De Janeiro a Janeiro escrita por Arii Vitória


Capítulo 12
Capítulo 11 "Uma dama entre nós"


Notas iniciais do capítulo

Cheguei, trouxe um capítulo com o Muquinha narrando do ponto de vista dele o tempinho que a Vivi ficou lá, espero que gostem.



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Narrado por Samuca.

—Olha só, eu preciso que vocês dois prestem muita atenção.

—E sua ideia genial é nos acordar ás seis da manhã pra gente “prestar atenção”? -Rafa perguntou, sonolento. Eu havia acordado aqueles dois apenas para fazer uma reunião básica para falar sobre a Vivi.

—Onde foi que ela dormiu? Na sua cama? Você pegou ela de jeito né? -Binho falou sendo o Binho que era, e eu apenas ignorei sua pergunta.

—Ela não deve passar mais de dois dias aqui, mas temos uma dama entre nós agora, então vou colocar algumas regras na casa.

—É só começar a namorar que já fica assim mandão? -Binho continuou com a brincadeira e Rafa sorriu, concordando.

—Nada de cuecas espalhadas pela casa, ou ir ao banheiro com a porta aberta, falando qualquer tipo de besteira. -olhei para o Binho. -Também não quero saber de vocês fazendo competição de pum...

—Claro, eles iriam perder. -Vivi disse, entrando na sala de repente. Ela usava uma das minhas blusas, e eu me perguntei onde ela tinha arrumado minha camiseta.

—Você tá estragando toda imagem sexy que a gente tinha de você, Cinderela. -Rafa disse, ele deve ter me ouvido a chamar de “Cinderela” enquanto tentava a convencer a dormir na minha cama para que eu pudesse ficar no sofá.

—Não precisam mudar a rotina de vocês, eu não vou ficar muito. Quer dizer, seria legal não me deparar com nenhum de vocês fazendo xixi... -ela disse, enquanto se sentava entre Binho e Rafa no sofá.

—E a princesa não vai ao colégio hoje, é isso mesmo? -perguntei, nenhum de nós estávamos prontos para ir ao colégio ainda, mas Cinderela havia me dito que talvez não iria a aula hoje.

—Vou ficar por aqui se não se incomodarem, não quero ter de que encarar o Janjão, ou a Bia.

—Eu acho que eu também vou ficar. -Binho falou, mas tanto eu quanto Vivi revíamos os olhos para ele.

—Banho, agora! -eu disse, olhando para Binho. Ele se levantou reclamando.

—Bom, eu vou voltar a dormir. -Rafa disse se levantando em seguida e voltando ao seu quarto.

—Você ficou linda na minha camiseta. -falei soltando um sorriso quando os dois já não estavam mais na sala. 

—Ah, eu não estava conseguindo dormir com aquela roupa.

—Tudo bem. Ficou melhor em você do que em mim. -ela sorriu.

—Obrigada novamente por me deixar ficar aqui, Samuca. 

—Você só precisa ignorar tudo que o Binho diz, e aqui será perfeito!

—Samuca... posso te perguntar uma coisa? -ela perguntou, mas eu senti que ela não se sentia totalmente confortável para perguntar o que quer que fosse. 

—Vai fundo.

—Você não fala com ninguém da sua família? -ela perguntou sem maldade nenhuma, mas tocando em um assunto delicado para mim.

—Eu fiz uma escolha a um tempo atrás, e agora minha família são esses dois idiotas. -respondi com sinceridade. Era bem complicado!

—Então...

—Não. Meu pai não acredita na música, e minha mãe apoia tudo o que ele diz, e música é o que eu mais amo na vida.

Eu odiava falar sobre aquele assunto, apesar de saber que era o que todo mundo gostaria de saber. Mas não tinha muito a contar sobre aquilo, eu só saí de casa, deixei uma carta, e eles nem se quer procuraram por mim depois. Mas eu estava me dando muito bem...

—E os outros garotos?

—Minha família me mandou para cá porque a educação é muito melhor do que na minha antiga cidade, eu arrumava muito confusão lá. -Rafa apareceu novamente, escutando a conversa e logo explicou sua situação. -E o Binho foi encontrado no lixo. -ele falou rindo.

—Eu fui o quê? -Binho gritou do banheiro e eu e Vivi rimos.

—Então, escola para os que não tem medo de encarar os problemas. -falei e Vivi revirou os olhos, mas então eu me levantei e me arrumei para ir rumo ao colégio.

(...)

—Você sabe onde ela está, ME DIGA AGORA! -Bia veio em minha direção assim que me viu, e logo começou a gritar comigo.

—Ei, você não devia perguntar isso para o Janjão? -perguntei, achando mais apropriado, afinal, foi ele quem a magoou com um péssimo encontro.

—Eu já fui até ele,  e bem... não acabou muito bem. Ele disse que viu ela com você na praia! -ela me encurralou. E agora, que desculpa eu arrumaria? -Olha, tudo bem se ela estiver com você, mas é que a mãe dela me ligou, e eu não acho a minha melhor amiga em lugar nenhum, eu só preciso saber se ela está segura, ok? -ela perguntou, realmente preocupada, percebendo que eu não sabia o que falar. 

E então eu percebi que no final das contas Beatriz era uma ótima amiga e pessoa, sempre tive dúvidas com as mudanças de humores dela, mas entendia o que Vivi via nela e o que ela via em Vivi, e era uma amizade realmente sincera. 

—Ela está bem, não precisa se preocupar...

—Eu não estava preocupada! -ela disse, mexendo os braços como se fosse improvável a capacidade dela sentir qualquer tipo de sentimento, mas a mim ela não enganava!

