De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 19
Capítulo 18 "Eu gosto de você!"


Notas iniciais do capítulo

Galera, demorei porque essa semana foi um pouco corrida, mas já me estabilizei, e preparei o capitulo muito bem. Espero que gostem!



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Narrado por Bia

—Ensaio das líderes de torcida, hoje depois da aula! -Janu passou gritando, para que todos pudessem escutar, mesmo sabendo que eu era a única líder de torcida por perto. A ignorei, aliás, eu faço muito isso nos últimos dias.

—Oi. -Vivi se sentou junto a mim, assim que olhou nos meus olhos não conseguiu evitar soltar um sorriso. Era o dia após seu encontro com Samuca, mas até agora ela não tinha falado nada sobre a noite anterior, e eu não havia perguntado.

No instante seguinte, antes mesmo que Vivi abrisse a boca para contar alguma coisa, Samuca também chegou até nossa mesa, se sentando bem ao lado de Vivi e me olhando com o mesmo sorriso que a Cinderela havia dado alguns segundos mais cedo. 

—Vocês ficaram, não foi? -perguntei, sem qualquer delongas. Samuca e Vivi ficaram vermelhos. 

—Não. (Sim). -eles dizem juntos.

—Sim (Não) -trocam as falas logo depois.

—É claro que se beijaram! -afirmei, vendo os dois ficarem ainda mais constrangidos.

—Bia… -Vivi me repreendeu.

—Tá, já entendi. -falei, abrindo os braços, como quem dissesse que se rende. -Vocês se beijaram! -gritei alto o bastante para que a mesa ao lado ouvisse.

Samuca segura o riso pela minha animação exagerada, mas Vivi permanece séria.

—Mas foi selinho? Ou foi beijo, daqueles de cinema? -perguntei e no mesmo instante os dois saíram da minha mesa, em total sincronia, como quem se negava a responder as perguntas, mas cada um foi para um lado da cantina.

Eles eram tão bobos!

Me levanto alguns minutos depois, logo que o sinal toca anunciando que o intervalo havia acabado. Mas então me esbarro em alguém, levanto a cabeça: É o Duda, claro.

Ele sorri assim que percebe que se trata de mim. Mal nos falamos desde o último beijo, no aniversário de morte do meu pai, quando ele me fez questão e me levar até a porta de casa e eu prometi a mim mesma que me entregaria de vez, sem medo de me machucar… mas até agora, nada.

—Oi. -ele disse, com aquele sorriso que fazia até mesmo o meu coração bater mais forte.

—Oi. -respondi quase sussurrando.

Ficamos nos encarando. Eu sei que preciso dizer alguma coisa, mas não sai nada.

—Vamos, cara? -Janjão passa por lá, chamando Duda, mas quando ele me vê, ele segue em frente.

—Nos vemos no treino de futebol, você vai estar lá para o ensaio de líder de torcida, certo?

—Isso! -respondi a Duda. -Nos vemos lá! -espero não parecer tão nervosa quanto estou.

Então ele vai para o lado, mas eu acabo indo para o mesmo. Ele vai para o outro, e eu também. Eu odiava quando aquilo acontecia. Mas então ele pegou em meus ombros, me fazendo olhar fixamente para ele, e me guiou para um caminho onde nós não nos esbarrássemos.

—Desculpa. -eu disse, mas ele continuou sorrindo.

Eu era tão boba!

(…)

Me vesti para o tão esperado e encantador ensaio, era o meu primeiro, mas a Vivi estava me livrando de certos micos e me guiando muito bem por enquanto. Porém, eu sabia que algo iria dar errado, quando Janu disse:

—Hoje a Bia vai mostrar o que ela sabe fazer! -ergui as sobrancelhas, mas eu não sabia fazer nada além de tocar guitarra e fazer alguns comentários tão irônicos que chegavam a ser maldosos.

—Nunca! -afirmei depois que entendi que ela queria que eu mostrasse alguns passos de dança.

—Por favor, Bia. -Vivi disse, claramente chateada comigo por eu tê-la feito passar vergonha mais cedo e agora descontando sua raiva.

