Meu estômago roncou.

Eu tentei me mexer, mas todo o meu corpo estava completamente dolorido, um pequeno gemido escapou por meus lábios.

—Kotoko, pode me ouvir?

Eu abri meus olhos e pisquei várias vezes até a moça a minha frente deixar de ser apenas um borrão, ela sorriu e ajeitou o lençol que me cobria.

—Onde estou? Cadê o meu pai? –Pergunto tentando me sentar, mas a moça me parar.

—Está tudo bem-querida, você sofreu um acidente e está no hospital. – Ela disse. –Sou Anne, sua enfermeira.

Ela pisca em minha direção e eu sorrio.

—Estou com fome. – Digo. – Posso comer alguma coisa?

A enfermeira ri.

—Você acabou de acordar após três dias dormindo. –Ela diz. –Estar com fome é compreensível.

—Onde está o meu pai? – Pergunto. –Quero ver o meu pai.

—Sua família toda está na recepção, inclusive seu namorado bonitinho. –Ela comenta com um sorriso. –Tudo parece estar bem por aqui, então vou avisar seu médico, pegar alguma comida e chamar o seu pai.

Ela saiu deixando-me com meus pensamentos confusos “Namorado bonitinho”? De quem ela estava falando? Claro! Kin- Chan deveria ter feito um escândalo por todo o hospital e espalhado que era meu namorado, ri apenas imaginando a cena.

—Kotoko, minha filha, você está bem? –Papai adentrou o quarto apressado e com os olhos vermelhos.

Ele se ajoelhou ao lado da cama e começou a chorar novamente.

—Eu achei que nunca mais iria te ver sorrir. –Ele fungou. –Fiquei tão assustado.

—Pai. –Disse. – Está tudo bem, eu estou bem.

—Kotoko. –Ele se levantou e me abraçou fortemente.

—Aí Pai. –Reclamei quando meu corpo doeu, ele me soltou imediatamente.

—Eu te machuquei filha? Você está bem? Onde está doendo?

Eu ri com sua preocupação em exagero. Nesse momento vozes altas se fizeram presentes no corredor.

—Senhor, você não pode entrar aqui. – A voz da enfermeira de antes disse.

—Moça, somos a família dela, podemos entrar sim. – A voz familiar da senhora Irie soou alto.

—Vocês não tem permissão.

E a porta se abriu. Meus olhos imediatamente grudaram nos olhos do garoto estranho. Seu cabelo era preto, sua pele clara e seus olhos escuros carregados com um sentimento que não pude reconhecer. Meu peito imediatamente doeu, olhar para aquele rapaz fazia eu me sentir mole, parte de mim imediatamente sorriu com o garoto bonito, mas o susto de vê-lo preocupado fez eu sentir múltiplas coisas diferentes ao mesmo tempo.

—Kotoko. –Ele disse enquanto se aproximava da cama.

Quanto mais seus passos se aproximavam, mas eu queria recuar. Meu corpo estava tendo uma resposta imediata ao estranho garoto. Meu coração estava completamente acelerado em meu peito, quem era ele?

O garoto tomou minhas mãos nas deles e continuou a me encarar, ele esticou sua mão para acariciar meu rosto e imediatamente me afastei.

—Pai! –Eu disse como forma de socorro.

—Kotoko, você está bem? – O estranho perguntou.

Eu assenti quase parando, meus olhos se encheram de lágrimas, naquele momento eu queria ficar longe dele, não podia suportar sua preocupação por mim. O garoto se aproximou novamente e eu me encolhi, ele deteve sua mão no ar, todavia continuo e tentou pegar minhas mãos novamente, eu não deixei, encolhi ainda mais meu corpo e me afastei o quanto podia.

—Não encosta em mim por favor. –Pedi. –Pai, quem é ele?

Senti como se todos no quarto parassem de respirar e eu pudesse até somente as batidas de meu coração.

—Kotoko, sobre o que você está falando? – O garoto se pronunciou.

A dona Irie se aproximou de minha cama com um sorriso nervoso e aliviado.

—Querida, é o Naoki, você não está o reconhecendo? – Ela perguntou.

—Eu não conheço nenhum Naoki. –Disse.  

O tal de Kaoki agarrou-me pelos braços.

—Pare de brincar Kotoko.

—Me solta! – Eu disse quase chorando. –Pai! Por favor, eu não sei quem você é.

—Naoki, você está a assustando. – A dona Irie disse.

O garoto me soltou parecendo perplexo.