De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 21
Capítulo 20 "Quero você!"


Notas iniciais do capítulo

Galera, fiquei sem internet (justo nas férias, poxa!!) então foi impossível eu postar, mas escrevi bastante, espero que gostem!



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—BEATRIZ! -o berro é tão alto que me desperta do sono imediatamente. Procuro rapidamente pelo meu celular, ainda assustada com o grito. Espera aí, são sete e meia da manhã! E é sábado!

—Filha, pode vir até aqui, por favor? -minha mãe continua gritando, mas eu a ignoro e coloco o travesseiro sobre meu rosto. -Um garoto ligou… -ela continua com todo o escândalo, mas dessa vez não me importo, penso no Duda no mesmo instante.

Me levantei como um furacão, e logo já estou no quarto dela.

—Que garoto? -perguntei parada na porta, mas assim que analiso bem o quarto percebo que tem bolinhas de papéis espalhadas por todo o lugar. -Que raios…

—Estou tentando escrever meu discurso. -ela me interrompeu, adivinhando a pergunta que eu faria.

—Pelo visto, só tentando mesmo. -ironizei, mas minha mãe apenas me ignorou, voltando a escrever no papel. -Quem ligou? -volto no assunto da ligação.

—Eu não sei o nome dele, Samuel, algo assim… -ela respondeu, me desanimando. Não pelo fato de ser o Samuca, mas sim porque eu sei que preciso me livrar do sono que me consome e ir até sua casa conversar com ele sobre a Vivi.

—Caramba, por que esses garotos acordam tão cedo? -pensei alto, me virando para voltar de volta ao meu quarto.

Para lidar com os problemas da comunidade frente á frente e controlar a inflação.—minha mãe respondeu, me fazendo olhá-la novamente para perceber que ela só estava lendo o discurso que está tentando escrever no papel.

Em vez de ir até o quarto, vou para o chuveiro.

(...)

—Por favor, me diga que não está mesmo sentado no sofá com seu violão cantarolando uma música triste da Coldplay?! -eu disse, assim que entrei sem ao menos bater na casa de Samuca. O encontrando exatamente daquele jeito: no sofá, violão nas mãos, The Scientist é a música que ecoa pelo lugar.

—Você perdeu a apresentação de Fix You, quer que eu repita? -ele me olhou por alguns instantes e em seguida voltou para o violão.

—Vocês dois são tão patéticos, Vivi assistiu o último episódio de Friends vinte vezes ontem a noite. Vinte vezes! -enfatizei o número. -E você fica chorando como um bebezão.

—Não estou chorando. -ele reclamou.

—Ainda não... Mas quer que eu pegue alguns lencinhos de papel? -perguntei, enquanto me sentava ao seu lado.

—O quer você espera que eu faça?

—Vá atrás dela. Poxa, são oito da manhã de um sábado e você está tocando Coldplay. -ele respira fundo, como se apenas esperasse que eu continuasse, então continuo:

—A mãe da Vivi era líder de torcida na escola, mas ela engravidou antes de completar o ensino médio, e sempre diz a Vivi sobre como aquela foi a melhor época da sua vida. Ela cresceu ouvindo sobre como tudo era perfeito antes dela nascer, como se ela estivesse estragado tudo. E agora o pai da garota simplesmente desaparece, não deixou um simples cartão antes de se mandar. -Samuca esta me ouvindo, mas ele olha para o chão.

—Ela não está com medo de você acabar com a popularidade dela, ela está com medo de você a magoar. Dela deixar você entrar na vida dela e você for embora depois. E eu sei disso porque também costumava ser profissional nisso de afastar as pessoas.

—Eu nunca a magoaria. -ele afirmou, como se fosse a hipótese mais impossível da face da terra, e eu adoro o tom de certeza em que ele diz isso.

—É bom mesmo. -me levantei, e levei os olhos para o relógio. Hoje seria um dia cheio, mas eu precisava explicar para o Samuca o verdadeiro motivo de Vivi estar tão confusa. -Preciso ir, mas ela vai estar no colégio hoje, para os discursos dos candidatos a prefeito. Aliás, vote na minha mãe. -digo, quase achando engraçado dizer aquilo, enquanto me dirigia até a porta.

