Exception escrita por Duki


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, amiguinho!
Então, a fic me deu um trabalho para escrever, mas gostei bastante do resultado, mesmo que tenha fugido um pouco do quesito comédia que foi solicitado. Perdoa qualquer erro que possa vir a ser encontrado, eu revisei, mas sabe como é aquela revisão básica quando se está correndo contra o tempo.
De qualquer forma, enjoy!



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 Annabeth respirava nervosamente enquanto suas mãos seguravam a barra lateral do vestido branco. Mesmo com as outras vozes no ambiente pedindo para que se acalmasse, não conseguia forçar a si mesma a parar de imaginar qualquer motivo que destruísse aquele momento. Tá que era quase impossível algo dar errado, Afrodite e Piper não permitiriam que meses de organização fossem jogados fora.

Observou mais uma vez seu reflexo no espelho, se certificando que todos os mínimos detalhes estivessem perfeitos. Observava até mesmo os desenhos de coruja que estampavam discretamente o vestido. Sua incrível mente não permitiria que um simples detalhe estivesse fora do lugar, aquele momento deveria ser tão perfeito como a arquitetura de monumentos gregos antigos.

― Annabeth, querida, precisa se acalmar ― A voz autoritária de Athena se fez ouvir em algum lugar do cômodo.

― Como se fosse possível ― sussurrou bufante. ― E se algo der errado? E se aquele idiota decidir não aparecer? Ou pior, falar não?

Athena deu uma risada e puxou a filha para si, sentando com a mesma na cama. Mesmo sempre muito distante da filha, a mulher nunca deixara de amá-la. E seu instinto de mãe pedia para que ela abraçar-se Annabeth e nunca mais a soltar, odiava vê-la apreensiva com algo que evidentemente daria certo. Tudo bem que Athena concordava que Perseu Jackson era um idiota, porém esse idiota dificilmente deixaria o amor de sua vida no altar.

― Por favor, querida. Nós duas sabemos que tem mais chances do mundo acabar do que aquele garoto desistir de você. ― Athena passava delicadamente as mãos pelo cabelo da filha. ― Se eu sei bem, foi você quem resistiu ao máximo a esse casamento.

― Por favor, Annabeth! ― Exclamou Thalia, que estava encostada na janela, observando a organização do jardim do hotel. ― Se tem alguém que deveria se preocupar é aquele Cabeça de Algas. Até hoje não entendo o que você viu nele, mas se algo me disse pra vestir esse vestido, então é quase cem por cento de certeza que tudo dará certo.

A loira riu e sorriu para amiga, que, apesar do constante mau humor, estava mais do que feliz por vê-la finalmente encontrar alguém. Thalia nem sempre demonstrava, mas confiava o suficiente em Percy para deixá-lo casar com a amiga. Do contrário, Thalia provavelmente já teria acabado com essa história de casamento em nome da loira, como fizera da última vez. A garota faria de tudo para proteger Annabeth. 

― Lembre-se que ele morre se caso estrague todo esse tempo de trabalho que eu e mamãe tivemos. ― Piper tentou animar a noiva. ― Até porque, sejamos sinceras, as chances dele desmaiar quando te ver dessa maneira é maior que a chance dele estragar tudo.

Annabeth sorriu para a mãe e as amigas antes de levantar da cama e dar uma última olhada no espelho.

Maravilhosa. Esse foi seu primeiro pensamento ao perceber que não havia com o que se preocupar. Estava nervosa, mas o vestido branco, sem mangas, tomara que caia justo no tronco e largo nas partes deixou-a mais relaxada. Os cabelos loiros presos em ondas acima de sua cabeça lhe davam uma postura de poder quando combinados aos intensos olhos cinzas. Observou novamente os detalhes de corujas que pareciam voar do vestido, além da abertura lateral do mesmo que mostravam timidamente a perna direita coberta por uma meia-calça cor da pele.

― Estou maravilhosa ― sussurrou para si mesma com um sorriso no rosto.

― Garota, se eu gostasse de mulheres, você com certeza seria a minha noiva ― Hazel brincou antes de acompanhar as outras para fora do quarto.

***

Se há cinco anos alguém dissesse a Annabeth que um dia ela se casaria com Perseu Jackson, ela primeiro riria e depois perguntaria para a pessoa se ela estava bem. Cinco anos atrás, a garota provavelmente se veria se casando com Octavian, não que um dia estaria a caminho do altar onde o antigo projeto de imbecil estaria.

