De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 34
Capítulo 33 "Como se nada tivesse mudado"


Notas iniciais do capítulo

OITENTA E QUATRO ANOS DEPOIS... (desculpa mesmo gente, não tenho culpa se bloqueios me possuíram)
Enfim, vocês já esperaram demais. Espero que gostem!



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Narrado por Beatriz

Aquilo só poderia ser algum tipo de pegadinha. Olhei em volta para ter certeza que ninguém estava filmando, era o tipo de coisa que poderia render milhões de visualizações no YouTube! Dei um passo para frente e olhei novamente para o corredor onde estavam Duda e uma sirigaita qualquer. Voltei uns passos, novamente de frente para meu armário.

—Tudo bem aí? -Samuca perguntou, passando por ali juntamente com Rafa e Binho. Mas o puxei, deixando seus outros amigos irem na frente.

—Olha ali! -acenei com a cabeça para meu lado direito, no corredor onde Duda estava.

Samuca foi até lá, bisbilhotou, e olhou para mim novamente. Logo em seguida foi como se uma lâmpada tivesse aparecido em cima de sua cabeça, e ele olhou novamente para o corredor, e voltou até mim em passos longos.

—Parece que ele vai matar a garota. Os dois estão se engolindo!

—Ele? -perguntei apenas para ter certeza que se tratava mesmo de Duda, meu cérebro reconheceria suas costas e cabelo em qualquer lugar, mas meu coração se negava a acreditar. 

—Ah, sim, é o Duda! Sinto muito, mas você já esperava que ele fizesse isso, certo? Pra te provocar ciúmes! 

—Não é pra me provocar ciúmes, ele nem sabe que estou por perto! -afirmei. Tinha certeza que se ele já estava beijando outra, como se nossa noite juntos não tivesse significado nada, era por livre e espontânea vontade. O que me magoava ainda mais.

No mesmo momento ele apareceu, simplesmente andando reto no corredor como se não tivesse nada o incomodando. Tudo havia voltado ao normal, como antes, quando simplesmente ignorávamos a existência um do outro.

Ele parou perto de meia dúzia de líderes de torcida e começou a conversar com elas, paquerando todas ao mesmo tempo.

Comecei a andar em direção a sala de aula, Samuca me seguiu.

—Espera! Não era pra você estar com seu uniforme de líder de torcida também? -ele disse confuso, e me fitando dos pés a cabeça, percebendo que eu estava quase toda de preto, com exceção do jeans que todos os alunos, a não ser os atletas e líderes de torcida, eram obrigados a usar.

—Se tudo voltou ao normal, também voltei. E você? Não era pra estar em casa, fazendo suas malas?

—Ainda não. Provas finais. Não acredito que daqui alguns dias estarei formado em Los Angeles. -ele diz, parecendo um pouco melancólico. 

—Quer trocar de lugar comigo? 

Antes que Samuca pudesse responder, o sinal bateu. Anunciando duas aulas seguidas de física, aulas em que eu teria que suportar o Duda dando em cima de outras garotas. Respirei fundo novamente.

—Vai ser um longo dia. -disse a Samuca enquanto ele se virou para ir a sua sala, e eu comecei a andar em direção a minha.

—Boa sorte! -ele gritou antes de começar a correr. 

(…)

—Crianças, temos algumas novidades pra vocês nesse fim de ano. -comunicou o professor de física parecendo animado, quando faltavam apenas dois minutos para o intervalo. -Na minha mesa estão vários panfletos de faculdades que vocês podem pegar no fim da aula, vai ocorrer também uma palestra de profissões, eu recomendo muito pra quem não faz a menor ideia do que quer fazer depois da escola.

Os alunos começam a comentar, interessados. Eu com certeza me encaixo neste meio, sei que não vou conseguir viver tocando guitarra, e é a única coisa que sei fazer. 

—A palestra será no próximo fim de semana em um prédio no Centro da cidade. O endereço está atrás dos folhetos. -o professor continuou, e os alunos começaram a arrumar seus materiais e irem até a mesa dele para pegar os panfletos. Dei uma boa olhada na mesa cheia de panfletos antes de sair da sala, haviam pequenos livrinhos de advocacia e medicina, mas nada daquilo me interessava. Passei pela porta. 

—Ei! -A voz de Duda faz com que eu pare de andar imediatamente, me virei em sua direção torcendo para que ele estivesse mesmo me chamando, e não a outra pessoa. Mas por incrível que pareça, nossos olhares se encontram e ele vem em minha direção. 

A princípio não diz nada, apenas rasga um pedaço do panfleto de medicina que pegou na mesa do professor, me entrega, e passa por mim rapidamente logo em seguida. 

Encarei minha mão com o papel. Era apenas o endereço de onde aconteceria a palestra de profissões. Por alguns segundos, não entendi nada, mas aí me lembrei. No dia em que ele havia me mostrado seu lugar secreto no telhado pela primeira vez, havíamos combinado sobre como nos encontraríamos quando mais velhos, tomaríamos algo juntos em um bar e falaríamos sobre nossas vidas perfeitas. Apesar de tudo, ele ainda acreditava naquilo, ainda acha que eu tenho chance de ter uma vida perfeita. Sorri involuntariamente. Ele ainda se importava! 

Narrado por Viviane

Assim que cheguei na casa de Samuca na segunda feira a tarde, avistei Rafa e Binho no sofá conversando em tom baixo, coisa que raramente acontecia entre os dois. Assim que me viram, apontaram com os olhos para o quarto do Samuca, onde ouvi a voz dele conversando animado na Web Cam com alguém, coisa que também raramente acontecia.