Fiz que não com a cabeça. Nesse momento avistei Duda. Ele e os outros garotos do time acabam de entrar na quadra, e assim que ele me vê, ele sorri novamente.

—Quer que eu chame seu namoradinho para dançar com você? -Janu perguntou, com deboche, mas eu apenas continuo a ignorando.

—Eu e a Bia sabemos uma música, nós podemos fazer juntas. Você ainda lembra? -Vivi disse e em seguida se virou para me perguntar.

A lembrança passa pela minha cabeça, tínhamos cerca de doze anos, e assistíamos High School Musical todos os dias, ao ponto de decorar as coreografias.

—Não… -penso alto. Eu não dançaria aquilo ali.

—Você não se lembra? É claro que se lembra! -Vivi perguntou e tirou o celular do bolso, imediatamente acessou o Youtube, buscando pela música.

—Está com tanta raiva de mim assim? Eu não vou fazer isso!

—Se você prefere ser suspensa, fala logo. Assim eu apenas vou atrás da diretora e explico pra ela. -ela respondeu. Revirei os olhos, e me aproximei dela, que logo deu o play no vídeo.

No começo hesitei um pouco, apesar de me lembrar perfeitamente da coreografia. Todas as meninas estavam olhando, me julgando por algo que eu só costumava fazer por diversão, mas assim que o refrão chegou eu já estava tão entregue a música que nem me lembrei que haviam pessoas vendo. Como se eu tivesse voltado a minha infância.

Assim que a música acabou, Vivi se aproximou, me abraçando, e eu percebi que Duda também assistiu tudo. Com certeza ele me zoaria por aquilo!

—Bom… -Janu começou a falar. -Se a Bia ficar bem atrás de mim não teremos problemas. -ela completou, e Vivi me olhou sorrindo, aquilo era um sim.

Continuamos apenas conversando, quando Vivi e Janu decidiram nos mostrar os passos para o próximo jogo. Me sentei em algum lugar da arquibancada, enquanto elas dançavam, eu apenas fitava Duda, que estava jogando do outro lado da quadra.

(…)

—High School Musical? Sério? -ele me perguntou, dando risada, assim que o treino dele acabou, e ele correu em minha direção, sem camisa e completamente suado.

—Vai me dizer que não fazia nada de bobo na infância, eu treinava as coreografias de High School Musical, oras! -retruquei, me levantando da arquibancada, percebi o olhar da Janu no mesmo instante, ela estava saindo da quadra. Aquilo ainda era tão estranho!

—Eu tocava a campainha da minha vizinha e saia correndo todos os dias. Acho que ela sabia que era eu, só que nunca falava nada. -começamos a caminhar juntos para fora da quadra.

—Viu só?!

—Até que ela morreu e meu pai disse que a culpa era minha porque eu fazia ela descer as escadas da casa dela todos os dias para nada. -ele completou, e eu o olhei para saber se era mesmo verdade.

—Você precisa dar um jeito no seu pai. - falei assim que percebi que a história era mesmo realidade. Que pai falava esse tipo de coisa para uma criança?

—O que você acha que eu deveria dizer para ele? “Oi pai, lembra daquela vez que você me fez sentir culpado pela morte da vizinha, eu te odeio por isso.”

—Não, mas deveria chegar nele, e dizer “cuida da sua vida”. -ele começou a rir antes que eu continuasse. -Repita comigo Duda, “CUIDA DA SUA VIDA, SEU… SEU PAI BABACA!” -gritei o imitando falar com o pai, mas ele apenas gargalhou. -Vamos lá. -incentivei.

Cuida da sua vida… pai.—ele disse, repetindo o que eu falei. -Caramba, você é péssima influência para mim.

—Não. Aumenta o tom de voz, fala com o coração. -instrui.

—CUIDA DA SUA VIDA E ME DEIXA EM PAZ, SEU BABACA! -ele gritou, agora eu percebi que ele realmente se imaginava falando com o pai.