—Ei. -Samuca chamou, me fazendo olha-lo novamente. -Esse Duda… realmente fez milagres! -ele disse, me fazendo sorrir e em seguida sair pela porta.

(…)

Entrei na quadra da escola, onde aconteceria os discursos dos prefeitos e também a votação dali a alguns dias, e entendi imediatamente porque minha mãe estava matando tantas árvores hoje de manhã. Era realmente uma coisa grande. Havia várias pessoas no local, alguns jornalistas, e avistei José Almeida Campos dando uma entrevista, ele me olhou discretamente, me dando um certo arrepio. Aquele homem era realmente assustador!

Continuo examinando o lugar, dessa vez a procura de Duda, Vivi ou até mesmo minha mãe, mas não encontro nenhum deles. Onde todo mundo está? Não era pra já estarem todos ali?

—Procurando alguma coisa? -ouvi a voz atrás de mim e virei no mesmo instante. Se trata novamente do pai do Duda, que agora está bem na minha frente, ao em vez de na frente das câmeras.

—Mais ou menos. -respondi seca e logo voltando meu olhar para a multidão.

—Procurando sua mãe, não é? -ele adivinhou, me fazendo olhá-lo mais uma vez. -Eu não a vi, mas, sinceramente, me pouparia bastante trabalho se ela desistisse agora. Quer dizer, se a mulher não pode controlar a própria filha e chegar cedo em eventos assim, como vai controlar a cidade? -ele perguntou, dizendo todas aquelas coisas cruéis com um sorriso no rosto.

—Bom, vamos ver se o resto da cidade concorda com você. -falei, agora era eu quem estava sorrindo. Me virei, afastando-me dele, quando senti outra mão sobre mim:

—Bia… -era minha mãe, finalmente. -Eu me atrasei um pouco, ele estava conversando com você? O que queria?

—Que você desistisse, claro. Mas pela primeira vez estou feliz que tenha decidido se candidatar, ele é meio… mal. -respondi, me achando um pouco idiota por dizer aquelas coisas, porque nunca acreditei que a vida fosse como um conto de fadas, com vilões e mocinhos. A verdade é que eu acredito naquela velha história que há um diabinho e um anjinho sentados em nossos ombros, e é escolha nossa decidir qual utilizar. Algumas pessoas apenas escolhem errado.

—Você não viu nada. -minha mãe retrucou, o olhando, como se soubesse de muito mais.

—Como assim? -perguntei, estava farta de todos aqueles segredos dela.

Os candidatos podem, por favor, se aproximar? Vamos começar os discursos!—alguém anunciou no centro da quadra, fazendo com que minha mãe respirasse fundo, arrumasse o terninho que estava usando, me desse um beijo no rosto e caminhasse até lá, sem ao menos me responder.

Eram apenas ela e José Almeida Campos lá na frente, o primeiro a discursar seria o pai do Duda, e ele já estava se posicionando, quando senti uma mão sobre mim, e de repente, eu estava correndo.

Duda estava me puxando para algum lugar!

—O que está fazendo, Eduardo? -perguntei, enquanto corríamos para fora da escola.

Quando chegamos ao portão, ele parou e me olhou:

—Você me sequestrou do treino ontem, estava pensando em te retribuir.

—Nós temos que parar de fugir dessas coisas! -afirmei, mas eu ainda estou rindo por causa da nossa corrida.

—Você tem razão, quer voltar pra lá? -fiz que não freneticamente com a cabeça. Apesar de estar curiosa sobre os discursos, lá não estava muito agradável.

—Imaginei... E eu senti sua falta. -ele disse, enquanto puxava uma mecha de cabelo para atrás da minha orelha. 

Eu não tinha a menor ideia em como aquilo tinha chegado á aquele nível, mas eu também estava mesmo com uma imensa saudade dele, e daquele beijo. 

—Vão pra um hotel. -alguém diz, fazendo que finalmente nos separássemos. Percebo que se trata de Samuca na tentativa de passar pela porta que bloqueávamos.

