando-se nos cotovelos, dando para o bar tender uma visão privilegiada do vale de seu decote.

         - Será que eu não ganho aqui uma bebida por conta da casa? -perguntou, com um sorriso extremamente sedutor. Luffy não pode deixar de pensar que bastaria aquilo para que Sanji roubasse as bebidas de todos do recinto apenas para dar para ela. Porém, o bar tender parecia mais do que acostumado com aquele tipo de situação, pois sua expressão parecia no máximo entediada.

         - Fichas para bebidas no caixa. -respondeu simplesmente, mas ela não desistiu.

         - Poxa, mas é que eu esqueci a minha carteira em casa. Se você pudesse me fazer esse favor eu ficaria imensamente...

         - Fichas para bebidas no caixa. -interrompeu-a. Ela suspirou e endireitou-se na banqueta, dando-se por vencida. Luffy empurrou seu copo para frente dela:

         - Pode ficar com a minha bebida se quiser. -disse e imediatamente ficou confuso com a sua própria atitude. Mesmo que não tivesse gostado nem um pouco da bebida, não era de seu fetio oferecer coisas para pessoas com essa facilidade, principalmente para as que ele não conhecia. Ela piscou, confusa, seus olhos castanhos alternando entre o copo e Luffy:

             -  Ah. Não, não precisa se incomodar.

         - Não é incômodo. Na verdade eu não bebo. Meu amigo que largou essa bebida aí. -ele replicou.

         - Obrigada, mas eu não devo sair aceitando bebidas assim de desconhecidos. -a ruiva explicou e ele assentiu

        - É, verdade, você tem razão. -Luffy respondeu, compreendendo. Voltou-se para frente mas ela logo interrompeu o silêncio:

         - Sabe, eu não sou oferecida assim sempre. -disse e ele não entendeu. Sua confusão devia estar explícita em seu rosto porque ela explicou. - Eu não saio mostrando meus peitos para qualquer cara com frequência. Mas é que as bebidas desses lugares são caras, entende? -na verdade ele não entendia, mas balançou a cabeça, concordando.

         - Sem problemas. Shishishi. -respondeu, soltando sua risadinha habitual. O examinou melhor.

         O garoto parecia ter mais ou menos a sua idade, seus fios de cabelo era negros e repicados. Seu sorriso era brincalhão e parecia ter algo como uma cicatriz debaixo de um dos olhos, mas estava escuro então ela não tinha certeza. Era magricelo mas parecia ser um pouco mais alto que ela. Ele trajava uma bermuda azul com uma blusa social vermelha, seus tênis eram desgastados e os cadarços estavam desatados. Nada em seu figurino fazia sentido, mas o que mais chamou a sua atenção foi o chapéu de palha que ele carregava pendurado nas costas.

         - Você é um fazendeiro ou algo do tipo? -ela perguntou, sem entender tal acessório para uma ocasião daquelas. Luffy novamente não entendeu, mas a moça não pareceu se estressar com a lerdeza dele. -Por que você veio com um chapéu de palha para uma boate?

         - Ah, você está falando disso aqui? -ele respondeu, pegando o acessório. - Foi como um presente de um conhecido. É muito importante. Uma espécie de lembrança. -explicou e a garota pareceu compreender. -Maneira a tatuagem. -acrescentou sem pensar, apontando para o braço dela. Ela passou a mão por cima da figura.

         - É uma homenagem a alguém muito importante. Uma espécie de lembrança. -acrescentou com um sorriso. Luffy riu ao perceber que ela repetiu suas palavras. Ela esticou o braço e pegou a bebida que ele oferecera minutos atrás, tomando tudo de uma vez só.

         - Pensei que não fosse uma boa aceitar bebidas de estranhos. -ele comentou quando ela colocou o copo de volta na mesa com um ruído.

         - Pode ser burrice mas resolvi confiar nesse cara que eu acabei de conhecer. Você não tem muita cara de sequestrador, no final das contas. -o olhar dela repousou no relógio pendurado na parede do bar. Praguejou mentalmente quando se deu conta que havia passado muito da hora que havia combinado com sua irmã mais velha. Ia escutar muito de Nojiko quando chegasse em casa. -Bom, -falou -eu vou indo. -Foi um prazer conversar com você...?

         - Luffy. -ele completou estendendo a mão. Ela o cumprimentou e se sentiu estranha. Percebeu que estava triste. Estava triste porque não queria parar de conversar com o sujeito que tinha acabado de descobrir o nome. Definitivamente era desconfortável para ela, não costumava se apegar a homens que ela conhecia em suas aventuras noturnas, ainda mais a homens com que ela não bateu papo por nem 10 minutos. -E você, como se chama? - Luffy perguntou, sorrindo amigavelmente. Ela hesitou.

         Naquele segundo ela percebeu o que naquele garoto havia despertado o seu interesse. Luffy a olhava dentro dos olhos. Não parecia se preocupar em secar o seu corpo feminino e nem forçara nenhum tipo de papo com ela, diferente de um cara loiro de sobrancelha estranha que a havia abordado na pista de dança. Na verdade, diferente de todos os caras que a pressionavam onde quer que ela estivesse. O sorriso dele não era malicioso e nem sugestivo, ele parecia sinceramente contente de falar com ela. A ruiva tomou uma decisão.

         - Ei. -ela disse, chamando o bar tender. Quando ele se aproximou, preparado para negar bebida novamente, ela pegou a caneta que estava no bolso de sua camisa, sem se preocupar em pedir permissão. Puxou um guardanapo e escreveu apressadamente. Levou o papel aos lábios e delicadamente deixou a marca de seu batom. Pegou a mão de Luffy, que a observava sem entender nada, e depositou o guardanapo, fechando seus dedos em seguida. -Espero que possamos nos ver novamente, Luffy. -e dando um beijo na bochecha do garoto, ela partiu antes que ele sequer pudesse reagir.

         Ele piscou, ainda observando o caminho que a ruiva fizera antes de desaparecer. Desdobrou o papel cuidadosamente:

      - "Nami". -ele leu, seu sorriso dobrando de tamanho lentamente.                      

           Luffy deu uma risadinha e concluiu que talvez a noite tivesse valido a pena. Guardando no bolso da calça o número de telefone que havia ganhado, deixou o bar, sentindo o rosto queimar como nunca antes.


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Notas finais do capítulo

Revisei a história cuidadosamente, mas caso eu tenha deixado escapar algum erro, peço que você me alerte.
Espero que tenha aproveitado a minha fanfic e também que eu te encontre nos comentários :D
Até mais ♥