—Claro que não. Imagina. -falei sorrindo. -Mas bem, eu a encontrei chorando na praia. Não fique chateada com ela por não ter ido atrás de você, ela só achou que você iria a encher de “eu avisei” pelo Janjão ter sido um babaca com ela.

—Ele foi um babaca com ela, não foi? -Assenti com a cabeça. -Eu avisei! -ela disse, e eu entendi Vivi.

Neste mesmo instante o sinal tocou interrompendo nossa conversa e anunciando que deveríamos ir as salas de aula.

—Obrigado por me falar. Não vou contar nada a ela. -Bia disse, antes de começar a se afastar.

(...)

—Você gosta dela, não gosta? Tem uma quedinha por ela o menino Samuca. -Binho estava me enchendo enquanto voltávamos para casa logo depois que a aula acabou.

—Ele sabe que é besteira. -Rafa disse e eu levei o meu olhar até ele. Besteira? -Desculpa cara, mas Viviane é a menina mais bonita, talvez a mais popular do colégio, acha que tem chances?

—Olha essa cara de bobo apaixonado, é tarde demais para você dizer essas coisas, Rafael. -Binho o avisou.

—Bom, se ele realmente acha que tem chances com a garota quem sou eu pra dizer que não tem? Mas eu lembro da época em que nós três caçoávamos de garotas como ela porque elas gostavam de iludir garotos, e serem melhores que as outras meninas.

—Mas a Vivi não é assim. -Binho a defendeu. -Ela aceitou morar com a gente, três garotos porcos, na boa. E hoje de manhã brincamos de guerra de travesseiro, enquanto o Samuca tomava banho. Se ele não quiser, pode deixar que eu mesma me apaixono por ela.

—Vocês podem parar de falar como se eu não estivesse aqui? -perguntei alterando minha voz, é claro que eu não gostava da menina, eu nem a conhecia direito. Mas também era inegável que ela era divertida e amigável, e que eu sentia vontade de estar com ela em todos os segundos do dia, e a vontade de contar meus maiores segredos á ela também estava lá, e de contar como foi meu dia pra ela, e ouvir sobre o dia dela. Mas bem, eu não gostava dela! Ou pelo menos nunca fui do tipo que gosta tão fácil de alguém...

—Você lembra da última garota que o Samuca nos apresentou? -Binho perguntou a Rafa, me ignorando, mas o outro assentiu freneticamente como se estivesse lembrado de algo engraçado. -A menina odiou a gente.

Karen, minha última namorada, um pouco metida e odiava o fato de eu trabalhar nas ruas, e também meus amigos. Por isso, não durou.

—Eu a vi esses dias... Ela estava trabalhando em uma lanchonete aqui perto, quando ela me viu ela até foi para os fundos, como se não suportasse a ideia de me atender. -Rafa comentou.

Eu abri o portão de casa, mas assim que nós três entramos, pensamos ter pisado na casa errada. O som estava ligado no volume máximo, Imagine Dragons era a banda que tocava, e Vivi dançava como uma louca com a vassoura na mão, como se aquele fosse teu microfone.

Antes de qualquer outra reação, Binho se juntou a ela, tocando uma guitarra imaginária, e só então ela percebeu que havíamos chegado, mas não ficou constrangida, apenas abaixou um pouco o som e nos olhou, esperando que falássemos alguma coisa. 

—Desculpa atrapalhar seu show, mas não precisa varrer a casa. Amanhã vai estar bagunçada novamente. -fui o primeiro a comentar. 

—Eu não estava varrendo, só estava usando de microfone mesmo... -ela disse, brincando, afinal a casa estava bem mais arrumada do quando havíamos saído naquela manhã.

—Mas o show estava bom, não é? Devíamos continuar. -Binho falou, se aproximando de Vivi, mas ela desligou o som de vez.

—Eu vou ensaiar, preciso ir trabalhar daqui a pouco. -avisei e fui a caminho do meu quarto, deixando-os conversando. Mas assim que cheguei a meu quarto apenas me joguei na cama, por sorte o violão estava ao meu lado.

Comecei, apenas deixando vir a tona o primeiro ritmo que eu pensasse. 

Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer. Devia ter arriscado mais, e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer.... -cantarolei Epitáfio, dos Titãs.—Devia ter aceitado as pessoas como elas são, a cada um cabe alegrias e a dor que traz no coração...

—Essa música é linda! -Vivi se aproximou, entrando em meu quarto e batendo na porta ao mesmo tempo, fazendo com que eu me assustasse e parasse de tocar, mas antes que eu pudesse me sentar na cama, ela se sentou na mesma.-Minha me ligou, ela disse que meu pai já foi embora, e eu meio que estou sem roupa, então, tenho que voltar para casa. 

—Tem certeza? 

—Sim, mas queria agradecer novamente pela noite, foi bem divertido ficar com vocês três. Só que como alguém disse, ás vezes temos que encarar nossos problemas!

—Isso é verdade, quem foi mesmo o gênio que disse? -brinquei, concordando. -Mas não precisa ser agora, precisa?  

—Infelizmente, precisa sim. Minha mãe vai me matar! -ela se levantou da minha cama, mas continuou me olhando, esperando que eu falasse mais alguma coisa. 

—Sempre que precisar nossa casa estará aberta. 

—O Rafa e o Binho já me disseram. -ela falou, em seguida foi em direção a porta. -Aliás, você foi muito corajoso em sair de casa, seguir seu sonho, começar tudo de novo, sei que você não gosta de falar sobre isso, mas eu não posso deixar de comentar, é um dos caras mais... -as palavras fugiram de sua boca, mas eu assenti, sem saber direito como responder.  —Tchau, Samuca. -ela falou, prestes a sair do quarto. 

—Tchau, Cinderela. 


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Notas finais do capítulo

Tchau gente!



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