—Ei. -assim que o vejo me lembro da Cinderela, eu não a vi em lugar nenhum. E se ela tivesse decidido não vir?

—Desculpa. -Duda diz a ele, sorrindo e dando passagem.

—Não vão ver os discursos dos próprios pais? Como vocês podem ser ainda mais rebeldes juntos? -Samuca perguntou, me fazendo dar de ombros, sem uma resposta. -Ela está por aqui? -ele me olhou, e sei que esta falando de Vivi.

—Eu não a vi ainda. Mas sei que ela vem.

—Quem vai vir? -Vivi finalmente chega ao lugar, ela e Samuca trocam breves olhares.

—Que tal se formos para o telhado? -Duda deu a ideia rapidamente.

—Por que? -perguntei a Duda, só depois me tocando que ele queria deixar os dois a sós. Ele faz um olhar óbvio. -Ah, vamos, claro! -respondi a ele, mas antes de ir lancei um olhar de "vai fundo" para Samuca. 

Viviane

Samuca estava parado, olhando pra mim, como se esperasse que eu dissesse a primeira palavra, mas eu não sabia oque dizer. 

—Oi. -é a única coisa que sai da minha boca. 

—Eu fui um idiota, não queria ter dito todas aquelas coisas. -ele disse, enquanto se aproximava de mim. Ele está mesmo se desculpando? Solto um sorriso imediatamente, ele não me fez nada. 

—Por que está rindo? -ele perguntou, confuso. 

—Porque a idiota foi eu, Samuca. Mas mesmo assim, você é tão legal comigo que está aqui pedindo desculpas por algo que não fez. -respondi, sendo sincera. 

Ele respirou fundo, antes de dizer:

—Eu devia saber que não está nos melhores dias para lidar com a gente ainda. Com o seu pai e as pessoas se afastando, eu entendo que está com medo…

—Não se trata só disso, eu hesitei quando as fotos se espalharam pela escola, eu fiquei confusa… eu não devia ter ficado. -agora foi eu quem me aproximei dele. 

—Tudo bem, eu também teria ficado na sua situação. -ele disse, enquanto me olhava, mas não é verdade. 

—Não, você não teria, porque você é o Samuca. Você tem todo esse jeitinho doce, conversa com todo mundo como se fossem melhores amigos de infância, e está sempre tentando se sentir em casa e fazer com que as pessoas se sintam também. Você é incrível! -exclamei, finalmente dizendo o que penso dele. Mas ele apenas me fitou, com um olhar decepcionado. 

—Eu não ligo se você hesitou quando pensou em nós dois juntos, eu não ligo se você disse não antes. Eu quero saber sobre o agora, o que você quer agora? -ele questiona, me fazendo olhar para o chão. Por que estou com tanto medo de deixa-lo ficar? Agora sou definitivamente uma Bia?! Levantei a cabeça, criando coragem para o olhar de novo, e então eu sei exatamente o que eu quero. 

—Eu costumo ser muito indecisa. -eu falei, mas ele continuou me olhando, em busca de uma resposta concreta que realmente o respondesse. -Mas tenho certeza que quero você. -eu afirmei, quase em um sussurro. 

—Ótimo, porque eu também quero você! -ele disse, alterando a voz, se aproximando ainda mais, ele olha para minha mão, e logo em seguida entrelaça nossos dedos. 

—Ótimo! -continuamos nos olhando, pensei no quanto eu riria daquilo quando chegasse em casa. Levanto um pouco os pés, agora estamos definitivamente com os rostos colados. 

—Ótimo! -ele diz, com um sorriso largo. Sorrindo tanto quanto eu, enquanto se aproximava mais um pouco. E é tudo o que precisa para nos beijarmos, e é esse o momento que tenho certeza que estou apaixonada.

E dessa vez não me importo se o mundo inteiro saber disso.


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Notas finais do capítulo

FINALMENTE VIMUCA, MEUS QUERIDOS E QUERIDAS!
Mas calminha que muita coisa ainda esta por vir, garanto grandes emoções.
Não se esqueçam de me contarem se gostaram ou não.
Beijõõões! :*