—Isso! Muito bom, continua. -eu disse

—EU VOU FAZER OQUE EU QUISER, EU NÃO MATEI A MINHA VIZINHA! -Duda gritou ainda mais alto, me fazendo gargalhar compulsivamente com a história da vizinha. -Seu idiota, não vai mais me tratar como um bosta! -ele continuou.

—Chega, as pessoas estão começando a olhar. -eu disse, olhando em volta, e nós dois rimos juntos. -Você precisa dizer a ele! -falei, séria, eu sabia que o Duda tinha realmente muita coisa entalada na garganta em relação a seu pai.

—Quem sabe um dia… -ele disse, e eu assenti com a cabeça. -Mudando de assunto… Ainda não acredito que agora você é líder de torcida. -ele contou.

—Nunca vou me acostumar com isso. Não sei como aquelas meninas conseguem gostar. -eu disse, mas então ele soltou uma gargalhada. -O que foi? -perguntei.

—Você não me engana.

—Do que está falando? -perguntei, erguendo as sobrancelhas.

—É que você anda por ai, fingindo que não liga e que não se importa com nada. Mas eu definitivamente não caio nessa. -ele falou, me pegando desprevenida e em cheio, me fazendo ficar silêncio imediatamente. -Eu sei que você gosta de ser líder de torcida, e sei que gosta de mim… -ele continuou.

—Você é um convencido, isso sim! -respondi, o socando de leve no ombro.

—Você me ama, confessa. -ele pediu.

—Eu não gosto de você! -afirmei.

—Então por que me beijaria? E por que ficaria tão preocupada quando eu me machuquei no jogo? -Mais uma vez ele havia me pegado em cheio. Me deixando sem quaisquer argumento. Só ele me deixava daquele jeito.

Após isso, ele parou de caminhar, e se virou para mim, me olhando fixamente. Sorriu, e então se aproximou devagar, senti meu corpo estremecer.

—Viu só, você me ama! -ele afirmou, se afastando logo em seguida, ainda sorrindo. Era como se ele estivesse tirando toda a coberta que eu havia colocado sobre meu coração. -Relaxa, eu também gosto… de mim! -ele brincou, o empurrei de leve, segurando o riso. -E de você! -ele completou, e em seguida nós dois paramos de falar.

Avaliei seriamente a fala, ele gostava de mim! Começamos a andar devagar, enquanto eu pensava, surpresa. Mas ele parecia tão surpreso quanto eu por ter dito aquilo. Parei de andar, e me virei para ele novamente, séria.

—Você tem certeza disso? -perguntei. -Porque isso definitivamente pararia a escola, e a Janu… você a viu olhando para nós dois daquele jeito?! -continuei, uma parte de mim tinha medo, mas ele parecia tão confiante, com tanta certeza, como se quisesse do fundo do coração ficar comigo. E isso me fazia não ter mais medo.

—Eu não me importo! -ele afirmou, dando de ombros, sem nenhuma expressão de brincadeira, realmente sério.

—Você acabou de sair de um relacionamento…

—Não era um relacionamento de verdade! -ele me interrompe.

—Duda… -viro meus olhos para o chão.

—Pode procurar quantos motivos quiser para isso não continuar, mas não vai encontrar. -ele disse, com a voz calma, e logo depois levantou meu queixo levemente, obrigando-me a olhá-lo.

Mas é nesse exato instante que vejo algo, uma foto colada na parede bem atrás de Duda. É uma foto da Vivi beijando o Samuca!

E está espalhada por todos os lugares!

—Ai meu Deus! -exclamei, e ele olhou na direção que meus olhos apontavam, também vendo a foto.

—Você precisa ir, certo? -ele me perguntou, e estava certo.

—Amanhã, que tal nós pularmos o treino de futebol e o ensaio de líder de torcida e irmos para o telhado? Eu juro que vai valer a pena! -eu digo a ele.

—Tudo bem. -ele responde e eu lhe lanço um último olhar, antes de ir a procura de Vivi.


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Notas finais do capítulo

Aaaah! Vocês gostaram? Comentem ai!
Beijões!