No caminho para o salão, a jovem parou um pouco para pensar em tudo que havia acontecido em sua vida até ali. Tudo havia mudado drasticamente, mais ainda para alguém que tinha uma incrível de planejar a vida. Agora, ali estava ela, colhendo a consequência de todos os acontecimentos.

Ainda conseguia se lembrar do gosto salgado de todas as lágrimas. Respirou fundo quando as memórias do infeliz dia passaram por sua cabeça. Ela tentou evitar, mas com o tempo percebeu que aprender com o passado era necessário, para não cometer os malditos mesmos erros no futuro.

Annabeth tinha nove anos quando acordou por causa das vozes exaltadas de seus pais no meio daquela noite. Nervosa, segurou com força a coruja, seu animal preferido, de pelúcia embaixo dos braços e andou em passos hesitantes em direção à escada. No meio da escadaria de madeira, parou e se apoiou contra a parede para poder ver os pais que se encontravam no meio da sala, separados apenas por um sofá.

― Você sabia desde o início que as coisas seriam corridas, Frederick! ― Athena gesticulava nervosamente enquanto discutia com o marido. ― Eu te avisei desde o início que o meu emprego necessitava de atenção na maior parte do dia, você sabia.

Frederick ficou sem responder por um tempo, enquanto sua mente tentava organizar seus pensamentos em argumentos, porém não havia nada. Ele sabia, sempre soube que o emprego de Athena requeria uma atenção especial, maior até que o dele próprio, apenas não conseguia aceitar. Sabia que estava sendo um pouco egoísta, mas precisava da mulher a maior parte do tempo ao seu lado.

― Eu não posso, Athena, simplesmente não posso ― Fred falava pausadamente, tentando adequar suas palavras. ― Você sabe como eu sou, sabe que eu não confio completamente nem em mim mesmo.

Athena suspirou, embora furiosa. Tirou os cabelos incrivelmente negros que insistiam cair contra seu rosto e caminhou calmamente até o marido do outro lado do sofá. Sabia o que precisava fazer, mesmo que aquilo significasse desistir de alguém que amava, ela precisava amar a si mesma antes de tudo.

― Eu te amo, Fred, mas não posso continuar aqui. Vai doer? Muito, mas é o melhor para mim, é o melhor para você, vai ser melhor para Annabeth. Venha aqui, querida, eu sei que está na escada.

A garota hesitou para descer as escadas, mas caminhou em passos pequenos em direção aos pais, que a esperavam sentados no sofá. Confusa e apreensiva com as frases que ouviu, a garota se jogou nos braços dos pais e ali ficou, enquanto algumas poucas lágrimas insistiam em cair.

― Você está indo embora, mamãe? ― a garota tomou coragem de perguntar.

Frederick olhou para a esposa, nervoso, enquanto esta apenas concordou com a cabeça e beijou a testa da filha, passando a mão pelos cabelos embaraçados da garota. Amava Annabeth e sabia que a garota seria forte o suficiente para agüentar o que acontecesse em sua vida, via a si mesma na filha.

― Sim, mas o papai vai cuidar bem de você enquanto eu estiver fora ― Athena deu um largo sorriso. ― e eu sempre estarei aparecendo para te ver.

― Promete?

― Sim, querida. Eu prometo.

E foi a partir dai que a garota passou a odiar promessas, pois nunca acreditava que elas chegariam a algum lugar. A partir dali ela passou a não acreditar que as pessoas podiam cumprir suas palavras, não acreditava mais que as pessoas ficavam para sempre. Para ela, as pessoas eram passageiras.

***

No auge de seus vinte anos e poucos anos, Annabeth estava no último período de arquitetura na renomada Universidade de Nova York. Estagiária em uma empresa onde futuramente se tornaria funcionária permanente, tinha grandes oportunidades e ambições para o futuro. Achava que tinha certeza das coisas, que nada atrapalharia seus planos, que bastava um planejamento e tudo seguiria conforme ele.

Foi naquela segunda de inverno que a garota percebeu que não adiantava planejar, as coisas simplesmente aconteciam em seu ritmo. Sentada sob a sombra de uma grande árvore em um lugar afastado do campus, a garota tentava, em vão, segurar as lágrimas que insistiam em cair. Não soluçava, apenas suas lágrimas que molhavam o rosto enquanto Annabeth tentava se distrair com o som da natureza.

