De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 9
Capítulo 8 "A verdadeira Vilã"


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEY SEUS LINDOS!
Eu voltei, eu voltei, lero-lero-lero. Estou feliz porque nos dias de chuva eu escrevo muito mais, e esse capítulo ficou bem grande, iria ficar ainda maior, mas eu decidir deixar algumas coisas para o próximo capítulo.
Espero que consigam ficar com tanta raiva quanto eu senti escrevendo esse capítulo :)
Espero que gostem!



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Era segunda-feira e por mais incrível que possa parecer, eu já estava de pé quando Vivi bateu na porta da minha casa, a mesma fez uma expressão tão hilária quando a atendi que eu teria gargalhado se não estivesse tão nervosa por aquilo.

Eu não tinha conseguido dormir direito, e nem se quer sabia o motivo.

—Talvez você não tenha conseguido dormir por causa da reunião. –foi o palpite da Vivi, a reunião de pais e mestres no colégio seria no dia seguinte, mas eu não estava nem aí para aquilo.

—Por que eu abriria mão do meu precioso soninho se eu já sei tudo o que vai acontecer nessa reunião? Basicamente os professores vão reclamar da minha falta de participação, iram pedir para minha mãe me convencer a entrar em alguma dessas atividades extracurriculares ridículas do colégio, eu vou dizer que não, eu e minha mãe vamos brigar...

—Os professores também podem contar sobres suas brigas no colégio.

—Isso é estranho... –eu disse, pensando em que já fazia muito tempo que eu não brigava na escola.

—O que foi?

—Eu costumo arrumar confusões na escola de duas em duas semanas, e desde que a Janu e o Duda terminaram eu e ela não discutimos mais.

—Você não vai gostar da minha opinião, mas eu acho que essa “guerra” toda entre você e a Janu eram justamente por causa do Duda.

—Vamos logo para o colégio Cinderela. –eu disse, simplesmente bloqueando a ideia da Vivi de tão absurda que era. O que é que ela estava tentando insinuar?

Ela saiu pela porta e eu fui em seguida. Mas assim que pisamos os pés na calçada para caminhar até a escola, ela disse:

—Eu e o Janjão vamos sair.

Sem controles, soltei uma risada.

—Qual o problema? –ela perguntou, parando de andar e virando-se para me encarar, como se tivesse achado um absurdo a minha falta de respeito com sua informação.

—Nada. –respondi dando de ombros e voltei a andar.

—Solta logo o que tem por dentro, Beatriz.

—Vivi, você conhece esse tipo, conhece bem esse teatro, já viu essa peça diversas vezes, decorou os atores e sabe bem as más intenções do protagonista. Então por que diabos você ainda acredita?

—Você diz isso porque não sabe o quanto ele foi fofo quando contei para ele que meus pais se separaram.

—Não foi por causa disso que ele foi fofo.

—Qual outro motivo seria?

—Sexo. –respondi de uma vez. Ela revirou os olhos, se irritando.

—Não vou mais falar com você sobre essas coisas.

—Acho que você deveria chamar o Samuca pra sair, ele é um cara legal. –eu disse.

—Quando você chamar o Duda, talvez.

—A diferença é que eu não gosto do Duda, e o Duda não tem o menor interesse em mim.

—Eu também não gosto de nerd´s.

—Errado! Você não tem o costume de gostar de nerd’s, por isso está estranhando todo esse interesse que tem pelo Muquinha. –ela odiava que eu a conhecesse tanto.  

—Muquinha? Desde quando vocês dois tem tanta intimidade?

—Viu. Já está com ciúmes. –ela rolou os olhos novamente e eu ri, seguimos para a escola conversando.

(...)

Cheguei na sala de aula ainda acompanhada por Vivi, mas andei direto para minha carteira no final da classe, sem ao menos dar uma olhadinha em volta, mas quando olhei percebi que Janjão - ao lado de Duda- cumprimentava a Vivi, que respondeu um simples ‘oi’ e andou em minha direção, sentando-se ao meu lado, o que eu estranhei já que ela gostava mesmo era de se sentar na frente.