Cheguei perto o suficiente para ouvir a conversa, ele falava com um garoto da sua nova banda chamado Ian. Como a maioria dos integrantes, ele também era brasileiro e tinha ido a Los Angeles na esperança de conseguir algo lá, já que é basicamente a cidade dos famosos.

—Mas não se preocupe, vou esperar por você no aeroporto e daí você vem conhecer o resto dos meninos e também a Sarah, eles já sabem tudo sobre você, acho que vão se dar bem.

—Posso interromper? -perguntei assim que percebi que Rafa e Binho estavam me olhando com pena, como se soubessem como eu estava me sentindo com a partida de Samuca, e apesar de estar feliz por ele, não era um bom sentimento.

—Claro, amor. -ele respondeu surpreso ao me ver, mas ainda com um sorriso no rosto. -Venha conhecer o Ian, ele é o vocalista e líder da banda.

—Oi Ian, como vai? -digo me sentando ao lado de Samuca.

—Tudo ótimo, Cinderela. Bem que você disse que ela era bonita Samuca. -o garoto do outro lado da tela tem uma típica beleza americana, apesar de ser brasileiro, tem olhos azuis, cabelo loiro quase totalmente coberto pelo boné, e aparece ter mesmo jeito para líder.

Encarei Samuca, me perguntando como Ian já sabia tanto sobre mim.

—Eu disse. -ele ainda está sorrindo, até ver que eu estou o encarando confuso. -Eu contei um pouco sobre você quando estávamos separados. -ele respondeu como se fosse algo comum, como se ele e Ian já fosse melhores amigos e conversassem sobre tudo, e pelo visto é quase isto.

—Bom, galera, Will acabou de chegar com comida, nos falamos mais tarde! -Ian avisou, se despedindo e logo mais desligando a Web Cam.

—Ele parece ser fascinante! -eu digo, sem muita certeza.

—E ele é! Todos são! Will o baixista tem uma filhinha de cinco meses, e Noah adora jogar Playstation online com Rafa e Binho. De alguma maneira, acho que dessa vez vai dar mesmo tudo certo. -Samuca diz animado, dou uma olhada ao redor de seu quarto, a mala está aberta no chão, e está tudo bagunçado. 

—Isso é ótimo, os meninos são ótimos! -apenas afirmei, tentando me livrar da parte de mim que dizia que nada daquilo era ótimo. Mas Samuca era bom em perceber falsas emoções.

—Sabe que não precisa se sentir deslocada né? Eu ainda largaria tudo isso por você, abriria mão de qualquer coisa por você, Cinderela. -olhei em seus olhos, buscando ver se era mesmo verdade, e assim que o vejo sei que é, sei que ele é capaz, mas isso não me dá o direito de pedir pra ele ficar. -Você é a única certeza da minha vida, a única coisa que eu faço questão de ter para sempre, entendeu?

Afirmei positivamente com a cabeça, com medo de começar a chorar a qualquer segundo, como vou ficar sem ele? Samuca aproximou o rosto do meu, me beijando. Retribuo, mas sinto a lágrima descer no meio do beijo.

—Com licença. -a tosse falsa faz com que a gente pare de se beijar, a mãe de Samuca está parada na porta com sacolas de compras em suas mãos. -Eu trouxe algumas coisas pra sua viagem, meu filho. Só as básicas, um moletom e algumas camisetas descoladas.

—Onde arranjou dinheiro para isso? -Samuca perguntou confuso, se levantando da cama ao mesmo tempo. 

—Não se preocupe, pode me pagar de volta quando for famoso. -sua mãe respondeu, o entregou a Samuca e saiu do quarto, fazendo com que eu e Samuca nos encarássemos, ainda sem a menor ideia do que aquela mulher estava querendo com tudo aquilo. 

(…)

 

Narrado por Eduardo

—Eu sei que não é da minha conta, mas o que foi que aconteceu entre você e a Bia, em? -Janu se aproximou no intervalo dos treinos de futebol e torcida.

—Tem razão, não é da sua conta! -respondi, com raiva por ela tocar no assunto que eu só queria esquecer. Mas ela era a verdadeira culpada, afinal, se não fosse por ela, eu e Bia nunca teríamos acontecido, o que teria sido bem melhor pra todo mundo.

—Tudo que eu sei é que em um dia vocês dois pareciam realmente apaixonados um pelo outro, fala sério, você até me trocou por ela! E no outro dia, você dá em cima de todas as garotas da escola, e Beatriz volta a usar preto. -Janu se sentou ao meu lado enquanto começava o discurso. Apenas a olhei com desgosto, sem nem um pouco de vontade de conversar sobre aquilo com ela, mas ela nem parecia se dar conta, pois continuou tagarelando: -Duda, eu te conheço, não faça essa cara pra mim, a gente ficou junto por anos, lembra?! Você ama aquela garota por motivos que eu simplesmente não entendo, mas você a ama, não pode mentir sobre isso pra mim.

—Mas ela não me ama. -encarei o chão, Janu tinha razão, mas ela não sabia nem metade da história. 

—Você é um idiota se acha que isso é verdade. -Janu afirmou, e se levantou logo em seguida. Me lançou um último olhar, e se juntou novamente as outras líderes.

Desejei que existisse algum manual de como esquecer uma pessoa.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAH!
Comentem pra eu ler, okay?
Beijões!



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