Olhou para o dedo onde até poucos instantes havia um anel de noivado. Ainda não conseguia acreditar que as coisas aconteceram tão de repente, que todas as suas expectativas não passaram disso: expectativas.

― Eu não sabia que gênios irritantes choravam ― Annabeth logo ouviu a voz irritante daquele egocêntrico estudante de oceanografia.

― Eu não sabia que acéfalos tinham mania de perseguição.

Perseu Jackson, o próprio, sentou-se ao lado da garota na grama e ali ficaram em um silêncio que a garota achou no mínimo confortável, apesar de não entender o motivo de o rapaz estar ali ao seu lado. Não que eles se odiassem, apenas gostavam de implicar um com um outro e, embora fossem conhecidos de infância, nunca tiveram uma conversa que envolvesse um dos dois chorando ou qualquer coisa que envolvesse sentimentos.

― Posso saber por que está aqui? ― a loira quebrou o silêncio.

― Sei lá, eu apenas gosto de ver garotas chorando ― sorriu de canto. ― Na verdade, eu apenas não gosto de ver garotas chorando. Eu vi você saindo apressada do campus e te segui até aqui. Posso saber a razão de todas essas lágrimas?

― Na verdade, não.

― Ah, qual foi, loira. Vai recusar que eu atue como herói? Olha a força desses braços ― Mostrou sorridente o braço forte em decorrência dos anos de academia.

― Estou olhando e tenho pena de você quando apanhar. Até eu consigo te bater aqui e agora.

Com falso olhar de ofensa, o garoto sorriu maliciosamente para Annabeth e se jogou em cima dela, com isso derrubando os dois livros que a garota carregava consigo. Começou a provocar cócegas na garota, que se debatia e até mesmo ria enquanto tentava se livrar dos braços do moreno.

― Parece que você não conseguiu me derrotar ― Perseu disse antes de sair de cima da garota e se sentar novamente na grama. ― Então eu mereço saber o motivo, parece. Essa foi a aposta.

Tentando arrumar as roupas e tirar a sujeira do cabelo , Annabeth bufou:

― Não houve aposta, isso foi um total golpe baixo e você sabe.

― Eu sei que não houve aposta, mas minha cabeça gosta de pensar que houve ― Perseu respondeu brincalhão. ― Além dos meus músculos vencedores também acharem.

― Ai meu Deus, você é um mutante. Seus músculos pensam e aparentemente mais do que você, talvez devesse escutar eles! ― Annabeth sorriu de lado. ―Mas o culpado disso tudo é Octavian, porém você não precisa surrar a cara dele, Thalia já o fez para mim.

― Parece então que ele é o único entre nós cuja babaquice fala mais alto do que o próprio cérebro, se é que ele tem um. Que tipo de garoto deixa escapar uma pessoa como você?  Tudo bem que muita paciência é necessária para te aguentar, pelo menos é o que eu precisei durantes todos esses anos que a gente se conhece, sabe.

― Eu sempre desconfiei que você tinha uma pequena queda por mim. Agora, escutando essas palavras, eu tenho certeza ― Annabeth bateu de leve com o ombro contra a costela de Percy.

― Só porque eu falei que não se deve deixar uma garota como você escapar? Por favor, acho que é você que deveria ter uma queda por mim, afinal, o esculpido pelo divino aqui sou eu.

― Vai nessa. Acho que um relacionamento seu não duraria nem mesmo uma semana, ela te mataria em um piscar de olhos.

― Ou talvez você a matasse por ciúmes ― Levantou-se da grama, batendo a mão contra a calça. ― Tenho que ir, não posso chegar atrasado novamente na aula se não eu reprovo. Mas a gente se vê por ai?

― Eu dizer não seria uma resposta que você aceitaria numa boa?

― Absolutamente não!

― Então nos vemos por ai, mas antes eu tenho que matar uma de suas namoradas ― a loira sorriu de canto. ― Cuidado para eu não te sequestrar por fascinação, em.

― Estarei esperando ansiosamente por isso, Annabeth Chase.