O professor de inglês espantou meus pensamentos, dizendo que iriamos trabalhar em grupos na aula de hoje, automaticamente alguns alunos olharam para outros, já sabendo seu grupo, mas então o professor anunciou que quem escolheria os grupos dessa vez seria ele. Todos reclamaram, mas o professor nem ligou, apenas pegou a chamada e selecionou os nomes.

Eu. Cris. Rafa. E Janu, claro!

Respirei fundo e andei até eles, que se reuniam meio sem jeito, já que ninguém ali era muito amigo.

—Oi Rafa, como vai o Samuca? –eu perguntei assim que percebi que a Vivi andava ali por perto, indo em direção ao grupo dela, que incluía o Janjão e o Duda.

Ela olhou diretamente para Rafa, esperando sua resposta.

—Bem. Ele inclusive está na aula hoje. Ele é da 3002! –ele respondeu. Samuca era alguns meses mais velho, por isso enquanto nós estávamos no segundo ano, ele já estava no terceiro.

—3002. –eu repeti e virei o olhar para Vivi, que continuava ouvindo, mas em seguida foi até Janjão e Duda.

—Melhor vocês três prestarem bastante atenção no professor, porque eu não quero acabar fazendo tudo sozinha! –Janu deixou claro, nos tratando como se fôssemos as três pessoas mais preguiçosas da turma, e se virou novamente para o professor, que já explicava o trabalho.

—Pode deixar. –Rafa falou, virando-se para o professor também.

—Não é nada pessoal, é só que alguns estão mais preocupados em roubar namorados, por exemplo, do que fazerem trabalhos estudantis, o que é uma pena! –Janu disse para Rafa, sem se quer olhar para trás.

—Se isso era pra ser algum tipo de indireta, você se esqueceu do fato em que eu estou nem aí para o seu namorado, quer dizer, ex-namorado.

—Não é o que parece, Beatriz.

—O que está querendo insinuar? –perguntei calmamente.

—Porque você faz muito bem o tipinho que diz que não gosta, mas está sempre lá por perto, querendo atenção. –eu ri, começando a achar o ciúmes dela muito engraçado. 

—E você faz o exato tipinho de quem termina, magoa, diz que a fila já andou, mas continua lá, enchendo o saco do coitado do Duda!

—Ei, as duas mocinhas podem parar de conversar e prestarem atenção? –o professor perguntou, olhando para nós duas.

—Apenas saiba que logo voltaremos, como sempre acontece. Eu tenho pena de você, que ainda acha que tem chances. –ela deu um sorriso irônico. 

—Você tem muitas chances mesmo... De apanhar hoje! –eu disse, e sem controles, fui para cima da garota, já puxando seu cabelo, ela revidou.

—Ei, vocês duas! Parem! –ouvi o professor gritar, e antes de qualquer coisa senti Rafa, Duda e Vivi entrarem no meio de nós, impedindo que a briga continuasse.

—O que foi que deu em vocês duas? –Duda perguntou, mas ele olhava para Janu.

Nesse mesmo momento, a diretora da escola entrou na classe, percebendo a gritaria e a bagunça.

—O que está acontecendo aqui? –ela gritou, fazendo com que todos ficassem rapidamente em silêncio.

—Beatriz e Janu começaram uma briga! –o professor contou.

—Posso saber por que isso aconteceu?

—A Beatriz começou, é claro. –o professor disse, e eu franzi as sobrancelhas.

—Ela disse que...

—Beatriz, se retire da sala. –a diretora ordenou.

—Mas eu...

—AGORA! Essa já deve ser a vigésima briga em que você se mete nesse ano, eu não quero mais você nessa escola! Amanhã na reunião seus pais também ficarão sabendo disso. Você está oficialmente expulsa!

Por algum motivo em fiquei olhando para a cara dela por alguns poucos segundos, Janu estava apenas tentando organizar seu cabelo, agora bagunçado. Peguei minha mochila e andei em direção a porta.

—Ao menos eu quebrei meu jejum. –falei, assim que passei por Vivi, e depois saí da sala.