***

Um sorriso escapou pelos lábios marcados por batom da garoto quando esta lembrou do primeiro contato de verdade que teve com Percy Jackson. Fora divertido, precisava confessar. Fez com que esquecesse, mesmo que por apenas por alguns minutos, o que havia acontecido. Precisava confessar que no fundo agradecia Octavian por tê-la traído, ao menos trouxe Percy para sua vida.

As coisas aconteceram tão rápido depois daquele dia sob a sombra da árvore. Agora, três anos depois, ali estava ela caminhando em direção ao altar, onde o amor de sua vida se encontrava com um sorriso feliz e nervoso. Em nenhum de seus planos aquilo se encontra, mas, apesar de tudo, se encaixava perfeitamente.

Enquanto caminhava, Annabeth se lembrava de todos os bons momentos que tivera com Percy. Naquele momento só era preciso aquilo: bons momentos. Só precisava se lembrar da risada gostosa que ele dava em um bom filme de comédia, de como tomava sua diária xícara de café distraído com os desenhos que passavam na televisão. Ou como ele a abraçava de surpresa e sussurrava seu nome após uma noite de amor.

Naquele momento ela só precisava de Percy. Nada do seu passado, apenas do que seria seu futuro. E quando chegou ao altar, ela soube que era ali que ela precisava estar, independente do que seus planos passados diriam. Ela estava no lugar certo e seria a partir dali que tudo melhoraria.

No momento de recitar seus votos, Annabeth sabia exatamente o que falaria, apesar de não ter decorado nada. Palavras memorizadas não eram necessárias em um momento como aquele.

― Perseu Jackson... É difícil falar agora, aqui. Parece que é a primeira vez que eu digo te amo, parece que é a primeira vez que você me ver vulnerável. Nós dois sabemos que eu te amo, mais talvez do que eu amei alguém. É estranho pensar até três anos atrás trocávamos apenas farpas. É estranho pensar que você não passava de um amigo de infância, que talvez não estaríamos aqui se não fosse por erros do passado. Cometi muitos erros antes, mas você é um dos meus muitos acertos e eu agradeço ao divino por cada erro ter me proporcionado chegar ao acerto ― Annabeth parou um instante enquanto soluçava. ― Eu odeio promessas, odeio planejamentos, você sabe, por isso eu não vou prometer te amar, eu apenas vou te amar. Não vou planejar nossa vida, eu vou vivê-la, cada segundo melhor que o outro. Porque eu te amo e talvez sempre amarei.

Perseu sorriu enquanto deixava as lágrimas escorrerem por seu rosto. Lágrimas não seriam o problema agora, elas apenas mostravam o quão feliz ele estava com todo aquele momento. Querendo ou não, lágrimas os ligavam.

― Annabeth Chase, eu não sou bom com palavras, meu forte sempre foram meus músculos ― brincou com a antiga piada interna dos dois. ― Te amo não parece ser o ideal para dizer, porque o que eu sinto é muito maior. Nunca achei que um dia eu estaria no altar com aquela vizinha loira metida a sabida que adorava se mostrar superior a todos. Mas, sabe, acho que essa loira foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Você foi e talvez sempre será o maior acerto da minha vida, a melhor escolha que eu já fiz. Mesmo se eu quisesse, eu jamais me desapegaria a você e as suas incríveis manias. Não vou prometer te amar e estar com você, porque sei como odeia promessas. Porém espero ser o motivo pelo qual você passe a se sentir bem com promessas, porque um dia eu irei prometer que não vou te deixar ir embora da minha vida, um dia eu vou prometer te proteger. Esse dia vai chegar, prometo desde já. Porque eu te amo e sempre vou te amar.

A partir dali, Annabeth soube que não havia com o que se preocupar. Percebeu que jamais voltaria a amar promessas, mas sempre havia uma exceção e Percy Jackson era aquela. Percy Jackson seria sempre a exceção em sua vida, seria sempre a promessa que ela cumpriria, mesmo que as coisas ficassem difíceis.

Annabeth prometia que o amaria, mesmo que promessas fossem coisas vazias. Ela as tornaria vasos cheios, ela as tornaria verdadeira.


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Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, espero que tenha gostado, de verdade. Não foi o resultado que eu queria, porém fiquei satisfeito. Sai bastante da minha zona de conforto que é sofrimento e tragédia, mesmo que eu tenha algo básico disso na história.
Críticas são super bem-vindas, claro e elogios mais ainda 'D

See you soon!



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