Eu nunca mais iria pisar naquela escola, e não apenas porque a diretora me expulsou publicamente, como também porque, ao passar pelo corredor, a caminho da saída, eu percebi o quanto aquilo tinha sido injusto. Ela nem se quer ouviu meu lado, eles sempre ficam do lado da líder de torcida arrumadinha que ama todo mundo, com um namorado mauricinho.

Comecei a descer as escadas correndo, a caminho do portão principal para sair daquele inferno. Ouvi passos me seguindo, e então virei-me para trás, lá estava o Duda, correndo atrás de mim. Parei na metade da escada.

—O que foi que você disse para ela? –eu perguntei, imaginando que alguém deveria ter dito que eu e Duda estávamos ficando ou alguma coisa do tipo.

—Nada. Eu não disse nada, ela deve estar imaginando coisas.

—Ela é uma idiota!

—Bia... –ele desceu as escadas, indo até mim. –Eu sinto muito, vou conversar com a diretora, eu sei que tudo isso vai se acertar.  

—Sabe o que eu tenho mais raiva? Que não tenha acontecido absolutamente nada com ela, as pessoas olham para uma pessoa como ela, e depois olham para uma pessoa como eu, e automaticamente ficam do lado da “mocinha”.

—Isso não é verdade. –ele disse.

—Ninguém é tão santinha assim.

—Eu sei. –ele colocou suas mãos em meu ombro, tentando me acalmar, mas eu estava muito irritada.

—Ela também tem algum tipo de obsessão séria por você!

—É uma pena, as atitudes dela me fazem esquecê-la cada vez mais rápido. 

—Eu espero nunca ter que precisar tanto de alguém, a ponto disso...

—Ela não precisa de mim.

—Alguém conta isso pra ela, por favor! –pedi enquanto ele ainda segurava meus ombros, forçando-me a olhar pra ele.

Ele ficou em silêncio e me olhou nos olhos, soltando um risinho do nada. Por algum motivo, de repente, eu não estava mais com tanta raiva.

—O que foi? –perguntei.

—Você fica bonita quando está nervosa. –ele disse e eu o olhei, tentando entender porque ele estava falando aquilo, mas ele apenas continuou com aquele sorrisinho fofo. 

—Certo, Duda. Eu já vou. –decidi, e me virei para continuar a descer as escadas.

—Bia, eu não te vejo como vilã... Não é como se as pessoas olhassem para você e para ela, e escolhessem a ela.

Me virei novamente para olhá-lo. 

—É sim, você não viu? O diretor nem se importou com a minha versão da história, ele apenas pensou “Janu a líder de torcida legal”, “Bia, aquela insensível que não conversa com ninguém, a verdadeira vilã". -eu disse, transbordando raiva de todo aquele colégio hipócrita, e me aproximando novamente dele para continuar falando. -Não é que eu não converse com ninguém, é só que eu sei o quanto doí uma partida, por isso tenho tanto medo das chegadas...

E ele me beijou. Assim, do nada. No meio das minhas palavras, interrompendo-me ao colar seus lábios nos meus. Ao ser pegada de surpresa, fiquei sem qualquer reação, mas em seguida senti um calor extremo tomar conta do meu corpo, e sem poder evitar, cedi ao beijo.

Podia parecer só eu e Duda nos beijamos no meio da escada, mas era uma mistura de sensações que eu nunca tinha sentido antes. E o pior é que era bom.

Nos afastamos, e eu abri os olhos e olhei para ele. Mas para minha surpresa, ele não olhava para mim, seus olhos estavam no topo da escada, e ao me virar pra lá, vi Janu com os olhos arregalados e rapidamente entendi o motivo do beijo. Ele sabia dela e queria provocar ciúmes!

Ao mesmo tempo em que ela saiu correndo de volta á sala, eu soltei o tapa mais forte que consegui no rosto do Duda.

—Você é um cretino, o maior deles!

Me virei e dessa vez corri tão rápido que tinha certeza que nada me pararia.

—Não, Bia... Eu não a vi.

—Vai se foder, Eduardo. –gritei, sem parar de correr.


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Notas finais do capítulo

Bem que a Bia avisou que os dias ensolarados seriam longos, mas quem é que iria imaginar o primeiro beijo dos dois tão... confuso??
Comentem aí, expressem o que sentem!
Beijões! :*



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